A ruiva quase gritou quando entrou na sala. E aquela situação pedia gritos. O sonserino loiro estava deitado no chão de pedra inconsciente. Seus braços cobertos por cortes e cicatrizes que ainda sangravam, formando uma enorme poça de sangue escarlate que quase se estendia por baixo de todo o seu corpo. Cigarros apagados e - quilos de - cinzas se espalhavam por volta de todo o seu corpo, algumas seringas e outras coisas que Lily nem queria identificar. Ela não duvidaria nem por um segundo que o Malfoy houvesse ingerido algum alucinógeno¹, ele tinha um sorriso no rosto, que ela nunca vira, seus olhos marejaram. O quê levaria alguém a fazer isso? Ela apontou a varinha para ele, Scorpius não iria morrer.

- Enervate. - Murmurou o feitiço, sua garganta fechada pelas lágrimas presas em seus olhos verdes, a luz verde atinge o corpo do loiro, que se dobra e abre os olhos cinzentos em um rompante, arregalados, ele não morreu? Lily aparece em sua visão, vermelha - provavelmente de raiva - parecendo pronta para explodir. - O quê você pensa que está fazendo, Malfoy?! - Briga, se deixando cair em frente ao outro, sem se importar se seu uniforme da Grifinória ficaria manchado com o sangue dele. - Tudo bem que James é um merda, mas se matar?! - Ela ficava mais brava a cada segundo, o loiro não sabia o quê falar. - Da próxima vez que fizer isso eu posso não estar aqui para te procurar, nem o Alvo. E se você morrer eu vou achar um jeito de te ressuscitar só para te matar de novo! Seu idiota! - Lily bate os punhos cerrados no peito de Scorpius fracamente, deixando as lágrimas escorrerem livremente, abraçando-o. O Malfoy não tinha palavras, então só aconchegou a ruiva em seus braços, apoiando as costas em uma mesa atrás de si. Ela levanta os olhos para ele, em uma pergunta silenciosa, e ele se amaldiçoou por não conseguir mentir para Lily.

- Você não entende. - Suspirou depois de um tempo, desviando o olhar para a poça de sangue em que estavam sentados. - Não entende como é carregar a herança dos pais, fazendo todas as pessoas que conhecer acharem que você é igual a eles. - Ela o olhou debochadamente, ficando séria no mesmo segundo e se encolhendo nos braços do loiro.

- É claro que sei, Scorp. Todos que me conhecem acham que sou como meus pais. E quem não quer conhecer só quer tirar proveito da fama deles. - Ela sussurra, mordendo os lábios, o sonserino apenas a observa. - Você não sabe como é ruim pessoas se aproximando de você apenas por causa da fama. - Ela rebate.

- E você não sabe como é ruim as pessoas te julgarem por quem são seus pais e se afastarem. - Ele fala, sem emoção, mas ela sabia ler ele, conhecia-o tão bem quanto a si própria.

- Melhor ter poucos e verdadeiros do que muitos e falsos. - Retorquiu, torcendo o nariz, ele sabia que não ganharia disso. - Prometa. - Ela diz, encarando-o com olhos estreitos. - Prometa que não fará isso de novo. - Termina, se desvencilhando de seus braços e puxando a varinha para curar seus cortes e limpar o sangue. Ele não responde, observando a ruiva curar seus cortes e o sangue ser evaporado pela varinha da mesma. Scorpius suspira, ele sabia que não conseguia negar nada à Potter, mas também sabia que seria difícil parar.

- Eu prometo, Lils. - Diz por fim, quando ela estava perto da porta, a ruiva sorri brilhantemente e se joga sobre si, o abraçando, quase o fazendo sufocar. Ela cora mortalmente ao perceber que está sentada no colo dele, o sonserino sorri e levanta seu rosto, a beijando suavemente, ela abre a boca, dando passagem, seus olhos antes arregalados agora fechados, se rendendo.

Lily apenas pensava que podia agradecer pelas heranças do Malfoy. Porquê, se ele não sustentava-as, ela o ajudaria.