O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 5
Parte 1: Capítulo 5 - Segunda visita




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– E ele riu? - Marina me perguntou rindo - Então ele não está tão ruim assim.

– Parece que não, mas sei lá, pode ter sido uma risada falsa ou qualquer outra coisa, não sei - dei de ombros e joguei a cabeça para trás, estavamos no almoço, teriamos uma aula extra de matemática a tarde, então Maura buscaria o Meleca.

– Você ainda está preocupada, não é? - confirmei - Sabe, que eu acho isso fofo? Claro que eu estou morrendo de ciúme porque para sair comigo você não manda ninguém cuidar do Meleca, mas ainda assim o que você está fazendo por ele é bem legal.

– Ele quem? - Pietro pulou a nossa frente.

– Ian Somerhalder - ela falou o olhando, eu a olhei imaginando se ela já teria planejado aquilo.

– Ian quem?

– Somerhalder, sabe o bonitão de The Vampire Diaries? - ele negou - Que pena, ele é um gato e a Yara o está ajudando a promover uma campanha, acho isso legal, você não.

– Claro... claro... - ele riu balançando a cabeça - Mas eu vim aqui te chamar, Sabine quer falar com você e parece que tem medo da Marina, sei lá.

– Que bom, porque eu mordo - ela rosnou nos fazendo rir.

Fui até a namorada de Wilke, ela estava sozinha sentada sobre uma mesa, ela ficou me encarando até começar a dizer algo.

– Ontem - ela suspirou - Eu odeio admitir, mas ontem foi o melhor dia dele - eu a analisei - Do Wilke.

– Sei que é dele que está falando.

– Então, eu não acredito que vou falar isso, mas você não poderia voltar lá outro dia?

– Eu já pretendia fazer isso - ela me analisou - E saber que você me permite fazer isso me faz me sentir bem melhor já que não ficarei na calçada. E obrigada por querer me dizer isso.

Ela confirmou e cada uma voltamos para nossos cantos.

Passei alguns dias sem ir a casa de Wilke, não era tão simples pedir para Marina cuidar do meu irmão e ele acabaria contando algo para meu pai o que poderia me ferrar, ou soltar algo pro Pietro e não seria legal.

Mas graças a uma reunião de pais na escolinha eu tive um dia livre. Fui até a casa dele depois da escola, toquei a campainha e quem me atendeu foi Sabine, ela estava com um olhar assustado.

– Aconteceu algo? - perguntei entrando.

– Ele está estranho hoje. - ela me guiou pela casa e me levou até o quarto dele - Não quer sair, não quer comer, eu não sei mais o que fazer.

– Certo - eu a olhei, fica lá embaixo, eu vou tirá-lo daqui.

– Boa sorte.

Confirmei, a ouvi descer, entrei no quarto, posteres espalhados, algumas bandas ainda eram as mesmas que eu me lembrava, algumas fotos de mulheres, uma televisão enorme, vídeo-game, um armário enorme e uma cama que tinha um montinho no meio fui até lá e me sentei ao lado dele.

– Mas que merda, não mandei me deixar em paz? - ele gritou.

– Se mandou eu não escutei - falei.

Ele me olhou assustado e se sentou, o cabelo bagunçado, o rosto amassado, ele estava horrível.

– Sabine me falou que você está trancado aqui e não quer sair.

– Não mesmo.

– Aconteceu algo? - ele se encolheu - Ei, para com isso - eu o empurrei, ele me olhou - Você está dentro da sua própria casa ninguém vai te pegar aqui.

– Yara... - eu o olhei - Você não faz ideia de como isso é.

– Não mesmo e por conta disso eu não vou te deixar em paz - ele me olhou confuso.

Puxei seu cobertor, ele tentou segurar, mas graças a existência de Marco eu fiquei boa em lutar com garotos maiores. Abri as janelas do quarto o que o fez reclamar e por fim o empurrei da cama fazendo muita força, ele reclamou quando caiu no chão.

– Puta que o pariu, Yara!

– Também te amo, Wilke. - falei pegando na mão dele. - Agora vem, você tem que comer algo. - descemos as escadas - Sabine, espero que você não tenha jogado nada fora - ela negou - Ótimo, por que ele veio comer.

– Como você fez isso? - ela me olhou assustada.

– Técnica da irmã caçula chata - falei rindo - Vai, Wilke, come, eu só saio daqui e pare de te perturbar quando você já tiver terminado.

Ele me mostrou o dedo e começou a comer.

Quando ele terminou pude ouví-lo vomitar tudo no banheiro.

– Wil, você está bem? - Sabine ficou perguntando da porta.

– Por que você não vem aqui ver se eu estou bem?

Ela entrou, mas logo saiu correndo para o outro banheiro e vomitou.

– Sério mesmo que todos resolveram vomitar? - eu entrei no banheiro.

– Você fica longe de mim, Yara! - ele gritou.

– Vem cá.

Eu sussurrei ao lado dele, ele estava muito agitado e não conseguiria se levantar.

– Desculpa, Wil, mas por hoje eu não consigo.

– Vai logo, merda! - ele urrou.

– Pode ir, Sabine, eu cuido dele.

Ouvi fechar o portão.

– Vem cá - eu peguei o braço dele, ele me empurrou - Você vai me empurrar? - ele confirmou - Ta certo, vou te assistir se levantar sozinho, então.

Sentei próximo dele.

Wilke ficou durante vários minutos tentando se levantar, mas sempre caia, ele me olhou, eu estiquei a mão para ele que desgostoso aceitou minha ajuda. Peguei seu braço e o levantei escorando em minhas costas, o levei até a sala, peguei uma toalha e limpei o vomito que ainda o sujava, ele me assistia fazer tudo aquilo.

Peguei uma garrafa que estava cheia de refrigerante, esvaziei sobre os protestos dele e a enchi com água, peguei um copo e coloquei os dois na sala próximos a ele. me sentei ao pé do sofá, Rex entrou saltitante e se deitou próximo a nós.

– O que você está olhando? - perguntei olhando Wilke.

– Você não teve nojo? - eu ri - Qual a graça.

– Eu tenho um irmão caçula que já pegou tanta virose que eu fiquei calejada de limpar a bunda e a boca daquele moleque - ele riu - Então, não, eu não tenho nojo.

– Obrigado - ele colocou a mão no meu ombro e logo dormiu.

Depois de alguns minutos que ele entrara em sono profundo preparei um mingau para ele e deixei próximo do sofá, mandei uma mensagem no celular me desculpando por não poder ficar mais e fui para casa.

Quando eu cheguei encontrei a tropa toda lá, mais seus dois reféns.

Marina estava sentada ao lado do Meleca, os dois encolhidos amedrontados. De pé me fuzilando, meu pai, meu primo, meu irmão e minha madrasta.

– Ah, merda! - falei fechando a porta.

– Merda é o que você tem na cabeça, mocinha - meu pai falou, eu o encarei assustada, ele realmente estava bravo.

– O que está acontecendo? - perguntei inocente.

– O que está acontecendo, Yara? - meu primo gritou - Você é louca ou o quê? - ele balançava os braços desesperados - Eu te falei para ficar longe dele e o que você faz, vai visitá-lo, deve ser maluca mesmo.

– Você foi até a casa do Wilke e não falou com ninguém, Yara! - Marco gritou, eu fiquei surpresa em vê-lo dessa forma.

– Seu primo te avisou e você o ignorou, você nem mesmo nos comunicou que ia ver o Wilke, Yara, você podia ter se machucado! - meu pai brigou.

– Pai, eu não me machuquei, okay? E eu não fui lá sem avisar ninguém, contei para Marina, se algo acontecesse ela poderia comunicar vocês.

– Yara, eu pedi para você ficar longe porque ouvi dos outros que ele está muito agressivo, Sabine está cheia de hematomas causados por ele e...

– Para! - ele me olhou assustado - Pietro, ele é nosso amigo e está com problemas, eu não poderia ignorar.

– Poderia sim! Você o ignorou por anos - meu pai começou - Poderia ignorá-lo agora.

– Não, pai! Você lembra quando eu estava no sexto ano e quebrei meu pé quem foi que ficou vindo aqui em casa cuidar de mim?

– Ele, mas...

– Quando quebrei meu braço quem foi que arranjou aquelas borboletas para colocarmos no gesso?

– Ele, mas...

– Mas nada, pai! - ele me olhou assustado - Ele me ajudou quando eu precisei dele.

– Agora é diferente Yara!

– É diferente porque é com ele! - eu gritei, parei e o olhei, ele tinha cara fechada, eu sabia que aquilo me ferraria.

– Yara... Eu não quero mais ouvir que você foi encontrar esse Wilke, seu primo e seu irmão me contaram como ele é agora, como ele é todo garanhão e não se importa com os outros - eu fuzilei os dois, eles desviaram o olhar - Não me importa o que você diga, se eu ficar sabendo que você esteve com ele, eu juro que você estará muito encrencada.

– Mas pai.

– Mas nada, Yara Rosa, agora vá par ao seu quarto.

Eu fui, Marina correu atrás de mim. Tranquei a porta depois que ela entrou, eu não queria que ninguém nos escutasse.

– E como foi hoje? - ela perguntou com medo, mas eu sabia que ela só contou onde eu estava porque foi pressionada, não poderia culpá-la.

– Ele estava agressivo.

– Ele te machucou?

– Claro que não - respondi logo - Mas nem a namorada gostosa aguentou o tranco.

– Certo, agora me conte tudo.

Contei a ela como foi tudo, ela ouviu a cada coisa que eu contei, quando terminei fomos comer. Marco tentou falar comigo, mas eu o ignorei e a Marina ficava tentando passar o que ele tentava falar comigo, mas eu acabei a ignorando também e ela se irritando com nós dois e deixando minha casa depois de se desculpa mais um zilhão de vezes.

"Obrigado por hoje" foi a mensagem que recebi do Wilke.

"Não foi nada"

"Não foi nada? Eu com certeza não teria comido nada se você tivesse me forçado, tive recaída, desculpa"

"Não se preocupe, Wilke. Na próxima prometo te levar borboletas"

Ele mandou algumas risadas e eu finalmente fui dormir.


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