O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 15
Parte 1: Capítulo 15 - Férias




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Acordei com som de uma música estranha que tomava conta da casa, não é possível que Yara ou Marina já esteja de pé, devem ser o que oito da matina, ninguém merece isso. Olhei em volta sonolento, os meninos dormiam e uma mancha azul enorme parecia orta, então Yara era quem estava de pé. Levantei meio zonzo de sono ainda, na cozinha encontrei minha prima comendo, ela me olhou parecendo assustada, sorriu levemente com sono e a julgar de ainda estar com a roupa de depois da piscina não fazia muito tempo que ela levantara.

– Que droga de barulho é esse? - perguntei jogando minha cabeça na mesa mesa, eu precisava de pelo menos mais cinco ou seis horas para ficar zerado.

– Bananas Esmagadas - ela falou se levantando e pegando mais coisa para comer.

– Bananas Esmagadas? Eu achava a música estranha, mas o nome superou. Eles, o quê, foram castrados?

– Quase isso - como assim quase isso? - São todos impotentes - ela deu de ombros.

– Ai, nossa!

– Pois é... Quer algo para comer?

– Aceito um pão na chapa e um café bem forte, sério, Yara por que você acordou tão cedo?

– Eu nem dormi - eu a olhei - Estava agitada demais para dormir.

– Você e aquele idiota não fizeram nada né?

– Claro que não, Pi, ele caiu naquele sofá e foi como virar pedra, até tentei chamá-lo, mas ele nem reagiu - ela arrumou o cabelo que caia no rosto - Acho que ele sempre foi uma pedra.

– Sério? - ela confirmou e coçou os olhos - Vem cá - eu a abracei - Vai pro quarto e tenta dormir, deixa essas Bananas estrucidadas...

– Esmagadas.

– Bananas destruídas aqui e vai dormir. - ela confirmou - Mais uma coisa - ela me olhou - Você queimou meu pão.

– Se ferrar, Pietro.

– Estou brincando - eu ri tirando meu pão da chapa - Apenas pensa se é o que você realmente quer. - ela confirmou e subiu.

Encarei a garrafa de café e como eu tinha imaginado estava vazia, preparei um pouco, comi, bebi e voltei para meu cantinho no chão.

Quando Marina acordou, fora o fato de ter despencado sobre mim, é um milagre eu estar vivo, ela saiu me pisoteando, parou próximo ao sofá e encarou a galera que ainda dormia, falou algo que eu não entendi e foi para a cozinha. Eu voltei a dormir, até ser pisoteado por Juca levantando, qual é, gente, ninguém ta me vendo aqui. Antes de alguém mais me pisar me levantei, fui com os dois para cozinha e comi mais um pão na chapa com um café puro.

– Onde a Yara se meteu? - Marina perguntou.

– Foi para o quarto disse que não conseguiu dormir a noite - Juca me olhou - E ainda falou que você é um pedra.

– Eu?

– Depois a presento a pedra a ela - ele recebeu um pacote de pão na cabeça, olhamos para a Marina - O que foi isso?

– Um pacote de pão do respeito, uma fatia e você repeita a todos, mas para você acho que só funfa comendo tudo - ela deu de ombros - Experimenta, é milagroso.

Ri dela que ficou mais ofendida do que eu em ouvir aquilo.

– Ah, quer saber - ela largou tudo - Vou dar uma volta no mato, não dá para ficar perto de você sem que eu me revolte.

– Por que, Mari? - eu o olhei, qual é a intimidade que eu ainda não entendi.

– Não me chame de Mari. - ela falou gritando.

– Você está com ciúme, Mari. - eu assistia aos dois, aceito doação de pipoca, mas como não tem pronta e ninguém vai me doar, então meu pãozinho é suficiente - Ah, descobri o que está acontecendo, você está se corroendo de ciúme. Por que, porque peguei sua amiguinha para minha coleção e...

– Eita!

Eu quase caí da cadeira assustado. Marina tinha acertado um belo de um tapa em Juca, na porta entre a sala e a cozinha, Wilke tinha visto o que aconteceu e estava tão assustado quanto eu.

– Ora sua... - Juca levantou para acertou Marina, eu o segurei.

– Não, não, não, Juquinha. - ele me encarou.

– Me solta!

– Relaxa que eu solto. - ele acalmou - Isso... - Eu o soltei.

Assim que o soltei ele puxou em direção a cabelo azul, eu o prendi novamente, mas agora ele ficou esperneando, Wilke tentou me ajudar e gritou para Marina ir para outro comodo logo. Pude ouvi-la subindo as escadas e entrar no quarto, então o soltei e Wilke fez o mesmo.

– Aquela vadia, ela vai ver só...

– Você não vai bater em ninguém - falei.

– E quem vai me parar, você?

– Não sei se você percebeu, Juquinha, mas todos aqui iriam defender a Marina e não você, então, qualquer um pode pará-lo.

– Não sua prima - ele riu provocativo - Aquela ali come na minha mão - Wilke o fuzilava, chegava a ter sua graça.

– Certo, chega de falar merda - Marco entrou na cozinha - Eu to com fome e você vai fazer café para gente.

– Por que eu?

– Porque eu estou mandando, e minha mão e braço são maiores que o seu, em uma briga acho que tenho maior chance de te apagar primeiro.

Ele soltou um palavrão, nós três nos sentamos a mesa enquanto ele preparava o café. Marco tinha os olhos inchados e a cara toda amassada, não diferente de Wilke que só tinha um olhar melhor porque teve de reagir rápido para me ajudar com Juca. Ainda estou me perguntando o que fez minha prima gostar desse cara, tudo bem, ele pode ser simpatico nas festas, mas isso não quer dizer que ele será um bom namorado, o que me deixa com a pulga atrás da orelha é o fato dela saber que é chifrada, se bem que nessa mesa Wilke também sabe que é e nem por isso larga a Sabine, vá entender essa galera.

– Aqui a droga do café - Juca colocou na mesa.

Depois de nos entregar ele saiu para o mato.

O cabelo rosa que de tanto chama-lo assim não sei mais seu nome acordou enquanto comiamos.

– Cabelo rosa - Wilke chamou.

– Lucas e é roxo.

– Isso é rosa, mas enfim, agora sei que você tem um nome. Eu sempre fui curioso, como você conheceu a Marina?

– Em um show - ele falou comendo, parecia faminto. Ele é estranho, mas é bem melhor do que o Juca - Bananas Esmagadas.

– Tem show dessa coisa? - perguntei.

– São bem ruins, né? - confirmei - Mas tem sim, eu fui no show deles e as conheci lá.

– As conheci, quer dizer a Yara e a Marina? - Marco falou, acho que ninguém ali sabia como tinham se conhecido.

– Yep - ele encheu a boca nos fazendo mergulhar em um silêncio esperando o resto da história - Eu e a Marina ficamos, mantivemos contato e cá estamos, um ano e meio de namoro - ele sorriu.

– Você é estranho, mas é um cara legal - Marco falou - Agora, aquele Juca é um erro total.

– Vocês não sabem? - o cabelo rosa falou, nós o olhamos - O Juca é bem pior do que isso que vocês veêm, ele era da minha antiga escola, foi expulso dela e de outras três por agredir colegas ou trabalhadores das escolas.

– Isso explica muita coisa - Wilke falou.

– Por que, o que aconteceu? - Lucas perguntou curioso.

– Ele provocou a Marina, ela deu um belo de um tapa nele e ele ia bater nela.

– Ela se machucou? - ele perguntou preocupado.

– Não - falei - Mas ele tá com um vergão atravessando o rosto.

Marina e Yara desceram e nos encontraram na cozinha, as duas conversavam sobre alguma banda ou ator, nunca sei sobre o que falam. Elas nos cumprimentaram e sairam para andar.

Vimos Juca se aproximar delas, ele falou algo, Yara se colocou na frente da amiga o que me fez sorrir em saber que ela não está cega com o relacionamento, ele gritava para ela sair, ela não o fez, ele pegou seu braço e puxou com força.

Nós todos nos levantamos e fomos até lá gritando, ele nos olhou xingou e saiu, mas ainda ameaçou Marina que se encolheu assustada, o cabelo rosa a abraçou e perguntou se ela tinha se machucado, todos nós três fomos até minha prima, ela escondia um roxo no braço.

– Ya, posso falar com você? - Marina falou,

– Claro.

As duas subiram, eu subi e acabei as ouvindo falar.

– Yara, você é comeu muito capim? - eu não entendi porque a Marina perguntou isso - Porque você ta parecendo uma vaca.

– Ei, Ma, que isso?

– Qual é, Yara, esse Juca é um bosta, eu te falei desde que começou a sair com ele, e agora ele te machucou e ta tentando me pegar sozinha, esse cara não presta, por que você ainda está com ele?

– Porque... - ela ficou em silêncio - Não sei, Ma, acho que eu tive de compensar.

– Compensar, o que, mulher? Falta de amor? Vem cá que eu te dou um abraço, você não precisa ficar saindo com um cocô ambulante como ele.

– Não, não isso... Acho que o Wilke. - Wilke?

– Wilke? - Marina riu - Eu suspeitava disso, mas não achei que você se torturaria por causa dele, qual é, Ya, vai e fala com o Wilke, conta para ele como se sente, mas antes disso, você tem de romper com o Juca, porque você é muita coisa para ele.

Isso mesmo, Marina, mostre para ela como tem de ser feito.

– Mas não vou fazer aqui - ela pareceu se jogar na cama - Vou esperar voltarmos, assim não tenho que ficar cruzando com ele toda hora.

– Quer saber, tanto faz para mim, minha parte eu fiz, o resto você é quem sabe.

Ela saiu do quarto brava, me viu parado na porta do quarto, sorriu, eu a segui. Ela tinha razão, o aviso foi dado agora dependia da Yara decidir fazer o que ela achar melhor.

Corri para a piscina e mergulhei, como adoro o calor, poder ficar na água o dia inteiro. Marco também entrou. Yara ficou de biquine na beirada tentando pegar bronze e não virar uma lagosta gigante. Ela estava deitada proximo a beirada, olhei Wilke que passava por perto, eu o chamei acenando, ela tinha os olhos fechados. Ele veio até minha prima, ele a empurrou eu a puxei, ela gritou e caiu na água.

– Ah é!

Ela puxou Wilke que caiu de roupa e tudo.

Quando emergiu ficou brincando de jogar água nela. A água estava boa.

Marco pegou a irmã e a deixou boiando, eu mergulhei, passei o braço pela barriga dela e a puxei para o fundo.

– Você ainda vai me matar - ela falou tirando o cabelo do rosto.

Marina e Lucas entraram bem depois e nesse dia Juca não nos deu o ar da graça.

Eu saí do banho e fui para área de cima da casa, eu podia ver Yara e Wilke ao longe, ele tinha tirado a camiseta molhada e estava só com a bermuda, ela estava com o biquini. Ele disse algo para ela que sorriu sem graça, ficaram conversando por bastante tempo até que ele a beijou, sim eu assisti aquilo, não queria ter visto isso, é minha prima, não é legal ver essas coisas acontecendo, os olhei novamente, precisa beijar por tanto tempo?

Fui preparar algo para comer, até o momento que eu saí eles ainda estavam juntos.

Marina e o cabelo rosa também arrumavam coisa para comer. Yara começou a gritar, olhamos pela porta, Wilke corria com ela nas costas e ia pular na piscina, ele parou, mas com o peso dela nas costas os dois cairam na água. Quando emergiram riam, Yara nadou até a margem, subiu e ficou ali sentada enquanto Wilke ficou conversando com ela da água.

– Aqueles dois se amam e não sabem - Lucas falou.

– Já sabem sim - falei, os dois me olharam - Vocês não viram o beijão que ele deu nela? - os dois negaram - Estão muito desatentos.

Marina não parou de falar sobre como já sabia que os dois ficaram, como era óbvio e como aquilo era clichê, começara a entrar em contradição dizendo que não gostava mais dos dois juntos que não poderiam dar certo porque se dessem seria como um romance de filme ou livro e isso seria muito brega e enquanto ela falava eu preparava o que seria meu almoço, um enorme omelete com bacon.

Fui comer na área da piscina onde estava mais fresco ou pelo menos mais animado. A noite ali estaria de congelar.

Juca comeu qualquer coisa e resolveu entrar na água o que indica que nada deu certo e bem foi o que aconteceu, ele saiu meio desesperado e adubou as plantas. Yara foi atrás dele para ter certeza de que estava tudo bem e aparentemente estava, ele a abraçou e os dois voltaram a piscina, o que você pode concluir que com o retorno dele a brincadeira dela com Wilke acabou.

E como eu disse a noite fez muito frio, Marco nos agitou para uma fogueira, ele colocou a madeira e o fogo, nós levamos uns panos para nos sentarmos, Wilke levou o violão enquanto todos nós tinhamos levado comida para degustarmos enquanto conversavamos. Ele começou a dedilhar alguma coisa.

– Me dá isso aqui - Yara tomou dele, apoiou nas pernas, amarrou o cabelo alto - Pronto, agora você canta e eu toco.

Wilke confirmou e eles começaram, a voz dele era boa, eu nem sabia que ele cantava tão bem, minha prima também tocava muito bem. Juca os assistia e em seus olhos dava para ver o ciúme brilhar. Marina e Lucas dividiam um cobertor, todos nós estavamos com cobertores individuais. Yara parou de tocar e olhou o cantor, Wilke a admirava e com toda a certeza era reciproco. Juca se jogou entre os dois e abraçou minha prima e rindo desviou o olhar para a nossa comida onde pegou um enorme sanduíche.

Ficamos ali até que o vento começou a jogar a água da piscina em nós e mais o frio era impossível ficar ali. Voltamos para a casa e no meio da sala fizemos uma rodinha, não tinha a fogueira, mas Wilke e Yara voltaram a tocar e cantar o que nos fazia começar um enorme coro desafinado e sem ritmo que acabava com a música, acho que muitos artistas se estrebucharam nas covas nessa noite. Acabamos com Lucas dormindo no colo da Marina, Juca meio escorado sonolento na Yara, ela dedilhando algo leve e calmo, Marco dormindo em posição de lótus, Wilke comendo um enorme sanduíche que ninguém tinha arriscado comer e eu mais dormindo do que acordado acompanhando tudo.


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