P.O.V Geral:

"- Sentiu minha falta, irmã?"... Por mais que essa não fosse de fato uma pergunta retórica, a loira simplesmente não conseguia realizar um único movimento sequer... Se a mesma estivesse diante de um espelho, poderia notar o quanto estava paralisada... No entanto, não se fazia necessário, visto que seu próprio reflexo vivo estava diante de seus olhos, embora ironicamente esse fosse justamente o motivo de seu choque inicial...

— Oh Meu Deus... Co-como você... O que você... Vo-você morreu! - Exclamou ela exasperada diante de sua irmã gêmea...

— Morri Sammy, tem certeza? Por que eu estou me sentindo mais viva do que nunca... - Respondeu ela com um meio sorriso sombrio - Não era esse tipo de reação que eu esperava ao finalmente reencontrar minha irmã depois de tantos anos...

— Eu-eu vi seu carro destroçado, eu vi seu atestado de óbito, eu vi seu corpo imerso em uma poça de sangue, Melanie!

—Ah, você viu? Viu mesmo, Samantha?... Você estava no Texas na noite em que o acidente aconteceu?... Você viu o meu carro carro capotar ladeira abaixo?... Você tocou no meu corpo já frio e sem vida?! - Indagou a psicopata euforicamente, esmurrando o vidro que a separava de sua irmã ao passo que finalizava sua sentença

— Eu assinei o seu atestado de óbito, Melanie... Eu vi um policial vim me trazer a notícia de que minha única irmã estava morta...

— Tem razão Sam, eu estou morta... Eu sempre estive... Eu sempre estive morta pra você!

— Co-como assim?

— Argh, achei que com o passar do tempo você aprenderia a usar um pouco mais esse seu cérebro, se é que ele existe... Mas pelo visto a inteligência da família realmente foi dada apenas apenas para mim... Mas, enfim... A explicação é bem simples até pra você, então creio que não será preciso desenhar... - Cuspiu a criminosa as palavras com genuíno desdém - Eu sempre estive morta pra você Samantha, eu sempre estive morta para a nossa mãe... Desde quando éramos pequenas toda a atenção da mamãe ia apenas pra você... Você nunca fazia a lição de casa, nunca se importava em ir pra escola ou não, e quando ia só arranjava confusão... Por que? Porque assim você garantia que nossa mãe estivesse sempre prestando atenção apenas em você... E quanto a mim? Eu ficava sempre trancada no quarto, estudando, lendo, e me empenhando dias em dias no trabalho da feira de ciências para que a mamãe pudesse sentir orgulho de mim... Mas ela ia na feira de ciências? Ela a na minha reunião de pais? Não, ela nunca ia... Mas tudo bem, eu sempre pensava ela deveria estar ocupada cuidando da casa, fazendo o almoço, ou algo do tipo... Mas quando eu chegava em casa, ela não estava lá. Ela estava na diretoria com você, mais uma vez, ao invés de estar comigo! Então eu ia pra cozinha e preparava um lanche pra vocês duas, onde eu ficava esperando ansiosa com a minha medalha de primeiro lugar pendurada no pescoço... Mas quando você e a mamãe chegavam você ia direto para o quarto e se trancava lá. Era quando eu finalmente achava que teria um tempo a sós com ela e dizer como havia sido meu dia na escola, mas o tudo o que ela dizia era: "Talvez mais tarde Mel, mamãe está cansada agora", e então ela pegava algumas garrafas de uísque e também se trancava no quarto dela... E eu realmente esperava por esse "talvez mais tarde", mas adivinha? Ele nunca chegou, porque nossa mãe era apenas sua mãe! Ela estava tão ocupada sempre resolvendo os problemas que você causava, que não sobrava tempo para que ela notasse tudo o que eu me esforçava em fazer... Até que nós fomos crescendo, eu ganhei uma bolsa de estudos no Texas, e você começou a finalmente estudar algo, as artes cênicas.... E adivinha onde ela quis ficar? Ela preferiu ficar aqui em Los Angeles, onde você estava, onde os bares estavam, ao invés de escolher ficar comigo pelo menos uma vez... Então, sabe, as vezes eu penso que realmente foi melhor o papai não ter querido nos conhecer, ao menos você também não teria tirado ele de mim...

E como diz o ditado popular, as vezes é melhor magoar-se com a mentira do que iludir-se com a verdade, entretanto as vezes o benefício da dúvida pode ser a melhor opção a ser considerada... De fato, era difícil de se decifrar se o choque de descobrir que a irmã estava viva poderia ser anestesiado pela enxurrada de palavras mais afiadas que uma espada que escorriam da sua boca...

— O que?! Eu não tirei nossa mãe e muito menos tiraria nosso pai de você! - Exclamou a jovem atriz embasbacada recebendo um olhar de reprovação do oficial, que a mesma pareceu ignorar - O "papai", se é que posso chama-lo assim, nunca quis saber de nós e nem da nossa mãe por que ele era egoísta... Eu sei que você nunca se conformou com a ida dele, nenhuma de nós pelo se conformou até hoje, mas nosso pai nunca quis nos conhecer porque não importava com nenhuma de nós, ele nunca se importou! E quanto a nossa mãe, você acha mesmo que eu aprontava de propósito apenas pra que ela passasse menos tempo com você? A minha vida toda, eu tive que ouvi-la me rebaixando e se perguntando o "por que eu não poderia ser como a Melanie"... Você sempre foi a perfeita, sempre foi a estudiosa, a inteligente, e a exemplar da família... E eu não passava de uma "causadora de problemas" e uma "rebelde sem causa" que nunca seria boa o suficiente como você... Eu nunca tirei nossos pais de você, porque eu nem ao menos fui capaz de tê-los pra mim mesma...

— Palmas, palmas...! - Aplaudiu sua réplica humana lentamente, esboçando falsa comoção em seu semblante - Sabe Sam, eu nunca entendi o por que você ter decidido se tornar uma atriz, sendo que seu único talento sempre foi destruir as coisas... Mas agora depois de toda essa demonstração de falsidade, vejo que você realmente nasceu para fingir ser quem não é! Não importa o que você me diga, ou qualquer que seja a história que você invente, minha irmã... Eu sei que a culpa da nossa família nunca ter sido unida é sua! Aposto que sentiu uma imensa alegria ao saber que meu coração não batia mais, não é? Primeiro a mamãe, e depois a mim... E então você finalmente não precisaria mais se trancar no seu quarto, pois estaria sozinha, como sempre almejou ser...

— Não, isso é ridículo! Eu sei que nós nunca fomos muito próximas, sempre vivemos em mundos diferentes, mas a muitos anos uma das coisas que eu mais queria era te reencontrar outra vez, Melanie!...Eu nunca quis que nossa família tivesse sido desfeita, e muito menos que a Pam tivesse se tornado uma alcoólatra compulsiva, mas saiba que eu fiz de tudo para que ela abandonasse seu vício, tanto que eu cuidei dela até o dia de sua morte... Depois que você foi pro Texas nós perdemos totalmente o contato, e quando eu finalmente recebo uma notícia sua, é por meio da boca de um policial me contando a forma como você morreu em um trágico acidente! Mas agora você ressurge das cinzas, que é algo com certeza muito mais apavorante do que as crises que a Pam tinha quando estava bêbada, e agora resolve desenterrar o passado sem nenhum motivo aparente! Como você sobreviveu? O que faz aqui? E como sabia onde eu estaria?! ... Vamos, me responda!

— Ai Ai... Eu até poderia lhe responder Sam, mas como dizem: os mortos não falam... Mas, não se preocupe, eu vou fazer questão te assombrar até que você perca todas as coisas e pessoas que são realmente importantes pra você, assim como você fez comigo! - Exclamou a "finada" Puckett cobrindo seu rosto novamente, afim de não ser reconhecida ou levantar quaisquer suspeitas

— Olha, eu não faço ideia de como você sobreviveu, ressuscitou, ou como sequer descobriu que eu estava aqui, mas eu não admito que você tente destruir a minha vida e a vida de quem eu amo apenas para satisfazer esse seu desejo de vingança sem fundamentos!

— Sem fundamentos, Samantha? Sem fundamentos?! Me diga: Como se sentiriam se Spencer, Carly, e Freddie, a sua preciosa família, já que você os considera mais do que o seu próprio sangue, fosse simplesmente arrancados de você?... Já imaginou a sensação? Como se seria se ignorada pelas pessoas que você mais ama?... Pois então chegou a hora de sentir minha cara irmã, sentir na pele tudo aquilo que eu fui obrigada a viver durante anos... Por isso espero que você comece a conversar com as paredes da sua cela imunda, pois elas serão a única companhia que você vai ter!

— Se você tocar em um único fio de cabelo dos meus amigos, eu acabo com você!

— Ui! Você está fazendo uma ameaça pra mim? É isso mesmo? Mais que lindo! E a tão aclamada Sam Pucket pretende fazer o que estando atrás das grades? Contratar alguém para dar um tiro em si mesma e depois colocar a culpa em mim? Ou pagar a fiança pro seu ex-namoradinho e manda-lo atrás de mim? Oh não, espere, você já fez isso... Mas pelo visto visto não deu muito certo não é mesmo? - Indagava ela ironicamente, inundando-se no seu próprio mar de sarcasmo

— Espere... Como você sabe de todas essas coisas? - Indagou a loira semi serrando os olhos em um misto de confusão e esclarecimento parcial

— Eu sei de muitas coisas... Afinal, como você mesma disse, eu sou a inteligente da família!

E em questão de segundos inúmeros pensamentos começaram a surgir... Dúvidas começavam a surgir e ser respondidas, peças de um quebra cabeça começavam a encaixar-se simultaneamente em uma intensidade feroz... A mente da loira estava em chamas apenas por considerar tais hipóteses, e mais ainda ao passo que a mesma percebia que cada uma delas fazia sentido... Seus olhos queimavam, como se a raiva que estivesse sentindo pudesse sufoca-la ao perceber que estava sendo traída por sangue do seu próprio sangue...

E como se já não bastasse, é como se seu próprio sangue fervesse em suas veias, pois existem incêndios que internos que nem as lágrimas que o tempo deixou escorrer podem apagar... A loira não podia negar que onde há fumaça, sempre há fogo. E indiscutivelmente ela poderia até mesmo engasgar-se com a tóxico e nebuloso clima que assolava sua vida ultimamente... Pois por mais que ela pudesse, quisesse, ou ao menos tentasse abrandar as chamas, para cada conforto que recebia era agraciada com o dobro de tragédias... Infelizmente, alguns insistem em apagar o fogo, com gasolina...

— Então você é a culpada por tudo isso... Você é a responsável que esse inferno em que minha vida se transformou! - Esbravejou ela deixando exalar o combustível de seus pulmões

— Eu teria muito prazer em te confirmar isso Sammy, mas deixar que as dúvidas possam te corroer lentamente é muito mais prazeroso!

— Você vai me pagar por isso, Melanie! Eu não vou passar o resto da minha vida pagando por crimes que eu não cometi! Como pode fazer isso comigo? Nós somos irmãs, nós somos gêmeas!

— Aaaahhh, então agora você quer vir falar sobre "família"? Pois bem então... Saiba que por mais que sejamos inegavelmente parentes, e te considero como sendo um feto bastardo, Samantha! Sempre foi a ovelha negra da família, talvez seja por isso que foi a "única" a continuar o legado dos Puckett's... Afinal, como diz o ditado, "vaso ruim, não quebra"...

— Então isso deve explicar muito bem o porque de você estar agora bem na minha frente... Você vai pagar pelos seus próprios crimes Melanie, uma hora o mundo vai saber o que você fez, vai saber do que você é capaz!

— Vai, é? Então apenas me diga como... Eu estou morta, Sammy! E até onde sei, é pouco provável que exista perpétua para túmulos... Então não importa o que você possa alegar, os mortos não podem responder pelos crimes!

— Mas você está aqui, agora, bem diante dos meus olhos!

— Eu posso estar aqui minha querida, mas a Melanie Puckett não... Além do mais, será mesmo que eu estou aqui? A vida é cheia de ilusões Samantha, e estudos recentes tem apontado que existe uma grande chance de detentos acabarem enlouquecendo ao longo do tempo, então não fique admirada se perceber que está discutindo com uma objeto inanimado...

— O que os meus olhos viram, ninguém pode tirar de mim...

— Que seja... Mas por via das dúvidas, eu jamais estive aqui! - E com apenas um clique em seu Pear Phone, a perversa loira ativou um pequeno e discreto sensor que a mesma havia acoplado na linha telefônica e no registor responsável pela câmera de segurança daquele cômodo, causando um curto circuito e consequentemente uma interferência e perda dos arquivos de áudio e vídeo mais recentes... - Até breve, Samantha. Essa é apenas a primeira chama do incêndio que acabou de começar!... - E dizendo isso, desapareceu de diante da vista de todos...

Diante de tudo o que havia acabado de presenciar, a loira ainda estava paralisada em seu assento, tentando apenas digerir tudo que havia acabado de acontecer... Ela havia acabado de descobrir que sua irmã estava viva, porém que a mesma tinha o objetivo de destruí-la... Mas era impossível, ela havia visto o corpo de sua irmã, embora não pessoalmente, mas era claro o seu estado deplorável... Ela havia visto as provas, mas será que dessa vez poderia confiar em seus próprios olhos? Será que o impossível possui mesmo um limite?

Ela sabia que estava no meio do fogo cruzado, sabia que poderia receber o golpe de misericórdia a qualquer momento... Por que não simplesmente contar o que aconteceu? Talvez fosse possível provar que sua irmã ainda vive, e que ela pode ser responsável por tudo isso... Porém a loira também sabia que a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco... E o que ela poderia fazer? Tão ruim quanto lidar com o incêndio, é controlar as chamas e evitar as cinzas... Ela até poderia correr o risco, afinal, não custava tentar... Entretanto correr o risco de se perder de vez as únicas pessoas que mais se ama era um preço muito caro, preço esse que ela não estaria disposta a pagar...

E carregando esse monólogo em mente, a injustiçada prisioneira deitou sua cabeça no travesseiro, embora fosse incapaz de dormir em paz:

— Eu não posso, não agora... Talvez eu tenha encontrado o verdadeiro incendiário, porém não posso deixar quem eu amo se queimar...

[...]

~ Na manhã Seguinte, Em Algum Lugar No Coração de Los Angeles... ~

— Muito bom dia, flor do dia! - Exclamou a perversa loira exultante, adentrando no apartamento

— Primeiramente, eu não sou uma flor, a não ser que exista alguma que seja apenas feita de espinhos... E segundo... Bom dia? - Respondeu o jovem bad boy aparentemente confuso - Eu poderia saber o por que de toda essa alegria, assombração?

— Primeiramente, já ouviu falar em cactos?

— Mas os cactos não são flores...

— Não, mas eles são plantas, e as flores também. Além disso eles também dão flores, mas enfim...

— Digamos que a assombração aqui decidiu dar uma passadinha no mundo dos vivos pra perturbar a paz de uma velha conhecida...

— Não me diga que você...

— Sim, é exatamente isso o que você pensou... Eu fui fazer uma solitária visita a sua ex namoradinha, minha querida irmã Sam! Não sei porque ela estava tão desconfortável, achei que gostaria de ver sua gêmea favorita depois de tanto tempo...

— Isso é sério?

— Olhe para minha cara, e veja se esse é o semblante de alguém que faz stand up... - Respondeu ela ceticamente - É claro que é sério, seu imbecíl! Por que não seria?

— Ah, vejamos... Será que é porque você está morta?! Ou melhor, finge que está, mas as outras pessoas não podem saber disso...

— Elas não irão saber...

— Como não? Você acabou de ir visitar a sua irmã na delegacia, e agora ela sabe que você está viva! Além dos funcionários de lá que podem facilmente acessar a câmera de segurança e o SD da cabine telefônica, e ver tudo o que você fez e falou! Você percebe que nessa sua loucura você acaba de nos entregar?! Será que não aprendeu nada com a maioria dos filmes clichês de suspense? Sempre que o vilão conta o seu plano genial algo sempre dá errado depois! - Esbravejou o rapaz em todo seu desespero, porém recebeu apenas uma série de risos frenéticos de sua parceira de crime - Como pode estar rindo disso? Isso é sério, Melanie! São as nossas vidas que estão em jogo!

— Nunca pensou em ser um ator também não? Principalmente de drama... Sério, porque você é realmente muito bom nisso.. Me poupe das sua paranoia, Logan! Por acaso você acabou de se ouvir, ou eu tenho cara daquelas vilãs bregas de novela das sete?! Aprenda uma coisa, Flint: Eu sempre, estou um passo a frente dos demais... Então não se preocupe, eles jamais terão alguma prova que um dia eu sequer estive lá...

— Ótimo! Então posso saber como a vossa senhoria fez isso?

— Digamos que eu interceptei um pequeno drone de pressão na fiação de áudio e vídeo, que digamos assim, fritou todos os registros mais recentes...Então nossos queridos amigos da delegacia encontrarão nada mais nada menos do que ruídos e interferências...

— Bravo! Excelente!... Agora me diga: que tipo de drone usaremos para apagar da memória da Samantha que você esteve lá!

— Eu não quero que ela se esqueça disso...

— Certo... Então o que eu devo dizer quando ela nos entregar pra policia? Que eu fui chantageado ou induzido a atirar na minha ex namorada por uma chantagem da irmã gêmea dela?

— Olha Logan, eu até te xingaria a ponto de você ter vontade de voltar pro útero, mas eu realmente estou impressionada com o quão irônico você foi capaz do ser tornar, o que me proporciona um ligeiro orgulho. Por isso, vou deixar passar dessa vez... E, creio que uma pessoa considerada como sendo diagnosticada com instabilidade mental, e dependente de psicólogos e psiquiatras como sendo sua única companhia até o resto da vida não venha a ser uma ameaça em potencial para nenhum de nós dois... - Sentenciou a loira sugestivamente

— A Sam enlouqueceu? - Indagou a o rapaz surpreso

— Não, ainda... Porém, pense comigo: você acha mesmo que vão dar atenção a uma pessoa que alega receber ameaças constantes de sua irmã morta? Ela pode me acusar quantas vezes quiser, eu jamais vou ter de responder pelos meus crimes porque eu não existo mais! E assim ela vai enlouquecer sozinha, enquanto vê todos e tudo aquilo que ela mais ama... - E retirando um dos dardos de coleção de sua mesa de centro, a loira arremessou um em direção a foto de sua irmã, que se encontrava pregada em uma das paredes...

— Você é louca Melanie, e esse é o único motivo pelo qual ainda sou seu aliado... Jamais desejaria me tornar seu inimigo...

— Eu diria que é uma sábia escolha...

— E sinceramente, esse lance de dardos e "foto-alvo' ainda é um pouco perturbador pra mim... Mas, voltando ao que interessa: o que e como você pretende que Carly, Freddie e Spencer traiam a confiança da Sam? Se eles ainda confiam nela mesmo depois de todas as provas e até depois da prisão, creio que será muito difícil que eles a abandonem.... Você pode até ser determinada a conseguir o quer, mas isso é algo que aqueles caras também são...

— Eles vão ceder... Eles precisam abandona-la...

— E se não o fizerem?

— Então eu mesma me encarregarei pessoalmente de eliminá-los...

[...]

~ Uma Semana Depois, No Set Da Broadway Studios ~

P.O.V Freddie:

Sabe, é incrível como as circunstâncias tem o poder de trazer reviravoltas inesperadas ao cotidiano... Por exemplo: as vezes as pessoas que costumávamos conhecer, se tornam até mesmo mais desconhecidas do que antes do primeiro contato... As vezes coisas que costumávamos fazer com muita frequência, quase que como um hábito ou uma rotina inconsciente, vai desaparecendo a ponto de parecer que nunca existiu... E por fim, seus lugares favoritos podem involuntariamente se tornar o lugar dos seus piores traumas...

Já faz algum tempo que eu não vou ao Set da Broadway Studio, mais especificamente desde o dia em que a Sam acordou do coma no hospital... Mas obviamente eu não poderia evitá-lo para sempre, afinal, se trata do meu local de trabalho, que inclusive eu tenho andado meu afastado ultimamente, assim como das demais coisas triviais do dia a dia... Porém Dave me propôs um convite, na verdade uma reunião de trabalho visto que seria algo relacionado ao filme que estávamos gravando, então eu realmente não poderia recusar...

Assim que cheguei no estacionamento, deixei meu carro no mesmo lugar de costume e usei a porta da saída de emergência afim de pegar um caminha mais rápido... O Maserati da Carly também estava no lugar de sempre, o que significa que ela e o Spencer também já devia estar lá... Nós combinamos de irmos todos juntos para a delegacia visitar a Sam após a reunião, porém eu me atrasei um pouco pra variar e cheguei um pouco atrás... Agradeço todos os dias o fato do Gunsmoke estar nos estamos conseguindo algumas visitas coletivas em alguns horários específicos, se não fosse por ele manter o ritmo estaria sendo bem pior para cada um de nós... Ele pode ser meio estranho mas, ele é cara...

Antes de subir as escadarias dei uma passada na sala de lazer e dei uma conferida na mesa de buffet... Fazia tempo que eu não consumia algo que não se resumia a donuts e copos e mais copos de café... Peguei alguns dos famosos brownies do Brad que por sinal estavam fantásticos, e subi subi as escadaria até chegar ao Deck... Chegando lá dei duas batidas de leve na porta como de costume, e tomei o lugar vago ao lado dos Shays...

— Bom dia pessoal, bom dia Dave, me desculpem pelo atrasado... - Me assentei cumprimentando os demais presentes causalmente

— Bom dia filho! É bom vê-lo novamente...

— Também é bom te ver Dave...

— Bem, já que estão todos aqui, creio que podemos iniciar nossa reunião relacionado a produção, finalização e exibição do filme "Os Opostos Se Atraem"... Como todos aqui sabem, nós tivemos de interromper as atividade do estúdio por um tempo, devido a toda situação que se instalou após o incidente envolvendo a Sam Puckett... Eu sinceramente gostaria muito de aguardar até a decisão oficial do juiz, e obviamente que seja de inocentar... Mas infelizmente uma má notícia me obrigou a tomar outra atitude a tomar uma decisão técnica antecipada... - E ligando o DataShow, o homem de cabelos grisalhos começou a exibir uma quantidade considerável de slides contendo gráficos relacionamos ao orçamento do filme e por fim um comunicado, que mais parecia ser uma cobrança por parte da diretoria - Bem, como podem ver, um grande investimento foi empregado nesse projeto, então obviamente eles exigem que haja um retorno um retorno satisfatório de tudo o que foi gasto o mais rápido possível... Por isso, eu tenho um anuncio a fazer: Em nome da Broadway Estúdios, a data da estreia do filme já está prevista para o início do mês que vem... Ficando claro que a decisão foi baseada no fato de que poderíamos todos perder os nossos empregos... Então, estão todos de acordo?

— Claro Dave, nós entendemos sua posição... - Respondi em afirmação e apoio, assim como todos os demais que estavam presentes naquela sala...

— Excelente! Sabendo que terei o apoio da minha equipe, já fico mais tranquilo... - Exclamou ele exultante

— Mas... Eu me lembro que algumas cenas ainda não haviam sido gravadas antes do, é, vocês sabem... Elas terão de ser cortadas então?

— Na verdade se tivéssemos feito as gravações na ordem cronológica, teríamos. Porém as principais cenas de ação, perseguição e os demais aspectos que formavam o clímax da trama, foram gravadas anteriormente... Então conseguimos gravar as demais cenas corriqueiras que eram feitas a distância com a ajuda de uma dublê, e também uma mãozinha da boa e velha computação gráfica... - Steve, que até agora estava calado como de costume, pronunciou-se pela primeira vez naquela reunião...

— Então tenho certeza de que o resultado ficou incrível... - Conclui em agradecimento

— E lembrando também a todos que como de costume, haverá uma festa de divulgação no dia da pré estreia V.I.P, por isso gostaríamos de contar com a presença de todos durante o evento...

— Ótimo lembrete Steve... Então peço por favor que todos fiquem atentos a qualquer ligação ou contato que seja proveniente do estúdio, visto que ainda teremos mais informações a ser transmitidas em breve, como o local da festa de divulgação, horário, assim também como a data oficial da estreia e pré - estreia do filme "Os Opostos Se Atraem", que essa equipe tanto se dedicou para que essa contribuição da dramaturgia tenha tudo para ser um grande sucesso de bilheteria... Sendo assim, nós terminamos aqui nossa reunião... Podem ficar a vontade para usufruírem da sala de lazer, ou nossa mesa de buffet que por sinal está magnífica... - E quando já iríamos nos levantar, Dave pediu para que aguardássemos mais um pouco, visto que havia um assunto particular a tratar - Freddie, Carly, e senhor Shay, por favor queiram aguardar mais um pouco, eu gostaria de tratar de um assunto em particular com vocês três...

— Claro, mas pode me chamar de Spencer, senhor Simons... - Respondeu o advogado

— Então o mesmo para você Spencer, por favor me chame de Dave...

— Certamente, Dave...

— Pois bem... Freddie, Carly e Spencer... Como vocês sendo respectivamente namorado, empresária, advogado, e principalmente todos muito próximo da Sam, eu só gostaria de me desculpar por não poder esperar até o julgamento, eu também gostaria muito de tê-la na estreia pois ela é como uma filha pra mim... Mas infelizmente eu também dependo da diretora, então sinceramente não havia nada que eu pudesse fazer...

— Sem problemas Dave, nós entendemos perfeitamente, e creio que a Sam também entenderia porque teve que tomar essa decisão... - Respondeu a morena

— Então, digam-me: Como anda o processo de investigação? Já conseguiram algo que pudesse esclarecer essa história?

— Infelizmente até agora só conseguimos "provas fantasmas"... Adquirimos muito indícios que poderia nos garantir alguma prova ou argumento, mas sempre no final das contas acabamos não chegando a lugar nenhum... O que torna a investigação ainda mais difícil, visto que agora estamos dependendo praticamente de resultados forenses que não são muito eficientes quando o assunto é velocidade... - Explanou o Shay mais velho

— E quanto a Sam? Vocês tem tido alguma notícia de como tem sido sua adaptação na delegacia?

— Nós temos ido visitá-la constantemente, inclusive pretendemos visitá-la em breve... Aparentemente as coisas estão razoáveis na medida do possível, mas creio que alguém que foi obrigada a se tornar detenta da noite pro dia jamais vai conseguir se adaptar tão facilmente... - Respondi com sinceridade

— Certamente, eu entendo... Então da próxima vez que a visitarem, poderia dizer por favor que eu mandei lembranças? Eu realmente espero que as coisas corram bem, então podem contar que tanto eu quando os demais do estúdio estaremos presentes no dia do julgamento...

— Claro Dave, nós avisaremos, e também agradecemos seu apoio em uma situação tão delicada...

— Não há o que agradecer meus filhos, eu realmente desejo que tudo ocorra bem em todos esses desafios que vocês terão de enfrentar pela frente... Bem, eu agradeço a presença de vocês e sintam-se a vontade, afinal essa estúdio é tanto a minha casa quanto a de vocês...

— Nós agradecemos, mas, já temos de ir a outro compromisso... Enquanto as pistas não vierem até nós, nós iremos até elas - Exclamei em um tom brincalhão

— Eu entendo filho, admiro muito essa persistência de vocês... Boa sorte a todos vocês!

— Obrigado! - Respondemos todos uníssonos, e saímos todos em direção ao estacionamento... Decidimos que todos iríamos no carro da Carly, então passei na cozinha e deixei as chaves do meu carro com o Brad, assim ele o levaria de volta pra casa...

O Spencer ficou de dirigir hoje, então Carly e eu entramos no banco de trás... Nós tínhamos de chegar na delegacia o mais rápido possível, então apertamos o cintos e fomos ao lugar que com muito desgosto posso dizer que praticamente se tornou minha segunda casa...

As vezes dizíamos uma coisa ou outra, afinal éramos bem ativos então não conseguíamos simplesmente ficar calados... Porém eu não conseguia prestar atenção em nada do que diziam, apenas no quanto a Sam estava estranha nessa última semana... Era como se ela estivesse mais distante ou não estivesse dizendo a nenhum de nós tudo o que realmente gostaria o ou deveria... Eu sempre que já estamos lotados de mistérios, mas esse é mais um que temos de resolver...

— Não concorda Freddie? Freddie! - Retorno a realidade ao sentir uma criatura me chacoalhando

— Oi? Sim? Claro, pode ser... - Respondi literalmente qualquer coisa aleatória que veio a minha mente

— Sério?! Então anota aí...

— Anotar o que?!

— O número da minha conta oras...

— Mas... Oh Meu Deus, com o que eu concordei?

— Que você iria transferir 50% da sua poupança pra minha conta... - Respondeu a morena segurando-se para não explodir em risos

— Sério? Foi mal gente, eu viajei um pouquinho...

— Um pouquinho? Cara, eu queria que você visse o que eu vi pelo retrovisor!

— Foi tão ruim assim?

— Digamos que eu só não larguei o volante e gravei essa cena épica porque não se não iria sobrar ninguém pra contar a história...

— Nossa, então alguém por favor me lembre de recusar as coisas as coisas quando eu estiver em um "transe épico"...

— Acho que que não é uma boa ideia...

— E por que não?

— Vai que alguém te oferece 50% da poupança por acaso... - Respondeu a morena dando ombros

— Boa saída...

— Mas então miúdo, no que tanto pensava?

— Sinceramente? - O Shay mais velho apenas acenou a cabeça positivamente em resposta - No quando a Sam tem estado extremamente estranha nesses últimos dias...

— Eu também vendo percebendo isso...

— É verdade, eu também...

— Sério? Achei que só eu estava "vendo de mais"...

— Na verdade não, é como se ela estivesse bem aérea com toda essa situação, como se nem importasse mais em descobrir quem é o culpado, apenas conformada com tudo o que vem acontecendo...

— Sim! Exatamente Carly... Bem, acho que já sabemos a nossa prioridade de hoje... Temos descobrir o que há de errado com ela, e logo...

[...]

Chegando na delegacia, como de costume, procuramos pelo Gunsmoke que nos levou diretamente para a sala de visitas, porém dessa vez o próprio Guns ficou fazendo a segurança da sala, visto que nós três estávamos na sala dessa vez...

Ficamos aguardando cada um em sua respectiva cadeira, até que vimos uma loira surgir na entrada da sala... Imediatamente todos nós sorrimos mutuamente, nos abraçamos, e começamos a conversar... Geralmente não é permitido nenhum tipo de contado físico, porém essa não era de uma espécie de visita típica...

— E então, como vão as coisas lá fora? - Indagou a loira concentrada nas fatias de bacon que eu havia trazido afim de fazer uma pequena surpresa

— Bem, na verdade nós temos uma novidade, eu só não sei dizer se é boa ou ruim... Dave nos chamou em uma reunião de última hora no estúdio e... Disse que a diretoria exigiu o lançamento do filme, então a estreia vai acontecer no início do mês que vem...

— Mas isso é uma boa notícia, ótima na verdade...

— Sim, de certa forma sim, mas... O que vai acontecer antes do julgamento, então talvez você ainda não...

— Esteja livre? Pessoal, não se preocupem comigo, eu vou ficar bem... Nós demos tudo de nós na gravação naquele filme, então vão lá, e mostrem pra diretoria, pra academia, ou quem quer que seja como se faz um filme!

— Sim, mas lembre-se que se até lá conseguirmos te inocentar, ou até mesmo descobrirmos o culpado, você vai poder estar na festa de divulgação também loirinha - Exclamou o Shay mais velho mantendo o otimismo

— Mas se não conseguirem não tem problema algum, okay? Apenas aproveitem e comam por mim, embora eu ache que bater o meu recorde de mais almôndegas em uma hora, mas tudo bem... Me representem e divirtam-se, certo?

— Sammy... - Exigiu a morena chamando atenção da amiga

— Hum? - Respondeu ela mastigando

— O que tá acontecendo?

— Nada oras...

— Samantha Puckett... Pode ir falando, agora...

— Ta bom, tudo bem, vocês me pegaram... A verdade é que... Eu estou morrendo de pena que essa bacon acabe, por isso eu estou mastigando bem devagar para que eu possa aproveitar cada pedaço...

— Sam, me escuta... O que quer que esteja acontecendo, nós precisamos saber... Nessa última semana que se passou parece que você não quer sair daqui, não se importa com a investigação, e nem se empolga mais com qualquer pista que se relacione ao culpado... Você precisa confiar em nós, você sempre confiou...

— E eu confio...

— Então por que não nos diz o que aconteceu com você enquanto está aqui?... - E afastando o pacote de bacon até a lateral da mesa, a loira colocou as mãos sobre a mesa e incessantemente brincou com suas próprias mãos até por fim ceder as nossos pedidos...

— Carls, Freddie, Spencer... Me desculpem por eu não ter contado isso pra vocês antes, porque a verdade é que nem eu mesma acreditei no que vi... Eu tive medo de acharem que eu estou louca ou não acreditarem, ou que de alguma forma vocês venham a ser prejudicados de alguma forma por minha causa, mas, eu simplesmente não consigo mais deixar isso queimando dentro de mim... - E imediatamente um arrepio percorreu completamente a minha espinha... Todos na sala se entreolharam absolutamente tensos, havia algo que até agora não fazíamos ideia que estava acontecendo mas que agora estávamos prestes a saber... Ela estava tão séria, seus olhos não tinham emoção... Era como se estivesse anestesiada, completamente queimada por dentro...

— Be-bem, então, nos diga... Não se preocupe Sam... Independente do que seja, você pode ter absoluta certeza de que pode confiar em cada um de nós... - Respondi praticamente implorando por uma resposta, buscando saber qual era a confissão... A cada segundo que se passava sem nenhuma palavra fazia meu coração bater mais rápido, era como se eu pudesse escutar os seus batimentos pulsarem claramente de tão silenciosa que aquela sala havia se tornado... Por fim, a loira levantou a cabeça, respirou fundo, e após olhar para cada um de nós começou a balbuciar:

— A Melanie está viva, e eu tenho quase certeza de que ela é a responsável por tudo o que aconteceu...