Unforeseen escrita por UmaEscritoraAnônima


Capítulo 8
Um lugar na floresta




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Daryl achou melhor deixarmos a estrada. E ir em busca de casas de verdade que com certeza tem por aqui. Não dissemos nada concreto um ao outro a manhã inteira. Então de volta a floresta, lar doce lar.

Andamos por três horas, sem encontrar nada. A floresta é um grande labirinto, mas Daryl parece conhecer. Isso faz eu me perguntar o que ele fazia antes de tudo isso, mas não vou perguntar. Vou jogar na lista de Coisas Que Nunca Devem Ser Perguntadas A Daryl, e ficamos assim.

Andamos quando um grande espaço de grama aparece entre as árvores. É.. um campo de golfe. Com uma casa enorme atrás. Qualquer coisa é melhor que nada.

— Acha que devemos ir? — pergunto encarando o lugar

— O que você acha? — ele pergunta

— Vamos — digo quando percebo uma pequena horda vindo em direção ao lugar

Eu recuo. E fico sem saber o que fazer, pode ser perigoso mas pode ter comida então acho que vale o risco. Mas casas de golfe não costuma ter isso.

— Não vale a pena — digo me voltando as árvores

Continuamos a andar por mais meia hora, e finalmente nos sentamos. Sentia falta de respirar.

— O que você sente falta? — pergunto

— O que?

— Só estou tentando puxar assunto — digo me defendendo

— Eu não sei — ele diz

— Eu não fumo a meses — digo me levantando — e não bebo, e não.. como chocolate, por exemplo. Sinto falta disso.

Ele me olha confuso, ele deve pensar que eu sou louca. Ignoro e voltamos a andar.

...

— Aqui — ele diz — vem aqui

— Onde? — eu estava andando bem atrás, não consigo acompanhar o Daryl, é fato.

Me aproximo e vejo uma casa grade branca. Com uma varanda e com janelas quebradas.

— Que lugar é esse? — digo

— Você não não disse que estava com saudade de beber? — ele pergunta

— É uma loja de bebidas? — pergunto confusa

— É melhor — ele diz indo em direção a casa

Eu o sigo. Ele abre uma porta na lateral da casa, e depois de examinar ele entra. Eu espero do lado de fora, e ele volta com um caixote de madeira cheio de frascos transparentes.

— O que é? — pergunto ao pegar a caixa

— Bebida ilegal — ele responde

— Sério? — digo abrindo um sorriso

Ele assenti e passa na minha frente para entrar na casa. Ele aponta a besta para a porta e entra, eu o sigo. A casa está totalmente bagunçada. Encontro uma pequena mesa e deposito a caixa. Ele termina de examinar o lugar e me encara.
Eu pego um frasco e observo o líquido, ele é tranparente e até parece água. Ele pega um copo que estava ao lado e sopra, espantando a poeira. Eu pego da mão dele e abro o frasco, o cheiro é forte.

— Acho que é a primeira vez que você vai tomar algo pra valer — ele responde olhando o lugar

— Quantos anos acha que eu tenho? — respondo o encarando

Coloco uma porção no copo, e levemente levo a boca. Bebo rápido e suponho que fiz uma cara estranha.

— É horrível — digo o encarando

Pego resto do frasco e despejo no copo. Bebendo de novo, não é tão ruim.

— Na segunda vez melhora — respondo sorrindo

— É melhor pegar leve — ele diz

Puxo outro copo ao lado, e coloco mais uma quantidade.

— Esse é pra você — respondo estendendo o copo

— Não, alguém tem que ficar ligado — ele diz

— Vamos morrer mesmo — respondo

Vai melhorando com o tempo. Ou então estou realmente me alterando. Não faz diferença.

Ele revira um pouco mais o lugar. Abro outro frasco, esse acabou rápido. Me levanto e vou olhar o lugar, é tão bagunçado. Observo ele literalmente pregar a janela.

— Se vamos ficar presos aqui, melhor tirar proveito disso — digo pegando um frasco da caixa e estendendo a ele

Ele me encara por um momento.

— É, é melhor aproveitar — ele diz pegando o frasco

Eu me afasto e observo ele abrir. Me viro e pego meu copo.

...

— Então primeiro eu falo uma coisa que eu nunca fiz — digo — e se você já tiver feito, você bebe. Se não tiver feito permanece sem beber, depois trocamos. Não acredito que não conhece esse jogo.

— Eu nunca precisei de um jogo pra ficar de fogo — ele responde

— Eu começo — digo

— E você como conhece? — ele pergunta

— Eu jogava com amigos — digo

Ele me encara e eu me preparo para falar.

— Vou dar um exemplo. Eu nunca atirei com uma besta, então você bebe porque você já atirou com uma besta — digo

Ele bebe e me encara de novo.

— Sua vez — digo — fale a primeira coisa que vier na cabeça

— Eu nunca.. fui a Georgia — ele diz

— Sério? Eu também não — digo sorrindo — Eu nunca.. fiquei bêbada fiz alguma coisa que me arrependi depois

— Eu já — ele responde — várias vezes — e em, seguida leva seu líquido a boca

— Eu nunca me arrependi—digo o encarando — sua vez

— Nunca tirei férias em família — ele diz

Eu bebo e fico em silêncio por um momento. Tentando entender o que ele quis dizer.

— Minha vez — respondo quebrando o silêncio — Eu nunca.. — suspiro tentando pensar — me apaixonei — digo o encarando

Ele fica em silêncio.

— Nunca? — digo — tudo bem, sua vez.

Ele continua me encarando.

— Tudo bem — digo me levantando — chega disso

Ele me observa me afastar. Bebo mais um pouco do meu copo e o encaro.

Ele se levanta e se afasta. Olho pelo pedaço da janela que não foi tampado e observo um zumbi passando.

— Você nunca atirou com uma besta não foi? — ele diz se aproximando

Eu olho para ele confusa, ele puxa meu braço e me leva em direção a porta.

— Daryl.. Daryl o que tá fazendo? — digo puxando meu braço

— Eu vou te ensinar — ele grita me levando para fora

— Daryl para, Daryl! — grito enquanto ele corre para fora da casa

O zumbi o escuta e vem em sua direção

— Vem seu imbecil — ele grita e atira, o prendendo contra a árvore

— Daryl — digo

— Quer atirar não quer? Vai ser divertido — ele diz colocando outra flecha no lugar

— Daryl para com isso — digo quase gritando

Ele passa o braço pelo meu pescoço e coloca a besta na nossa frente. E atira no ombro dele.

— Daryl mata ele logo — grito

Ele se afasta

— Vamos recuperar as flechas — ele diz indo em direção ao zumbi

Eu pego minha faca e me aproximo. Enfiando na cabeça dele

— Por que fez isso? — ele diz — tava divertido

— Não estava divertido — eu grito de volta — matar essas coisas não é divertido

— O que você quer de mim, garota? — ele grita de volta

— Quero que pare de agir como se já não ligasse pra nada, como se não sentisse nada — digo — porque é tudo mentira

— É o que você acha? — ele diz se aproximando

— É o que eu sei — digo com lágrimas nos olhos

— Você não sabe de nada — ele responde

— Você não pode me tratar como lixo só porque está com medo — respondo

— Eu não tenho medo de nada — ele responde

— Você tem, e o que mais me frusta e não saber de que, Daryl — digo

— Todos que eu conheço estão mortos — ele grita

— Você não sabe disso — eu grito de volta

— Esquece esses caras — ele responde

Eu fico em silêncio. Ele se vira e continua

— O Governador veio em nossos portões, se eu não tivesse parado de procurar ele.. — ele começa

— Daryl — digo o interrompendo

— Talvez eu pudesse ter feito alguma coisa — ele diz

Eu corro e o abraço. Ele não tem culpa. Ninuém tem culpa pela merda que os outros fazem. Ele abaixa a cabeça. Eu levanto a cabeça e vejo Daryl chorando. Era o que ele precisava, colocar tudo que estava sentindo para fora. O abraço mais forte e deito a cabeça na suas costas. Eu estava errada, eu preciso dele.

...


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Notas finais do capítulo

Ah gente eu precisava fazer uma versão de Still, é tão épico. u-u



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