Todos são peças importantes no trabalho em equipe, cada um representa uma pequena parcela do resultado final

Neste dia,  estava extremamente animada e empolgada. Dias de desfiles compensavam todo o estresse das semanas passadas, - ou quase- era satisfatório ver que seu esforço tinha valido a pena, mesmo que não estivéssemos diretamente a frente do trabalho, mesmo assim era bastante animador.

Perdi as contas de tantas vezes que já tinha importunado Jacob com essa história de desfile pela manhã, ele não demostrava a mesma empolgação, mais fazia a parte dele em me perguntar dos detalhes.

— Você deveria ficar longe do café hoje. – sugeriu tirando minha xicara e colocando dentro da pia.

— E porque? – perguntei  e me levantei para pegar a xicara de café de volta.

— Porque não são nem oito horas da manhã e você não parou de falar um minuto. – explicou e tirou a caneca da minha mão de novo, dessa vez ele jogou o liquido dentro da pia – Não precisará de mais energias do que você já esta agora.

— Isso porque você não sabe como são dias de desfiles. – respondi

Jacob voltou para o seu lugar e me empurrou um copo de suco. Como se suco fosse tão bom como uma boa xicara de café.

— Devo saber agora ate as roupas que as modelos vão vestir. – comentou fazendo uma careta.

Revirei os olhos, não havia dado tanto detalhe assim.

— Mudando de assunto antes de irmos.

— Sim...

— Acho que devemos visitar sua mãe de novo.

— E porque?

— Porque ela é a sua mãe? – seu tom saiu em pergunta

— O real motivo. – pedi.

— Porque tem um homem na casa dela. – disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo

— Um homem e uma criança Jacob. Não vejo mal algum.

— Isso porque você é inocente de mais Bells. – foi a vez de ele revirar os olhos agora.

— E o que pode acontecer?

— Não vou falar o que pode acontecer. – respondeu – Mas vou ligar pra ela e dizer que vamos lá final de semana.

— Okay. – respondi não dando muito importância – Você esta com ciúmes?

— Claro que não, mas é bom que Tom saiba que estamos de olho.

— Será que eles se gostam mesmo? – perguntei

Eu praticamente conhecia Tom a minha vida inteira, ele vinha na minha casa, nos almoços de domingos em família, nos natais e em aniversários, naquela época ele era o amigo de meu pai, que era bem animado por sinal. Mas agora? Era estranho no mínimo.

— Você viu os olhares? Bochechas vermelhas? E essas coisas?

— É eu vi sim. – respondi

— Você mesma diz que isso já basta para saber.

— Estou começando a mudar de opinião.

Remexi no meu cereal enquanto meu pensamento ia para Edward Cullen, e o quanto começava a gostar da sua companhia, e bochechas coradas e olhares, não me pareciam agora um sinal de alguém poderia estar gostando de outro alguém.

— Fico corada só por chegar perto de Edward e Brant. – respondi – Talvez isso não se aplique necessariamente.

Jacob olhou pra mim por um tempo me analisando, o que foi bastante estranho pra dizer a verdade, mais depois abaixou a cabeça e voltou para seu café.

— Cuidado Bells, não quero que se machuque.

— O que você quer dizer isso?

— Exatamente isso que você pensou. – respondeu.

Jacob levantou, beijou o topo de minha cabeça e disse que estava indo terminar de se arrumar.

O que pensei? Das palavras de Jacob?

Eu não me apaixonaria por Edward Cullen, não era possível que isso fosse acontecer, sempre tive bastante cuidado quando o assunto era gostar de alguém, não ia ser descuidada a ponto de gostar dele. Pelo menos não da forma com que Jake estava pensando.

Edward ainda estava preso a sua mulher, ela ainda era muito presente em sua vida, mesmo que não estivesse mais aqui, e mesmo que essa questão não existisse, Edward não era o cara para que me apaixonasse. Ele não podia ser.

Afastando esses pensamentos me levantei também, era melhor me preparar para o dia de hoje e não ficar pensando em coisas como essa, precisava estar focada. Nada podia sair errado, ou Pierri teria um infarto.

Jacob prestativo do jeito que era, me deixou na Lanvin mais tarde, meu carro tinha parado de novo e não tínhamos tempo para olhar, sobrou para ele me deixar no trabalho.

Por ser um dia muito importante a parte da recepção estava lotada, agradeci mentalmente de não trabalhar nesta parte, principalmente hoje. Muitas pessoas passavam por lá, a maioria ali eram jornalistas que precisavam pegar as credencias para estar no evento. Pierri foi bastante seletivo quanto a imprensa, apesar dele ser espalhafatoso na maior parte do tempo.

Tinha uma equipe muito grande envolvida nesse desfile, não como nos outros dois que já participei, ate porque este e o de Brant e Rosalie daqui a algumas semanas eram menores.  Mas ainda sim era uma equipe totalmente qualificada e eficaz que fazia este evento acontecer.

Era empolgante de mais fazer parte de algo grande assim.

Diferente da recepção meu andar estava mais calmo, diria calmo na questão de pessoas circulando. Porque Pierri estava li no meio gritando com dois homens que aparentemente carregavam algo de sua sala para o lado de fora.

— NÃO DEIXEM CAIR ! – gritou.

Não consegui saber o que ele carregava, estava com lençóis brancos cobrindo o que quer que fosse aquilo, mais do jeito que gritava devia ser algo que podia quebrar.

— SEGURA DIRETO HOMEM!

Um pouco mais afastado, perto já da porta de Edward, o encontrei parado conversando com um homem alto e musculoso, ele tinha um comunicador na orelha e os dois falavam com expressões serias no rosto. Estavam alheei-os ao barulho de Pierri ao redor, mas o homem estava em alerta, assim que me aproximei mais para deixar minhas coisas sobre a recepção, ele me olhou, e Edward acompanhou seu olhar.

O homem aparentava ter mais ou menos  40 anos, cabelos pretos e olhos verdes, tinha um olhar sério, e vestia uma calça preta com um blazer da mesma cor.

Edward fez um gesto com a mão para que me aproximasse deles.  Deixei minhas coisas e fui ate eles. Mesmo com Edward ali, Pierri não parou de gritar ordens aos dois que carregavam o objeto dele.

— Bella este aqui é Jasmes Grillo, chefe do departamento de segurança interna. – Edward começou dizendo – E Jasmes esta é Bella, trabalha como secretaria de Brant.

— Prazer Bella. – ele estendeu a mão e eu apertei de volta.

De todo caso, ele tinha cara de ser um segurança mesmo, sua postura ereta e seu rosto sério demostravam isso.

— Jasme cuida da segurança da Lavin, mas trabalha diretamente com a segurança interna da minha família. – explicou para mim e então se voltou para Jasmes. – Isabella ficará na recepção do evento, quero um de seus homens com ela e Ângela.

— Aumentar a segurança na entrada? – perguntou Jasmes.

— Sim. – respondeu Edward. – Enquanto as duas estiverem lá, quero um de seus homens com elas.

Se Edward pretendia me assustar, ele havia conseguido com muito êxito. Aumentar a segurança? Estava acontecendo alguma coisa? Ou só estava sendo mesmo paranoica?

— Colorei um dos melhor Edward. – respondeu.

— Qualquer coisa Bella, se reporte a James, ou a um de seus homens. – se virou para mim então.

— Aconteceu algo? – perguntei pra Edward, mas quem me respondeu foi James.

— Apenas medidas de segurança padrão.

— Obrigado James.

James acenou com a cabeça e foi embora, então me virei para Edward, surpresa por participar de uma conversa como aquela, ainda mais em ter deixado um segurança para mim e Ângela.

— Aumentou a segurança?

— Só na entrada. – deu de ombros - É mais para garantir a ordem, não se preocupe.

—SEUS IMPRESTAVEIS! – gritou Pierri fazendo nós dois nos assustarmos.

— Hoje vai ser um dia daqueles. – resmungou Edward – As pessoas não sabem trabalhar em silêncio.

— Nem todo mundo tem 50 anos igual você Edward.

— AHAHA PÕE NO CHÃO, PÕE NO CHÃO. – gritou ele de novo com as mãos na cabeça aterrorizado.

A cena era cômica de ver, e Brant estaria se divertindo agora se estivesse aqui para ver.

— Pierri! – chamou Edward, sua voz ressoando forte pelo lugar.

Em questão de segundos todos pararam e olharam para ele. Edward podia ser assustador quando queria.

— Sim, Deus grego.

Mordi as bochechas para reprimir um riso.

— Para de gritar, assim não dá.

— Tudo bem. – respondeu Pierri baixinho – Agora vão, vão. – ele se voltou para homens e falou nervoso, porem agora ele sussurrava.

Parei na frente de Edward para que ele prestasse atenção em mim.

— Deus grego? Hum...

— Não começa Bella. – ele me deu as costas.

— Você nem mesmo reclamou! – disse insistindo. – Já se acostumou?

— Já disse para não começar. – ele falou andando sem virar para trás para me encarar.

Este era um dia que estava com um tempo a mais, obrigada Brant! Então segui a fera ate sua sala.

Tinha que começar a rever o apelido dele, não me assustava mais então era melhor mudar. Não que eu fosse pensar em um agora.

— Porque esta me seguindo ? – perguntou quando passou pela porta de sua sala, e os resmungos de Pierri ficavam mais baixos.

— Não estou te seguindo. – respondi – Mas deixa eu te perguntar uma coisa, para eu ter uma outra opinião sobre o assunto.

— Eu preciso mesmo te ajuda?

— Você não vai estar me ajudando, quero uma outra opinião masculina.

Não dei muita escolha pra ele, parei em frente sua mesa e esperava ser ouvida. Não sei porque estava querendo compartilhar isso com ele, mas quis contar.

— Você não sabe aceitar não como resposta, não é?

— Geralmente não quando o que vou perguntar não tem nada a ver com você.

— Não tem nada a ver comigo?

— Edward o mundo não gira em torno de você. – respondi falando seria, mas ele levou na brincadeira.

— Sente-se então. – ele apontou para a cadeira – Você me deixa nervosa falando comigo de pé.

— E depois eu que sou a estranha.

Me sentei na cadeira.

— Você acha estranho um amigo de muito tempo do seu pai ficar com sua mãe depois que ele

morreu?

Ele arregalou os olhos bastante surpreso com a pergunta.

— Que pergunta é essa Isabella?

— Uma pergunta.

— Tem um amigo do seu pai gostando da sua mãe? – ele perguntou ainda não acreditando na minha pergunta, talvez por ele não ter nada a ver com o assunto.

Eu assenti

— O quanto eles eram amigos? – foi paciente comigo.

— Tipo melhores amigos, parceiros?

Ele balançou a cabeça me achando absurda. Ate mesmo eu estava me achando absurda compartilhando algo que Jacob estava comentando comigo hoje cedo.

— Na escala de algo estranho, quanto você classificaria?

— Não sei. – ele respondeu – Precisaria de mais fatos para avaliar um grau de estranhez.

Deu pra ver que ele também se achava ridículo falando sobre isso comigo, e eu comecei a achar engraçado. Mas mordi minhas bochechas para não rir, queria ver onde chegaríamos.

— Acha estranho ou não?

— Um pouco. – ele estava na duvida – Acho que seja lá o que estiver te incomodando nisso, devia parar pra pensar o que você acha sobre isso. – continuou – Minha opinião ou a de outra pessoa não pode ser a sua no final de contas, e sim o que você acha e como se sente.

Parei um pouco para refletir sobre suas palavras. O que eu realmente achava de Tom e minha mãe? O que eu reprimia ou evitava pensar quando eles estavam juntos ou eu achava que eles estavam juntos.

Jacob tinha falado sobre ficarmos de olhos nos dois, mas o que eles tinham? Era o que eu achava que tinha?

— Como você se sente em relação a isso?

— Como eu sei que eles se gostam? – não respondi sua pergunta, já tinha a resposta preparada, mas agora, quando ele dissera que minha opinião não precisava ser igual a de outras pessoas, não tinha uma resposta verdadeira.

— Porque se preocupa com isso?

— Você não respondeu minha pergunta. – insisti.

— Pessoas mostram de jeitos diferentes Bella. – ele disse – Eu me importo com você, e você pensa que não gosto e nem suporto você. As pessoas tendem a mostrar de formas diferentes.