The Boyfriend escrita por Marih Yoshida


Capítulo 32
Um pedido de Desculpas


Notas iniciais do capítulo

Hey loves! Tudo bem com vocês?
Fiquei bem feliz que vocês gostaram do capítulo anterior e(não me matem), não consegui colocar Thalico nesse capítulo. Eu sei que tinha prometido, mas não consegui encaixar em nenhuma parte dele.
Enfim, aqui está tudo dito bonitinho ^^ espero que não se decepcionem ou coisa assim, eu sempre fico insegura quando faço uma revelação assim, porque vocês tem tantas expectativas e boas teorias que me sinto meio mal por ser só isso :/
Mas enfim... fiquem com o capítulo!



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"Ours a love I held tightly

Feeling the rapture grow

Like a flame burning brightly

But when she left gone was the glow of"

Muito provavelmente, as lágrimas que caiam dos olhos negros daquele garoto, o homem nunca receberia de seu tão querido filho. O modo como o mais responsável, aquele que teve de crescer rapidamente, correra até o pai que caiu do chão, com lágrimas nos olhos, era intrigante. Apesar de ambas as partes não mostrarem amor, ali estavam eles, como anos atrás, fazendo o possível para que o outro percebesse que se importavam.

Poseidon, sem saber o que fazer, apenas assistiu seu irmão, sempre tão forte, caindo no chão, e seu sobrinho correndo até ele. Todos se movimentavam para lá e para cá, numa confusão organizada, como em uma cena de um roteiro qualquer, onde ele era, provavelmente, o vilão.

Thalia tentava acalmar o namorado da melhor maneira que podia, enquanto a irmã ligava para o hospital. Seu antes melhor amigo colocava, com ajuda de seu filho, o homem no sofá, tentando-o deixar confortável. E ele, como sempre, não tinha reação nenhuma sobre aquilo.

Nico, por outro lado, estava preocupado com o pai. Era certo que desde a morte de sua mãe, o homem nunca mais fora o mesmo. Seu emocional estava tão quebrado que a única solução viável para ele fora se isolar em seu trabalho.

Mas, dois dias antes, talvez por querer ter certeza de que ainda existia alguém que se importava tanto assim com ele, ou talvez por saudade, Nico sentiu que precisava falar com o pai. E, como sempre, o homem lhe reservou todo o tempo do mundo, atencioso e preocupado. O garoto não esperava que o pai fosse até Nova Iorque depois da conversa, mas era totalmente aceitável o que fez.

Thalia, que estava sentada ao seu lado na sala de espera, segurou sua mão mais forte e ele a olhou. Os olhos azuis preocupados, não exatamente com Hades, quase fizeram Nico começar a chorar outra vez. Ele entendia agora o tipo de amor que sua mãe lhe falava quando era pequeno, esse amor que faz com que você queira morrer a ver a outra pessoa triste. E sabia muito bem que Thalia sentia o mesmo por ele.

O médico apareceu e todos ali se levantaram, ansiosos. Nico o conhecia, era o mesmo doutor de sempre, que cuidava de sua família desde que podia se lembrar.

– Pelos exames feitos, percebi que Hades não come direito há um bom tempo. Talvez meses, e, quem sabe, anos! - Começou a falar, sem esperar que alguém perguntasse alguma coisa. - Ele estava fraco, e temo não ser apenas fisicamente. Muito provavelmente de um tempo para cá ele tenha vindo a sofrer grandes oscilações emocionais, talvez tantas que se compare a um adolescente. A diferença é que, além de já não estar muito bem de saúde, seu corpo não estava preparado para isso e sobrecarregou.

– Mas ele vai ficar bem? - Nico perguntou, a preocupação na voz fazendo o coração de Thalia se apertar.

Ela não sabia o que era se preocupar tanto com o pai; isso nunca acontecera entre ela e Zeus. Mas, aos poucos, estava aprendendo a amar Ares e a simples ideia de perdê-lo agora que o encontrara era insuportável. Deveria ser ainda mais difícil para Nico que, apesar de estar longe do homem durante muitos anos, tinha uma conexão insubstituível com o pai. A garota pôde perceber isso durante o ano que morara com ele. Mesmo não sendo diretamente, Nico sempre dava um jeito de mandar notícias para o pai, e sempre procurava saber se o homem estava bem.

– Se ele começar a se alimentar adequadamente, acredito que sim. - O homem respondeu. - Ele acordará em algumas horas. Já dei a ele as vitaminas que são mais necessárias. Além disso, ele precisará de alguém que fique o dia inteiro, ou a maior parte dele, cuidando para que sua alimentação seja realmente correta por um mês, até ele se acostumar a se alimentar bem sozinho.

– Sim, ele poderá ficar no meu apartamento por esse tempo. - Nico balançou a cabeça. - E chamarei Mary de volta, para que ela me ajude.

O doutor trocou mais algumas palavras com Nico, dando-o as instruções necessárias.

Ares se sentia mal. Conhecia o amigo há tanto e, mesmo assim, não percebeu que sua saúde não estava bem. Deveria ter percebido que ele estava mais magro e mais pálido, além da falta de animação. Se culpava por não tê-lo questionado sobre isso.

Já Nico, queria poder voltar no tempo e passar mais tempo com o pai. Quem sabe assim, ele começasse a se cuidar. Todos que o conheciam, sabiam que ele não era mais o mesmo de antes, e que ele perdera a vontade de viver desde o ocorrido, no entanto, todos estavam tão concentrados em seus mais recentes problemas fúteis, que não perceberam o quanto Hades sofria com tudo desde a morte de Maria.

Nico quase perdeu o pai, mas, dessa vez, teria uma segunda chance. E faria tudo o que podia para aproveitá-la o máximo.

Thalia estranhou quando, com um sorriso, o mesmo de quando tinha uma magnifica ideia, seu namorado saiu da sala de espera. Mas não foi atrás dele, agora que sabiam que Hades estava fora de perigo, não havia mais motivos para se preocupar com nenhuma ação precipitada vinda do garoto. Ela, que não conhecera o Nico calculista e pensativo, se preocupava a cada vez que seu namorado tinha uma ideia.

Já Clarisse, queria desesperadamente sair dali. Não gostava de hospitais, nunca tivera boas memórias ali. Isso a deixava inquieta, e Percy percebeu isso. Ele sabia muito bem da aversão da garota, da quase morte de sua mãe quando os gêmeos nasceram. Ele passou um dos braços pelos ombros da garota e a puxou para perto, ato que, em dias normais, faria ela jogá-lo da cadeira, mas que naquela hora era tudo o que precisava.

Nico não demorou muito para voltar, com um sorriso vitorioso no rosto e o celular na mão. Thalia o olhou, uma pergunta silenciosa em sua expressão. No entanto, o garoto sentou-se ao lado da namorada e deu-lhe um beijo na testa.

Poseidon observava tudo como alguém assiste televisão. Não queria fazer ou falar nada, qualquer ato seu poderia resultar na explosão de nervos de alguém, e não seria nada agradável. Além disso, ele resolvera que seria realmente melhor contar para todos quando Hades acordasse, assim eliminando todas as dúvidas de uma vez só.

Passaram-se duas horas até que o médico voltou, avisando que Hades estava acordado. Enfim chegara a hora de Poseidon se pronunciar, e ele pediu ao médico para deixar que todos entrassem. Depois de muito insistir, o homem finalmente cedeu e os deixou entrar de uma vez.

A aparência de Hades era a mesma de antes, mas agora, prestando mais atenção, podiam ver com clareza os sintomas de que estava doente. Ele não disse nada sobre todos estarem ali, nem sobre Poseidon. Parecia cansado mentalmente, como quem não aguenta mais guerrear com si mesmo e perder. Se rendera, era apenas um homem fraco que pensara poder ser forte atrás de milhares de ligações e e-mails.

– Pai, você terá que ficar algum tempo em casa, para se recuperar, está bem? - Nico avisou, indo para a lateral da cama. - Já chamei Mary de volta, ela me ajudará a cuidar de você.

O homem balançou a cabeça, concordando. Em outros tempos, talvez seu orgulho o fizesse recusar, no entanto, não conseguia pensar em coisa melhor do que férias do trabalho e um tempo perto de seu tão querido filho.

– Se não se importarem, tem algo que quero falar há muito, mas nunca tive coragem. - Poseidon pronunciou, baixinho. Todos olharam para ele, mas ninguém se atreveu a pedir que ele ficasse quieto. Se Hades não se importava que ele falasse, ninguém poderia falar nada. - Eu sei que vocês me odeiam, e tem razão.

– Me perdoe interromper. - Thalia se encolheu um pouco com todos olhando-a. - O que aconteceu no passado? Não quis perguntar antes por achar muito pessoal, mas acho que me envolve também.

– Mais do que imagina, uma vez que é minha filha. - Ares comentou. - Posso contar a ela?

Todos concordaram, afinal, já estava mais do que na hora de a garota saber o que acontecera.

– Como sabe, eu e Hades somos amigos há um bom tempo, desde nossa época de escola. Conheci Pati por ela ser amiga dele, e nós dois conhecemos Maria por ser amiga de Patrícia. Maria e Hades acabaram fazendo um acordo: ele a ensinava a tocar violão, e ela o ensinava a tocar piano. Logo, eles ficaram muito amigos, sempre saíamos juntos, nós quatro e mais alguns. Um dia, porém, descobrimos que, por uma coincidência incrível, Maria era, também, namorada de Poseidon. - Ares começou. Thalia deixou escapar uma expressão surpresa. - Mas, depois de um tempo, Maria terminou com Poseidon para poder ficar com Ares, quem ela amava de verdade. Eles se casaram e tiveram dois filhos, além de uma bela vida.

– Mas a minha mãe traiu meu pai. - Nico apertou a barra da cama de Hades com força. - Com Poseidon. No dia que ela sofreu o acidente, eles estavam voltando de carro de sabe-se-lá-onde, quando ela tinha dito que estava com a tia Pati.

– E a Pati estava em casa, comigo. - Ares acrescentou.

– Antes disso acontecer, eu não suportava Nico, assim como você antes, Thalia. - Percy continuou. - Depois disso, meus pais se divorciaram e minha vida se tornou uma bagunça, eu estava perdido. E, mesmo que eu tivesse dito coisas más para Nico, ele me ajudou como ninguém nunca havia feito, assim como Clarisse.

Thalia olhou para o namorado, vendo muita semelhança entre a história dos amigos e a sua e Nico. Dentro de si, acabou fazendo uma piadinha, agradecendo por eles dois não terem se apaixonado. Quase riu com isso, mas se conteve diante da séria situação.

– Agora que está tudo esclarecido, eu quero contar a minha versão da história. - Poseidon disse e olhou fixamente para Hades. - Não, eu não traí você ou Sally. Aliás, eu nunca me senti atraído por Maria depois que ela começou a namorar você. Nosso término foi pacifico de ambas as partes, considerando que, na época, eu estava apaixonado por outra pessoa.

Todos na sala penderam a respiração. Poseidon nunca havia tentado se defender antes, o que o fazia mais culpado ainda.

No dia que eu estava com Maria, ela tinha me ligado porque dali a uma semana seria o aniversário de casamento de vocês dois, e ela queria algo especial. - Poseidon continuou. - Ela iria reservar um dia só para amigos e familiares em um dos meus parques aquáticos e faria uma festa.

Hades se remexeu na cama, desconfortável.

– A minha única culpa, foi não tê-la ouvido sobre o cheiro de álcool que vinha do meu carro. - O homem abaixou os olhos para as mãos. - Eu disse a ela que era bobagem e, bem, não era. Ela morreu por minha culpa, mas nem eu nem ela traímos ninguém.

O silêncio que se instalou depois disso foi desconcertante. Todos evitavam olhar um para os outros.

– Me desculpe. - Poseidon disse por fim, levantando os olhos para Hades. - Por eu tê-lo feito odiar sua mulher por tanto tempo, e por tê-la matado.

Hades ficou em silêncio por algum tempo, antes de encarar o irmão. Agora, sem máscaras, ele podia ver aquele garoto mais novo e um tanto desajeitado, que o admirava por ter tido a coragem de fugir de casa cedo e por ser quem ele era. Aquele amigo, que passara noites em calçadas junto a ele, passando fome, sem nunca perder o sorriso, sempre falando que quando estava ao lado do irmão estava bem.

Se sentia péssimo por ter sido tão cego. Aquele garotinho ainda estava dentro daquele homem, e, como sempre acontecia quando Poseidon o deixava bravo, ele viera atrás para pedir desculpas, arrependido de verdade, mesmo que as desculpas deveriam ser, na realidade, direcionadas a ele.

– Não. - Respondeu. - Não me peça desculpas. Eu sou quem estava errado este tempo todo. Te julguei mal, te deixei sozinho e me deixei sozinho também, por não analisar a situação corretamente. Justo eu! Por isso, me desculpe.

Poseidon sorriu minimamente, os olhos pesados pelas lagrimas de alegria.

– Minha mãe sabe disso, não sabe? - Percy perguntou, cabisbaixo. - Ela sempre me disse que você não é o que deixa que acreditem. E, no fim, eu acabei guardando mais rancor que ela. Talvez não por ter pensado que você a traiu. Talvez porque, todos esses anos, eu te culpava por ter saído de casa e me deixado, quando fui eu quem o deixou, na realidade.

Poseidon se abaixou, ajoelhando-se na frente de seu filho, as lágrimas correndo pelas suas bochechas. Encarou os olhos tão verdes de seu filho, tão parecidos com os seus.

– Eu entendo você perfeitamente, Perseu. - Usou o nome inteiro de Percy. - Eu não deveria ter estado tão ausente por todos esses anos, mas eu estava com medo.

Pai e filho se abraçaram, sem necessidade de mais palavras.

~^~

Uma semana passou-se desde que Hades tivera alta do hospital. Finalmente conseguira escapar das garras preocupadas de seu filho e de Mary e conseguira andar pela cidade sozinho. Havia uma coisa que precisava fazer, e não poderia esperar.

Entrou no cemitério, sentindo a brisa em seus cabelos. Andou até o túmulo de sua mulher, abaixando-se, e deixou ali rosas vermelhas compradas há pouco. Ficou um tempo em silêncio, apenas encarando a imagem na lápide, onde ela estava feliz. As lágrimas começaram a cair sem que ele pudesse pará-las.

– Me desculpe, il mio amore. - Pediu, as lágrimas de culpa caindo cada vez mais. - Eu não acreditei em você, todos esses anos eu estava tão cego! Você sabe o quanto eu sempre fui inseguro, não é? Eu sempre precisei de pessoas ao meu redor me tratando como Deus para sentir que eu era uma boa pessoa e, no fim, eu acabei sendo um péssimo marido, um péssimo irmão, um péssimo amigo e um péssimo pai.

Ficou em silêncio mais uma vez, apenas apreciando os olhos brilhantes da mulher na lápide. Doía seu coração pensar que, durante tanto tempo, acreditou que ela o traíra.

Horas depois, se levantou, finalmente. Dando mais uma olhada para a lápide, voltou de onde vinha, andando calmamente, sem pressa de chegar no apartamento do filho.

Abriu a porta e, por um momento, pensou estar delirando. No sofá, seus dois filhos faziam guerra de cócegas, Bianca em cima do irmão, rindo como duas crianças. Assim que perceberam o homem, os dois pararam a guerra, sem mudar de posição, e o olharam sorrindo. Nico, que tinha a cabeça pendurada no descanso de braço do sofá jogou a irmã para o lado, para o chão, chamando-a de gorda, e desceu do sofá.

– Surpresa! - Disse, ofegante, antes de ser puxado para o chão pela irmã, que ria.

– Surpresa! - Bianca repetiu, rindo.

A visão de seus dois filhos fez o coração do homem se acalmar de um jeito que ele achou que nunca mais sentiria. Andando até os dois, com os olhos molhados pelas lágrimas de alegria, podia sentir sua mulher ao seu lado.

Ele ainda tinha duas razões para viver, afinal.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Já faz um tempo que penso em trazer a Bianca para a fic, e essa foi uma brecha muito legal.
Enfim, eu espero que tenham gostado!
Deixem reviews meus lindos