— Thor? — Chamou Clint calmo, observando o deus olhando preocupado para a sala de enfermagem. Não obteve atenção. — THOR! — Berrou, fazendo-o olhar para si e os demais atrás.

— Ok, agora... explique o que aconteceu exatamente. — Indicou Logan, para que começasse a falar.

— Chitauris. — Todos tentaram achar o sentido, mas desistiram.

— Como assim Chitauris? — Perguntou Tony — O exército do Loki? Eles não estavam mortos? Para de enrolar e explica logo!

— Atacaram Asgard. Eu estava nas masmorras, e fazia dois dias em que Sif e Heimdall tinham levado meu irmão para seu julgamento. — Deu um longo suspiro e continuou. Todos ouviam com atenção, mas Bruce parecia ter descoberto algo intrigante na parte em que envolvia os Chitauri — No caso a morte... Porém quem iria matar seria o carcereiro. Ele poderia mata-lo do jeito que quisesse.

O cientista saiu de seus pensamentos no exato momento. Sentiu uma batida de seu coração falhar. Depois de tantas conversas com Thor, sabia muito bem que os carcereiros tinham uma função diferente dos da Terra. Previu que Steve também, pois arregalou os olhos no mesmo instante. O trovejante não sentia muito conforto em dizer sobre aquilo, e todos presentes perceberam.

— Não entendi. — Falou Tony, sem compreender o porquê dos três estarem assustados ou no caso de Thor, com raiva. Assim como Logan e Charlie, que também estavam confusos.

— Carcereiros... — Começou a explicar, Banner — lá não são guardas de prisões, como aqui. São os responsáveis, geralmente, pela punição de traidores e fugitivos. Embora quase nunca o trabalho deles é requisitado. Os métodos usados podem variar muito. Depende de qual o rei pedir. Tortura, espancamento, abusos, etc.

— Ah... — Stark sentou-se, e indicou com a mão para Thor continuar. Não que fosse com a cara de Loki, ou o jeito sarcástico dele. Mas aquilo não desejava a ninguém, aquilo era cruel. Observou que Clint parecia não ligar. Talvez não ligasse, ou estivesse até feliz. A pessoa que mais odiava o trapaceiro ali, era Clint. Não perdoou o deus desde que o controlará. E também não havia muitos motivos para isso.

— Aí os Chitauri atacaram. Embora eu ainda não saiba como chegaram até lá. Mas sei que por causa de algumas explosões, metade da minha cela foi destruída, e consegui sair. O objetivo deles era algo na caixa forte, no caso o Tesseract e depois foram buscar... Loki.

— Loki? — Questionou Natasha.

— Sim. Eles queriam levar meu irmão para sei lá onde... Mas pelo que pude perceber, não se importavam se ele fosse vivo. — Disse ainda olhando a porta da sala onde o outro deus estava sendo tratado.

— Thor? — Chamou Bruce.

— Sim?

— Poderíamos ter uma conversa? — Perguntou. O loiro assentiu, e seguiram até a sala da torre, deixando os demais.

— Como o cara tá? — Questionou Charlie ao enfermeiro que sairá da sala, onde o deus moreno estava.

— Ele não vai morrer. — Respondeu saindo do lugar.

Todos se olharam desconfortados. É claro, todos menos Clint.

"Sabia que todos presentes o odiavam com todas as forças por seus crimes. Mas ainda recusava-se a acreditar no que acabará de acontecer. Desejou que Thor estivesse ali. Não para tirá-lo daquele lugar. E sim para socar todos até a morte!

Achava que era uma brincadeira de mau gosto, até ver ele... Como o odiava. Assim que o carcereiro se aproximou com o seu sorriso nojento, entrou em desespero. O homem puxou as algemas, e com isso sentiu seus pulsos arderem por causa do tempo que passou com Laufey. Queria gritar mas a mordaça o impedia. Correria dali e derrubaria os guardas, se suas pernas não latejassem que nem seus pulsos.

— Ficará o tempo que o carcereiro achar suficiente nas masmorras, pagando por seus crimes. — Anunciou um dos homens que faziam parte do conselho. Era velho, e a quando achavam Odin incapaz de ordena algo, era ele quem decidia. — Até que a morte o acolherá.

Fez um gesto que viu em Midgard, não sabia direito o que significava, mas coisa boa não era. Levantou as mãos e mostrou o dedo do meio, e xingou todos mentalmente de todas as formas possíveis. Nunca sentiu prazer em ver alguém sofrer... Mas teria se aquele homem sofresse até a sua ruína.

O carcereiro e cerca de dez guardas o levaram até uma cela. Era grande, com uma mesa de pedra em um canto, com algemas para prender o prisioneiro ali. Tinha vários ganchos para colocar correntes. Havia manchas no chão, junto com restos — que não queria saber de quem era — e ratos que xeretavam em busca de algo para comer.

O libertaram das algemas, e o largaram sem cerimonias, no piso de pedra. O que não foi muito difícil, já que suas pernas estavam bambas. Todos, inclusive o carcereiro, se retiraram. Deixando-o ali. Pensando e temendo o tempo que passaria sobre aquele tormento infernal. Não queria ficar imaginando, mas era difícil ignorar. Tinha uma mente forte. Não chegaria a loucura tão fácil, mas assim que tal coisa acontecesse, não teria voltas. Perderia a sanidade de vez.

Perguntou-se onde estaria Thor. Sendo julgado também? Fariam isso com ele? E a pergunta que mais o incomodava. Porque se importava?

O loiro teria esquecido dele. Só se incomodara de procurá-lo quando atacou Midgard. "Eu o esfaqueio, e jogo na cara dele que o detesto. E ainda me preocupo?... Enganei a mim mesmo" terminou rindo. E mais perguntas sem respostas se acumulando.

Triel adoraria vê-lo naquele estado deprimente. Mandou a mesma ir se foder! Amaldiçoou nomes e mais nomes. Mas os mais odiados em sua mente eram:

Sif.

Os três guerreiros.

Heimdall.

Todos os conselheiros.

Carcereiro.

Laufey.

Triel.

"E o prêmio de mais filho da puta vai para...":

Odin! Que mesmo morto, ainda piora a sua vida. Como odeia aquele velho. Loki daria tudo por ter sido ele a mata-lo, e não a vagabunda de capa azul. Olhou um rato correr por sua cela, e os pensamentos sobre sua sentença voltaram a tona.

"Sendo torturado" pensou, e se contorceu.

"De novo".

"O loiro estava sentado no chão, pensando em como pode acreditar que seus amigos sempre, sempre, o ajudariam e apoiariam. Se o irmão estivesse em seu lado no momento, as únicas coisas que lhe diria seria:

"Como você é burro!"

ou...

"Eu te avisei."

E não estaria errado. Loki teria deixado claro que não se pode confiar demais nas pessoas. Irônico. Foi o primeiro que o traiu.

Mas admitia que também tinha certa culpa nisso. Nunca foi o melhor — passava longe disso — irmão do mundo. O moreno sempre deu conselhos, que se Thor tivesse dado mais atenção e valor, teria feito uma grande ajuda em sua vida. Foi apenas as palavras sábias do irmão que o impediu, várias vezes, de desacatar o pai. Com isso veio a sua mente, a imagem de seu pai morto no salão do trono. Odin nunca admitiu que seus filhos tomassem decisões sozinhos. Já que não eram as mais sábias. Lembrou-se da mãe e de Jane. Mortas. Como pôde permitir? Não pode impedir Malekith, e... Triel... Triel matou seu pai e sua amada, torturou seu irmão. Ela já passou do limite a muito tempo.

De repente o desespero o tomou conta. Sua família...

Só sobrará Loki...

Não podia deixa-lo morrer...

"Foda-se o que ele fez a Midgard! Foda-se tudo o que ele fez!" Não podia permitir. A única pessoa que sobrará... Não. Não desistiria assim fácil. Ele teria que tirá-lo daquele reino. E do alcance de Triel. Que bela merda.

Para ajudar Loki teria que enfrentar Triel, os três guerreiros, o exército de Asgard, o exército de Midgard e os de gigantes de gelo.

"Mais algum exército quer capturá-lo?!" Perguntou a si mesmo. E o pior é que tinha.

Assim que se levantou do chão, ouvi explosões não muito longe.