Unforeseen escrita por UmaEscritoraAnônima


Capítulo 44
Decisões




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/592699/chapter/44

O choque e o silêncio tomam conta do lugar.

–--- Por que você vai fazer isso? ---- ela diz surpresa

–--- É minha escolha ---- digo quando sinto as lágrimas ---- eu escolho.. escolho isso

–--- Não pode fazer isso ---- ela diz tentando me entender

Eu concordo com a cabeça.

–--- Posso sim, vai me dar? ---- pergunto

Ela nega com a cabeça.

–--- Eu não posso viver assim, se imagine no meu lugar ---- me explico a beira do choro

Ela percebe isso, percebe o que estou passando.

–--- Não vou me responsabilizar por isso ---- ela diz levantando o molho de chaves

A encaro e encaro as chaves.

Puxo da mão dela e começo a andar.

Vou até o ármario de remédios. Encaixo a chave e a giro, fazendo-o abrir.

Reviro infinitas caixas até achar o que eu procuro. Seguro a caixa em minhas mãos, muitos vão me julgar pelo que eu fizer, e muitos vão me julgar por não fizer. Não posso dar esse futuro a ele, simplesmente não posso.

–--- Não precisa se culpar por isso ---- digo a entregando as chaves ---- não é culpa sua, é minha

Me viro e engulo as lágrimas que lutam para sair. Guardo a caixa no bolso e me sento em uma cadeira próxima.

–--- Quando começamos? ---- pergunto

Preciso ocupar minha mente, não posso ficar em casa sozinha. Ficar em casa agora significaria chorar e gritar, e não posso fazer isso.

...

Fiquei o dia inteiro desviando meus pensamentos, com qualquer coisa que aparecesse.

Bárbara concordou de manter tudo em segredo. É minha escolha, não tenho saída.

Não posso coloca-lo nesse mundo, amanhã esses muros podem cair e vamos estar na floresta de novo. Não existem chances maiores.

Judith até está aqui, mas sempre me perguntei aonde essa menina vai crescer? Preciso perguntar aonde está a mãe dela? Tudo isso me assusta, eu não estava pronta para isso. Não estou pronta para encarar isso.

Me jogo no sofá e fecho os olhos. Ultimamente preciso parar tudo o que estou fazendo para conseguir respirar, é tanta vontade chorar, tanta dor, tantos pensamentos.

Não sei se essa é a decisão certa, não sei se estou apenas protegendo a mim mesma.

Subo as escadas e entro no quarto. Vou para o banheiro e fecho a porta. Me sento no chão ao lado do vaso sanitário e puxo aquela caixinha vermelha do bolso.

A seguro em minhas mãos e respiro fundo.

Rasgo-a e a pequena cartela de comprimidos caem na minha mão. Comprimidos metade vermelhos, metade branco.

Pressiono os comprimidos contra o aluminio, que se rasga e deixa os comprimidos caírem na minha mão. 4 ao total ficam na minha mão. Eu encaro aquelas cores, é isso que eu devo fazer?

Pov Daryl

Definitivamente ela estava estranha, melhor achar logo esse lugar. Chego até uma porta branca escrita 'Enfermaria' , é a única da cidade. Bato na porta e espero.

Alguns segundos e surge uma moça um tanto abatida abrindo a porta.

–--- Posso ajudar? ---- ela diz baixo

Fico meio sem jeito ao dizer isso.

–--- É a Bárbara? Posso falar com você? ---- pergunto

–--- Quem é você? ---- ela pergunta se erguendo

–--- Quero falar sobre a Amy ---- digo a encarando

–--- O que houve? Ela está bem? ---- ela diz preocupada

–--- Como assim está bem? ---- pergunto me aproximando

Ela me olha assustada e confusa, o que houve aqui?

–--- Como assim está bem? ---- repito

–--- Devia falar com ela ---- ela diz se virando para fechar a porta

–--- Ei ---- digo segurando a porta ---- o que aconteceu?

Meu tom aumenta, e minha paciência cai.

Ela me encara querendo uma saída. Quero uma resposta, agora.

–--- Não sei se vai gostar do que eu vou te falar mas... ---- ela fecha a porta e fica do lado de fora me encarando

–--- Desembucha ---- resmungo

–--- Disse que não contaria a ninguém, mas isso é algo que não pode se manter em segredo ---- ela (enrola) explica

Fico cada vez mais preocupado e cada vez mais impaciente.

–--- Fala logo ---- digo

Ela respira fundo e me encara.

–--- Ela está grávida...

Meu mundo cai naquela hora, coloco o pé para atrás para não cair nesse chão.

–--- Só não sei se ainda está ---- ela continua

–--- Co..como assim? ---- pergunto

–--- Ela me fez entregar remédios de aborto ---- ela diz um tanto triste ---- e foi para casa a alguns minutos, não sei o que ela fez

Meu cérebro se pressiona, querendo uma resposta. Ainda não caiu a ficha, ainda não consigo acreditar. Ela estava grávida? Esse tempo todo?

Não é o que eu tenho que me preocupar agora. Dou as costas e dou passos rápidos em direção a casa.

Pov Amy

Encaro essas cores fortes, meus olhos se queimam mas não deixo minhas lágrimas caírem.

Penso em engolir essas pílulas, e penso em continuar minha vida como se nada tivesse acontecido. Não posso ignorar isso.

Lembro do meu sonho e como eu estava feliz sendo mãe, para acabar tudo assim? Não posso fazer isso.

Eu estou grávida! Digo isso a mim mesma pela primeira vez. É assim que tudo tem que acabar?

Arremesso os comprimidos no chão, que se espalham pelo chão do banheiro. Enxugo uma última lágrima e me levanto.

Abro a porta e vou para o lado de fora, chegando ao quarto.

Vou passando por ele quando vejo meu reflexo pelo espelho da parede. Paro de andar e me encaro nele.

Respiro fundo e levanto as mãos. Levo minhas mãos pela blusa e a minha barriga. Eu estou grávida, dá pra acreditar?

Uma lágrima cai enquanto eu me vejo no espelho com as mãos no pequeno volume da blusa. Isso... isso é...

Um barulho me faz voltar a este mundo. A porta lá embaixo se abrindo furiosamente e passos pela casa. Eu arregalo os olhos em direção a porta do quarto.

Os passos se formam rapidamente nas escadas e rapidamente aqui.

Na porta surge Daryl me olhando confuso e meio assustado. Pressiono meus lábios e mantenho minhas mãos bem ali, onde tem uma pequena vida crescendo dentro de mim.

Ele olha para minhas mãos e para o meu rosto recém molhado com apenas uma lágrima.

Mas a pergunta é, e agora?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unforeseen" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.