Perdidit Memoriis escrita por Gabriely Giovanna


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Olá, não demorei tanto Haha'
Este capítulo é dedicado a todos que estão acompanhando e comentando a história..
Galera este capitulo é o começo de tudo.. Meu começo pelo menos.. Até agora vcs tiveram tudo narrado em 3ª pessoa e poucas em 1ª.. Mas este capitulo é 100% 1ª pessoa e essa pessoa é a Clary !!! kk'
Quero a opinião do que precisa ser melhorado U.u
Vou parar de mimimi
Até lá em baixo suas coisas coisadas ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/591294/chapter/8

Eu estava com dor, minha cabeça parecia que ia explodir, e eu ouvia vozes, ou só uma voz. Estava meio consciente sabia disso, os venenos tinham feito seu trabalho. Sabia também que acordaria em algumas horas, nenhum veneno do mundo me derruba por mais do que algumas horas.

Mas dessa vez é diferente, sinto uma energia diferente no meu corpo. Tentei levantar, mas esforços em vão. Corpo paralisado, mente enevoada, lentidão e fraqueza. Sentia uma dor forte no abdômen, provavelmente meu pior ferimento.

Minha mente estava divagando e em poucos minutos a inconsciência me tomou.

Esse fato se repetiu mais 3 vezes até que finalmente acordei. Na segunda estava sendo arrastada e a terceira mal me lembro.

Quando finalmente acordei estava em um quarto escuro, ensanguentada, suja e com cheiro de carne podre.

Nota mental: preciso ser mais cuidadosa, cheiro de sangue e podridão de demônio não me cai bem.

Acordei bem disposta e só confusa com o local que estava. Isso me preocupava, mas o ambiente não era hostil, eu podia sentir. Olhei para os lados, uma suíte, paredes brancas, pisos de madeira, janela atrás da cama fechada por uma cortina, mas se via alguns raios de luz, guarda-roupa e um pôster bem obsceno de alguma atriz mundana. Típico quarto de um adolescente mundano, e isso é muito estranho.

Levantei com cuidado para não forçar nada caso estivesse muito machucada, mas estava perfeitamente bem. Quando me levantei notei que estava descalça, mas com as mesmas roupas rasgadas e sujas de sangue.

Avaliei a camiseta para ver se encontrava algum indicio de por quanto tempo eu fiquei apagada. A camiseta estava grudada em meu corpo e o sangue estava preto e duro. O cheiro de podridão ainda era muito forte e eu ainda podia sentir indícios da adrenalina causados pela batalha.

Aproximadamente 8 horas desacordada, esse tempo todo foi mais por descanso do que por recuperação.

Olhei em volta do quarto e não encontrei nem meus sapatos e nem Katara, minha espada, eu podia senti-la não muito longe, mas não poderia arriscar, apesar do ambiente no momento não ser hostil eu sei que isso pode mudar em segundos.

Andei cautelosamente e sem fazer barulho algum, saindo do quarto fui parar em um corredor que se seguia para a descida de uma escada, só de me aproximar dela conseguia sentir Katara mais perto, mas ainda não podia arriscar.

Ainda cautelosa desci as escadas, estava descalça e desarmada, mas isso não me incomodou. Quando desci senti um cheiro bem comum para mim. Ovos mexidos e bacon. Meu estomago logo se pronunciou.

—Calma pequenina, já já iremos comer — murmurei dando 2 tapinhas na minha barriga.

As escadas davam para a sala, que conseqüentemente dava para a cozinha. Quando cheguei ao ultimo degrau da escada soube que a pessoa que estava na cozinha já sabia que eu estava acordada, do mesmo jeito que eu sabia que ele não tinha idéias hostis, sentindo sua vibração.

Existe um defeito muito grande em conter muito poder, todo e qualquer bom inimigo o sentiram de qualquer forma. Da mesma forma que senti o dele, ele sentiu o meu.

Mesmo sabendo que tinha alguém na casa, que por acaso já sei quem, que tem um alto poder, não me incomodei em andar tranquilamente pela sala e pegar Katara que estava em cima da mesa de centro junto com meu cinto e minhas adagas, mas só peguei Katara.

A sala tinha dois sofás pretos, piso de madeira, TV, mesa de centro e um tapete branco. As únicas saídas eram a porta da frente, as escadas e a cozinha.

Dei uma olhada em volta e segui para a cozinha que era onde eu devia ir.

Andei tranqüila e relaxadamente. Katara na minha mão, não por precaução, mas sim porque não estou acostumada a ficar sem ela. O cheiro ficava cada vez mais forte e gostoso e meu estomago protestou novamente.

Chegando na cozinha vi o feiticeiro de algumas horas atrás, mas invés de moletom o feiticeiro usava uma camiseta cinza, calça jeans e chinelo, sua expressão era cansada, seus olhos antes azuis vivos agora estavam opacos e com manchas roxas ao redor e como antes ainda mantinha um sorriso encantador nos lábios, mas esse sorriso era suave e cansado como o próprio. Reparei que ele não tinha músculos, na verdade ele era bem magro, mas se via que sua resistência física não era pouca. Havia uma faixa em sua mão esquerda e um hematoma no queixo.

Encostei meu ombro no batente da porta e olhei ao redor. Sol batia na janela no lado oposto, uma pia, nenhuma porta, nenhuma rota de fuga para o feiticeiro, uma pequena mesa encostada na parece, cadeiras e armários de madeira, fogão, geladeira, coisas comuns para uma cozinha. Assim que terminei o olhar sobre o local, observei o feiticeiro. Ele havia acabado de terminar os ovos e estava colocando os pratos na mesa. Apesar de sua mão esquerda machucada, ele parecia não ter dificuldade nenhuma em fazer as coisas.

—Você ontem causou uma grande confusão Clarissa — Disse o feiticeiro se virando e me olhando intensamente — Esse é seu nome não é? Clarissa?— O olhar do feiticeiro não era nada mais do que provocativo, mas resolvi ignorar.

— Sim feiticeiro — Disse tranquilamente indo em direção ao armário.

Essa coisa toda estava me dando fome. Mais do que eu já estou.

—Thiago, meu nome é Thiago — Informou — Não feiticeiro — Completou calmamente com um sorriso.

—Prazer Thiago — Disse vasculhando os armários, a procura de um prato. — Então onde você guarda os pratos? Estou com fome — Resmunguei.

— No armário de baixo Clarissa. Pegue um pra mim também, por favor — Pediu Thiago indo em direção a mesa com o prato de ovos mexidos e bacon nas mãos.

—Claro — Confirmei pegando 2 pratos e indo em direção a mesa, me sentando na cadeira da ponta enquanto Thiago estava sentado na cadeira oposta a minha. Repousei Katara em cima da mesa e a deixei ali.

Thiago pegou os pratos e nos serviu em seguida entregando o meu prato a mim.

—Obrigada— Agradeci começando a comer. Felizmente já tinha talheres na mesa e não precisei levantar.

A maior parte do tempo eu senti o feiticeiro me observando. Era desconfortável, mas suportável, afinal ele fez o café da manha, que estava delicioso.

Quando terminei ergui os olhos e o vi observando não a mim, mas Katara.

— Você se sente tão ameaçada por mim a ponto de trazer a mesa uma arma tão letal Clarissa? — Zombou Thiago.

—Por que eu me sentiria ameaçada por alguém que se deu ao trabalho de me salvar?— Argumentei divertidamente.

Isso pareceu surpreender o feiticeiro que estava agora me olhando curiosamente.

—Como sabe que eu te salvei?— Perguntou com um divertimento obscuro em seus olhos.

—A questão aqui não é como, e sim, por quê? — Perguntei cuidadosamente, não queria assustar o feiticeiro — Porque salvou a pessoa que queria te matar a poucas horas atrás? Porque salvou um ser de uma raça tão imunda e corrupta? Não pense que não sei que é isso que pensa sobre nós feiticeiro Thiago. — falei acusadoramente olhando pra ele agora estava se mostrando irritado — Por quê? —Terminei passivamente.

— Porque querendo ou não você me salvou caçadora — Disse com um desgosto evidente nas palavras olhando para o próprio prato como se só olhar pra mim fosse repugnante—Lhe devia isso. Mas não pense que acabou— Acrescentou com a voz irritada—Ainda vou te matar e ..

— Sim, acabou — Ordenei agora com raiva—Não irei te matar feiticeiro Thiago, você me ajudou e esta aqui agora passivo comigo. Você não quer me matar e eu não quero te matar. Se eu quisesse teria feito isso ontem mesmo. Não tente forçar uma inimizade que não precisa existir. Estou aqui diplomaticamente para acertar suas pendências para e com a Clave. Não irei te matar e pretendo não precisar te agredir. Ontem quis se divertir lançando um feitiço em minha lamina, mas não percebeu que a lamina é envolta de um grande poder como a portadora também. — Completei friamente.

— E ainda assim consegui abater uma das melhores caçadoras de sombras da atualidade. Se não a melhor — Retrucou ironicamente — Sim eu sei da sua historia Clarissa. 8 horas são mais que o suficiente para colher informações no submundo. — Acrescentou todo orgulhoso.

— Você quer dizer fofocar não é?— Perguntei com uma falsa indignação e divertimento claro na voz — Pelo Anjo vocês do submundo são piores que mulher em salão de cabeleireiro. — Zombei me recostando na cadeira e sorrindo ironicamente.

Isso pareceu irritar o feiticeiro que se inclinou um pouco pra frente e me olhou furiosamente.

— Cuidado com sua língua caçadora. Sua diplomacia pode ser muito bem arrancada de você com um simples estalar de dedos. — Ameaçou.

— Não se esqueça feiticeiro que com muito menos eu posso encravar uma espada em sua garganta. Não o mataria, mas é muito desconfortável não ter como respirar — Alertei. Uma voz tranqüila e ameaçadora, uma tonalidade suave.

Isso deixou o feiticeiro desconfortável que logo mudou de assunto.

— Porque esta usando sua “diplomacia” comigo caçadora? Um membro foragido do submundo com algumas mortes mundanas nas costas, perseguido por lobisomens e rejeitado pelos próprios semelhantes? — Disse amargurado e desconfiado.

— Simples na verdade feiticeiro Thiago. Você tem muito mais a oferecer vivo do que morto. Você é poderoso, esta nesse mundo com seus poderes a pouco tempo, apesar de historias como a sua serem contadas a milhares de anos. —Comentei olhando em seus olhos que aparentaram surpresa— O Flautista de Hamelin, o lugar onde era infestado de ratos por causa da comida dos cidadãos, eis que surge um homem que com sua flauta encanta os ratos e os joga em um rio, mas quando volta para receber sua recompensa não a recebe, pois os cidadãos da cidade são mesquinhos e ingratos, então com sua flauta encanta todas as crianças da cidade e as leva para um lugar muito distante, onde nunca mais foram encontradas. —Narrei a historia de milhares de anos atrás quase como mecanicamente — Se identifica com algumas partes feiticeiro Thiago?—Não esperei que respondesse— Acredito que sim já que a Clave fez o mesmo com você — Disse olhando desafiadoramente para ele, como se quisesse que ele protestasse, mas não o fez — Usou seus poderes para seus próprios fins e não te deu a recompensa prometida. E você não havia pedido nada demais alem de proteção. Estou certa?— Disse arqueando a sobrancelha esquerda.

—Como você sabe.. — Ia perguntar, mas o cortei e continuei a falar.

— Vejo que sim, por isso estou aqui diplomaticamente feiticeiro Thiago. A Clave lhe devia proteção.. — Dizia até o feiticeiro me cortar.

— Mas não o fez. — Acusou com raiva.

Isso me irritou, apesar de já esperar a acusação. O olhei afiadoramente.

— Saiba que a Clave não é só composta de pessoas corrompidas e desumanas feiticeiro. Eles podem ter descumprido sua própria lei, não significa que eu farei o mesmo. Tenho uma divida com você. Apesar de ter certa idade é apenas uma criança que descobriu a pouco o que é e em que mundo faz parte. Não jogue o lixo da Clave em mim feiticeiro Thiago, tenho minhas próprias leis para seguir — Disse me levantando, pegando Katara e saindo em direção a sala onde peguei meu tênis, meu cinto e adagas rapidamente chegando à porta. Quando coloquei a mão na maçaneta o feiticeiro me chamou. Sorri, mas sem ele perceber.

— Espere caçadora. Você ainda não respondeu minha pergunta. — Falou o feiticeiro com uma voz grave.

Virei e o encarei interrogativamente.

—Se sentia tão ameaçada por mim a ponto de trazer uma arma à mesa? —Perguntou todo condescendente.

O encarei com um sorriso zombeteiro.

— Posso te responder isso se me preparar um pouco mais daqueles ovos mexidos com bacon. — Anunciei brincalhona.

— Acho que posso te ajudar com isso caçadora. —Concordou o feiticeiro me encarando.

Sustentei esse olhar por algum tempo até que perguntei.

— Então o que esta esperando feiticeiro. Um pedido oficial? Vamos logo para a cozinha. — Exclamei indo em direção a cozinha com o feiticeiro logo atrás.

Na cozinha o ambiente estava muito mais leve. Thiago pegava as coisas para fazer os ovos mexidos e o bacon enquanto eu me sentava à mesa e o observava.

Durante um tempo ficamos em silencio até o feiticeiro se pronunciar.

— Então o que esta esperando caçadora. Um pedido oficial? ­— Repetiu minha frase anterior meio zombeteiro. — Vamos, responda a minha pergunta. —Exclamou curioso.

Pensei um pouco sobre o assunto e o respondi.

—Não me sinto ameaçada por você ou por seu poder. Mas Katara é algo que faz parte de mim. Não conseguiria nem se quisesse deixar ela de lado por alguns minutos. — Respondi verdadeiramente.

— Sei como se sente—Comentou o feiticeiro—Ou melhor, sabia, já que você quebrou minha flauta — Disse brincalhão, mas seu olhar era meio triste.

Me senti um pouco mal assim que ele falou isso, afinal todos temos um objeto a qual se apegar, e o dele era a flauta que eu justamente quebrei.

— Sinto muito feiticeiro Thiago. O ajudarei a consertar sua flauta assim que eu puder. — Prometi.

— Não se preocupe com isso. Mas caçadora como sabia que era eu àquela hora? — Perguntou curioso.

— Quando você esbarrou em mim na rua? — Perguntei recebendo um aceno afirmativo em resposta. — Você tocou em Katara. — Respondi e isso pareceu confundi-lo — Minha lamina é muito poderosa, ela tem muitos feitiços protetores e um poder próprio muito grande. Os feitiços para com a lamina são para escondê-la. Qualquer um que a visse a reconheceria, por isso não é qualquer um que a pode ver. Só seres com muita magia e poder. Como você. — Respondi e ele logo entendeu.

— Ah sim. Então foi assim que descobriu que era eu? — Perguntou meio que retoricamente. Resolvi responder.

—Sim. Na verdade estava te caçando a algumas semanas feiticeiro Thiago. E de alguma forma sabia que iria te encontrar no Arco do Triunfo. Afinal é onde este esconderijo esta. — Olhei divertidamente.

—Como sabe tanto sobre mim caçadora? Não entendo como você pode saber tanto sendo que meus inimigos mais antigos passaram anos só pra saber que eu tenho uma casa enfeitiçada. — Perguntou admirado.

— Não foi tão difícil, na verdade foi minha primeira conclusão. Sabia que seria quase impossível de te encontrar. Então procurei locais onde a magia era alta, como portais e coisas do tipo. E achei uma grande atividade em Paris. Então te encontrei. Não se engane. Não foi por acaso. Eu sabia que sua casa era nesta rua. Já estou aqui há alguns meses. Te observava de longe e não te parei em seus assaltos mundanos por que eu não poderia me envolver. Ah e para esclarecer você não tem mortes mundanas nas costas, só de filhos da lua e da noite. — Disse o olhando seriamente, já estava na hora de esclarecer os fatos — A Clave mentiu pra você, mais de uma vez filho de Lúcifer. — Disse olhando em seus olhos, o que eu disse o surpreendeu, mas logo voltou ao normal. — E eu estou aqui para cumprir a palavra da Clave. — Anunciei tranquilamente — Mas devo admitir que minha real missão era matá-lo, mas essa não foi minha intenção em nenhum momento. —Admiti — Espero que aceite minha ajuda e proteção filho de Lúcifer. — Propus.

Thiago havia terminado os ovos e o bacon e os colocado em um prato na minha frente. Ele me olhava calculadamente e por fim disse:

—Por que devo confiar em você caçadora? — Perguntou o feiticeiro já um pouco esgotado.

Olhei em seus olhos e dei um sorriso de canto perigoso com um olhar divertido e zombeteiro.

— Porque eu tenho minhas próprias leis para seguir. — Completei pegando meu garfo e indo comer, até que vejo um papel queimando na minha frente. Clave.

Peguei o papel e com o olhar curioso de Thiago em mim o li em silencio.

Parabéns pela missão cumprida Clarissa. A Clave esta muito satisfeita com você. Venha imediatamente para Idris. Tenho um comunicado e uma nova missão para você.

–Atenciosamente Inquisidora Jia Penhallow.

Ao terminar de ler dei um sorriso cansado. Outra missão pela frente. Mal acabei essa e agora tenho outra.

Levantei o olhar até o feiticeiro e exclamei.

— Nesse exato momento em Idris todos pensam que você esta morto. Acho que você não tem muita escolha a não ser deixar eu te ajudar com o submundo. — Falei sorrindo.

— Sim, acho que não tenho. — Disse o feiticeiro um pouco aliviado. Seus ombros que estavam tensos agora estavam mais relaxados. E um sorriso queria aparecer em seus lábios.

Com essa resposta me levantei, acho que deixei minha saída bem clara quando pronunciei a Clave. Olhei para o feiticeiro novamente e ele parecia indeciso sobre algo. Até que se pronunciou.

— Caçadora?! — Me chamou o feiticeiro.

— Sim? — Perguntei arrumando minhas coisas.

— Jure pelo anjo que me ajudara. — Disse o feiticeiro.

Dei um sorriso fraco. Claro que iria jurar.

— Eu juro pelo anjo te proteger feiticeiro. — Disse seguindo até a parede ao lado da porta de saída.

— A propósito. — Disse me virando e olhando para o feiticeiro — Saia de Paris, vá para Londres e amanha às 15 horas encontre Logan Warlook na torre do relógio. Ele ira te ajudar a meu pedido. Dou-lhe a minha palavra. — Disse séria.

Antes de ele responder eu já havia pegado minha estela e feito um portal para Idris. Antes de entrar por completo consegui ouvir um fraco “Obrigado caçadora” do feiticeiro e assim logo o redemoinho que era o portal me tomou e eu estava em Idris, nas florestas de Brocelind, que era o local mais próximo que eu poderia chegar da cidade de Vidro.

Olhei ao redor e vi o Lago Lyn. Me lembrei das primeiras vezes que quase morri afogada nesse lago. Pelo menos todas às vezes eu não engoli nenhuma gota de água. Suspirei alto. Vai ser um longo caminho até a Garde onde encontrarei Jia.

Me lembrei de Imogen Herondale a antiga Inquisidora que morreu um pouco antes da batalha contra o exercito de Valentin depois veio Aldertree, nunca gostei tanto de ver um caçador de sombras morto .Aqueles dois realmente me odiavam. Nunca entendi o porquê. Felizmente Jia é maleável, dá pra conversar e manter algum respeito em sociedade. Me lembrei do antigo cônsul Malaquias Dieudonné. Outro traiçoeiro. Morreu nas mãos de Hugin o pássaro de Valentin. Os 2, Malaquias e Aldertree, de alguma forma foram mortos pelas mãos de Valentin. Fim justo. Traiçoeiro por traiçoeiro.

Andava tranquilamente em direção a Alicante. Seria uma longa caminhada se eu realmente fosse para lá. Não precisei nem olhar para o céu para saber que era 12:00. O suor em minha testa denunciava o horário.

Com +/- meia hora de caminhada cheguei ao local que eu queria. Era uma casa na floresta com um estábulo onde mantinha Kiker, meu cavalo. Odiava manter Kiker nos estábulos de Idris. Se ele ficasse lá eu nunca o usaria. Então mandei construir uma casa a pouco mais de alguns km de onde eu saio do portal. Tem o estábulo para Kiker, cama pra mim, banheira pra mim, roupas pra mim e às vezes até comida.

Há alguns anos pedi para uma velha senhora lobisomem que morava na floresta para que todo o dia cuidasse de Kiker para mim. E desde então todos os dias ele era alimentado, escovado e acariciado pela senhora. Claro que a senhora era paga pelos serviços e até hoje não vi ninguém melhor para fazê-lo.

Chegando lá senti um cheiro bom de ervas de chá. A senhora já havia passado por aqui. Fui direto para o estábulo, fazia alguns meses que não via Kiker. Não precisei nem chegar perto e já ouvi Kiker relinchar. Eu tinha Kiker desde que nasci, mas só passei a ficar com ele quando fui para a cidade do silencio, que foi quando me ensinaram a cavalgar. Treinei Kiker muito bem. Enquanto os outros cavalos precisavam ficar presos para não fugir, Kiker poderia ficar de qualquer modo que não sairia do lugar sem minha autorização ou a de Barbara, a senhora lobisomem que o cuidava. Ele era cuidadoso e nada desajustado. E ele odiava os estábulos de Idris tanto quanto eu odiava deixá-lo lá.

Fui em direção a ele que estava muito agitado em me ver.

— Acalme-se garoto — Disse acariciando seu pelo. O pelo de Kiker era preto, como sua crina e seus olhos tinham uma cor prata.

Kiker era alto, alto demais até pra mim. Mas isso nunca impediu que eu o montasse.

Assim que falei Kiker se acalmou e eu fiquei acariciando sua crina. Seus pelo e sua crina eram incrivelmente brilhantes e macios. Muito bem cuidados.

Fui ate uma cesta de maças verdes e peguei uma dando para Kiker. Acariciei um pouco mais seu pelo até ele terminar a maça.

Depois disso entrei na casa. Precisava urgentemente de um banho e trocar de roupa. Estava com um cheiro horrível de demônios e não poderia encontrar a Inquisidora Jia assim. Ou até mesmo o cônsul Robert. Olhei em volta, a casa era feita de madeira, pau-brasil, madeira forte resistente e com uma leve pigmentação avermelhada que deixa tudo mais bonito. Em cima da porta tinha um K bem grande, K de Kristen, a porta era de madeira também, e só havia 2 pessoas que conseguiam abri-la, eu e Barbara. Quando a casa foi construída criei 2 runas poderosas e só conhecidas por mim para abri-la e fechá-la, ninguém poderia entrar na casa a não ser eu e Barbara. Na casa entrava-se pela sala, que tinha um sofá, uma lareira acesa e um tapete, no canto uma mesa com uma flor qualquer, no quarto se tinha uma cama, um guarda-roupa com só uniformes de caçador, ao lado o banheiro, que tinha uma pia de granito preta, um espelho e um Box de vidro. Ao lado da sala havia a cozinha que continha um fogão a lenha, armários e um compartimento para guardar comida, pia e mesa. Coisas comuns e simples de uma casa tirando a sala de armas nos fundos.

Fui para o quarto, peguei um uniforme normal de caçadores. Calça preta, camiseta, colete e botas. Deixei em cima da cama junto com meu cinto e Katara e fui para o banheiro. Enchi a banheira e me despi. Tomei um banho longo e relaxante até tirar toda a sujeira e sangue de demônios. Notei alguns machucados ainda não cicatrizados e alguns hematomas. Mas fora isso estava muito bem. O feiticeiro cuidou bem de mim. Apesar de não ser tão necessário.

Fiz uma nota mental para mandar uma mensagem de fogo a Logan para encontrar o feiticeiro no Big Ben.

Ao terminar o banho estava apresentável pelo menos. Cabelos limpos, pele limpa e agora dentes limpos. Lembrei-me de Paris, eu até teria que voltar para lá para buscar minhas coisas, se eu tivesse algo lá. A única coisa que deixei foi uma muda de roupas e minha escova. E as únicas coisas que trouxe foi meu cinto com as adagas, minha estela e Katara.

Fui para o quarto e me troquei. Estava perfeitamente apresentável. Fui até a sala de armas e troquei as adagas por um par de falcione (como sabres só que bem maiores). Olhei ao redor e vi minhas armas, na parede direita tinha uma variação de manguais (são aquelas armas que tem uma bola pesada na ponta presa por uma corrente que dá pra girar), maças variadas (são as armas que tem uma bola de ferro na ponta como a da Mulher Gavião da Liga da Justiça), porretes, martelos, arcos, bastões, bestas, algumas Katar (adagas de soco), bumerangues, chicotes, zarabatanas, baionetas, soco inglês de ferro, prata e ouro, alguns benzidos e outros com marcas gravadas. E uma gaveta com varias estelas, modelos novos e antigos.

Na realidade eu não precisaria de nada disso, afinal a Clave e os institutos me disponibilizam todas as armas que eu precisar. Mas nenhuma arma em qualquer outro lugar vai ser feita especificamente para mim. Todas essas armas eu mandei fazer. O peso certo, o comprimento, a largura, o cabo para minha mão, o soco inglês que cabe perfeitamente em meu punho. E com elas eu arrumo um novo fim para o meu dinheiro, afinal não tenho muito com o que gastar.

Guardei minhas adagas em seu devido lugar e fui para a sala, peguei um papel e escrevi uma carta de fogo para Logan.

Torre do relógio amanha às 15 horas, não se atrase. O nome dele é Thiago, preciso que o ajude por um tempo, prometo ir pra i assim que der..

Um grande abraço, C.

Coloquei uma runa no papel e o joguei no fogo, alguns segundos depois eu recebi uma resposta, só que dessa vez não era em fogo e sim como um sopro, como um pensamento.

Entendido.

Dei um sorriso e sai da casa a trancando logo em seguida com uma runa. Fui até o estábulo e chamei Kiker com um estalo de língua, ele logo respondeu com um relincho e saiu contente. Sem precisar de ordem alguma Kiker correu em volta da casa para esticar os músculos enquanto eu pegava sua cela que também era preta. Quando sai tranquei o estábulo com a runa e esperei Kiker dar mais 2 voltas até fazer um aceno para ele parar e vir aqui. Sem precisar fazer nada Kiker abaixou um pouco para poder colocar a cela nele e continuou do mesmo jeito até eu subir. Antes de eu subir coloquei o par de falcione nas minhas costas formando um X e Katara no meio.

Assim que montei, Kiker levantou todo forte e poderoso. Para qualquer um que o vice, Kiker era um animal feroz e sanguinário, seu pelo negro como a noite mostravam um ser que raramente era. Kiker ao contrario do que pensam é um animal dócil e educado, mas é um caçador também. Seus dentes já arrancaram pedaços de muitos demônios que ousaram se aproximar de Alicante, no fim ele não tinha mais do que alguns arranhões.

Olhei para o céu e era quase 2 da tarde. Acelerei Kiker e o fiz correr até a Garde. Montar em Kiker é sempre uma ótima experiência, ele é rápido e suave. Faz com que seu peso e sua estatura não pareçam nada. Ele é determinado e agüenta dias em um ritmo constante sem parar.

Em um pouco mais de 3 horas eu já estava com Kiker em frente à Garde. Desci de Kiker e com um aceno de cabeça o cavalo se retirou e foi dar uma volta por Alicante. Como todo cavalo ele tinha um cordão em seu pescoço com uma medalha de prata com seu nome e a família a quem pertencia, então não havia riscos em deixá-lo vaguear por Alicante.

Tirei katara das minhas costas e a coloquei na bainha. Logo em seguida entrando no Garde que também é o Salão dos Acordos.

Assim que entrei me dirigi à sala da Inquisidora. Não precisava ser pronunciada, ela já me esperava, mas mesmo assim bati na porta.

Dei dois toques e esperei. Um pouco depois ouvi um “Entre” suave e com voz feminina, cansada, porem contente. Jia.

Abri a porta com cuidado e me surpreendi com quem eu vi sentado em uma das cadeiras à frente da mesa da Inquisidora. Jem Cartains, ou como gosto de chamá-lo, Zachariah.

Quando entrei o ex-irmão se virou e com um sorriso dócil se levantou seguido por Jia. Estranhei o fato do Cônsul Robert não estar ali.

Me aproximei e os cumprimentei com um aperto de mão. O clima estava um pouco estranho. Jia estava com um olhar nervoso, como se tivesse alguma noticia para mim e não sabia como dar e Zachariah estava com o mesmo olhar dócil de sempre.

Resolvi acabar logo com aquilo.

—Então qual é o problema? — Perguntei já impaciente. — E cadê o Cônsul?

— Primeiro vamos nos sentar— Sugeriu a Inquisidora apontando para a cadeira ao lado de Zachariah. — E Robert resolveu lhe encontrar na partida.

Me sentei e esperei a Inquisidora se pronunciar.

— Antes de tudo parabéns pelo sucesso da missão de Paris, esperam o seu relatório mais tarde. — Disse Jia grata, eu simplesmente dei um aceno com a cabeça e esperei-a continuar— Temos 1 comunicado e 1 missão, qual ira querer escutar primeiro?

A olhei interrogativamente, a ultima vez que recebi um comunicado era pra saber se continuaria viva ou não, na época a Inquisidora era Imogen.

— O comunicado, por favor, Inquisidora Jia. — Falei respeitosamente.

— Então que seja—Concordou dando um suspiro. Antes de falar a Inquisidora olhou de soslaio para Zachariah em busca de apoio e a única coisa que conseguiu foi um pequeno sorriso incentivador— Seu tio Alarick ira se casar daqui a 2 semanas e ele fez um pedido especial para mim mandá-la para Nova York festejar e ajudar no casamento. —Disse Jia, e logo continuou quando viu minha expressão indignada—Ele quer muito a sua presença. — Completou.

— Não posso simplesmente mandar um cartão com os parabéns?— Arrisquei sem sucesso.

— Não. Não pode Clarissa — Quem se pronunciou foi Zachariah me olhando repreensivo — Seria pouco educado da sua parte, afinal ele é seu tio. Vocês compartilham o mesmo sangue criança. — Terminou calmamente. Ele sabia que eu era difícil de lidar.

Sabendo que não teria chances algumas de dizer não com Zachariah ali respondi.

—Vou pensar sobre o assunto. — Minha voz era fria e calculada, porem respeitosa.

Os 2 se olhavam intensamente como se estivessem conversando, mas sem palavras. Isso me deixou desconfortável.

—E qual é a missão? — Mudei de assunto.

Jia pareceu se lembrar da minha presença na sala e suspirou audível mente porem mais aliviada por poder mudar de assunto. Jia pegou uma pasta em uma das gavetas de sua mesa e a colocou sobre a mesa. Logo começando a falar em tom sério e determinado.

— Há alguns meses atrás recebi uma carta dizendo que dois caçadores de sombras do Ciclo de Valentin estavam vivos— A olhei interrogativamente, mas a própria me ignorou—Mandei um pequeno grupo de caçadores investigarem, esse grupo confirmou a informação, mas para isso precisaram ser mortos. — Falou tristemente, mas quando viu meu olha impassível continuou— A sua missão é encontrar esses 2 seguidores de Valentin e os trazer para Alicante para serem julgados — Explicou Jia, concordei com a cabeça.

— Quem são os caçadores do Ciclo?— Perguntei olhando em seus olhos.

—Emil Pangborn e Samuel Blackwell. — Disse Jia abrindo a pasta e me mostrando 2 fotos. Um era grande, alto, forte, com cabelo curto e cicatriz no rosto. O outro era baixo, forte e com o cabelo cacheado tamanho normal.

— E onde foram vistos pela ultima vez?— Perguntei levantando os olhos para receber a resposta de Jia.

—Em Nova York. — Respondeu séria e sem medo.

A olhei por alguns segundos, ela estava determinada em me mandar para NY, o casamento de meu tio era só um mero detalhe que complicou um pouco as coisas. Mas ela tinha a morte de um grupo de caçadores nas costas, e ela não ia deixar mais ninguém morrer. Ela estava decidida a me mandar pra lá, custe o que custar. Resolvi não argumentar, Jia pode ser a melhor Inquisidora que já pisou na Garde, mas isso não significa que ela não seja uma caçadora tanto quanto os outros. Tem sua cota de mortes para não deixá-la dormir a noite.

—Tudo bem. Quando parto pra NY?— Perguntei me sentindo desconfortável.

—O mais rápido possível. — Respondeu Jia com um brilho no olhar que me pareceu ser de alivio. — Você tem 1 hora para voltar aqui no Garde. Não se atrase o Cônsul Robert estará aqui para lhe auxiliar. — Avisou Jia seriamente. — E seu portal saíra hora às 20 horas. Esteja pronta — Exigiu.

— Sim Inquisidora, estarei. — Respondi me retirando junto com Zachariah que deu um aceno leve para a Inquisidora e me seguiu.

— A propósito Clarissa. Nada de mensagens de fogo as 2 da manha. Você tem esse péssimo habito. — Avisou Jia se sentando e olhando para os papeis.

Fiquei confusa no começo, mas logo entendi. Sempre que tinha novidades sobre minhas missões mandava mensagens de fogo para Jia, e nem sempre eram enviadas no melhor horário.

—Fala como se não estivesse acordada a esse horário Inquisidora Jia. — Respondi irônica.

Jia deu um sorriso e logo o escondeu.

—A leve daqui Jem, antes que eu a mande dar uma ajuda ao Robert com a papelada pela falta de respeito com sua superior — Disse com uma falsa raiva e com um sorriso tentando despontar em seus lábios.

—Até mais Inquisidora Jia— Falou Zachariah em seguida colocando a mão em minhas costas e me levando até a porta — Vamos criança, deixe a Inquisidora trabalhar.

E assim sai da Garde indo em direção a casa dos Kristen. Precisava ir realmente lá. Andava tranquilamente em direção a casa. Havia 3 casas pertencentes aos Kristen em Alicante. Uma era a casa que ficava perto da Garde, onde eu estava indo, a outra era a nossa casa de campo e a terceira a casa que estava na floresta que eu mandei construir.

Andava tranquilamente pensando sobre o feiticeiro Thiago. Havia muitos fatos curiosos sobre ele, coisas que não se encaixavam. Descobri muita coisa, isso é fato, mas não tudo. Passei o caminho todo pensando nisso e mal notei quando cheguei a casa Kristen. Antes de entrar fiquei olhando a casa.

Era grande, antiga e muito bonita. Suas paredes eram pretas e prata e na porta tinha um símbolo da família Kristen. A estrela e a crescente, ou só a lua e a estrela. Muitos dizem que ela significa renovação, recomeço. Talvez seja isso mesmo, pensei me lembrando de quando meus pais morreram. Logo tratei de retirar esses pensamentos.

Peguei minha estela logo abrindo a porta da casa. Entrei olhando ao redor. Tudo do mesmo jeito que da ultima vez que vim. Sala de estar grande, confortável e com moveis caros e elegantes. Piso de granito e estruturas de mármore. Lareira apagada e casa sem vida. A casa era pequena em comparação a casa de Campo e era grande em relação a minha casa na floresta Brocelind, isso que havia mais de 15 cômodos na casa. Nunca me dei ao trabalho de ver todos. Só os que me interessavam eram a biblioteca, a sala de treinamento e a cozinha. A casa era repleta de fotos dos meus pais e do meu tio. Nunca me senti a vontade estando aqui. As fotos e as lembranças constantes dos meus pais aqui não me faziam bem, mas por respeito a eles venho aqui sempre que posso, acendo a lareira, e pago alguém para limpar tudo. Tem sido assim desde os meus 15 anos. Meu tio Alarick só veio aqui 3 vezes desde que tudo aconteceu. E nenhuma das vezes ficou por tempo suficiente para olhar mais que 2 cômodos. Fui em direção a um quarto no 2 andar. Esse é o quarto que eu pego pra mim quando venho. Aqui tem roupas, sapatos, armas e kits de primeiros socorros. Entrei já abrindo o guarda-roupa e pegando uma mala que havia ali. Na mala coloquei alguns uniformes, 2 botas e algumas roupas mundanas, calça jeans e camisetas com frases engraçadas de desenhos, animes ou filmes. 1 ou 2 vestidos, um salto preto e uma bolsa pequena com itens para higiene pessoal, como escova, pasta, xampu, etc.

Com a mala pronta olhei o horário 19h45min. Ainda tenho 15 min. até voltar para a Garde. Peguei a mala e desci as escadas. Cheguei à porta de entrada e coloquei a mala ali indo em direção a lareira.

Peguei um papel e escrevi uma mensagem a Barbara. Não poderia voltar para deixar Kiker no estábulo da casa, e não o deixaria nos estábulos de Alicante.

Barbara eu estou em Alicante, abra a porta para Kiker, não o deixe ao relento. Desculpe pelo incomodo.

–C.K.

Depois de colocar uma runa na mensagem e jogá-la no fogo fui em direção a porta, peguei a mala e sai andando tranquilamente até a Garde.

Quando cheguei encontrei Kiker parado na porta me procurando. Assim que me avistou veio em minha direção. Quando ele chegou perto eu parei e acenei para ele chegar perto. Afrouxei a cela e sussurrei em seu ouvido um “Vá pra casa Kiker”, e ele saiu em disparada para a floresta de Brocelind.

Assim que ele se foi segui em direção a sala da Inquisidora deixando minha mala na porta. Dei 2 tocs na porta e ouvi um “Entre”, só que dessa vez a voz que vinha era grossa e autoritária. Robert.

Entrei e vi Robert sentado no lugar que anteriormente estava Zachariah e Jia em sua cadeira. Assim que me aproximei Robert e Jia se levantou e Robert veio logo me saudar com um aperto e mão e um meio abraço.

Robert parecia um pouco empolgado, mas apreensivo, apesar de muitos duvidarem ele é um ótimo cônsul e ele e Jia fazem uma boa dupla junto com Patrick Penhallow, marido de Jia. Jia é Inquisidora, Robert é o Cônsul, e Patrick faz parte do conselho. É incrível o que os 3 podem fazer quando estão unidos.

O desconforto que havia em Jia tempos antes havia sumido e agora estava só a mulher que me enviaria pra outra missão que poderia me matar. Dei um leve aceno e ela fez um gesto para me sentar. Robert logo tomou a frente e falou.

—Antes de tudo queria parabenizá-la Clarissa. Seu feito em Paris foi um tanto exagerado, mas eficaz. — Falou Robert admirado.

—Obrigada Cônsul. Mas então qual é os dados da missão? — Perguntei logo.

Quem respondeu foi Jia com uma face séria e pratica. Ela queria acabar com aquilo tanto quanto eu.

— Essa é uma caça Clarissa. Os cace, ache e se houver necessidades mate-os. Qualquer problema ou necessidade nos avise que procuraremos te ajudar da melhor forma. — Avisou Jia pegando uma pasta e me entregando — Aqui esta a pasta com todos os dados da missão que você precisa.

Peguei a pasta e a folheei rapidamente. Nas primeiras páginas havia mesmo informações sobre Emil e Samuel, mas logo no final vi as fichas de Alexander, Maryse,Isabelle e tinha mais.

Em seguida a fechei. Olhei pra Jia e dei um leve aceno com a cabeça. Já entendi o recado. Robert estava distraído com alguma coisa na mesa. Obviamente não sabia que junto com a ficha dos integrantes do Ciclo, Jia havia me entregado a dos caçadores de Nova York.

— É só isso? — Perguntei a Jia no mesmo tom, como se nada estivesse acontecido.

— Eu espero que não. — Disse lançando um olhar a Robert que ficou desconfortável.

— Desculpe Clarissa, não lhe darei informações sobre os integrantes do Instituto. Seria como trair minha própria família. — Disse Robert um pouco envergonhado.

— Tudo bem Cônsul. Eu entendo — Disse dando um pequeno aceno. — Acho que esta na minha hora de partir — lembrei me levantando sendo seguida por Jia e Robert.

— Vamos com você— Avisou Robert, roubando as palavras de Jia.

Saímos em direção ao Salão dos Acordos, pegando minha mala na porta. Chegando ao Salão encontramos Zachariah. Não me surpreendi. O cumprimentei com um leve aceno e peguei minha estela com a mão livre. Dei um ultimo olhar para os presentes e me virei para abrir o portal. Quando fui fazer a runa para abrir o portal sinto uma mão em meu ombro. Zachariah.

Ele me virou gentilmente e me deu um abraço, sussurrando em meu ouvido “Criança conheça os Lightwood, são uma boa família e agora será a sua também.”

Quando Zachariah se afastou viu meu olhar, aquele olhar de ‘sinto muito, mas só cumprirei minha missão’ e com um olhar severo Zachariah respondeu.

— Essa é sua missão também Clarissa — Ordenou Zachariah se afastando.

Depois disso me virei e com minha estela abri um portal para Nova York, exatamente nos fundos do Instituto. Respirei fundo e entrei, sentindo como se um furacão estivesse me engolido. Essa sensação durou apenas alguns segundos e quando acabou eu já estava em solo e com alguém me abraçando, fazendo a mala que eu estava segurando cair. Alarick.

Naquele instante soube que minha estadia em Nova York talvez pudesse trazer mais demônios do que eu pudesse matar. E isso me incomodava como o inferno.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai gostaram??
Meio grande,eu sei..
Mas queria saber se vcs acham esses caps com 6 mil palavras cansativo?
Porque talvez essa seja a minha média rsrs'
o próximo teremos os caçadores de Nova York baby kkkkk'
Não sei quando vou postar, mas já tenho umas ideias :D
Bjs e até o próximo ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perdidit Memoriis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.