O Som do Coração escrita por Vlk Moura


Capítulo 1
Parte 1: Capítulo 1 - Início




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A viagem de formatura era dividida em duas partes, uma no início do ano e outra no final, assim aqueles que se formaram podem se divertir e comemorar e os que não podem se divertir e chorar, sempre achei bem engraçado essa concepção, mas fazer o quê, se minha mãe insiste em bancar essas coisas não vou ser eu a criticá-la.

Desculpa a minha falta de educação, sou Yara, Yara Rosa, tenho 16 anos e estou no voo de volta para casa depois de vinte dias fracassados na companhia da minha mãe e da turma da escola. Marina briga comigo durante as treze horas de voo, mas não é como se eu estivesse ligando. Ela sempre faz isso quando viajamos.

- Acho que preciso retocar o azul, o que você acha? - ela me perguntou esticando a raiz.

- Acho que está lindo.

O cabelo dela é em degradê, a raiz tem um azul escuro até um tom branco nas pontas, é incrível o brilho que essa coisa tem.

- Como sua mãe está? - e pronto, ela tocou na ferida e sabe pelo olhar enjoado que joguei sobre ela.

- Fora que eu peguei duas vezes no flagra ela transando e que ela me xingou durante todo o percurso para café, é foi tudo bem, melhor do que da última vez.

- E há quanto tempo não se viam?

- Sei lá, acho que quase três anos.

- Já?

- Pois é, mas agora me dê licença ou você terá um presente quentinho no seu colo.

- Nojenta!

Ela gritou enquanto eu passava aos tropeços, bati em alguém, olhei rapidamente e me pareceu ser meu primo, mas não tive tempo de analisar, apenas abri a porta bruscamente e vomitei, fechei a porta e continuei a vomitar, levantei, lavei meu rosto e a boca, quando a porta se abriu, eu não tinha trancado aquela coisa. Olhei.

- Você está bem? - ele me perguntou, confirmei.

- Cuidado que deve ter respingado no chão. - falei fechando a porta e voltando ao meu lugar.

Tomei o remédio para enjoo que me fez dormir até a hora do pouso. Marina foi quem me acordou, pegamos nossas coisas, meu pai nos levaria até em casa e junto do meu primo. Pietro se sentou a frente e aparentemente dormiu cinco minutos após sairmos do aeroporto.

Marina morava em um conjunto de apartamentos bem anteriores ao nosso, de carro dava vinte minutos. Ela desceu agradeceu meu pai como sempre o chamando de tio. Depois que ela entrou meu pai tornou a dar a partida.

- Wilke disse que você vomitou - meu primo falou assim que acordou - É verdade?

- Wilke? - ele confirmou, aquele nome soava estranho depois de tantos anos - Vomitei sim. - falei dando de ombros - A turbulência revira todo meu estomago.

- Mas você está bem agora? - meu pai perguntou preocupado, confirmei.

- Marco está em casa? - Marco é meu irmão mais velho do primeiro casamento da minha mãe que depois de se separar do pai dele casou com o meu e ao separar do meu deixou o filho de brinde além de ter me deixado para ele.

- Provavelmente - ele falou estacionando - Ele disse que só sairia a noite.

Desci do carro peguei minha mala, despedi do meu primo e fui para meu apartamento.

- Marco! - abri a porta gritando, silêncio, acendi todas as luzes da casa e não o encontrei - Marco?

- Surpresa! - eu entrei no meu quarto e já quase caí para trás, no meu computador tinha a enorme testa da Marina porque ela tentava olhar além da tela do computador, sobre a minha cama meu irmão caçula proveniente do atual casamento do meu pai e a minha madrasta, no meu puff Marco lutava contra a espuma para se levantar com o bolo.

- O que raios estão fazendo aqui? - perguntei largando tudo. - A placa de proibida a entrada não significa nada para vocês?

- Você sabe que não - Marco falou depois de se levantar - Agora vamos para a cozinha, estou louco para comer esse bolo. Adeus, Marina.

- Eu quero um pedaç... - ele desligou antes dela terminar.

Na cozinha encontrei meu pai e Pietro sentados já esperando o bolo.

Cantaram parabéns e todas as coisas chatas que se faz, assoprei as velas, comemos o enorme bolo de chocolate e... Sinto muito Mari, mas sem bolo para você.

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Sentir os trens de pouso tocando o chão foi a melhor sensação do mundo, eu não aguentava mais vomitar. O remédio nem surtia mais efeito em meu corpo, nem me dopava nem fazia o enjoo passar. Sabine não parava de se agarrar ao meu braço e quando eu saí pela quarta vez para jogar sei lá o que tinha no meu estômago fora ela me prendeu, nesse momento vi Yara passar correndo por nós, ela estava meio verde, bateu em mim e nem pareceu perceber, mas eu a entendo, eu estava quase sendo bruto com Sabine para poder jogar aquilo que se contorcia em mim fora.

Quando finalmente me livrei de Sabine, abri a porta do banheiro e encontrei Yara, ela me olhou parecendo meio assustada e estava trêmula, me deu o aviso mais delicado que já tive na vida e foi para o seu lugar. Pensei em seguí-la e perguntar como ela estava, fazia tempo que nos falavamos, mas meu enjoo falou mais alto e logo me contorci sobre o vaso e me surpreendi por ainda ter coisa para soltar.

Quando cheguei em casa ainda estava enjoado e mais enjoado ainda por ter passado treze horas indo e treze voltando com Sabine grudada ao meu braço.

Liguei para Pietro para ver se ele queria fazer algo, mas ele desligou o celular na minha cara depois d eu insistir sete vezes e em todas elas ele me explicar que não iria sair comigo na noite do aniversário da prima, eu estava pensando em ligar para Marco, antigamente ele saia com a gente, talvez ele topasse essa desintoxicação de namorada, mas Pietro me avisou que ele estava na festa surpresa da irmã.

Resolvi sair sozinho mesmo, precisava tirar aquele gosto nojento da boca. Fui até um restaurante que meus pais tinham o costume de ir comigo, sentei ao balcão e quando fui fazer o pedido escutei uma voz familiar.

- Um chocolate bem forte, por favor. - ela estava meio amarela, os cotovelos apoiados no balcão a cabeça jogada para trás, quando ela fez aquela coisa com o cabelo.

- Yara? - ela me olhou parecendo meio assustada.

- Ah, você. - ela falou com desdém.

- Tudo bem?

Ela confirmou.

- Parabéns.

- Obrigada. - ela falou assim que o chocolate chegou, então fiquei em duvida se foi para mim ou não - O que faz aqui? - ela me olhava, agora era comigo que falava.

- Busquei por companhias para vir desintoxicar, mas todos negaram - eu a olhei curioso - Porque estavam na sua festa, mas você está aqui então...

- Eu fugi - ela falou rindo - Não gosto de festas, ainda mais das surpresas, então eu falei que tinha esquecido algo no carro e cá estou eu, tentando tirar esse gosto horrível da minha garganta.

- Deixa eu te acompanhar?

Ela deu de ombros, eu revirei os olhos, ela parecia mais ignorante desde a última vez que conversei com ela que agora em uma vaga lembrança foi em um briga que arrumamos e depois não nos falamos mais, estranho.

- Preparado para o início das aulas? - ela me olhou de lado.

Essa pergunta doeu. Eu não estava pronto, na verdade não sei nem como sobrevivi a viagem da turma. Suspirei e fingi ter um compromisso me despedi, ela não pareceu se importar com a minha saída.

Cheguei em casa e me tranquei no quarto, não pretendia sair dali tão cedo.


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