Karoline fez questão de pedir nosso almoço com direito a muita bata frita, e comemos ali os três juntos dando risada, no caso era só eu e Karl mesmo, Edward preferia ficar de fora, mas isso não impediu que ele se divertisse com nós, do jeito dele, claro.

Antes que o almoço de todos terminassem nós acabamos o nosso, foi algo rápido e simples. Edward teria que levar Karoline para a casa dos avós. Pelo o que percebi ele não gostava muito da ideia da filha ficar no trabalho com ele.

Enquanto terminava umas coisas na sala de Brant, onde eu definitivamente precisava de uma mesa maior, percebi que Brant estava estranho e distraído.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntei

— Não – respondeu alheio.

— Você esta mentindo. – disse e, sabia quando ele mentia pra mim, ele era péssimo.

Isso se devia a convivência diria eu.

Esperei que ele me dissesse o que estava acontecendo. Com ele era assim, você nunca conseguia nada por livre e espontânea vontade, tinha que perguntar e insistir ate que obtivesse algo, e mesmo assim ele ainda conseguia ser evasivo.

— Algo que Edward disse me incomodou hoje. – respondeu.

Repassei praticamente a reunião inteira na memoria procurando algo que pudesse ter incomodado ele, já havia visto reuniões piores e Brant nunca ter reclamado. O que essa tinha sido diferente? Tirando o fato de Edward não tem gritado a reunião inteira? O que já contava para bastante coisa também.

— O que especificamente?

— Sobre mudanças para o ano que vêm. – disse

— Não sabia que você não gostava de mudanças. – respondi tentando entende-lo.

Brant era o cara das mudanças aqui na Lanvin, conhecido por aceitar e topar qualquer coisa, e ter ideias inovadoras também , Rosalie era o oposto, com qualquer coisa ela nunca aceitava muito bem quando algo saia do lugar, Pierri sempre ficava no meio termo, ele divergia muito sua opinião sempre. Mas Brant? Mudança era com ele mesmo.

— Sou completamente a favor. – respondeu – Você que não gosta.

É ele tinha razão, tinha certo problema com mudanças que Brant estava disposto a me ajudar nisso. No caso me incomodar sempre que pudesse sobre esse assunto.

— Não vêm ao caso.

— É algo que não iremos gostar. – respondeu.

— Que tipo de mudanças que você não iria gostar? – perguntei – Não consigo imaginar uma coisa que você não goste.

 - Experimente mudar eu de sala, ou então tirar meus quadros do lugar, e ate mesmo colocar flores na minha mesa.

Essa tive que rir, Emilly havia me contado que sua antiga secretaria sempre que tinha a chance colocava um vasinho de flores na sua mesa.

Nuca durava mais que dois dias, ela dizia. O que fazia com que Emily e Âng tivessem uma teoria forte de que ele colocava alguma coisa na planta para morrer. A aposta era que ele jogava café nelas, mas isso nunca foi provado. E quem sabe um dia eu perguntaria e acabaria com este ministério para as duas.

— Quantos as flores, posso concordar com você.

Ele parou o que estava fazendo e olhou para mim surpreso.

— Isabella Swan não gosta de flores? – perguntou

—Não – respondi rindo – Ate gosto de flores, mas não sou fã delas no trabalho ou em casa.

— Não gosta de ganhar flores também?

— Não. – respondi – Gosto de algo que dure bem mais que uma semana.

— Essa foi dura – disse - O que seu namorado te dá então? – ele perguntou.

— Se esta falando de Jacob, ele não é meu namorado. – respondi mais uma vez e vi que ele não acreditou muito novamente – E meu namorado que procure outra coisa pra me dar.

— Outra pessoa pode te dar flores? – questionou divertido.

— Se a pessoa tem intimidade o suficiente comigo, não.

— Só porque estava pensando em te dar flores de natal. – balançou a cabeça em desaprovação e continuou com seus desenhos.

— Você não precisa me dar nada de natal. – falei sinceramente – E se for dar, você pode ser mais criativo. – continuei - Você usa sua criatividade todo dia, você consegue.

— Isso é um desafio? – parou para me olhar.

— Aceite como quiser. – dei de ombros

— Que melhor vença então. – disse olhando para mim.

— É uma competição boba. – falei rindo.

— É uma competição saudável para manter as coisas mais interessantes no trabalho. – respondeu – Nada que soe infantil para pessoas como nós.

— Infantil? – levantei uma sobrancelha – Jamais. – respondi sendo irônica e ele riu.

— O que você tem com presentes? - ele perguntou realmente curioso

— Eu acho que é o momento mais importante, onde você mostra que conhece a pessoa, então tem que ser algo incrível e criativo, onde você olhe para aquilo e fale “Puxa aquilo quem me deu foi a Bella” e você se lembra com carinho e se torna algo especial, do qual você não ira se desfazer no próximo bazar da sua casa.

Brant gargalhou achando engraçado meu comentário, mas ele não me enganava alguma coisa ainda estava o deixando alheio ao trabalho, e isso foi uma tentativa de desviar a atenção dele. Geralmente era assim, nossas conversas não passavam de rodas, ele me enrolava a ponto de esquecer o porque começamos a conversar, porém desta vez decidi que seria melhor ficamos por assim.

Brant permaneceu um bom tempo ainda alheio às coisas, o que não deixou o seu dia muito produtivo, já eu precisei correr atrás de todo o tempo perdido e organizei e resolvi a maior parte das coisas, ate Pierri chamar atenção suficiente para me tirar à atenção.

Edward não havia voltado mais para a empresa e deixou as coisas mais tranquilas, deixou com que Emily adiantasse também seu trabalho e como Rosalie ainda não tinha voltado do almoço com Alice, Âng conseguiu um pequeno descanso também.

Isso claro deixou Pierri super à-vontade para irritar quem ele quisesse no caso a pessoa escolhida era eu.

Antes de morrer de vergonha, tenho que explicar uma coisa. Existem três  homens distintos na Lanvin que precisam ser explicados.

Primeiro: Edward Cullen, um tremendo coração de gelo, a Fera da “Bela e a Fera”, achei estranho como isso soou -  ranzinza e arrogante, que estava se mostrando um homem diferente, não podia deixar de comentar o quanto era bonito, sim muito bonito, poderoso e respeitado.  O negocio dele era não entrar em seu caminho e assim nossas vidas seriam menos problemáticas. Pura experiência própria. Este era Edward Cullen.

Segundo era Brandalley Daugherty, gato, mais muito gato, porém um mistério puro. Um homem carinhoso e cuidadoso  para quem conseguisse chamar sua  atenção, enigmático também, e era exatamente aquilo que chamava de um homem de poucas palavras. Ele era silêncioso. Este é o ponto que quero chegar, silencioso. Brant era um cara que presava o silêncio, ou era simplesmente quieto o bastante para que se acostumasse com ele. Ele era bem quieto, falava somente o necessário, e nem mesmo me deixava por uma musiquinha em sua sala, para podermos entender o quanto isso é importante neste ponto.

E então existe Pierri  Chermont. O homem mais esquisito e engraçado que já havia conhecido. Sempre enxergara Pierre com um misto de personalidade, mais era uma pessoa maravilhosa que tinha ótimas qualidades. Muito atento a detalhes e dificilmente deixava passar algo. Ele era o oposto, o que os dois não gostava de conversar, Pierri praticamente te alugava sempre que conseguia, o que os dois não eram exagerados Pierri tinha isso pra no mínimo quatro pessoas de sobra. E Pierri era o oposto de silencioso. Ao entrar na sua sala era como estar num show da madona, especialmente quando Edward saia.

Explicado as três pessoas neste andar, eis que conto o que Pierri para a minha morte estava fazendo. Sabia que ele adorava provocar Brant e sabia também que ainda não havia superado Brant ir ao desfile que tanto queria ir, mas a musica que agora estava saindo da sua sala, com toda certeza era para me irritar.

Shot through the heart

And you're to blame

Darling, you give love a bad name

Baleado no coração

E você é a culpada

Querida, você dá ao amor uma má reputação

Reconheci a musica quase instantaneamente, o som alto ajudava a todos daquele andar a ter plena consciência da letra.

— Isso não esta acontecendo, isso não esta acontecendo. – falei baixinho.

Repeti mais umas vezes na minha cabeça esperando que de alguma forma a musica parasse de tocar, flashs da noite de sexta invadindo minha mente, Emmett fazendo o papel do meu chefe apaixonado.... Foi de mais pra mim.

Na mesma hora fiquei vermelha com a possibilidade de Pierri saber sobre sexta feira. Na verdade entrei em pânico.  Será que ele sabia do que se tratava aquela musica?

Ele não teria como saber, teria?

Não, obvio que não.

Mas alguém havia filmado e Emmett tinha colocado na internet!!!!  Minha mente gritou para mim me acusando o contrario.

Respira, respira. A outra parte mais racional em mim falava.

 Pierri apesar de amar o aplicativosinho instagram não seguia nem eu muito menos Emmett o que duvida ate mesmo que eles se conhecessem pessoalmente.  Não tinha nem ao menos como ele saber que um vídeo desse estaria no instagram. Então como ele saberia disso? Como ele conhecia essa musica?

— O que Pierre acha que esta fazendo? – Brant largou o que estava fazendo falando irritado.

Apesar de Pierri fazer isso exatamente para irritar Brant sempre que podia  hoje com certeza seu alvo havia mudado.

A pior parte da musica havia chegado e quis sair correndo dali, imaginando como explicar a ele que essa musica não tinha nada a ver comigo e Edward, e que Emmett era maluco. Isso caso ele tivesse achado o vídeo.

Eu mataria Emmett mais tarde.

You're a loaded gun

There's nowhere to run

No one can save me

The damage is done

Você é uma arma carregada

Não há para onde correr

Ninguém pode me salvar

O estrago está feito

— Fique tranquilo, ele quer me irritar e não você. – falei para ele colocando a mão no rosto.

— Você?  Não faz o estilo dele.

— Por favor não pergunte nada. – disse – Vou resolver isso.

Levantei com passos rápidos e sai da sala rapidamente antes que me envergonhasse muito mais, ninguém mais precisava ficar sabendo da declaração de Edward por mim, quer dizer o showzinho que Emmett fez para mim como se fosse Edward.

Balancei a cabeça confusa.

— Calma Bella, respira – disse a mim mesma antes de entrar na sala de Pierri.

Como o som estava tão alto não precisei bater, como se ele fosse mesmo escutar alguém na sua porta. O engraçado foi que ao me ver ele levou um susto e depois ficou aliviado. O que ele estava esperando encontrar?

— Cadê o azedo? – foi à primeira coisa que ele perguntou.

E então meus olhos se viraram para o lado direito da sala me deparando com Ângela e Emilly se acabando de rir da minha cara.

No momento fiquei confusa, o que as duas estavam fazendo ali e ainda rindo de mim? Bom seriam elas que teriam contado pra Pierri? Sim eu iria matar as duas.

— Pierri pediu uma sugestão de musica. – começou Ângela quando conseguiu parar de rir.

— Sabe como o Senhor Brant odeia essa musica.

— Esta vendo? Alguém aqui esta do meu lado no time. – Pierri se gabou não entendendo que a resposta tinha um duplo sentido.

— As duas já comigo. – apontei para as duas que se encolheram. – E você mude essa musica, não vou salvar ninguém. – apontei para Pierri.

— O que deu nela hoje? – ele perguntou para minhas duas ex amigas.

— Acho que ela também odeia a musica. – Âng deu de ombros

— Porque ? Essa é minha parte favorita. – e saímos da sala com a ultima frase Pierri cantarolando.

No one can save me

The damage is done

Ninguém pode me salvar

O estrago está feito

— O que foi isso? – perguntei quando saímos da sala.

Pierri abaixou um pouco a musica, mas conseguia ouvi-lo ainda cantarolar de dentro da sua sala.

— Vingança por não nos contar que passou o final de semana com o chefinho. – Emilly foi a primeira a responder.

— Vocês se beijaram? – Ângela perguntou animadinha.

— Que historia é essa de beijou? – perguntei confusa – Quer saber não me responda.

— Porque não nos contou que passou o final de semana com Edward? – quis saber a Emilly.

— Porque vocês olhariam para mim assim. – respondi

— Assim como?

— Desse jeito. – respondi apontado para elas – Vocês estão pensando algo que não aconteceu.

— Então vocês não se beijaram? – Âng ficou decepcionada.

— Da onde tirou isso menina?

— Ele falou bom dia. – respondeu como se fosse a coisa mais obvia – Isso só pode significar que ele beijou.

— Melhorar paramos de comentar a vida amorosa de Edward. – falei puxando as duas para se afastarem da sala de Pierri.

— Vai ter que nós contar tudo. – exigiu Emilly.

— Sabia que estava rolando algo. – disse minha outra amiga – Aquele bom dia definitivamente foi para você em especial.

— Se eu contar tudo vão parar de me encher? – perguntei – Vão entender que não há nada entre nós?

— Isso quem decide somos nós.

Ninguém pode me salvar

O estrago está feito

Ângela cantarolou a ultima parte o que parecia ter se tornado a parte preferida de todos ali.

— Vamos, vou contar tudo. – respondi a contra gosto.

Tivemos exatamente 30 minutos de trabalho perdido, contei a meninas tudo o que havia acontecido, juro que tentei ser básica para não colocar coisa na cabeça delas que não precisava ter mais, mais foi impossível quando elas me fazia mais e mais perguntas.

Achei um exagero total, não havia acontecido nada e muito menos iria acontecer, elas estavam ficando loucas, e me arrastando nessa loucura delas. Tudo bem que era mesmo estranho você sair com seu chefe, ficar ate aquela hora na rua com ele, sim concordava com isso, mas isso não queria dizer  nada, não quando essa pessoa era Edward Cullen. Eu estava em um terreno seguro quanto a isso.

Felizmente Edward chegou na empresa desta vez sozinho e se fechou em sua sala a fim de fazer o que é que ele tivesse pra fazer, o que não deixou mais nenhuma deixa para que nós pudéssemos conversar, mas não  foi o suficiente para receber olhares sugestivos das meninas o tempo todo. Elas estavam empolgadas de mais com o desenrolar da história a partir daquele momento.

— Isabella? – Brant chamou

— Sim. – levantei a cabeça.

— Pode me acompanhar um minuto?

— Claro. – respondi já me levantando.

Caminhei ate a sala dele e fechei a porta quando passei, ele estava sentado na ponta da minha mesa com um papel  na sua mão.

— Estarei indo ao desfile para representar a Lanvin Cartier. – começou quando parei a sua frente – Posso levar uma acompanhante, esta certa de que não quer ir?

Não havia recebido um convite formal dele, apenas uma mensagem alguns dias atrás sobre isso, por isso fiquei um pouco surpresa dele estar voltando ao assunto novamente.

— Acho que Pierri vai precisar de toda ajuda possível. – disse sinceramente.

— Pierre sabe se virar com uma pessoa a menos. – ele disse

— E alguém precisa anotar os recados. – completei

—  Já que prefere ficar, irei levar outra pessoa. – respondeu – Mas amadureça a ideia de as próximas vezes precisarei que vá comigo.

Ta ai outra coisa que era totalmente insegura. Trabalho de Campo.

Ou seja, quando precisava sair de trás da minha mesa para eventos importantes. Nunca tinha participado de nenhum e desde que chegara estava evitando. Tinha sido bem fácil ate agora para falar a verdade. As meninas competiam para participar disso, não precisava entrar na competição também.

Quando fui responder alguma coisa pra ele Edward entrou na sala apressado e parou a nos ver na minha mesa.

— Podemos ir? – perguntou em duvida.

— Sim. – respondeu Brant se levantando. – Isabella, você irá nos acompanhar ate o ateliê. – disse voltado para mim.

— Eu vou? – soou mais uma pergunta.

— Vai. – respondeu ele.

— Uau, eu nunca fui no ateliê. – disse em voz alta.

— Irá gostar.

Brant apontou para a saída e nós dois saímos juntos, ele ficou para trás dizendo que nos encontraria lá e que antes precisava resolver umas coisas em outro lugar, mas que não iria demorar.

— Esta de carro? – Edward perguntou.

— Não. – falei – Jacob me trouxe hoje.

— Pode vir no meu então. – respondeu– Depois que acabarmos posso te deixar em casa.

— Não quero incomodar. – respondi enquanto parávamos no andar da garagem.

— Não vou deixar voltar sozinha. – respondeu e abriu a porta do carro para que eu entrasse.

Edward era definitivamente estranho.

— Pensei que me quisesse longe.

— Da minha filha – corrigiu

— Então você não se aplica na categoria? Porque para mim parece que você faz parte também.

— É extremamente difícil se afastar de algo que não para de vir ao seu encontro.

— E olha que não estou fazendo nenhum esforço. – confidenciei

Ele se limitou a responder, apenas abriu a porta do seu carro para que entrasse e entrei logo em seguida.

— Você é péssimo em se afastar de mim.– brinquei

— Eu sei. – respondeu por fim .