Unforeseen escrita por UmaEscritoraAnônima
Daryl achou melhor deixarmos a estrada. E ir em busca de casas de verdade que com certeza tem por aqui. Não dissemos nada concreto um ao outro a manhã inteira. Então de volta a floresta, lar doce lar.
Andamos por três horas, sem encontrar nada. A floresta é um grande labirinto, mas Daryl parece conhecer. Isso faz eu me perguntar o que ele fazia antes de tudo isso, mas não vou perguntar. Vou jogar na lista de Coisas Que Nunca Devem Ser Perguntadas A Daryl, e ficamos assim.
Andamos quando um grande espaço de grama aparece entre as árvores. É.. um campo de golfe. Com uma casa enorme atrás. Qualquer coisa é melhor que nada.
— Acha que devemos ir? — pergunto encarando o lugar
— O que você acha? — ele pergunta
— Vamos — digo quando percebo uma pequena horda vindo em direção ao lugar
Eu recuo. E fico sem saber o que fazer, pode ser perigoso mas pode ter comida então acho que vale o risco. Mas casas de golfe não costuma ter isso.
— Não vale a pena — digo me voltando as árvores
Continuamos a andar por mais meia hora, e finalmente nos sentamos. Sentia falta de respirar.
— O que você sente falta? — pergunto
— O que?
— Só estou tentando puxar assunto — digo me defendendo
— Eu não sei — ele diz
— Eu não fumo a meses — digo me levantando — e não bebo, e não.. como chocolate, por exemplo. Sinto falta disso.
Ele me olha confuso, ele deve pensar que eu sou louca. Ignoro e voltamos a andar.
...
— Aqui — ele diz — vem aqui
— Onde? — eu estava andando bem atrás, não consigo acompanhar o Daryl, é fato.
Me aproximo e vejo uma casa grade branca. Com uma varanda e com janelas quebradas.
— Que lugar é esse? — digo
— Você não não disse que estava com saudade de beber? — ele pergunta
— É uma loja de bebidas? — pergunto confusa
— É melhor — ele diz indo em direção a casa
Eu o sigo. Ele abre uma porta na lateral da casa, e depois de examinar ele entra. Eu espero do lado de fora, e ele volta com um caixote de madeira cheio de frascos transparentes.
— O que é? — pergunto ao pegar a caixa
— Bebida ilegal — ele responde
— Sério? — digo abrindo um sorriso
Ele assenti e passa na minha frente para entrar na casa. Ele aponta a besta para a porta e entra, eu o sigo. A casa está totalmente bagunçada. Encontro uma pequena mesa e deposito a caixa. Ele termina de examinar o lugar e me encara.
Eu pego um frasco e observo o líquido, ele é tranparente e até parece água. Ele pega um copo que estava ao lado e sopra, espantando a poeira. Eu pego da mão dele e abro o frasco, o cheiro é forte.
— Acho que é a primeira vez que você vai tomar algo pra valer — ele responde olhando o lugar
— Quantos anos acha que eu tenho? — respondo o encarando
Coloco uma porção no copo, e levemente levo a boca. Bebo rápido e suponho que fiz uma cara estranha.
— É horrível — digo o encarando
Pego resto do frasco e despejo no copo. Bebendo de novo, não é tão ruim.
— Na segunda vez melhora — respondo sorrindo
— É melhor pegar leve — ele diz
Puxo outro copo ao lado, e coloco mais uma quantidade.
— Esse é pra você — respondo estendendo o copo
— Não, alguém tem que ficar ligado — ele diz
— Vamos morrer mesmo — respondo
Vai melhorando com o tempo. Ou então estou realmente me alterando. Não faz diferença.
Ele revira um pouco mais o lugar. Abro outro frasco, esse acabou rápido. Me levanto e vou olhar o lugar, é tão bagunçado. Observo ele literalmente pregar a janela.
— Se vamos ficar presos aqui, melhor tirar proveito disso — digo pegando um frasco da caixa e estendendo a ele
Ele me encara por um momento.
— É, é melhor aproveitar — ele diz pegando o frasco
Eu me afasto e observo ele abrir. Me viro e pego meu copo.
...
— Então primeiro eu falo uma coisa que eu nunca fiz — digo — e se você já tiver feito, você bebe. Se não tiver feito permanece sem beber, depois trocamos. Não acredito que não conhece esse jogo.
— Eu nunca precisei de um jogo pra ficar de fogo — ele responde
— Eu começo — digo
— E você como conhece? — ele pergunta
— Eu jogava com amigos — digo
Ele me encara e eu me preparo para falar.
— Vou dar um exemplo. Eu nunca atirei com uma besta, então você bebe porque você já atirou com uma besta — digo
Ele bebe e me encara de novo.
— Sua vez — digo — fale a primeira coisa que vier na cabeça
— Eu nunca.. fui a Georgia — ele diz
— Sério? Eu também não — digo sorrindo — Eu nunca.. fiquei bêbada fiz alguma coisa que me arrependi depois
— Eu já — ele responde — várias vezes — e em, seguida leva seu líquido a boca
— Eu nunca me arrependi—digo o encarando — sua vez
— Nunca tirei férias em família — ele diz
Eu bebo e fico em silêncio por um momento. Tentando entender o que ele quis dizer.
— Minha vez — respondo quebrando o silêncio — Eu nunca.. — suspiro tentando pensar — me apaixonei — digo o encarando
Ele fica em silêncio.
— Nunca? — digo — tudo bem, sua vez.
Ele continua me encarando.
— Tudo bem — digo me levantando — chega disso
Ele me observa me afastar. Bebo mais um pouco do meu copo e o encaro.
Ele se levanta e se afasta. Olho pelo pedaço da janela que não foi tampado e observo um zumbi passando.
— Você nunca atirou com uma besta não foi? — ele diz se aproximando
Eu olho para ele confusa, ele puxa meu braço e me leva em direção a porta.
— Daryl.. Daryl o que tá fazendo? — digo puxando meu braço
— Eu vou te ensinar — ele grita me levando para fora
— Daryl para, Daryl! — grito enquanto ele corre para fora da casa
O zumbi o escuta e vem em sua direção
— Vem seu imbecil — ele grita e atira, o prendendo contra a árvore
— Daryl — digo
— Quer atirar não quer? Vai ser divertido — ele diz colocando outra flecha no lugar
— Daryl para com isso — digo quase gritando
Ele passa o braço pelo meu pescoço e coloca a besta na nossa frente. E atira no ombro dele.
— Daryl mata ele logo — grito
Ele se afasta
— Vamos recuperar as flechas — ele diz indo em direção ao zumbi
Eu pego minha faca e me aproximo. Enfiando na cabeça dele
— Por que fez isso? — ele diz — tava divertido
— Não estava divertido — eu grito de volta — matar essas coisas não é divertido
— O que você quer de mim, garota? — ele grita de volta
— Quero que pare de agir como se já não ligasse pra nada, como se não sentisse nada — digo — porque é tudo mentira
— É o que você acha? — ele diz se aproximando
— É o que eu sei — digo com lágrimas nos olhos
— Você não sabe de nada — ele responde
— Você não pode me tratar como lixo só porque está com medo — respondo
— Eu não tenho medo de nada — ele responde
— Você tem, e o que mais me frusta e não saber de que, Daryl — digo
— Todos que eu conheço estão mortos — ele grita
— Você não sabe disso — eu grito de volta
— Esquece esses caras — ele responde
Eu fico em silêncio. Ele se vira e continua
— O Governador veio em nossos portões, se eu não tivesse parado de procurar ele.. — ele começa
— Daryl — digo o interrompendo
— Talvez eu pudesse ter feito alguma coisa — ele diz
Eu corro e o abraço. Ele não tem culpa. Ninuém tem culpa pela merda que os outros fazem. Ele abaixa a cabeça. Eu levanto a cabeça e vejo Daryl chorando. Era o que ele precisava, colocar tudo que estava sentindo para fora. O abraço mais forte e deito a cabeça na suas costas. Eu estava errada, eu preciso dele.
...
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Ah gente eu precisava fazer uma versão de Still, é tão épico. u-u