31 Dias de Dezembro escrita por jessy-cullen


Capítulo 18
14º Dia de Dezembro - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Depois de 345 anos aqui estou eu kkk Deixa eu me explicar pra vocês, bloqueio criativo, estava com bloqueio criativo, parei numa parte do capitulo e não conseguia mais escrever, porque eu sou bem dessas. Mas esse capitulo tem tipo mais de 25 paginas, então ta enorme e vou dividir ele de novo assim volto semana que vêm e posto mais um pedaço amorzinho pra vcs



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Se a teoria entra em conflito com os fatos, tanto pior para os fatos.

Enquanto terminava de arrumar minha cama naquele dia, vi os papeis que havia deixado em cima da mesa.  E parei o que estava fazendo para pega-los.

Ainda estava bastante insegura de conversar sobre isso com Jacob, sobre sua mãe e no porque ela havia aparecido depois de tanto tempo, mas como melhor amiga dele, precisava falar, além do mais já tinha lido todas as cartas, e por mais que tivesse enrolando o assunto agora que sabia o que estava escrito precisava conversar com ele.

Juntei os papeis enfim tomando coragem. Já que Jacob não queria ler as cartas, separei alguns trechos e coloquei em uma folha para que assim facilitasse a vida dele. Me considerava uma boa amiga só por ter tido esse trabalho, mas não estava totalmente segura de que estava fazendo a coisa certa.

— Jacob? – chamei saindo do quarto.

Antes que ele respondesse o encontrei sentado no sofá comendo cereal com a televisão ligada. Estranhamente neste dia nós dois levantamos duas hora mais cedo do que nosso horário atual, então seria a oportunidade perfeita.

— O que foi? – perguntou de boca cheia.

Resolvi que não iria brigar com ele por causa disso, na maioria das vezes não funcionava mesmo.

— Que cara é essa? – perguntou se sentado direito no sofá – O que aconteceu Bella?

Devo ser péssima para esconder as coisas ou péssima para esconder meus sentimentos. Jacob já havia percebido que era coisa seria.

— Precisamos conversa. – disse – E não da mais pra adiar.

— Ah não começa. – ele se levantou irritado entendendo muito antes do que imaginava o que se tratava a conversa. Ele foi ate a pia da cozinha e largou seu cereal que ainda estava cheio.

— Já enrolamos de mais para falar sobre isso Jake.

— No caso você enrolou. – ele jogou na minha cara.

Mas ele estava certo, já fazia um tempo que falei que iriamos conversar, mais estava chegando tão tarde do serviço que não estava tendo tempo nem de ter um tempo com ele a sós.

— Como se fosse mudar o que tenho que falar.

— Não quero falar sobre isso agora. – ele se apoiou no balcão com as duas mãos esticadas.

Seu rosto que antes estava calmo e sereno agora estava fechado e cansado, como se esse assunto o deixasse exausto de mais.

— Um dia vamos ter que falar. – me aproximei dele deixando os papeis na sua frente em cima do balcão.

— E esse dia não vai ser hoje. – respondeu saindo.

Antes que ele pudesse sair agarrei seu braço da melhor forma que consegui, pois estava do outro lado do balcão. Ele me olhou surpreso e parou para me encarar.

— Esse dia vai ser hoje. – disse decida, usando um tom de autoridade que jamais pensei que tivesse. – E não adianta me olhar assim.

Soltei minha mão de seu braço que ate então não tinha percebido que estava apertando tanto, mas ele não reclamou duvido que  tive força para machuca-lo mesmo.

Jacob me olhou mais uns segundos desacreditado , e lentamente se voltou aos papeis que estavam a sua  frente.

Nuca tinha me sentido tão intimida com o olhar de Jacob como hoje, mas não deixei de ter um olhar firme.  Ele passou os papeis lendo o que eu diria “por cima” de cada folha, não demorava nem dois minutos.

— Você é assustadoramente organizada. – ele franziu a testa enojado, sua voz saindo ríspida, mesmo em meia a tentativa de fazer piada.

— Vou tomar como um elogio.

Ele arrumou os papeis e largou em cima do balcão olhando para mim, seus olhos frios e sem emoção. Não sabia o que se passava na cabeça de meu amigo, mais sabia o suficiente para poder dizer que sofria quando o assunto era sua mãe mesmo que ele não quisesse admitir.

— Nada do que li aqui me faz mudar de ideia. – sua voz saiu fria.

— Você nem ao menos leu isso direito Jacob!

— E não preciso. – respondeu num fio de voz – É a mesma coisa. – pegou um dos papeis e apontou nervoso. – Não tinha condições de cuidar de você, por isso tive que ir embora.  Não consegui cria-lo fui fraca. – ele repetiu algumas coisas que havia na carta. – Ou então, me desculpe mais quero acertar as coisas – essa ultima saiu com escarnio.

Jacob não estava fora de si, mais ainda sim estava bravo e por debaixo daquela raiva que podia ver que sentia, havia ressentimento, o ressentimento de não ter uma mãe presente.

— Sabe de uma coisa Bella? – ele praticamente gritou comigo – Não ter condições de me criar por ter sido fraca, ou porque não aguentou é puro egoísmo. MEU PAI – gritou nessa parte me assustando – Ficou sozinho com uma criança de dois meses. Depois ela voltou quando tinha cinco anos só para então me abandonar de novo. Sabe quem foram meus pais neste tempo? Quem são meus pais?

Preferi não responder, sabia a resposta.

— Billy. – respondeu mais calmo. – A sua mãe e o seu pai. – completou – Esses foram meus pais e minha mãe quando Billy ficou sozinho e teve que cuidar de mim.  Foram eles que me levaram para o Brasil e me deram uma educação, que me ensinaram tudo o que sei e o que sou hoje. Foram ELES, mesmo não sendo obrigação dos seus pais, e mesmo meu pai não sabendo nada sobre como criar um bebê sozinho.

Assistia tudo calada, um pouco surpresa sobre ter Jacob expondo seus sentimentos dessa forma, e triste por ele ter razão. Por que ele tinha, estava certo sobre isso, mas não era justo.

— Sei disso Jacob. – respondi com a voz calma e controlada pelo o turbilhão de sentimentos que estava sentindo neste exato momento. – Mas ela quer voltar, ela esta tentando te reconquistar, você precisa ouvi-la ao menos.

— Voltar para que? Me abandonar de novo? – perguntou cuspindo as palavras – Não quero vê-la, não quero conversar com ela, não quero nem ao menos saber sobre ela. Porque pelo o que sei, ela só me quer por causa de dinheiro.

— Em nenhum momento ela diz isso nas cartas Jake.

— Desejos mascarados Bella, não seja ingênua o tempo todo ou você nunca se dará bem na vida. – ele riu com sarcasmo.

Pensei sobre o que ele falou por um momento enquanto me olhava nos olhos, um olhar tão frio que nem parecia ser meu melhor amigo,ele que era o sol dos meus dias, que me deixava aquecida quando estava perto dele. Ele era outra pessoa agora, transformado por magoa e dor que sentia pela mãe.

— É melhor ir se arrumar, você já esta atrasada. – ele disse saindo de perto de mim.

Mas antes ele pegou todo o meu trabalho com as folhas e amaçou jogando no lixo. Só consegui ficar olhando para ele de um jeito triste, queria que se abrisse comigo de verdade, e colocasse tudo para fora o que estava sentindo e então poderia abraça-lo e dizer que estava disposta a ajuda-lo com isso. Mas Jacob tinha cicatrizes de mais para que isso fosse acontecer.

Respirei fundo e olhei no relógio, já era para ter chegado no trabalho, então corri para meu quarto para me arrumar.

      https://photos.google.com/album/AF1QipP6pPo3IKI9UE2NHd0_m2jAI5nkCWR08UkR4aIN/photo/AF1QipNt1HhaVIvIJZ1QNi6P6HmTReh20Fc2v8rUift1                                                                                                                                      

Olhei a bagunça que estava meu quarto e decidi que não iria me preocupar com isso agora, escolhi a primeira coisa que achei e vesti rapidamente. Quando escutei a porta batendo tive a certeza que ele acabara de sair sem se despedir de mim, ou me dar uma carona.

Sentei na cama exausta, não queria que meu dia e o dele começasse assim, e muito menos deixa-lo nervoso. Enquanto pegava minhas coisas e descia correndo para meu carro fiquei pensando se tinha feito a coisa certa em falar com ele, ou se devia ter ficado quieta e não ter me intrometido.

A primeira pessoa que encontrei quando cheguei na Lanvin foi Edward que estava na recepção falando com um homem muito bem vestido com um terno preto e sapatos ilustrados que carregava uma maleta da mesma cor. Nossos olhos se cruzaram por um momento, mas desviei rapidamente não sabendo exatamente por que.

Estava uma hora e meia atrasada e não queria que Edward precisasse colocar mais esse defeito na minha inúmera lista de não qualidades de se trabalhar na Lanvin.

Dei uma batida na sala de Brant antes de entrar, por mais que ele dissesse que isso não precisava ainda tinha como respeito, e não havia perdido o costume. Quando entrei ele estava sentado com Rosalie discutindo sobre algo.

Os dois ao mesmo tempo olharam pra mim e respondi um bom dia , fui sentar na minha mesa. Brant demorou seu olhar em mim, mais não perguntou nada, nem mesmo comentou meu atraso, o que poderia agradece-lo mais tarde.

Estava trabalhando mecanicamente atendendo telefone e mexendo em papeladas preocupada com Jacob. Tinha sido uma péssima ideia ter falado com ele de manhã, como será que ele estava no serviço?  

Ele devia estar super bravo comigo

Depois de um tempo Rosalie saiu da sala dizendo que voltava mais tarde, talvez ela soubesse que alguma coisa estava estranha,  e Brant apenas assentiu. Ficamos exatamente cinco minutos  quietos quando ele parou de rabiscar algo. Pude ouvir porque parou de fazer barulho.

— Não vai fazer nenhuma piadinha hoje? – perguntou para mim, provavelmente me olhando.

— Não sabia que fazia muitas piadas no dia a dia – respondi sem olha-lo.

— Você faz algumas. – respondeu – Não vai nem reclamar de alguma coisa que fiz com Pierre?

— Não o vi hoje ainda. – respondi novamente  - Não sei se ele reclamou algo de você.

Isso pareceu preocupa-lo e ele levantou da sua cadeira e tranquilamente se sentou a minha frente puxando a cadeira para que tivesse espaço para sentar.

— Você esta bem? – perguntou.

— Estou. – continue fazendo minhas coisas.

— Então olha para mim e responde isso. – pediu

Relutante olhei para ele, seus olhos azuis hoje estavam ainda mais claros se destacando com a camisa branca e gravata preta que ele usava.

Talvez nunca tinha percebido, mais Brant era ainda mais forte do que pensei que fosse, sua camisa marcava seus músculos e ele tinha as mangas dela dobradas ate o cotovelo.

— Estou bem. – respondi

— Você é uma péssima mentirosa sabia? – ele disse franzindo a testa. - Tem algo a ver com seu atraso?

— Me desculpe por isso. – respondi sinceramente – Você já tentou ajudar alguém e depois que fez isso viu que pode não ter sido a coisa certa a se fazer?

Brant pensou um pouco na pergunta , mas não respondeu nem que sim e nem que não por isso continuei.

— Porque tenho a sensação que em vez de melhorar as coisas eu piorei.

Ele continuou em silêncio, perdido em pensamentos. Fiquei curiosa sobre o que ele estava pensando, era tão enigmático quanto Edward.

— Tenho certeza que fez o melhor, e o que achava ser melhor , então é isso que importa afinal – concluiu por fim. – Você é ótima nisso Isabella. – ele disse batendo os dedos na mesa ao se levantar.

Eu era boa no que?

Fiquei com essa pergunta na cabeça quando ele passou por mim e saiu da sala. Brant sempre fora muito sutil, você nunca percebia exatamente qual eram suas ações de tamanha sutileza em realiza-las, mas havia aprendido algumas coisas enquanto trabalhamos dia após dia na mesma sala, ele era ótimo em te dar privacidade e espaço, tão bom nisso que muitas vezes podia pegar as pessoas desprevenidas.

Por isso que ao tomar a decisão de sair da sala ele me comunicava silenciosamente que se preocupava e que nossa relação podia ser além de chefe e funcionaria. Não via de outra forma, quem sai da própria sala para dar espaço para a secretaria? Brant devia ser a única exceção.

De fato ele era uma pessoa diferente, muitas vezes nós não precisávamos falar, e tínhamos aprendido como trabalhar um com o outro sem atrapalhar. Ele sair e me da privacidade só comprovava isso.

Apoiei meus cotovelos na mesa e apoiei minha cabeça nas mãos. Eu poderia ter evitado tudo isso se não insistisse com Jacob.

Eu era uma péssima amiga, uma péssima amiga.

— Eu iria...

— Ahaha – gritei assustada.

Coloquei a mão no coração acelerado ao ver Edward parado dentro da sala. Ele estava vindo na minha direção mais parou quando gritei.

— Quer me matar de susto? – falei ofegante ainda, a cor provavelmente havia saído do meu rosto.

Ele quase sorriu.

— Você é muito assustada.

— E você é silencioso de mais. – retruquei.

Edward hoje estava vestindo uma calça social preta e um terno da mesma cor. E Meu Deus ele estava muito mais muito elegante e cheiroso alias, precisei piscar algumas vezes para não continuar olhando seu corpo. Eu odiava trabalhar na Lanvin quando ficava deslumbrada com ele ou com Brant. Eu devia amar, todo mundo no meu lugar amaria, mas eu não.

— O que você iria falar? – decidi mudar a conversa que poderia começar.

— Você esta bem? – perguntou

— Eu é que pergunto. – ri – Você preocupado com alguém?

Ele bufou exasperado. Mesmo estando meio mal não conseguia deixar de provoca-lo, já que isso era algo que estava começando a ficar boa.

— Por incrível que pareça estou sim. – respondeu serio, sem nenhum tipo de gracinha.

Olhei para sua expressão meio desacreditada, não era possível que Edward confessava isso mesmo para mim.

— Devo estar com a cara péssima então para você perceber que não estou bem. – decidi descontrair.

— E você esta mesmo. – respondeu sem imaginar o quanto aquilo me afetou. Ele se aproximou de mim o bastante para tocar em minha testa. – Você esta com aquela ruguinha bem aqui.

Ele não deve ter percebido o que fez ate descer seus olhos para o meu rosto que estava quente e provavelmente vermelho.

Então percebendo que acabava de me tocar, por mais estranho que fosse e tinha acabado de fazer isso se afastou um pouco ao se dar conta.

Mordi minha bochecha apenas para ter algo que fazer enquanto nós desviávamos o olhar um do outro constrangidos.

— Hum... obrigada pela preocupação Edward. – disse quebrando o silêncio constrangedor

— Eu... – ele me olhou, seu olhar se demorou um pouco como se ele estivesse em um dilema interno  e depois continuou – Vou indo.

— Okay. – respondi.

Olhei ele saindo da sala meio desajeitado, seja o que fosse que ele quisesse falar comigo tinha perdido a coragem ou se atrapalhado com o que acabava de acontecer.

Preferi não pensar no seu gesto estranho e o quanto aquilo pareceu certo e intimo para mim.

E quando meu celular apitou e li a mensagem que tinham me mandado consegui esquecer o que havia acontecido.

Estou muito mal por como te tratei hoje de manhã! Preciso conversar com você, se ainda me quiser como amigo.

By: Seu lindão arrependido.

Li a mensagem sorrindo. Jacob era um palhaço, mas fiquei feliz em ver que ele não estava bravo comigo. Pelo menos não tanto.

Te espero aqui na hora do meu almoço.

 

By: Bella.

Ele respondeu um okay e depois não mandou mais mensagens, isso me aliviou tanto que se Brant ou Edward me vissem agora acreditariam que estava bem.

Ia começar a arrumar outras coisas quando uma movimentação do lado de fora me chamou a atenção, escutei a voz de Pierri e de mais alguém conversando.

Levantei da cadeira e fui ver o que estava acontecendo não porque era curiosa, mais sim porque já podia imaginar o que era. Brant e Pierri discutiam sobre algo.

Nunca, jamais era bom deixar que Brant ficasse fora de sua sala pelo prédio por tempo de mais, na verdade era aconselhável ele sempre permanecer em sua sala. Porque era ele sair que Pierri o encontrava.

— Você não vai ajudar então não pode opinar. É a lei. – Pierri falava alto

— Estou falando isso para ajuda-lo. – ele respondeu

— Eu não preciso da sua ajuda seu conspirador. – gritou enfatizando a ultima palavra.

Segurei uma risada, Pierri não havia tirado da cabeça a ideia de que Rosalie e ele estavam planejando algo contra ele.

— Conspirador? Pierri amadurece.

— Querinho. Eu sou maduro o bastante já, se amadurecer mais eu apodreço e o fruto cai.

— Eu não estou escutando isso. – Brant colocou a mão na testa e esfregando.

Pierri era muitas vezes dramático, mas tinha vezes que ele era simplesmente absurdo.  Me aproximei dos dois ainda sem entender muita coisa do que estava acontecendo.

— Posso saber o que há de errado?

— Claro que pode purpurina. – Pierrei abriu um sorriso enorme ao me ver – O azedo aqui esta colocando opiniões contrarias no meu desfile.

— Não preciso explicar nada mais a você. – ele falou a Pierri – Faça do jeito que deseja. Só cuidado para o seu desfile não ser a manchete de uma tragédia no mundo da alta costura.

— Você não falou isso. – disse já prevendo a discussão que isso desencadearia.

Pierri abriu a boca, mas então ele fechou e pensei que a qualquer momento ele fosse chorar. Ridículo eu sei, mais deu pena. Não sei quanto tempo ele ficou ali olhando com os olhos esbugalhados para Brant mudando do vermelho para o roxo, abrindo e fechando a boca para responde-lo mas as palavras não vinham.

— Faça do jeito que ... – Brant começou dizendo mais cutuquei ele com o cotovelo para que ele parasse.

— É exatamente o que vou fazer. –  gritou finalmente e saiu andando para sua sala – Porpurina depois você pode vir aqui um pouquinho? – voltou para falar.

— Claro. – respondi e me virei para Brant – O que estava acontecendo aqui? Porque você disse aquilo?

Esperei uma resposta, mas não veio.

—  Sabe que agora ele vai surtar não sabe? E nenhuma das meninas estão aqui para dizer o contrario e anima-lo. – disse – Ou  Rosalie ou Edward, para elogia-lo , quer dizer, o Edward esta mais seja lá o que fosse falar duvido que fosse fazer Pierre se sentir melhor, pra falar a verdade eu acho que pioraria. Edward não pode chegar nem perto dessa situação. – falei tudo rápido de mais.

— Talvez ele devesse, quem sabe ajudaria. – balancei a cabeça negando, Edward seria a ultima pessoa que Pierri precisaria - Estava dando uma ajuda, mas ele é paranoico o suficiente para achar que estou estragando algo.

— Posso te falar uma coisa? – resolvi deixar de lado.

— Prossiga. – respondeu

Olhei ao redor esperando não ter ninguém mais na recepção e não tinha mesmo, as meninas deviam estar no ateliê ou fazendo qualquer que fosse a emergência que teria acontecido, então éramos só nós ali.

— Pierri esta chateado que não estará no desfile dele. – decidi abrir o jogo – Não fala alto! – o repreendi quando ele foi abrir a boca.

— Impossível.

— Não é não. – falei sinceramente – Ele esta chateado não porque você vai ver o desfile da marca preferida dele, mas porque não vai ficar e prestigia-lo aqui. Na verdade as duas coisas, mas se inclina mais pra segunda.

— Isabella você vê muito o lado bom das pessoas, e nesse caso o de Pierre não existe.

— Estou sendo sincera com você. Ele respeita tudo o que fala, por mais que não demostre, agora mesmo ele deve estar fazendo o que sugeriu, mas não concorda com você na sua frente por puro orgulho, ou implicância. Ele te admira muito.

— Eu trabalho em um hospício. – concluiu – Porque confundir paranoia com admiração? Coisa dele louco.

— As vezes pode ser legal. – sorri.

Ele balançou a cabeça franzindo a testa e me deixou sozinha na recepção. As vezes também achava que trabalha num hospício, era muitas pessoas com pensamentos e loucuras diferente neste lugar, mais era em dias como esse que me sentia feliz, porque de certa forma isso deixava  o lugar cheio de vida.

— Purpurinaaaa! – berrou Pierri de sua sala.

— Cheio de vida de mais. – falei para mim mesma antes de entrar na sala dele.

Encontrei Pierri numa cena cômica, ele estava sentado no chão de sua sala com vários cartões em sua mão que havia fotos de pessoas.  Ele tinha colocado números no chão de 1 a 30 de um lado, deixado um espaço e do outro colocou mais números de um 1 a 30, e estava quase chorando.

— O que esta fazendo? – perguntei não sabendo se gostaria mesmo de saber.

— Escolhendo os lugares das pessoas no desfile. – resmungou. – Preciso de sua ajuda.

Dei uma olhada melhor no que estava no chão, e percebi que cada numero indicava um assento.

— As pessoas tem lugar marcado no desfile? – quis saber.

— Obvio purpurina. – ele disse

Nunca tinha me atentado a este detalhe o que me fez me lembrar da minha conversa com Edward e o quanto eu não sabia mesmo sobre o que acontecia aqui ou sobre meu próprio trabalho, mesmo tendo participado de pelo 3 desfiles junto com as meninas.

— As pessoas mais influentes como...– ele saiu procurando desesperado um cartãozinho em meio a vários em sua mão. – Victoria Beckham, não pode sentar na ultima fileira, por tanto ela tem que ficar aqui. – ele colou o cartãozinho dela no segundo lugar do lado esquerdo.

— Victoria Beckham vai estar no seu desfile? – meus olhos chegaram a brilhar.

Apesar de ter ajudado em desfiles, não posso dizer que cheguei realmente  assistir,  ou ficar na pós festa para prestar atenção nos convidados, estava correndo o tempo todo ou atrás de Ângela ou de Emilly, e elas ficavam com coisas mais internas do que o próprio evento em si.

Cheguei mais perto dele e me agachei no chão interessada.

— Sim. – respondeu animado também. – E o azedo disse que Victoria e Mel C não podem sentar juntas.

— Elas brigaram há algum tempo. Bom... ou pelo menos rola o boato, de qualquer forma seria suicídio. – concordei pegando na mão o cartãozinho da mão dele.

— Esta vendo! –gritou me assustando, precisei apoiar minha mão no chão para não me desequilibrar.  – Esse mostro horroroso tem razão! Odeio ele.

Revirei os olhos apertando os lábios para segurar um sorriso.

— O que mais ele disse? – peguei os cartões com as fotos que tinha separado.

—Acha que eu lembro? – seu olhar era horrorizado – Por isso gravei nossa conversa.

Sacou do bolso o celular e balançou a minha frente sorrindo largamente.

— Você fez o que?

— Gravei. – respondeu de novo mais devagar como se tivesse algum problema para entende-lo  – Ele fala muito, como é que posso lembrar de tudo que falou se nem me lembro do que comi ontem ?

— Faz sentido.

E era totalmente estranho.

Então ele começou a mexer no celular não demorando nem dois minutos,  virou o celular ao contrario para o áudio sair para o meu lado, e então a voz de Brant começou a ecoar na sala.

— Você precisa saber que Victoria é bem influente, dar a ela o primeiro lugar é o mais inteligente que você pode fazer.

— Você acha que eu não sei?

— Então porque ela esta na ultima fileira?

— Queridinho....

Fiquei um tempo boquiaberta em saber que ele havia mesmo feito isso e não era nenhuma brincadeira.

— Acho que vou pegar o notebook dele e ajudar você. – falei me levantando olhando ainda desacredita para o celular que saia a vozes deles   – Posso pesquisar algumas coisas sobre cada um.

— Era isso que queria de você. – ele deu seu melhor sorriso – Agora vá logo. – ele me empurrou se voltando para os cartões.

Sai da sala dele fechando a porta e concordando com Brant, este lugar era mesmo um hospício dependendo do dia, chegava a ser assustador.  Será que Brant desconfiava que havia sido gravado? E desde quando Pierri tinha esse habito?

Comecei a me preocupar. Se ele fazia isso, o que é que ele não fazia que não tínhamos nem ideia?

— Brant me empresta o seu notebook para ajudar Pierri? – pedi quando entrei em sua sala.

Sempre me perguntava porque não tinha um próprio para mim, já que ficava pegando o dele mais do que gostaria. Sem contar os acidentes que já cometi, derrubei uma vez no chão, outra eu acabei batendo ele na parede sem querer e desde então tinha que ter um cuidado muito grande.

Uma vez ele comentou que meu computador era a melhor coisa que ele já havia feito desde que eu cheguei.  Claro, que não resolvi levar pelo lado pessoal.

— Pode pegar. – ele respondeu sem me olhar.

Brant provavelmente já estava acostumado com meu jeito desastrado. E devia ter algum outro de estoque só por garantia.

Fui abrir a boca para dizer o que Pierri tinha feito, mais fechei imediatamente, não queria causar mais confusão, depois que passasse um pouquinho de tempo, alguns dias, ou semanas eu contava.

— Posso fazer uma pergunta?

— Sim.

— Porque a equipe de relações publicas não resolve os assentos, ou qualquer pessoa da área de comunicação social, ou social mídia? Eles serão bem mais eficientes que eu, você ou Pierri, ate mesmo nós juntos.

Falei tudo tão rápido que Brant precisou de uns segundos para entender o que estava falando, mas quando compreendeu não hesitou em responder.

— O diferencial da nossa marca também esta nisso.  – respondeu sem olhar para mim.

— Claro! O diferencial da Lanvin é jogar mais trabalho nas secretarias. – falei mudando a voz brincando.

Brant então largou o que estava fazendo e olhou pra mim sorrindo e balançando a cabeça em modo negativo.

— Não seja dramática.

— Eu não sou dramática. – balancei a cabeça em desaprovação. – Mas Brant, estou falando sério, talvez possa funcionar para você escolher assentos, mas para Pierri? Ele realmente esta perdido.

— Que bom então que ele tem você.

— Você me tem, não ele. –respondi, mas antes que continuasse percebi o quanto minha frase pareceu estranha e instantaneamente minhas bochechas esquentaram.

 - Hum... – Brant segurou uma risada, mas o seu olhar ,mudou  para o olhar que dizia vir algum comentário espertinho.

— Não fala nada! – praticamente gritei.

— Acho que partir de hoje usarei as suas palavras contra Pierri. – ele cruzou as mãos sobre a mesa

— Ah pronto, agora sou um objeto.

— Um objeto bem divertidinho.

Balancei a cabeça em desaprovação e peguei o notbook e sai logo de sua sala.

Fiquei pensando em como aquele meu comentário poderia afetar as coisas para mim, e a convivência dos dois quando parei antes que esbarrasse em Edward que vinha a minha direção.

— Onde vai?

— Ajudar Pierri. – disse. Olhei atentamente para Edward e ele estava com os cabelos bem bagunçados, mais do que que o normal.  E não fazia nem uma hora que tínhamos se encontrado e o cabelo dele estava meio normal pelo seus padrões.

— Pierri já tirou Emily e Ângela daqui, agora vai precisar da sua ajuda também? – ele estava um pouco nervoso?

— O que você precisa? – pergunto – Posso ajudar se quiser.

— Preciso separar esses papeis para ser assinados, mas não posso demorar mais que duas horas. – falou tudo muito rápido, pensei que haveria um pouco de resistência da parte dele, mas não houve. – E é o que vou fazer se olhar um por um.

— Para que horas precisa deles?

— Antes do almoço, quando voltar com Karoline. – respondeu – Não gosto de trazê-la aqui, mas Alice deveria estar cuidando dela, mas desapareceu com a Rosalie desde ontem.

Fiquei realmente bastante curiosa neste momento.

— Por desaparecer você quer dizer o que?

Também estava bastante surpresa por ver Edward falando tanto.

— Que desligaram o celular, que Alice não apareceu em casa, e Esme esta preocupada. – respondeu e despois continuou como se tivesse esquecido algo importante a ser acrescento. – E por desaparecer, quer dizer que estão em algum lugar entre shopping, salão ou o que e que elas fazem. – respondeu desaprovando a irmã – Prefiro não saber.  – concluiu fazendo careta  - Ela tem se mostrado muito irresponsável.

Queria muito rir. Não conhecia Alice muito bem, mas sabia do quanto Rosalie gostava de salão e spa, então não me surpreendia se Edward cogitasse tal lugar. Ele provavelmente estaria certo.

— Não a culpe. – disse indo em defesa de minha mais nova amiga – Alice voltou para te ajudar pelo o que entendi, mas também tem as coisas dela para fazer.

— Como sumir com Rosalie? Tirar ate mesmo ela de dentro do serviço? – ele estava mesmo indignado com a situação.

— Pelo o que vejo, ninguém aqui tem um horário muito fixo. – falei sinceramente e ele bufou não gostando de meu comentário, mas contra fatos não há argumento, ate ele tinha que admitir – E elas devem estar se entendendo ainda. Também não é como se o serviço de Rosalie estivesse atrasado.

— Eu espero, porque não aguento mais Alice se lamentando por causa de Rosalie, e a mesma coisa Rosalie. – disse frustrado – Estou cansado mesmo.

— Você precisa relaxar um pouco. – ele me olhou torto levantando uma das sobrancelhas.

Esta era a coisa errada a se falar para alguém que tinha a vida no trabalho. Ainda mais quando ele estava tão confortável em desabafar com você.

 – Quer saber? Esquece o que disse, me dê os papeis que vai estar na sua mesa quando chegar, ou na recepção se preferir.

— Deixe na minha mesa, por favor. – pediu. Ele então olhou para o notebook que estava na mão confuso. – O que faz segurando um computador?

Ia corrigi-lo, mas segui em frente, meus comentários espertinhos podiam esperar outra ocasião afinal de contas.

—Ah isso. – apontei sorrindo. – Parece que hoje estou nas mãos de Pierri. Ele quer ajuda com os assentos do desfile.

— Você acha que consegue ver os documentos para mim? – ele me olhou na duvida, não estava muito preocupado tanto quanto Pierri com os assentos.

As prioridades eram totalmente diferentes.

— Claro! – fui a confiança em pessoa  – Você não deve ter visto Isabella Swan trabalhando! Posso não entender nada de moda, mais sou boa em trabalhar para mais de uma pessoa. –ri nessa parte e pisquei para ele – Pergunte ao Brant isso, e ele dirá que me dou bem, o problema é que geralmente sumo da sua sala.

— Você fala de mais!

— Olha só quem esta me advertindo, a pessoa que falou bem mais agora comigo do que todo o meu tempo neste lugar.

— Esta perdendo tempo Bella. – ele me empurrou de leve para eu sair de sua frente.

— No caso você também. – disse –  E você pode admitir que gosta de me ouvir falar, caso contrario já teria me deixado falando sozinha.

Ele me olhou surpreso abriu a boca para rebater mais se calou e entrou no modo pensativo. Fui a primeira a dar as costas para ele, e ele bufou exasperado vendo que sai com a ultima palavra.

Entrei na sala de Pierri rindo, estava começando a gostar de minhas conversas com Edward Cullen, e de como ele conseguia me surpreender a cada dia.

— Voltei. – disse ao entrar.

Coloquei o notebook no chão e me sentei ao seu lado.

— Estou pronta para ajudar você. – disse

— Onde colocamos Adrian Morgan? – ele perguntou erguendo a foto para mim.

— Eu não o conheço – respondi – Mas ele é bem bonito, não me oporia em coloca-lo na primeira fileira para aparecer nas capas de revistas. Daria uma ótima impressão.

— É por isso que eu amo você purpurina. – ele riu do meu comentário batendo palminhas. – Você tem os melhores comentários. Brant tem sorte de ter encontrado você.

— Não é pra tanto Pierri. – disse rindo. Pierri era uma das poucas pessoas que não tinha vergonha de falar essas coisas. - Mas não é todos que pensam como você.

— O que? Brant te acha alguma coisa que não seja super competente? Engraçada? Ou os dois?  – ele disse com a mão no coração – Porque se for isso, vou bater nele agora mesmo. Estava esperando um bom motivo para isso.

Imaginei Pierri por um minuto tentando bater em Brant, mas não conseguia vê-lo fazendo, o mínimo que aconteceria era Brant segurar as mãos dele, e ter um Pierri gritando loucamente.

— Brant nunca reclamou de mim, pelo menos pra mim. Então não será hoje que você precisara bater nele. – Pierri abaixou a cabeça triste, ele realmente queria bater nele. – Mas Edward me acha completamente incapaz. – eu ri, apesar disso me afetar um pouco quando saiu de sua boca.

— Infelizmente no Deus grego não posso bater. – ele respondeu para mim – Afinal de contas dependo dele, mas não acho que ele realmente acha isso de você.

— Ele já e falou isso.

— Ele fala porque agora esse é o jeito dele, nada de elogios, nada de pedidos de desculpas, e nada de deixar as pessoas felizes. – riu – Mas no fundo é um homem bom.

— Não acredito que você disse isso mesmo dele.

— É porque eu o conheço de verdade. – respondeu agora falando mais serio – Ele faz isso para ninguém se aproximar. Mas já deve ter reparado em como ele trata você.

— Aos gritos? Sim eu reparei e já faz algum tempo.

— Não. – ele riu – Purpurina alooou, acorda!! Você é a única que conseguiu se aproximar dele desde que sua mulher morreu.

— Por se aproximar você quer dizer o que?

Porque pra mim se aproximar soava como, ter o pleno conhecimento de que agora eu existo por isso explicar os gritos mais frequentes comigo.

— Eu posso ser assim. – ele apontou pra si mesmo – Mas não sou burro, eu fiquei sabendo de algumas discuções de vocês, e posso ver quando ele olhava pra você também.

— Pierri seja mais específico com o que você esta falando.

— Purpurina sejamos francos. – disse – Ele conversa com você, e eu digo que não é só as palavras duras dele não, ele realmente conversa com você. E sei também que já saíram juntos.

Olhei para ele surpresa.

— Como é que você sabe disso?

— O deus grego me contou.  – disse – Por acidente imagino, mas contou.

— E o que ele disse?

— Vai ficar na curiosidade. – respondeu rindo, uma gargalhada assustadora – Mas purpurina vai fundo, e arranca o coração do bofe.

Olhei desacreditada para Pierri, mas não pude falar mais nada, ele não me deu nem oportunidade sobre pensar o que conversamos, ele já havia me solicitado para sua busca de celebridades particular e ficamos algum tempo ocupados e entretidos com tudo aquilo.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    


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Notas finais do capítulo

Ai MEU DEUS, me contem o que acharam!!!! Porque esse vai fundo de Pierri me deixou saltidando e batendo palminhas para o que poderá vir



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