Senhorita Jackson. escrita por Luana Bankersen


Capítulo 3
Capítulo 3: Talvez a vida não tenha sentido.


Notas iniciais do capítulo

He-ey!
Explicações rápidas: Por que a demora? Bloqueio criativo e tempo faltando.
O que esperar do capítulo? Eu não sei o que dizer. Qualquer fucking palavra que eu disser vai ser spoiler.
Bem, dedico esse capítulo a todos vocês, leitores. E não podemos esquecer da Dear Isa, né. Diva, maravilhosa. E, provavelmente, esse cara não está lendo isso. Mas eu, otáriamente (sim, essa palavra não existe) dedico esse capítulo ao Miguel Urie.
Tomara que gostem desse capítulo!



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Há fatores que contribuem para a criação de uma música.

Você precisa de um ritmo e de uma letra. Mas para isso, precisa de algo ou alguém que te traga a inspiração. Sem inspiração, você não tem nada. Minhas músicas são como pequenas partes de mim, e cada uma delas completa-me. Esta fica em alguma parte do meu coração, como uma lembrança de que tudo o que aconteceu foi real. É doloroso, mas ao mesmo tempo é bom. É como se a Senhorita Jackson estivesse comigo o tempo todo, mesmo que eu saiba que ela nunca voltará para mim.

Eu encontro a inspiração em todos os lugares possíveis, mas às vezes, mesmo que a inspiração esteja ao meu lado, algo me impede de concluir meu trabalho. Nesse caso, Annanda Jackson foi a melhor inspiração que tive, mas algo me impedia de escrever sobre ela. Talvez nós só consigamos falar sobre algo realmente importante para nós quando tudo acaba. Talvez a vida não tenha sentido.

Sim, a vida não tem sentido.

Chega de devaneios, vamos voltar à história.

Não consegui acreditar na imagem que meus olhos revelavam a mim. O cabelo de Jackson, preso em uma trança, parecia brilhar em contraste com a iluminação do palco. Seu vestido preto era comprido e deixava-a com uma beleza incomum, flores da mesma cor de suas vestes estavam espalhadas em todo o seu cabelo. Eu senti o ar faltar em meus pulmões, nunca havia visto uma mulher tão linda.

Comecei a prestar atenção na música e nos passos de Annanda. Era algo tão maravilhoso que eu não consigo expressar em palavras, eu estava hipnotizado. De repente, o silêncio havia tomado conta da sala, e meu encanto tinha se tornado confusão. Olhei ao redor e a expectativa tomava conta de todos os homens que assistiam a minha musa. Mas, na expectativa de quê? Meu olhar voltou-se novamente na direção da mulher por quem eu estava apaixonado. Ela havia subido em um degrau e colado seus braços ao corpo, a minha surpresa foi imediata.

Jackson saltou e meu coração praticamente parou. Ela virou seu corpo para trás, e quando seus pés tocaram o chão, eu estava boquiaberto. Ela se voltou para todos os que a assistiam e fez uma reverência, provocando os aplausos. Um sorriso apareceu em seus lábios, mas não era qualquer sorriso. Era o mesmo sorriso que ocupava lugar em meu rosto quando eu terminava uma música. Não pude deixar de aplaudi-la e sorrir, Annanda Jackson era maravilhosa.

Nossos olhos se encontraram e eu vi o espanto tomar conta dela. O sorriso desapareceu, e de repente, nada mais parecia existir. Annanda desceu do palco e se pôs a correr, passando no meio de todos os homens confusos que tentavam agarrá-la para que ela não fugisse. Um segurança tentou barrá-la, mas ela não lhe deu a chance. Minha amada chegou à entrada do corredor de onde eu havia vindo e olhou para trás, fazendo com que nossos olhos se encontrassem novamente. Mas não tardou para desviar o olhar e continuar a correr.

Eu não poderia deixá-la fugir novamente.

Pus-me a correr atrás de Jackson, com medo de perdê-la de vista. Dobrei o corredor e a vi sair pela porta da frente. Não. Corri e atirei-me contra a porta. Em seguida, senti meu corpo colidir com algo, ou melhor, com alguém. Agora, ao refletir sobre isso, sinto-me um completo idiota. Olhei para baixo e vi que estava em cima do corpo de Annanda.

– Saia de cima de mim! – Ela mandou, e eu obedeci. – Você é um louco mesmo! Sabe o que acabou de fazer? Acabou de arruinar a minha vida! – Jackson se levantou e me fuzilou com o olhar.

– Eu...

– Fique longe de mim! – Ela berrou e virou as costas para mim, afastando-se. Como eu disse, não poderia deixá-la fugir novamente. Eu a segui.

– Annanda. – Chamei, mas ela me ignorou. – Annanda. – Ela parou e seus olhos encontraram os meus, a maquiagem borrada por conta das lágrimas.

– Brendon, eu estou tentando te proteger. Você precisa ficar longe de mim. – As palavras e o desespero em sua voz me preencheram com um misto de surpresa e medo.

– Você está tentando me proteger do quê? – Perguntei. Mas antes que Annanda me respondesse, um barulho chamou minha atenção e eu me virei. Um grupo de seguranças saia pela porta da qual havíamos saído, provavelmente a procura de Jackson.

– Brendon. – Me virei para encará-la, e ela me puxou para dentro de um corredor. – Precisamos sair daqui, ou... – Ela se interrompeu, olhando para os lados. – Venha.

Annanda pegou minha mão e me guiou pelo corredor, eu não fazia ideia de onde poderíamos estar. Assim que dei por mim, havíamos atravessado todo o corredor e estávamos de frente para um rio. Viro-me para encarar Annanda, mas ela não está olhando para mim. O medo em seus olhos deixa evidente o fato de que ela não sabe o que fazer.

– Ela está ali! – Ouço uma voz há alguns metros de nós e sei que vem de um dos seguranças da boate. Eu não vou perdê-la novamente.

Um fato pouco conhecido sobre mim, é que eu não meço meus atos quando entro em desespero.

Minhas mãos encontraram as de Annanda novamente e eu a puxei para longe do campo de visão dos seguranças. Ela disse algo, mas eu não ouvi. Eu prendi seu corpo junto ao meu, sem me importar com os protestos de Jackson. Logo senti a água gelada entrar em contato com o meu corpo e encharcar minhas roupas. Os gritos de Annanda foram abafados, seus braços estavam em volta de meu pescoço e... Essa é uma parte a qual não recordo completamente.

– Annanda. – Minha voz saiu esganiçada. Nadar com alguém agarrado a si não é nada fácil.

– Eu... Não... – Annanda não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Dei um impulso para nos trazer para a superfície inteiramente, pois o ar já me faltava.

– Anna... – Antes que eu pudesse pronunciar seu nome, ela tapou minha boca com uma de suas mãos. Encarei-a, sem entender nada.

– Onde ela está? – A pergunta veio de algum lugar acima de nós. Parecia vir de uma mulher. Muito obrigada, Annanda.

– Acho que o correto seria perguntar onde eles estão. – Um homem comentou, bufando.

Eles? Como assim “eles”?

– Jackson estava ao lado de um homem desconhecido. – Um segundo individuo se manifestou. Os olhos de Annanda estavam vidrados nos meus.

– Homem desconhecido? – Indagou a mulher, irritada. – Vocês são dois idiotas!

Ouvi o som de pele colidindo contra pele. Um golpe no rosto, talvez? Eu não saberia dizer. Os passos arrastados se afastaram, lágrimas escorriam pelos olhos de Annanda.

Percebi que ambos estávamos trêmulos por conta da água gélida. Passei meus braços em volta do corpo de Jackson e a ergui, colocando-a em cima de um pedaço de asfalto. Esse cenário desorganizado nunca fez parte de Las Vegas, não da minha Las Vegas. Ela me ajudou a sair da água e tudo o que eu queria naquele momento era um cobertor.

– Você é desagradável. – A voz de Annanda tinha um misto de medo e satisfação. Satisfação do que exatamente? Até hoje, não sei dizer.

– Como você disse anteriormente, precisamos sair daqui. – Concluí, e ela concordou. Eu a levei até meu carro, ignorando os olhares desconfiados das pessoas que nos viam passar. Agora, penso no quanto fomos sortudos por nenhum segurança de Don’t Panic ter nos visto.

Eu abri a porta para Annanda e ela entrou em meu carro sem me dirigir uma palavra sequer. Logo eu estava sentado ao seu lado, dirigindo em direção a minha casa. Comecei a pensar em tudo o que havia acontecido naquele dia e comecei a considerar a ideia de fazer todas as perguntas que eu queria fazer a Jackson. Mas uma música começou a tocar no rádio no momento em que eu ia lhe dirigir a palavra.

A música em questão era uma música minha. “Mas eu te conheço. Você é Brendon Urie. Você é vocalista de uma banda.” Lembranças do dia em que nos conhecemos vieram a minha mente e eu não pude negar um sorriso. Você está ao meu lado agora. Perdido em pensamentos e lembranças, demorei a perceber que já havia estacionado meu carro na garagem de minha casa. Annanda me encarava, aparentemente irritada.

– Eu não sei se você percebeu, mas eu estou morrendo de frio. – O tom sarcástico em sua voz fez com que eu percebesse o quão idiota estava sendo.

– Ah... Está bem. – Tirei o cinto de segurança que me prendia ao assento e saí do carro. Annanda fez o mesmo. Peguei a chave da porta da frente e me pus a destrancá-la.

– Normalmente, eu entro e saio pela porta dos fundos. – Murmurou Jackson assim que abri a porta.

– Porém, hoje não é um dia normal. – Acendi a luz da sala de estar e fiz sinal para que Annanda se sentasse no sofá. – Espere só um pouco.

– Eu não vou fugir de você, Urie. – Ela riu, ainda tremendo de frio.

– Assim eu espero. – Murmurei para mim, indo em direção ao meu quarto. Separei algumas roupas minhas e voltei à sala. Deparando-me com a mesma vazia. – Eu sou um otário.

Coloquei as roupas em cima do sofá e me sentei frustrado. Minhas mãos foram à cabeça e eu tive vontade de arrancar todos os fios de cabelo que tenho. Ela mentiu para mim. Mergulhei meu rosto no sofá, sentindo uma vontade indescritível de gritar. Eu tinha vontade de gritar até esgotar todas as minhas forças. Mas não o fiz. Sentei-me novamente, tentando colocar a cabeça no lugar.

– Por que você foge de mim? – Sussurrei para o nada, sentindo uma dor gigantesca em meu peito.

– Eu não fugi de você, Urie.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
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