Pov. Karasaki

Eu estava confuso e constrangido ao mesmo tempo. Hiroshi, um cara que nunca conversei na minha vida, só vi umas vezes de relance, simplesmente me beijou do nada! Caramba! Caramba! Caramba! Mas que porra foi aquela?!

Estou ficando meio louco por ficar guardando segredo do Masaki, mas COM CERTEZA não vou falar daquele maluco! Bem que... Isso posso evitar, mas a surra que o Yasuji me deu... Não sei se devo continuar a esconder ou não. Tou com receio do Masaki ficar puto e querer arrebentar a clara dele (e, claro, ser expulso por isso). A questão é que se ele perceber que tou machucado ele vai perguntar. Qual será a minha desculpa?

Fui chegando no portão da escola (corri muito naquela hora, aí fui parar bem longe), então avistei Masaki olhando pros lados, provavelmente me procurando. Ele me avistou:

– Hey, Karasaki! Onde você tava?

– Eu só... Tava dando uma volta por aí.

– Mas estou aqui a 10 minutos... - ele tava com um olhar desconfiado - Ficou tanto tempo dando volta assim?

Droga, minha mentira não colou!

– E... Eu... Me desculpa...

– O que foi, Karasaki?

Não respondi. Eu não estava pronto para contar pra ele. Detesto isso! Quantas vezes vou fazer a idiotice de esconder algo do Masaki?

– Por que não quer me contar? - sua expressão mudou para uma de preocupação.

– Não me sinto bem pra dizer, desculpa...

Senti uma lágrima escorrendo de um dos meus olhos e do outro quase escapando. Desabei. Eu não aguento, não aguento ficar calado mais. Estou apavorado. Hiroshi pode ter feito Yasuji parar, mas vou ter que ficar dependendo de um desconhecido por que não posso dizer minha situação pro Masaki? Assim não dá!

Masaki afagou a minha cabeça para eu me acalmar e sussurrou "Só não vou te abraçar por que sei que você vai ficar constrangido se eu o fizer. Se você não pode falar agora, espero pro momento que você estiver seguro, ok?"

Assenti secando meus olhos. Masaki confia em mim e esse carinho prova que ele realmente me ama.

– Ainda tá um pouco cedo... - falei, tentando sorrir - Quer ir na lanchonete aqui perto comer alguma coisa?

– Claro! Tou com uma fome!

Eu ri. Não importa muito o quanto mal ou me sinta, sempre me sinto bem perto do Masaki.

Pov. Masaki

Karasaki está estranho... Antes do fim de semana ele estava um pouco, enquanto não estávamos tendo aula ele ficou mais normal, mas agora está estranho de novo... O que será que está acontecendo? Por que ele não quer me contar?

Não sai da minha cabeça o fato de que ele estava com hematomas naquele dia. Será que o motivo de ele estar estranho agora é o mesmo de antes? Se for, suspeito que seja coisa "daquele cara". Não. Não são meras suspeitas, tenho certeza! Mas que droga, dá vontade de ir agora arrebentar a cara daquele maldito, porém, se Karasaki não quer me falar nada, deve haver um bom motivo. Darei um tempo pra ele. Sei que, quando estiver seguro, ele vai me contar.

Chegamos na lanchonete e ficamos conversando coisas aleatórias e sobre a prova enquanto comíamos.

– Devo admitir, apesar de no começo eu ter achado complicada por estar meio nervoso, acho que a prova não estava TÃO difícil assim.

– Tomara que você tire pelo menos um pouco acima da média, pra variar, he he.

– Acho que dessa vez não vou sair tão ruim, não depois de você ter se esforçado tanto pra me ajudar. Não quero decepcionar quem eu amo.

Ele corou e quase se engasgou com o refrigerante. Sim, falei aquilo de propósito.

– Fale baixo. - ele sussurrou, fazendo um sorriso bobo e evitando me olhar diretamente.

– Eu sei... - sorri.

Depois que tive certeza do quanto gosto do Karasaki, se tornou tão complicado não poder tocá-lo, sentir o seu rosto quente e beijá-lo independente de onde estivermos. Claro que foi eu quem teve a ideia de namorarmos escondido, mesmo assim... Só espero o dia de poder deixar nossa relação evidente sem medo.

– Depois das provas, quer assistir algum filme? Pode ser na sua casa ou no cinema, você escolhe.

– Hum? - ele parou pra pensar por uns segundo, mas aí se tocou - É, pode ser. No cinema pode ser uma boa ideia.

Sério mesmo que ele aceitou um lugar público? Ou é por que ele tá com medo de que eu faça "coisas"? Ha ha ha! Claro que eu não faria e não acho que ele esteja com medo disso.

– Bem, vamos terminar de comer logo e ir pra casa. Sua mãe vai te matar se chegar muito tarde.

– Conhece ela bem.

Comemos logo e fomos pra minha casa. Dessa vez teremos que estudar Literatura e História.

– Tadaima!!

– Okaeri! - minha mãe respondeu nos avistando da cozinha.

– Cozinhando já?

– Não, apenas limpando algumas coisas. Olá, Karasaki!

– Oi!

– Eu vou pagar os livros das matérias das provas de amanhã e me livrar desse uniforme, já volto. - falei enquanto subia as escadas.

Pov. Karasaki

– Ok, vou esperar. - respondi.

– Bem, você quer alguma coisa, Karasaki? Você tem passado tanto aqui em casa que já é quase membro da família, huhu.

Na verdade sou mesmo "quase". Prazer, seu genro. (claro que eu não diria isso, não sei como ela reagiria e, de qualquer modo, não quero morrer!!)

– Não, obrigado, lanchei umas coisas depois de terminar a prova.

– Entendo.

– Aliás, o marido da senhora está trabalhando, não é?

– Sim, coisa de médico. Vez ou outra fica o dia todo de plantão, mas é uma profissão boa.

– Lembro quando eu e Masaki éramos crianças. Ele quando chegava do trabalho, mesmo cansado, brincava com a gente, hu hu.

– É. Pena que vocês não são mais crianças... Eram tão fofos, hu.

– É...

– Voltei! - Masaki apareceu da escada.

– Bem, vou deixar vocês estudando.

– Ok.

Eu e Masaki nos acomodamos no chão junto à mesa de centro e abrimos os livros. Eu desfiz a gravata para ficar mais "despojado", digamos assim. Passou o tempo e ficamos estudando normalmente, um ajudando o outro e complementando a matéria.

– Meninos, vou sair para o mercado comprar umas coisas pro jantar! Karasaki, gostaria de ficar?

– N...

– Ele vai sim!

– Certo, até daqui a pouco.

Depois que ela saiu olhei pra cara do Masaki.

– O que foi? Não vai ter ninguém te esperando em casa mesmo... Não tente "fugir" de mim.

– Não é só por isso que tou te encarando.

Nos olhamos por alguns segundos, então nos aproximamos e nos beijamos.