Hades andava pelos corredores da empresa de sua família. Ele estava apressado e com dor de cabeça. Um, porque seu irmão mais velho o convocou para uma reunião secreta; outro, porque ele estava revisando alguns relatórios de casos em que ele estava trabalhando.

Zeus havia lhe ligado, no meio da tarde e literalmente ordenado que ele fosse até a empresa.

Hades não se preocupou em usar um terno, ele estava de bermuda e camisa polo, e um tênis de uma marca qualquer.

O moreno passou pela secretária de seu irmão e entrou na sala do mesmo. Zeus estava sentado em sua cadeira, olhando pela parede de vidro, que mostrava do New York. O de olhos azuis estava com uma cara pensativa.

_Que história é essa de ter achado o filho do Poseidon?- Hades perguntou, assustando seu irmão.

_Quer me matar?- Zeus perguntou se levantando e colocando a mão no coração.

_Não...-Hades negou.- Eu já passei dessa fase...Agora responda a minha pergunta.

Zeus suspirou e voltou a se sentar, Hades o acompanhou e o encarou, esperando ele responder a pergunta feita.

_Annabeth postou uma foto com um rapaz...Que é muito parecido com Poseidon, ele não tem pai e a mãe dele se chama Sally Jackson que, por um acaso, é minha nova cozinheira.- Zeus revelou de uma vez só.

_Não faz sentido... Se Sally quisesse manter o filho longe de nós, por que ela iria trabalhar na casa de um dos irmãos do provável pai de seu filho?

Hades tinha razão, pensou Zeus. Isso não fazia nenhum sentido, mas Sally tinha dificuldades financeiras.

Zeus se lembrava bem...Sally e Réia eram ótimas amigas, logo após o quinto aniversário de Apolo, Sally começou a namorar a Poseidon, namoro que durou quase 3 anos.

Após esse tempo, Sally desapareceu do mapa, junto com seu pai. Ela sumiu sem dar nenhuma explicação, Poseidon a procurou por todos os cantos, contratou o melhor detetive do mundo, amigo de seu pai, mas nunca mais a encontrou. Depois de 2 anos, ele superou e começou a namorar Atena, não preciso dizer que Zeus quase o matou, não é mesmo?!

_Eu mandei um novo detetive para descobrir isso tudo... Eu nunca fui com a cara daquele sujeito amigo do nosso pai.

_Eu também não. Zeus, será que o nosso pai não tem alguma coisa a ver com esse sumiço repentino da Sally? Ele sempre foi contra o namoro de Poseidon.

Zeus pareceu pensar, seu irmão tinha razão. Cronos nunca aprovou o namoro de Poseidon e Sally e seu pai tinha sim, pensamentos medievais.

_Ficaremos de olho no tal menino...- Zeus disse por fim.

[...]

_ANNABETH OLYMPUS!- Uma voz gritou.

Annabeth estava em seu quarto, lendo um livro qualquer, quando ouviu o grito.

‘’Tava demorando!”. A loira pensou.

Annie viu sua porta abrir furiosamente e dela entrar sua mãe, com uma cara de poucos amigos. Atena trazia em sua mão uma revista, na capa estava uma foto de Percy e Annabeth, quando ambos estavam se beijando.

Atena jogou a revista no colo de Annabeth, que olhou indiferente para a mãe. Ambas se encaravam com intensidade. Ambas estavam bravas uma com a outra e ambas eram orgulhosas demais.

_Você pode me dizer o que significa isso?- Atena perguntou com a voz fria.

Annabeth pegou a revista, pela primeira vez, e encarou a foto da capa. A loira sorriu com as recordações que invadiram sua mente e ela não pôde evitar o sorriso que nasceu em seus lábios.

_Isso, mamãe, é a sua filha conhecendo uma pessoa boa!...Por que? Com medo da sua filha se envolver com pessoas que não tem a mesma classe social que a sua?

Atena soltou uma risada irônica. Ela fechou a porta e encarou Annabeth, novamente.

_Você sabe que eu não tenho preconceito com as pessoas com a classe social mais baixa que nós...Mas você não pode sair beijando garotos desse jeito. Vocês ao menos se conhecem?

Annabeth se levantou, ficando de joelhos em sua cama, desse jeito, ela ficava da mesma altura que sua mãe e ambas podiam olhar nos olhos uma da outra.

_Vá por mim...Ele me conhece melhor que você que é minha mãe. Agora você pode sair do meu quarto? Eu tenho coisas importantes para fazer e você também, creio eu, já que o seu trabalho é mais importante que a sua filha!- A loira bradou, elevando a voz alguns oitavos.

_Isso não é verdade!- Atena elevou sua voz.

_Tem certeza?- Annabeth perguntou, sentindo seus olhos encherem de lágrimas.- Quando foi a última vez que nós duas saímos juntas, apenas como mãe e filha? Quando foi a última vez que você conversou comigo por mais de alguns minutos, sem ter que me repreender ou brigar comigo? Quando foi a última vez que você foi a MINHA MÃE?- Annabeth gritou as perguntas que há tanto tempo estavam rondando sua cabeça.

Atena fechou os olhos com força e assentiu, quando voltou a abrir os olhos, encarou a imagem de sua filha...Despedaçada e frágil. Com a face molhada e vermelha.

A morena foi até a porta e a abriu, saiu do quarto e fechando-a em seguida. Em passos apressados, foi até seu quarto, onde entrou e trancou a porta...Então ela fez algo que começou a perceber que fazia constantemente, ela chorou...Chorou por ser uma péssima mãe e chorou mais ainda por sua mãe ter a abandonado quando ela mais precisou.

[...]

Sally estava terminando de lavar a louça que ela havia sujado, na preparação do almoço.

A mulher fechou a torneira e caminhou até a geladeira, abriu o refrigerador e tirou a salada, pronta para temperar. Ela colocou a tigela de salada em cima da ilha que tinha no meio da cozinha, e se preparou para pegar os temperos.

_Sallyne.- A mulher ouvir uma voz grave chamar seu nome. Ela arfou e prendeu sua respiração, ninguém ali sabia seu verdadeiro nome, ela havia se certificado disso.

Era isso. Ela havia sido descoberta.

Sally sabia que, assim que aceitasse um emprego na casa dos Olympus, ela estaria fadada a ser descoberta. Ela sabia que poderia trombar com Poseidon a qualquer momento, embora sempre ficasse na cozinha.

_Sim?- A morena se virou e encarou a figura de Zeus. O homem, que tinha a postura reta e a face dura, a olhava como se não acreditasse que ela estava realmente ali.

_Venha, precisamos conversar.

Sally o seguiu pelos corredores da mansão, seu coração batia forte e suas mãos tremiam. Ela não acreditava que fora descoberta.

Eles subiram todas as escadas, até chegarem no último andar, que quase ninguém ia ali. Entraram em um corredor escuro, que a cozinheira sabia bem onde ia dar. Eles chegaram a uma porta, do qual Zeus a destrancou e permitiu a entrada de ambos.

Sally entrou naquela grande sala, e quase podia ouvir a música que saía da antiga vitrola. Ela também quase podia ver a figura dançante de Réia, que bailava com graça.

_O ateliê da Réia...- A morena sussurrou encantada.

Quantas lembranças lhe invadiram a mente. As risadas, as conversas... Tudo parecia ter ganhado vida, novamente.

Réia era uma irmã mais velha para Sally. Ela ajudou Sally na adolescência, Réia a ajudou em tantas coisas, como uma irmã mais velha. Foi em uma época difícil para a família de Sally, que Réia ajudou, com tudo que pôde e não pôde.

_Vejo que se lembra de tudo isso...-Zeus falou, trancando a porta e indicando um lugar para a mulher se sentar, um divã rosa bebê. O homem se sentou na poltrona perto da vitrola, talvez o lugar preferido de Réia, era onde ela ficava ouvindo as músicas e costurando seus bordados.

_Fale logo o que quer, Zeus! Eu tenho que terminar de fazer a sobremesa do almoço.- Sally falou, sentando-se no divã e encarando o homem.

_Eu já sei de tudo, Sally...Sei que você escondeu uma gravidez da minha família, sei que tem um filho do meu irmão, e eu quero saber de tudo...Chega de mentiras.- Zeus escorou suas costas no encosto da poltrona e cruzou as pernas.- E não se preocupe, temos tempo.