Perdidit Memoriis escrita por Gabriely Giovanna


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Heeyy coisas coisadas
Não devo desculpas, pq eu não demorei ( TUTS TUTS)
E tem POV Jace !!!
Aplausos aplausos kk'
Não sei se ficou bom, eu revisei, porém sou distraída, então se deixei algum erro passar, me avisem !! kkkkkkk'
Boa leitura pra vcs >



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POV Jace Herondale

Todos no instituto só sabiam falar da sobrinha do Alarick. “Clarinha”, como o Rick a chama.

Pelo jeito deve ser só mais uma pirralha pra brincar com Max. Ainda não entendi o porquê de ela aparecer depois de tantos anos.

—Jace se concentra— Disse Alec se lançando com sua lamina para cima de mim que logo desviei.

Neste momento estamos na sala de treinamentos do Instituto. No momento eu estou treinando com Alec enquanto Izzy nos desconcentrava falando sobre a tal garota.

—Eu a vi uma vez quando fui pra Idris— Disse Alec respondendo alguma pergunta da Izzy que eu não ouvi enquanto eu tentava um ataque mais próximo — Na época ela era bem pequena e ruiva. Mas isso já faz tempo e Magnus disse que ela mudou um pouco. —Concluiu Alec transferindo um golpe no meu ombro, golpe que eu lindamente desviei em seguida o derrubando.

Mas Alec é rápido e esperto e logo levantou e voltamos a lutar.

—Quando Magnus diz um pouco quer dizer que ou ela não mudou nada ou ela é feia — Ironizei. A queda de Alec me animou um pouco. Já estávamos nesse treino há muito tempo.

Eu pouco me importo se ela é sobrinha do noivo de Maryse.

Respeito Alarick, e ele é um cara bem legal. Como Instrutor ele é bom, mas como caçador ele é melhor ainda. Nunca vi sua sobrinha e só descobri a existência de tal ser a poucos dias quando ouvi Alarick dizer que gostaria muito que ela viesse para seu casamento.

Nesse pouco tempo resolvi especular sobre a forasteira e ouvi rumores de que ela foi criada com os Irmãos do Silencio na Cidade do Silencio. Logo se imaginam que ela é tão estranha e assustadora quanto os próprios.

—Jace se concentra! — Dessa vez o Alec gritou fazendo eu me assustar, com um golpe o desarmar e em seguida o derrubar no chão no momento em que escutamos os saltos de Maryse se aproximar da sala.

Logo Alec se levantou e Isabelle veio para o nosso lado. Ficamos um do lado do outro esperando Maryse entrar.

Quando Maryse entrou logo percebemos que ela estava com a cara de mulher de negócios com a qual não podemos negociar.

—Tenho um comunicado para vocês – Disse Maryse se aproximando.

—Pode falar a pesar da gente já saber sobre o que é mãe. – Disse Izzy no seu tom de “não quero esperar mais, desembucha”.

— É sobre a sobrinha de Alarick — Maryse falou ignorando por completo Isabelle. — Ela já esta a caminho e queria pedir para que vocês sejam gentis com ela. – Disse ainda com o tom sério de negócios.

—Por quê? Ela é algum animalzinho que tem seus sentimentos machucados quando a tratamos mal? — Perguntei já ficando irritado.

Quem essa garota é pra ter tratamento especial? Ela é uma caçadora e vai ser tratada como tal.

—Chega Jace. — Maryse disse me lançando um olhar mortal — Essa garota é importante para Rick e ela logo fará parte da nossa família. — Maryse continuou colocando a ponta dos dedos nas têmporas como se estivesse com dor de cabeça. Coisa que duvido não estar realmente. — Não custa nada a tratar bem. E isso não é um pedido — Maryse concluiu já se esgotando.

Antes que eu pudesse responder Maryse nos mandou descer para esperar a sobrinha de Rick, e assim com um ultimo olhar saiu para a sala, com nós a seguindo.

Não ia negar, estava muito curioso para ver quem é essa garota. Mas não era só eu, Alec e Izzy estavam também. Principalmente Isabelle que por mais que não quisesse admitir ela iria adorar ter uma garota nova no Instituto para servir de cachorrinho.

Entramos todos no elevador. Maryse parecia ansiosa, expressão estranha já que ela é sempre calma e impassível. Alec parecia tranqüilo e até mesmo um pouco feliz, como se fosse rever uma velha amiga. Izzy estava transbordando de curiosidade, o olho dela chegavam a brilhar de tanta ansiedade. E eu não estava com expressão nenhuma.

Quando o elevador parou logo saímos todos em direção a sala para ver a nossa nova moradora.

Chegando lá logo vi Rick com seu uniforme de caçador e uma garota ruiva na sua frente. Rick estava visivelmente desconfortável. A garota estava de costas para nós, e cruzadas em forma de X se via um par de Falcione bem afiadas. Ela estava com roupas normais de caçadores e sua mão direita estava repousada no cabo de uma lamina.

Quando a garota pareceu perceber nossa presença se virou. Observou cada um de nós com um olhar atento e curioso. Seus olhos verdes eram tão intensos quanto seus cabelos ruivos, seus lábios eram finos, mas ao mesmo tempo carnudos e quando a garota terminou sua “inspeção” sorriu. Não um sorriso de se mostrar os dentes, foi mais como um sorriso de escárnio, forçado. E mesmo assim eu ainda senti que com esse sorriso, geleiras poderiam ser facilmente derretidas.

POV Clary

Assim que meus pés tocaram o solo recebi um grande abraço. No começo fiquei constrangida e desconfortável, mas logo retribui afinal Rick ainda é meu tio e senti saudades, apesar de querer mandar a Jia se foder por me mandar para NY, mesmo sabendo que sempre evitei esse lugar.

Assim que Rick me soltou pude dar uma boa olhada nele. Alto, forte, ombros largos, olhos verde musgo, feições duras, cabelos um pouco grisalhos, bem diferentes do cabelo alaranjado do meu pai. Rick é o tipo de cara que te protege, mas em compensação é o primeiro a te dar uma espada quando preciso. Quando olhei em seus olhos vi um tipo de orgulho misturado com felicidade e saudade. Assim que percebi o ultimo sentimento desviei o olhar.

—Bem vinda a NY Clarissa. – Disse Rick percebendo meu desconforto. — Como está?

Rick estava visivelmente desconfortável e desorientado, e isso me divertia um pouco. Nada como pessoas desconfortáveis perto de você.

—Obrigado Rick— Agradeci um pouco distraída — E estou bem. — Disse enquanto ele me guiava até a entrada do Instituto. — E você? Como vai? — Perguntei olhando de lado para ele.

— Vou bem. — Disse ainda mais desconfortável. Nesse momento estava me segurando muito para não rir.

Nesse instante já estávamos dentro do Instituto e Alarick parecia a ponto de sair correndo. Mal de família, pensei com ironia, os Kristen nunca sabem como agir. Um momento depois da minha observação Rick parou.

O olhei interrogativamente.

— Vamos esperar aqui. Maryse já deve estar vindo com os meninos — Explicou Rick passando a mão no pescoço em sinal de nervosismo, seus olhos não conseguiam focar em um só lugar. Estava mais do que obvio que ele estava nervoso.

Resolvi ignorar.

Estava com a mão em Katara quando ouvi um familiar “TEC TEC” de saltos se aproximando. Em poucos segundos senti a presença deles. Seus sentimentos eram confusos, um pouco inseguros, mas amigáveis. A curiosidade era o sentimento mais perceptível.

Assim que chegaram, Rick me lançou um olhar apreensivo que como todo o resto eu resolvi ignorar e me virei.

Havia 4 pessoas ali. Uma mulher alta, cabelos pretos, saltos, com os olhos castanhos atentos. Uma garota ao seu lado, bem parecida com a mulher, olhos castanhos, alta, com saltos só que era de aparência bem mais jovem. Alexander que logo reconheci pelas feições que não mudaram quase nada, apenas amadureceu ao passar dos anos, e um garoto loiro, bonito, seus olhos era de um dourado penetrante e um sorriso de lado realmente encantador. Bonito, muito bonito. Sua beleza era quase angelical. Belo, porem letal. Mas nada que eu já não tenha visto antes. Os dois garotos estavam um pouco suados, e suas espadas estavam embainhadas, o que me fez pensar que eles deveriam estar treinando antes de eu chegar.

Assim que terminei minha observação dei um leve sorriso de escárnio, um pouco forçado, mas o suficiente. Assim que ia me apresentar Rick falou.

—Pessoal essa é minha sobrinha Clarissa. – Falou Rick com certo orgulho na voz. — Clarinha esses são Maryse — Disse apontando para a mulher alta, de castanhos penetrantes. — Isabelle — Apontando para a morena alta — Alexander — Disse me mostrando Alec que deu um pequeno sorriso — E por fim, Jace. — Disse apontando para o garoto de olhos dourados com aparência predadora.

A primeira a se aproximar foi Maryse.

— Seja bem vinda Clarissa. Sinta-se em casa. — Disse Maryse me dando um pequeno abraço que retribui com pouco entusiasmo.

— Obrigada Sra. Gideon. — Disse quando saímos do abraço — E me chame de Clary, por favor. — Pedi com um pequeno sorriso.

Maryse retribuiu e acenou positivamente com a cabeça, logo se afastando dando lugar a sua filha Isabelle.

— Oi Clary. E pode me chamar de Izzy — Disse me dando um pequeno abraço rápido. — Seja bem vinda a família. — Disse com sinceridade.

Logo veio Alec que logo me dando um abraço e um sorriso tímido que logo retribui, mas ao contrário dos outros sorrisos, esse era verdadeiro.

— Oi Clary. Que bom te ver — Disse Alec saindo do abraço. — E a propósito — Disse Alec agora com um grande sorriso. — Seja bem vinda a família.

Dei um leve aceno com a cabeça e olhei para o loiro que não fez nem menção em se mexer.

Até que Alec lhe deu um empurrão e ele pareceu acordar de seus devaneios.

— Ah, oi, Clarinha — Provocou o loiro repetindo o modo como Rick me chamava e com um sorriso que faria garotas comuns pularem na frente de um carro por ele.

—Oi Jace — Falei um pouco entediada, o que fez Alec e Izzy gargalhar.

Ignorei esse fato e olhei pra Jace. Ele poderia ser lindo, mas sua arrogância e tentativa de me provocar me davam tédio.

Jace lançava um olhar assassino para Alec e Izzy enquanto Maryse e Alarick olhavam para os dois como se fossem loucos.

Percebi que Jace estava prestes a iniciar uma briga com os Lightwood quando Rick o interrompeu.

— Então querida o que teremos para o jantar? — Perguntou Rick se dirigindo a Maryse. — Estou morrendo de fome. — Exclamou tentando aliviar um pouco a tensão.

— Teremos pato assado — Respondeu Maryse com um sorriso agradecido a Rick. — Jace, Alec subam e tomem um banho. — Ordenou olhando para os meninos todos suados. — E Izzy querida, sinta-se livre para mostrar o Instituto para Clary e levá-la até um quarto. E eu vou para a cozinha terminar o jantar, Rick me acompanha? — Perguntou Maryse com um pequeno sorriso logo sendo retribuída e seguida por Rick que antes de ir me deu um breve sorriso. — E a propósito o jantar sai às 21 horas — Gritou Maryse já da cozinha.

Quando olhei ao redor Alec e Jace já haviam ido. E Isabelle estava me esperando um pouco impaciente. A olhei por alguns segundos e quando ela estava prestes a me apreçar eu falei.

— Você esta ocupada. Não precisa se preocupar comigo eu sei me virar. Pode ir — Disse calmamente pegando minha mala que estava no chão e seguindo para onde Alec e Jace foram.

Izzy estava surpresa e logo sorriu.

— Obrigada Clary. — Agradeceu Izzy, mas eu já estava no corredor seguindo para a parte dos quartos. Geralmente nos institutos é na ala norte.

Andava meio distraída, a estrutura ao redor não me agradava muito. Lembrava-me a Garde. Era um estilo medieval com Gárgulas e tudo mais. Seu Glamour era de aparência mais velha ainda. Apreciava o jeito que os mundanos passavam aqui e nem percebiam que um castelo estava a sua frente. Era hilário como conseguiam se apaixonar por Harry Potter, mas não conseguiam ver uma estrutura enorme e esbelta a seu redor. Mas devo admitir que Harry Potter seja muito bom.

Quando estava chegando à ala norte do Instituto, ouvi algo. Uma melodia, tocada no piano com todo seu esplendor. Reconheci com uma das sinfonias do Renascimento. Percebi que era de Orlando Gibbons: The silver swan.

Olhei em volta, coloquei a mala no chão e fui sorrateiramente até a sala que saia a bela musica.

Assim que cheguei lá, abri ligeiramente a porta e vi que era uma sala de musica. Havia diversos instrumentos, mas o piano foi o único que meu chamou atenção, e me surpreendi com quem estava tocando tal sinfonia. Era Jace, ele estava com os olhos ligeiramente fechados e parecia em seu próprio mundo. Era uma linda visão.

Me aproximei a ponto de ficar em suas costas e encostar na parede com os braços cruzados, inclinei um pouco a cabeça para o lado direito e fiquei o observando.

Se eu quisesse matá-lo já teria o feito, e ele nunca nem saberia quem ou como foi sua morte, pensei debochadamente.

Continuei ali ouvindo até ele terminar a sinfonia. Em momento algum ele percebeu minha presença.

Assim que ele terminou parou e ficou olhando para frente, provavelmente divagando sobre algo. Havia uma janela bem atrás do piano e a luz da lua batia em seu rosto e seus olhos dançavam junto com a luz, a cor ficando mais intensa e mais suave, parecendo um mar dourado. Era incrível.

Quando achei que já estava na hora de ir, pigarreei. Um som ligeiramente alto e que fez o loiro pular de seu banco e me lançar uma adaga, que com um movimento rápido com as palmas das mãos a parei, a centímetros do meu rosto.

Jace se assustou com meu movimento e ficou paralisado. Seu olhar e suas expressões nada demonstravam e isso era interessante.

— Desde quando esta aqui? — Perguntou mostrando curiosidade — Sabia que eu poderia ter te matado? — Agora ele parecia irritado.

— Dificilmente poderia me matar. — Respondi divertida olhando a adaga com curiosidade. Na adaga havia um padrão de garças voando. Logo reconheci como o símbolo da família Herondale. — E respondendo sua pergunta, estou aqui há alguns minutos, não se preocupe. Só fiquei curiosa. É raro ouvir alguém tocar orquestras da época renascentista. — Respondi ainda olhando a adaga.

— Reconhece a musica? — Perguntou Jace meio desconfiado.

Orlando Gibbons: The silver swan. — Respondi meio que mecanicamente.

Olhei para a janela, a lua estava sendo escondida por uma nuvem e notei que não estava ali por apenas alguns minutos.

Senti o olhar de Jace sobre mim, resolvi que já era hora de ir. Precisava arrumar um quarto.

Me virei e sem me despedir coloquei a adaga Herondale em cima do piano e sai da sala.

Enquanto saia, senti o olhar de Jace sobre mim e fechei a porta. Olhei para os lados e peguei minha mala e segui para a ala dos quartos. Poucos minutos depois encontrei um vazio e me organizei lá.

Roupas no armário, botas atrás da porta. Deixei Katara em cima de uma mesa no canto e retirei o par de Falcione das costas as deixando como enfeite na parede, logo acima da mesa.

Olhei ao redor. A mesa no canto, um guarda-roupa de madeira, uma porta que daria para o banheiro, uma colcha cinza que me agradou um pouco e na parede em cima da cama havia uma janela que dava aos fundos do Instituto. Dali dava pra ver o local em que eu havia saído do portal.

Depois de arrumar tudo resolvi tomar outro banho. Peguei roupas mundanas. Calça jeans, e uma camiseta branca sem mangas de uma banda mundana chamada Red Hot Chili Peppers e deixei o cabelo em um coque mal arrumado com alguns fios soltos.

Assim que terminei dei uma olhada no espelho e vi que estava até bem. Olhei para a janela e vi que ainda tinha uns 10 min. antes que alguém venha me chamar para jantar.

Fui em direção ao guarda-roupa e peguei a pasta que Jia havia me entregado na Garde.

Abri na primeira parte.

Emil Pangborn.

Status: Desaparecido

Espécie: Caçador de Sombras

Fidelidade: Valentin Morgenstern

Afiliação: o Ciclo de Valentin.

Família: Anson Pangborn (irmão).

Sexo: Masculino.

Descrição física: Magro, bigode grisalho, barba e mãos de dedos longos. Dentes brancos e muito afiados.

Complemento:

Fugiu após o fracasso da tentativa de parar os acordos, pois não queria testemunhar contra Valentin. Ajudou na morte de Michael Wayland e depois foi considerado morto pela Clave até ressurgir em Nova York e assassinar 5 Caçadores de Sombras.”

Assim que terminei de ler a ficha de Emil passei para a de Samuel.

“Samuel Blackwell

Status: Desaparecido.

Espécie: Caçador de Sombras.

Fidelidade: Valentin Morgenstern.

Aflição: O Ciclo de Valentin.

Sexo: Masculino

Cor do cabelo: Vermelho.

Descrição física: Grande e corpulento. Cabelos ruivos e curtos e dedos grossos. Sua pele parece roxo escuro, devido ao fato de suas brincadeiras com magia negra. Suas maças do rosto parecem brilhantes, como se estivessem esticadas demais.

Complemento:

Aderiu ao Ciclo de Valentin um pouco antes dos acordos. É um dos membros que confiam plenamente em Valentin. Fugiu de Idris com o fracasso da missão. Escondeu-se durante anos até que reapareceu em Nova York com o assassinato de 5 Caçadores de Sombras. Há suspeitas que ajudou na morte de Michael Wayland.

Quando ia passar para a próxima página ouvi barulhos no corredor. Levantei calmamente em direção ao guarda-roupa e guardei a pasta.

No momento em que fechei a porta do guarda-roupa alguém bateu na porta.

Caminhei até ela e a abri, vendo Isabelle com um pequeno sorriso dançando em seu lábio e com as bochechas coradas.

A encarei por alguns instantes até ela perceber e falar.

— O jantar já está pronto. — Disse Izzy explicando o motivo de estar ali — Mamãe pediu pra eu vir te chamar. — Completou Isabelle um pouco desconfortável.

Coloquei um sorriso no rosto, dei um leve aceno com a cabeça e sai do quarto.

—Então Clary quantos anos tem? — Perguntou Izzy em uma tentativa de começar uma conversa.

Apreciei o ato e respondi educadamente.

— 17 e você Izzy?— Perguntei tentando forçar interesse. Eu realmente preferia o silencio.

— 17 também. — Respondeu Izzy logo se calando.

Olhei para ela de soslaio e percebi que ela queria fazer uma pergunta. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa para impedir ou incentivar Izzy falou.

— Clary ta tudo bem pra você essa historia do seu tio se casar com a minha mãe? — Perguntou Izzy com um pouco de medo de soar indiscreta.

Sorri de lado e respondi.

— Claro que sim. Sua mãe esta feliz, meu tio esta feliz então não há razão para eu me sentir mal com isso. Fico feliz pelos 2. — Respondi educadamente.

— Claro, mas é que com seus pais mortos e Rick sendo seu único parente vivo ..

— Já disse que esta tudo bem Lightwood. — Respondi meio ríspida, o que pelo lado bom deu a conversa como terminada.

Seguimos o resto do caminho em silencio. Estava pensando sobre a ficha dos Integrantes do Ciclo. Não havia nada ali que pudesse me ajudar a encontrá-los. A informação era escassa. Se eu quisesse encontrá-los teria que quebrar as regras.

Até que uma lâmpada se iluminou na minha cabeça. Jia queria que eu quebrasse as regras. Jia me conhecia, sabia que eu não me importava em negociar, torturar ou até mesmo matar alguns seres do submundo para obter informações privilegiadas.

Dei um sorriso irônico. Inquisidora vadia.

Assim que chegamos à sala de jantar senti um cheiro ótimo de pato assado. Observei que a mesa estava cheia, tinha frango, pães, bolos, carnes, e outras coisas. Fiz uma careta internamente pensando que mesmo com toda essa comida ainda prefiro o bom e velho macarrão com almôndegas.

A mesa já estava cheia. Maryse na cabeceira. Alec ao lado direito de Maryse. Jace ao lado direito de Alec e Rick na outra ponta da mesa em frente à Maryse. Só tinha 2 lugares vagos, que era do lado de Alarick no lado esquerdo e ao lado de Maryse do mesmo lado. Eu sentei ao lado de Rick, e Izzy ao meu lado que conseqüentemente era ao lado de Maryse.

Assim que me sento vejo um par de olhos dourados me encarando com certa curiosidade. Os cabelos de Jace estavam molhados e ele estava com uma camiseta branca, não conseguia ver o resto de sua roupa, pois já estava sentada.

Quando nos sentamos todos começaram a se servir em um silencio no mínimo desconfortável. Quando estava colocando um pouco de purê de batatas no meu prato senti olhares sobre mim.

Assim que levantei a cabeça vi todos me encarando inclusive Rick que pelo seu olhar estava se divertindo com a situação.

Quem quebrou o silencio foi Jace.

— Bom você não é uma aberração ou feia como eu pensava. — Falou Jace.

No mesmo momento todos os presentes olharam repreensivamente para ele, menos eu. Levantei o olhar do meu prato e o encarei. Seu olhar era zombeteiro e provocativo.

— Já não posso dizer o mesmo de você. Sempre tive a certeza que os Herondale são arrogantes e narcisistas. — Respondi com o sorriso mais encantador que consegui.

Jace pareceu meio fora do ar por um instante, mas logo assumiu uma pose ofendida e colocou a mão no coração.

—Como pode pensar tão mal de mim Clarinha? — Perguntou Jace com uma falsa voz ofendida.

Dei um sorriso e voltei a comer ignorando o Herondale. Todos começaram a rir e Rick me deu uma piscadela. Logo fui chamada por Alec.

— Como vai Alicante Clary? — Perguntou o moreno de olhos azuis.

— Na verdade eu não sei. Quase não tenho estado lá. Estava no Instituto de Paris. Cheguei hoje em Alicante e vim direto para cá. — Respondi tranquilamente para Alec.

De certa forma por eu já conhecer Alec ele é o único na mesa que eu conseguiria ter uma conversa tranqüila e sem ter muita desconfiança.

— Entendi. Viu Max por lá? — Perguntou Alec um pouco esperançoso.

Pensei um pouco e me lembrei que Max é o irmão mais novo de Alec.

—Não. Mas agora entendi o atraso do Cônsul — Respondi a Alec que fez uma careta ao ouvir o nome do pai.

Nesse momento todos na mesa estavam envoltos em uma conversa. Alec e eu, Jace e Rick e Isabelle e Maryse que pareciam mais estar brigando.

Quando estava colocando uma garfada de pato assado com purê na boca Alec disse um pouco alto de mais.

— Clary a propósito, Magnus pediu para você ir vê-lo assim que puder — Avisou Alec voltando para seu prato.

—Clary não sabia que ainda tinha contato com Magnus – Disse Rick meio curioso pegando um pedaço de pão e colocando molho nele.

—Magnus é um dos bruxos mais confiáveis depois de Ragnor Rick. E ele ainda é um dos representantes então sempre o vejo nas reuniões. — Respondi tranquilamente, e sem dar muita importância. — E avise ao Magnus que o verei em breve – Dei um pequeno sorriso e voltei a comer.

O mais breve possível de preferência. Não menti quando disse que Magnus é um dos melhores feiticeiros e um dos mais confiáveis. Magnus era muito amigo dos meus pais, desde que sai da cidade do silencio sempre que preciso de um feiticeiro para certas missões eu o chamo e claro pago muito bem pelos seus serviços. E ele é um bom amigo e uma boa fonte de informação sobre o que acontece no submundo. Esse é o principal motivo para precisar ir vê-lo.

Alec deu um leve aceno e voltamos a comer.

— A comida esta boa Clary? — Do nada pergunta Izzy saindo de sua conversa com a mãe para se dirigir a mim.

—Claro que sim — Respondi.

—Que bom, foi eu que fiz claro que minha mãe ajudou. – Izzy disse toda orgulhosa.

E então todos que estavam na mesa explodiram em risadas, dizendo que Izzy não sabia nem fazer macarrão instantâneo (o nosso querido miojo só que com nome chique u.u). E assim foi o resto do nosso jantar, ouvindo piadas de como Izzy não sabe cozinhar ou quão mal ela cozinha ou que nem alguém que morresse de fome iria querer comer a comida dela e assim por diante. Realmente achei aquela situação engraçada, todos ali estavam agindo como uma família, até Rick estava quase se engasgando de tanto rir. E eu com um leve sorriso observando a tudo com interesse.

Quando o jantar acabou me ofereci a ajudar a lavar os pratos e Maryse aceitou. Enquanto todos seguiam para seus devidos quartos, eu e Maryse fomos para a cozinha limpar as coisas.

Eu ia lavando enquanto ela ia secando e guardando. Não falamos muita coisa. Acabamos e eu fui me despedir, mas ela me olhava como se quisesse falar algo, mas que não soubesse como.

— Tem algo que queira me falar Sra. Gideon? — Perguntei a olhando nos olhos. A maioria das pessoas se sente intimidadas quando isso acontece, mas Maryse não, ela se sentiu um pouco desconfortável, até tentada a desviar o olhar, mas seu treinamento de anos a impediu.

— Tem sim Clary, sente-se – Agora ela estava no tom e na postura de mulher de negócios que era.

Fiz o que ela pediu, estava curiosa para saber o que ela tinha pra me falar que trazia tanto desconforto.

—Eu queria te perguntar como você esta em relação a mim e seu tio. Afinal faz anos que vocês não se vêem e .. — Ela parou no meio da frase com medo de terminar.

—E meus pais morreram e ele é toda família que me resta. — Completei a sua frase a olhando nos olhos com certo divertimento.

Só acho que já falaram as mesmas coisas pra mim hoje, pensei com ironia.

Pra maioria das pessoas isso seria muito ruim, e pra mim é ate talvez pior. Mas nunca deixaria ninguém ver o quanto dói, pelo menos não qualquer um.

Ela me olhou espantada pela minha sinceridade e ficou me encarando pra ouvir minha resposta.

—Não se preocupe Maryse— Disse a reconfortando —Ver meu tio feliz é tudo que importa, se você o faz feliz vou estar o apoiando sempre, e se ele a faz feliz, a forma que me sinto a respeito a isso vai ser sempre positiva e eu vou sempre apoiá-los. – Disse com um leve sorriso e com sinceridade. Afinal pelo menos um dos Kristen merece um final decente e talvez até feliz.

Maryse prestou atenção em cada palavra que eu dizia e sentiu um alivio enorme quando a respondi.

—Bom agora se me permite vou me retirar. Boa noite Sra. Gideon. —Avisei me levantando.

—Boa noite Clary. — Maryse estava com um pequeno sorriso nos lábios. — E, por favor, me chame de Maryse.

A observei por alguns segundos e reparei que nada nela mais lembrava àquela mulher que eu via ao lado de Robert. Fria, triste e até um pouco sem vida. Ela agora estava feliz e até mesmo radiante. Acho que não é só os Kristen que merece um final feliz.

Parei de devanear e fui andando em direção aos quartos. No meio do caminho ouvi um barulho vindo de uma porta a alguns metros. O barulho era de uma cadeira sendo arrastada. Não era um barulho alto, em ouvidos humanos seria imperceptível. Até mesmo um caçador poderia não notar. Mas eu notei.

Caminhei silenciosamente para onde vinha o barulho, até que ouvi uma tosse, não bem uma tosse, mas sim uma limpada de garganta. E a pessoa que mais tinha o costume de fazer isso era Rick.

Dei 2 “tocs” na porta e ouvi um “entre”. Abri e percebi que Rick não ficou surpreendido por ser eu.

Olhei em volta e percebi que era a biblioteca. Fiquei olhando a quantidade de livros que tinha ali. Livros de demonologias, Como invocar um demônio, Anjos e como encontrá-los e assim por diante. A maioria desses livros eu tinha em minha biblioteca particular, mais ainda assim era incrível de se ver.

Rick me olhava curioso.

— Posso te ajudar em algo Clarinha? – Perguntou Rick como se estivesse falando com o pequeno bebê que era Clary quando pequena. Sua voz era suave e fraternal.

Foi a minha vez de o olhar com curiosidade. Ele havia acabado de falar comigo como se eu fosse um bebe. Meu olhar de curioso foi para intrigado e pude perceber um leve desconforto em Rick. Foi então que percebi que provavelmente ele havia acabado de lembrar algo do passado.

Dei um grande sorriso. Um daqueles sorrisos que não dava há muito tempo. Um sorriso verdadeiro. Aquele da bochecha alcançar os olhos e isso pareceu aquecer o coração do velho Rick, que retribuiu com a mesma intensidade que o meu.

—Na verdade estava passando e o escutei tossir, resolvi vir conversar. — Respondi tranquilamente com um sorriso amigável no rosto.

— Fico feliz em vir até mim para conversar — Respondeu Rick retribuindo meu sorriso amigável — Mas se for falar sobre sua missão, só amanha Clarinha, só amanha. — Rick disse com a voz de “não discuta comigo criança”.

O avaliei por alguns segundos e respondi.

—Tudo bem, eu espero. — Me dei por vencida, mas logo me lembrando de algo que me intrigou quando entrei — Rick porque não se surpreendeu quando viu que era eu na porta? — Perguntei intrigada.

— Porque de todos nesse instituto Clarinha, você é a única que bate na porta. – Respondeu Rick rindo.

Dei um sorriso. Ele estava bem feliz com tudo isso. O olhei por alguns segundos e resolvi continuar a conversa.

— Mas e o casamento? O que pretende fazer depois? — Perguntei pegando um livro qualquer e sentando a sua frente na mesa.

—Vamos viajar. — Respondeu Rick com uma careta — Alec já é maior e pode tomar conta do Instituto por 2 semanas. — Terminou com uma voz engraçada. Parecia que com aquelas palavras ele tentava convencer a si mesmo.

— E pra onde vão? – Perguntei folheando o livro mostrava os melhores jeitos de matar um vampiro.

—Roma — Rick respondeu — Diz que não há lugar mais romântico no mundo mundano. — Concluiu ainda com a careta. Rick nunca gostou de viajar.

Quando ia responder ouvi passos, mas Rick nem percebeu. Era um som de saltos, reconheci como os de Maryse.

—Tudo bem homem apaixonado, vou me retirar. Tenha uma boa noite. – Disse me levantando e indo em direção a porta.

No momento exato que Maryse ia por a mão na maçaneta eu abri a porta, e ela se assustou. Dei um pequeno aceno e ouvi um riso atrás de mim.

—Você nunca se cansa disso não é Clarissa? — Disse Rick atrás rindo.

—Velhos hábitos não são perdidos facilmente Rick. No máximo são aprimorados – Respondi e com um aceno Maryse entrou e eu fechei a porta seguindo para o meu quarto.

Quando estava no fim do corredor ouvi Maryse dizer “Como ela sabia que eu estava na porta”.

Achei graça do comentário e segui para o meu quarto. Eu tinha assuntos para resolver.


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Notas finais do capítulo

E aee coisas coisadas
Gostaram ?
E que assuntos são esses??
O que a Clary esta tramando em gente?
E a reação dos 2 quando se viram?
Bem diferentes né? kkkkkk'
Não me odeiem por isso kkk'
Bjs e até o próximo que posto quando estiver pronto
Bjão



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