P.O.V Geral:

Esperança: Sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja; confiança em coisa boa; fé...Não se sabe de que forma é desenvolvida, quanto tempo dura, ou porque sempre é vista como a única e última solução... Porém, o que se sabe é que para Sam, Freddie, Carly e Spencer, a esperança tornar-se não só uma opção, mas também um estilo de vida...

Dizem que a esperança é a última que morre, entretanto, pode ser a primeira a matar... E mesmo que de fato não tenha chegado ao fim, isso não impede que possa ser gravemente comprometida...

— O que acham que pode ser adiantado durante esses três de vantagem? - Indagou o moreno dando uma mordida em um de seus donuts de chocolate

— Bem, obviamente não vai dar tempo da análise de possíveis digitais ficar pronta até lá, o laboratório não está sendo tão rápido quando eu gostaria... Porém nós ainda temos disponível alguns kit's forense, então eu já fiz o pedido para que o estúdio fosse interditado com a classificação de cena do crime... A detetive Kacey já inspecionou o local, porém como ela parece de alguma forma ter ligação com o Logan, creio que seja melhor contratar outro detetive para uma vistoria um pouco mais meticulosa. Então podem ficar otimistas, que em breve receberemos algumas informações valiosas... - Respondeu o Shay mais velho sorridente, recostado em uma das cadeiras saboreando sua caneca de café

— Wooow, excelente! Mas, falando e m Kacey, tem certeza de que não há risco da Kacey ou do Paul olharem o registro médico antes de ele ser alterado?

— As chances são praticamente nulas. Eles disseram que o prazo até a alta seria em três, só então efetuariam a mandato de prisão... Então levando em conta que ainda não foram completas as 72 horas, até lá o prazo já deve ter sido alterado... Fora o fato de que o acesso é bloqueado, então, nada com o que devemos nos preocupar... - Dessa vez a Shay mais nova tomar a palavra

— E eu, faço o que? - Indagou a brincando com os ossos de costela no seu prato... Não que fosse muito apropriado o consumo de alimentos tão pesados, mas como se tratava dos desejos da loira, acharam melhor que seria melhor não contrariar...

— Você pode ficar bem aí deitada aí repousando e se alimentando corretamente para repor os nutrientes que o seu corpo precisa... - Respondeu o moreno em um tom materno desconhecido até por ele mesmo

— Dormir, comer e assistir TV por três dias inteiros... É acho que eu posso fazer esse sacrifício por vocês... - Exclamou ela em um tom divertido

— Bem, eu vou na lanchonete buscar alguns cupcakes... Alguém vai querer algum? - Perguntou o jovem rapaz levantando-se e indo em direção a porta

— Morango, por favor... - Respondeu a empresária

— Sam?

— Não precisa nem perguntar! - Respondeu ela dando ombros como se fosse a coisa mais óbvia do mundo

— Imaginei... Spencer?

— Não Freddinho, obrigado. Eu comi um Lahmajoun quando estava vindo pra cá...

— Lahmajoun?

— Sim, é basicamente uma tortilha picante da armênia...

— E é bom?

— Digamos que eu teria sido mais feliz se tivesse escolhido um cupcake...

— Armênia? - Indagou a jovem a atriz confusa

— Sim, é um país da região montanhosa da Eurásia... - Respondeu a morena

— Será que alguém pode falar a minha língua, por favor?

— É um país asiático, resumindo...

— Obrigada!

— Nós estudamos sobre isso na aula de geografia no último ano, como pode não se lembrar disso?

— Ah, eu estava ocupada com atividades mais importantes...

— Tipo dormir na maioria das aulas?

— Mas é claro! Dormir é vital para a sobrevivência!

— Mas isso aí é ciências...

— Então, viva a ciência Carls... Viva a ciência!

— Certo... Eu, já volto! - Exclamou o jovem ator saindo do cômodo, mal sabendo daquilo que estava prestes a acometer todos eles...

P.O.V Freddie:

E como diz o ditado, tudo que é bom, dura pouco. E muitas vezes, as coisas realmente duram muito pouco... Assim que eu estava saindo do quarto onde a Sam se encontrava, de repente vi Kacey e Paul passarem por mim no corredor como se fossem um furação... Assim que me virei afim de ver em que direção estavam indo, pude vê-los adentrando no cômodo, então imediatamente os segui esquecendo completamente aquilo que eu estava prestes a fazer...

— Muito bom dia Samantha! É muito bom vê-la novamente... Mas infelizmente, talvez não seja um dia tão bom assim pra você, não é mesmo?... - Exclamou a detetive com desdém

— Kacey? Paul? O que fazem aqui a essa hora? - Indagou o Shay mais velho tão confuso quanto todos nós... Carly, Sam e eu nos entreolhamos apreensivos, não estávamos acreditando que eles estavam realmente ali... Não, não era possível... Como souberam? Era praticamente impossível que eles descobrisse... Eu realmente me recuso a acreditar que isso está acontecendo...

— Por que a surpresa, senhor Shay? Achei que se lembrasse do trato que fizemos a 3 dias atrás...

— Sim, é claro que me lembro... Porém eu também que lembro que a prisão da Samantha só poderia ser efetuada quando ela tivesse alta, e obviamente a minha ciente não se encontra apta para isso...

— Além disso basta olhar para a atualização dos registros médicos, e verão que o prazo de internação fosse prolongado após um diagnóstico mais profundo da paciente... - Me pronunciei pela primeira vez, visto que até então não haviam percebido que eu os havia acompanhado

— Senhor Benson, que prazer vê-lo aqui novamente... Veio presenciar a justiça sendo feita ao vivo?

— Pena que eu não possa dizer o mesmo sobre a senhora, detetive... - Respondi com rispidez - E também posso garantir que muita coisa está sendo feita aqui, menos a justiça...

— Fredward, Fredward... Sempre com essa sua infinita fidelidade não é mesmo? Eu realmente achei que você enxergaria a realidade após as provas e argumentos que vão totalmente contra a versão da sua namoradinha...

— Provas? Até onde sei não existe uma guerra se apenas um dos lados planeja um ataque... Samantha ainda não tem a oportunidade nem tempo o suficiente para se defender. E sim, obrigado pro definir perfeitamente a minha fidelidade como infinita, porque no que depender de mim, é exatamente assim que sempre será...

— Bravo! - Exclamou ela batendo palmas lentas - Eu sempre soube que era um ator senhor Benson, porém também estou admirada com sua habilidade oculta para a poesia... Agora se me der licença, eu tenho uma meliante para capturar...

— Vocês não podem fazer isso! - Exclamou a morena intrometendo-se na frente dos dois oficiais

— Como não? Quem você pensa que é para impedir duas autoridades? - Intimou o delegado

— Eu penso que sou uma alguém que conhece muito bem a leis... E bem o suficiente, para saber que é proibido a retirada de qualquer paciente em estado de internação, a menos que seja efetuada a alta...

— É mesmo? Pois ela parece muito saudável pra mim...

— Vem cá, você é médico? - Indagou a loira com "sangue nos olhos"

— Por acaso eu tenho cara de quem é um, mocinha insolente?

— Ótimo, então fica quietinho!

— Já chega!

— Não! - Dessa vez, eu quem me atravessei na frente do oficial

— Saia da minha frente, agora!

— E eu já disse que não! Olha, eu se que vocês são policiais, e sou obrigado a respeitar isso... Mas isso obviamente é um abuso de autoridade, e podemos processá-los por isso...Então por favor meu senhor, eu gostaria de lembra-lo que nem mesmo as autoridades estão isentas de pagar segundo as leis...

— Tudo bem, senhor Fredward... Mas por favor peço que também mantenha a compostura... Por que com certeza eu não irei ser nada benevolente com o possível comparsa de uma psicopata... - Respondeu ele abaixando o punho obviamente extremamente irritado pelo fato de ter sido traído por seus próprios argumentos...

— Então, por favor, eu gostaria de pedir que se retirem... A réu em questão já passou por muito estresse nos últimos dias, e claramente não precisa de mais nenhuma para a coleção... - Exclamou o advogado acompanhando-os até a saída

— Não tão rápido Spencer Shay... Eu tenho muito respeito por você, mas não irei sair daqui enquanto essa meliante estiver atrás das grades! - Esbravejou a senhorita Hart

— Kacey, por favor, eu também possuo grande estima por você como profissional, mas seria imprudente ir contra as palavras do Doutor Mattews...

— Pois bem... Então onde está esse tão excelentíssimo doutor quando precisamos dele?!

— Com licença, senhorita Puckett? Eu ouvi alguns gritos do corredor, então vim verificar se estava tudo be... Opa, policiais... É posso ajuda-los? - Disse o doutor Mattews adentrando no cômodo, entretanto já não sei dizer se essa aparição repentina pode ser considerada oportuna ou não...

— Finalmente alguém que realmente será útil por aqui! O senhor é o doutor Mattews, certo?

— Sim, em que posso ajuda-la?

— Doutor Mattews, eu sou a detetive Kacey Hart, e esse o delegado Paul Hunter... O senhor é o responsável pela paciente Samantha, certo?

— Correto...

— Pois bem... A aproximadamente quase 72 atrás, nós viemos nesse mesmo hospital, soubemos que a paciente Samantha Puckett receberia alta no dia de hoje... Porém assim que chegamos nesse local, fomos notificados de que a paciente recebeu uma prorrogação de última hora... Então eu gostaria de saber: por que o senhor acredita que isso se fez necessário?

— Bem, os tecidos externos já realizaram a cicatrização inicial... Porém a cirurgia foi muito delicada, por isso o tecido interno ainda pode estar muito danificado... Por isso achei prudente prolongar o período de internação...

— Certo, certo... Mas agora, me responda mais uma coisa: o senhor sabia que a paciente mencionada está sobre um mandato de prisão...

— Sim, eu, fui notificado recentemente...

— O que significa que o senhor também sabia que desse decreto, estou certa?

— Sim, está correta...

— Senhor Mattews, o senhor não estaria protegendo essa paciente, não é mesmo? Caso contrário o senhor teria sérios problemas com a justiça...

— Na-não, de forma alguma...

— Maravilhoso! Então, só mais uma coisa... A paciente já pode se movimentar normalmente?

— Sim, até poderia, porém eu recomendaria que...

— Ótimo! Isso já basta! - Interrompeu bruscamente a detetive - Paul, pode leva-la!

— O que?! - Exclamamos uníssonos

— Não! Me soltem! Eu sou inocente! - Gritou a loira enquanto se debatia o máximo que podia a fim de escapar - Freddie! Carly! Spencer!... Confiem em mim, eu sou inocente!... E-eu amo vocês - E essas foram as últimas palavras que pude ouvir antes de vê-la ser arrastada portas a fora...

— Não! Vocês, vocês não podem, ela nem ao menos teve o direito de se defender! - Esbravejei com toda a força que minha garganta podia aguentar, enquanto observava minha loira ser arrastada pelo corredor...

— Kacey! Paul! Por favor, isso não é necessário! - Exclamava o Shay mais velho correndo atrás dos oficiais até a portaria

— Desista, Spencer! Você sempre se deu melhor em todos os casos, mas dessa vez, a detetive aqui é quem vai levar a melhor.... Nos vemos no tribunal! Mas na verdade, se quiser nem precisam aparecer... Essa causa já está ganha!... - E dizendo isso, saíram...

— Não, não, não! Não pode ser! - Comecei a gritar completamente fora mim

— Freddie, por favor, se acalma! - A morena tentava me acalmar me sacudindo pelos ombros, no entanto, completamente em vão...

— Calma?! Você quer que eu tenha calma?! Minha namorada acabou de ser presa, e você ainda quer que eu mantenha a calma?! Não Carly, eu não vou ficar calmo! - Vociferei em um tom desconhecido até por mim mesmo, até perceber que a morena também já se encontrava se desmanchando em lágrimas...

— Carly, me-me desculpa, e-eu não queria...

— Não Freddie, tudo bem, eu te entendo... Eu te entendo... Vai ficar tudo bem, okay? Vai ficar tudo bem...

— Eu só quero ter a minha Sam de volta...

— E você vai! Nós vamos tirar a Sam de lá Freddie... Você, eu, e o Spencer... Eu prometo Freddie, eu prometo...

Por fim, a morena me abraçou em um gesto de consolo, ao mesmo tempo tentando se manter forte e consolando a ela mesma... Aos poucos eu fui me acalmando gradativamente até que todos já estávamos unidos tomados todas as providências que eram possíveis no momento... Depois de tudo, só posso dizer uma coisa: Abençoados sejam os Shays...

[...]

~ Na Manhã Seguinte, No Apartamento dos Shay's ~

— Carly, por favor, eu preciso preciso visitar a Sam! - Exclamou o moreno levantando-se do sofá e andando de um lado para o outro nervosamente enquanto passava as mãos em seus cabelos castanhos, como se estivesse a ponto de arrancá-los... Os três amigos haviam passado a noite em claro mais uma vez, tentando procurar arquivos, pastas, provas, ou qualquer outra coisa que pudessem ao menos anular a prisão, mas até agora, sem sucesso... A sala de estar havia se transformado em uma imensidão de papéis espalhados em todos os cantos, contrastados apenas por uma confusão de fios morenos que seguravam um notebook em uma mão, e seu sétimo copo de café expresso na outra...

Quanto ao Spencer, havia ficado no hospital tentando convocar alguns criminalistas que pudessem auxilia-lo no caso, afim de defenderem os direitos humanos que exigem a obrigatoriedade de qualquer profissional licenciado da área saúde a permitir com que um paciente possa permanecer em observação até que esteja totalmente limpo de qualquer risco de infecção que possa vir a ser derivada de uma lesão... Obviamente, isso não impediria que a prisão fosse efetuada novamente após isso, porém forneceria o tempo necessário para que o Shay mais velho pudesse concluir sua investigação...

— O que? Ficou louco? É muito arriscado Freddie! Nós só temos direito a uma visita diária, além funcionários daquela delegacia já estão com raiva de nós, e pior ainda será se formos lá com mais frequência do que o necessário... E se precisarmos de um depoimento de última hora? É capaz que vetem de vez de nosso acesso a Sam, o que vai praticamente destruir nossas chances de tirá-la de lá!

— Mas, mas... Isso é ridículo! A Sam está presa, pagando por crimes que não cometeu, e ainda não podemos visitá-la? O Spencer é o advogado dela, e por sinal é um dos, se não o mais influente e eficientes de toda Los Angeles... Eles não podem impedi-lo de vê-la, eles não podem nos impedir! Nós temos esse direito! Não temos?... Eles não podem fazer isso!... Eles não podem, não é?... - A morena podia ver o desespero e a dor nos olhos do jovem ator... Ela também estava completamente devastada, não imaginava que poderia realmente haver uma possibilidade real de prisão contra sua melhor amiga... É claro que em seus tempos de escola, a peralta loira sempre se metia em confusões, mas nada que passasse que algumas detenções aos sábados, ou alguns trabalhos que por sinal ela não fazia como compensação por suas pegadinhas... Mas agora se tratava de uma situação real, e por mais que odiasse admitir, a jovem empresária também estava se sentindo perdida... Porém, alguém tinha de manter a situação sobre controle, por mais duro que fosse...

— Freddie, o Spencer realmente é um excelente advogado, capaz de fazer coisas inimagináveis. Mas infelizmente, a detetive Kacey também é... Ela é a supervisora da delegacia, e frequentemente faz vistoria na penitenciaria de Los Angeles juntamente com o Paul... Eles são muito bons no que fazem, mas infelizmente não sabem ser imparciais... E como já deu pra perceber, no momento eles estão contra nós, então se realmente quiserem, eles tem meios e poderes para isso... Eu sei o quanto isso está te matando, mas comigo também não está sendo diferente... Olhe só pra nós, dois zumbis movidos a base de café nos últimos dias... Por isso é essencial que mantenhamos a descrição, principalmente pela proteção da Sam... Eu sinto muito...

— Sim, eu sei... Eu sei... - O moreno apenas assentiu balançando a cabeça, porém não concordando totalmente com essa ideia... Ele sabia que a morena cederia, apenas precisava usar os argumentos corretos... - Mas...

— Mas, o que?... Ai Meu Deus, eu conheço essa cara!- Exclamou a empresária massageando a têmpora - Você tem uma ideia, não é?... - O rapaz cruzou os braços e balançou a cabeça sugestivamente com um sorriso de canto... A morena soltou um longo suspiro, porém após alguns segundos de meditação, resolveu ouvir o que ele teria a dizer... - Eu não acredito que vou dizer isso, mas... Manda ver!

— Você se lembra que o Spencer disse que só poderia ir buscar a fita hoje, porque seria a ocasião em que apenas o Gunsmoke estaria lá na supervisão, certo?

— Sim, lembro... Por que?

— Porque então não vamos lá agora e aproveitamos enquanto nem a Kacey e nem o Paul estiverem lá? Nós podemos ir bem rápido e voltar antes que eles voltem!

— Certo, certo... Nada mal, isso pode funcionar... - Explanou a Shay mais nova ponderando a opção - Mas, eu não sei... Nós deveríamos esperar o Spencer, afinal, ele é o advogado do caso...

— Tem alguma ideia de que horas ele chega?

— E temos como saber? Já são... - Disse ela olhando para seu Rolex Invicta - Dez horas da manhã, e olha que quando ele saiu daqui ainda não havia nem amanhecido... Talvez demore apenas mais um pouco, mas também pode ser que demorem horas, isso é algo bem relativo... São mais ou menos quinze minutos de carro daqui até a delegacia, então se não sairmos daqui em no máximo meia hora, corremos o risco de esbarrarmos com a Hart ou o Hunter caso decidam voltar após o intervalo...

— Você conhece o Gunsmoke, não conhece?

— Claro, ele já veio aqui em casa nos visitar algumas vezes...Quer dizer, visitar nossa TV a cabo, mais especificamente quando passava "Três é Demais"...

— Compreensível, a quinta temporada estava ótima...

— Verdade, isso eu tenho que concordar... - Concordaram os morenos em uníssonos - Mas, voltando ao foco! Presumo que você queira que eu convença o Guns a te deixar visitar a Sam, certo?

— Sim! - Respondeu ele exultante - Você acha que consegue?

— Bem, eu creio que sim, mas...

— Por favor, Carly! A Sam precisa saber que nós estamos com ela... Ela precisa de nós... - Implorou o jovem ator exalando esperança

— Tudo bem, tudo bem... Mas vamos logo, que o tempo não para! - Exclamou ela levantando-se e pegando a chave do carro... Ela sabia que seu irmão provavelmente iria esgana-la por estar bancando novamente a "advogada", mas se tem uma coisa que ela havia aprendido, é que as vezes vale a pena correr alguns riscos por aqueles que realmente valem a pena...

— Obrigado, Carls! Nem sei como te agradecer por tudo isso...

— Ah, mas eu sei! - Ela então jogou o molho de chaves nas mãos do moreno - Você dirige...

— Não precisa falar duas vezes! - Ambos então entraram no elevador e foram correndo até o térreo, o retiraram o belo Maserati vermelho da garagem, e partiram em direção a delegacia...

[...]

— Finalmente, chegamos... - Exclamei ao avistar a fachada da delegacia... Assim que fiz a baliza e estacionei o carro, descemos do veículo e caminhamos até a portaria... Nos entreolhamos apreensivos, afinal, nossas expectativas poderiam ser frustradas. Entretanto jamais saberíamos se não tentássemos... Após retomar a postura, por fim entramos na delegacia pela entrada principal...

Ao chegarmos na recepção, não havia nada de excepcional. Apenas um mezanino frontal onde estava uma secretária lixando as unhas despreocupadamente... Como ela não pareceu notar nossa presença, pigarreei levemente afim de chamar sua atenção, o que resultou em um pulo de susto da parte da moça...Assim que retomou sua postura, pudemos escuta-la murmurando um pedido de desculpas... Nos aproximamos um pouco mais do mezanino e principiei a cumprimenta-la, porém o indagarmos sobre o motivo de estarmos lá, passei a palavra para Carly:

— Nós gostaríamos de falar com o oficial Gunsmoke, ele se encontra no momento?

— Quem gostaria?

— Diga a ele por favor que se trata de Carly Shay, a irmã mas nova de Spencer Shay... Diga a ele também que estou acompanhada de Fredward Benson, obrigada...

— Claro, por favor espero só um segundo... Sinta-se a vontade, senhor Freward... - Sussurrou ela a última parte soltando uma piscadela, antes de antes de desaparecer no corredor... Carly apenas levantou as sobrancelhas, talvez impressionada em tamanha ousadia. Eu apenas dei alguns passos para trás, afinal, manter uma certa distância nunca é demais...

Assim que a moça retornou, ela imediatamente abriu um pequeno sorriso em minha direção, porém persisti em permanecer sério. Ao menos espero que isso signifique que se trata de uma boa notícia...

— O senhor Gunsmoke disse que está esperando por vocês no departamento... Basta seguirem pelo corredor e entrarem na primeira porta a direita...

— Obrigada... - Agradeceu a morena formalmente seguindo pelo corredor, e eu a segui logo atrás... Porém senti alguém agarrar o meu braço direito apenas ver para ver que se tratava da tal secretária

— Desculpe, posso ajudar? - Indaguei ríspidamente retirando sua mão, o que aparentemente a fez entender o recado

— Me perdoe senhor Fredward, eu apenas gostaria de dizer que se precisar de algo, basta procurar por Liz Bennet, eu estarei completamente a sua disposição... - Sussurrou ela em um tom sedutor

— Claro, senhorita Benne-...

— Me chame de Liz... - Disse ela ela interrompendo-me

— Certo, Liz... Obrigada por avisar... - Agradeci secamente e aproveitei para seguir antes que surgisse brecha para mais alguma investida... Pude ouvi-la dizer mais alguma coisa, porém não prestei atenção de fato no que estava sendo dito... Quando cheguei no fim do corredor, encontrei a morena encostada na parede mexendo em seu PearPhone:

— Finalmente! Achei que tinha se perdido no meio do caminho, pense até em chamar o resgate... - Exclamou ela em um tom divertido

— Eu estava era querendo era dar um perdido naquela secretária, isso sim!

— É "senhor Fredward", acho melhor ficar longe dela...

— Concordo plenamente! - Concordei balançando a cabeça em consentimento - Bem, vamos?

— Claro!...

E após dar três leves batidas, um home de cabelos grisalhos e semblante carrancudo surgiu dentre o cômodo e ficou nos encarando por alguns segundos... Porém, para minha surpresa, ele abriu um amplo sorriso logo em seguida:

— Carly! - Exclamou ele dando um leve abraço na morena

— Hey, Guns!

— E você deve ser o Freddie, certo? - Indagou ele estendo a mão afim de cumprimentar-me

— Sim, sou eu mesmo...

— Bem, entrem, sentem-se!... - E assim fizemos... Após adentramos dentro do cômodo, nós assentamos nas poltronas acolchoadas que estava a disposição na sala... De fato, bem confortáveis, acho que até que vou fazer uma nota mental para encomendar uma, minha escrivaninha está mesmo precisando de uma reforma... - E então, a que devo a presença de vocês?

— Bom, se não for muito incômodo, nós gostaríamos de de pedir um favor... - Iniciou a empresária

— Digam-me, do que precisam?

— Creio que infelizmente você também já esteja sabendo da prisão da Sam, certo?

— Sim, o Spencer já me adiantou um pouco sobre isso...Inclusive eu fiquei bem surpreso quando dei baixa na fixa dela... São crimes hediondos, não creio como uma pessoa como a Samantha tenha sido capaz de cometê-los... Certo que eu já pude perceber que ela é uma pessoa um pouco impulsiva mas, nada que seja além de sua personalidade...

— Exatamente isso... Infelizmente eu nós ainda não conseguimos provas o suficiente para liberta-la mas estamos confiantes de que vamos conseguir... Simplesmente não podemos deixar que ela pague por algo que não cometeu...

— Então, vocês querem que eu os ajude a provar a liberdade dela?

— Se você quiser nos ajudar, Freddie, Spencer e eu ficaríamos extremamente agradecidos, porém agora precisávamos de um favor diferente... Será que você poderia liberar uma visita extra pra Sam antes da Kacey e o Paul voltarem?

— Eu até posso, mas não deveria...

— Tudo bem, eu entendo... - Respondeu a morena em um tom desanimador

— Porém, pra isso existem as exceções...

— É sério?! - Exclamei em êxtase pela primeira vez naquela conversa

— Claro, nem sempre a justiça está de acordo com as leis... Entretanto apenas um de vocês poderá visitar a Samantha, dessa forma haverá menos riscos com relação a descrição...

— Sem problemas Guns, o nosso plano inicial era realmente que apenas o Freddie fosse visita-la...

— Sendo assim, vou levá-lo até a nossa sala de visitas... Carly e eu podemos ficar observando a portaria da segurança, dessa forma se Hart ou Hunter estiverem chegando, poderemos avisa-lo... Certo?

— Perfeito! - Respondemos Carly e eu em uníssono

— Obrigado senhor Gunsmoke, eu realmente não sei como lhe agradecer...

— Bobagem, apenas não demore muito meu rapaz, tudo bem?

— Claro, eu serei bem breve...

— Excelente... Jace?! - Gritou o oficial chamando um rapaz que estava a paisana no corredor

— Sim, senhor? - Respondeu ele em prontidão

— Por favor, queria levar o senhor Benson para ala de visitas pessoais no setor A3... Ele está aqui para realizar uma visita para a detenta Samantha Puckett...

— Mas, agora senhor?

— Sim, oras... Algum problema, guarda?

— Não, nenhum oficial Gunsmoke, é que eu achei que não era permitido a realização de visitas nesse horário...

— Nem a detetive Kacey e nem o delegado Paul se encontram aqui no momento, se é isso que lhe preocupa... Se alguém lhe questionar diga que é uma ordem direta minha... Agora por favor, leve o rapaz até a sala, ele também tem seus compromissos pendentes...

— Certo, desculpe senhor... Por favor, queria me acompanhar senhor Benson, eu irei levá-lo até o seu destino...

[...]

E assim, eu o fiz... Acompanhei-o até uma porta de madeira envelhecida, onde fiquei aguardando em um cômodo de iluminação fraca onde havia apenas uma pequena mesa e duas cadeiras... Constantemente eu persistia em alinhar minha roupa ou ajeitar o cabelo. Obviamente eu estava nervoso, o que era estranho pelo fato de eu estar indo me encontrar com uma pessoa que eu conheço muito bem... Mas talvez, em certas ocasiões a ansiedade realmente fale mais alto...

Ouvi passos chegando cada vez mais perto, com certeza agora eu estava explodindo de ansiedade... De longe pude ver uma silhueta feminina, seguido logo atrás de um guarda que obviamente deveria ser o Jace. Como a luz era fraca demorei para identificar o que ela estava vestindo, mas conforme se aproximava percebi que a loira ainda estava com seus belos cachos soltos e suas roupas cotidianas... Não haveria nenhuma diferença se não fosse por um par de algemas que persistia em aprisiona-la...

Finalmente eles estavam adentrando na sala, não sei se a evidente demora se dava pelo fato de o corredor ser realmente muito longo, ou se fosse o fato de que eu não aguentava mais esperar. Quem sabe, fossem as duas coisas... Pude ouvir um voz feminina murmurar alguma coisa sobre o por que estava sendo levada para aquela sala... Imediatamente me prostrei em frente a porta para que ela pudesse me ver assim que entrasse... A loira estava de cabeça baixa, por isso não me notou em primeiro plano. Porém, assim que levantou a cabeça, eu abri os braços e um amplo sorriso, recebendo como resposta um vulto loiro em cima de mim:

— Freddie? Oh meu Deus! Você está aqui! - Exclamou ela colocando seus braços em torno do meu pescoço, visto que agora estavam livres

— Eu disse que sempre estaria com você, em qualquer ocasião... - Respondi quebrando o abraço

— Como conseguiu entrar aqui? Eu achei que as revistas fossem privadas...

— E são, mas digamos que isso não foi um problema... - Sussurrei dando um sorriso de canto

— Sabe que a Carly e o Spencer vão te matar, certo?

— Na verdade não, foi a própria Carly que me ajudou a entrar aqui...

— Como é? Carlotta Taylor Shay? É da mesma Carly Shay que estamos falando? - Indagou a loira com as sobrancelhas arqueadas

— Surpresa?

— Claro! Desde quando começaram a ter tanta atitude?

— Ah, você sabe, aprendemos com a melhor... - Exclamei em um tom divertido

— Mas então, como você está?

— Ah, você sabe... Presa em um cubículo escuro, rodeada de grades, usando um belo par de algemas como acessório, e completamente apartada do mundo lá fora... - Respondeu ela com uma ponta de desgosto em sua voz

— Nós vamos te tirar daqui Sammy, você sabe disso... Nesse momento Carly está com o Gunsmoke, com certeza eles estão olhando algumas filmagens... E o Spencer também está no hospital com alguns criminalistas tentando adiar o mandato de prisão por meio de uma quarentena... E eu, bem... Eu não sou muito bom em investigação criminal, e creio que minha experiência em maratonas de CSI não ajude em muita coisa. Mas estou ajudando os dois o máximo que posso, e também pretendo fazer o possível pra sempre te visitar e ter manter informada...

— Eu sei Fredallupe, eu teria perdido o juízo se em momento passasse pela minha cabeça duvidar de vocês...Vocês são as pessoas mais inteligentes, incríveis e anormais que eu conheço... Apenas, tomem cuidado e se cuidem, tudo bem?

— Nós estamos bem, acredite...

— Sério? Porque se eu saísse daqui nesse exato momento a primeira coisa que eu faria seria passar em uma loja de cosméticos e comprar alguns Cronnos pra tentar eliminar essa sua cara cara de zumbi, mas depois de comprar uma peça de presunto, claro... - Respondeu ela como se fosse a coisa mais natural do mundo

— Ei! - Exclamei ela fingindo falsa indignação

— Foi mal nerd, não deu pra resistir... E as coisas lá fora, como estão?

— Nada de muito diferente... Quer dizer, as coisas continuam acontecendo normalmente na medida do possível, mas se torna sem graça fazer qualquer coisa sem você...

— Mas, e o papazzis? Não poderemos despista-los por muito tempo. Tenho certeza de que a impressa não vai deixar nenhum de vocês em paz, eles costumam literalmente perseguir as pessoas em busca de noticias como se fossem sua fonte pessoal de desejos...

— Na verdade, eu já dei um jeito nisso... Quando os... Os... "Digníssimos" policiais estavam te levando até a viatura, eu disse aos repórteres que você estava sendo transferida para outro hospital afim de ter uma recuperação apropriada, e dentro da viatura porque sua acessória considerou mais seguro ir acompanhada de uma escolta...

— Boa saída! Mas, não vamos poder nos esconder da mídia por muito tempo, principalmente dos internautas... Uma hora ou outra alguma informação vai acabar vazando...

— Digamos, que que também já dei um jeito nisso... Eu publiquei no sua fã clube oficial no The Slap que não há a nada com que se preocupar, que você ficará apenas ausente por um período devido a recuperação de um acidente de trabalho... Assim os seus fãs ficaram mais tranquilos e informados... Ah sim, e eu também acessei a política e privacidade das suas redes sociais e editei suas preferências para o modo privado... Sendo assim, qualquer informação online sem o nosso consentimento será classificado como spam, e será excluído automaticamente... É, acho que é só isso mesmo...

— Uau, parece que o meu nerd favorito realmente cuidou de tudo... Obrigado... - Sussurrou ela depositando um breve selinho... E de repente, o oficial Jace apareceu em meio a porta, anunciando que o tempo de visita já havia se esgotado...

— Senhor Benson? Eu vim lhe avisar que o seu tempo de visita chegou ao fim... Por favor, queira se despedir da detenta afim de que eu possa levá-la para sua cela... - Anunciou ele saindo novamente por um breve momento...

— Eu vou sentir sua falta... - Admitiu a loira com o semblante decaído

— Eu também vou... Mas eu prometo, amanhã eu volto...

— Mas... Freddie, você sabe que isso pode ser perigoso, isso pode acabar comprometendo o seu lado...

— Não importa, eu estou disposto a correr esse risco...

— Mas e se...

— Nada de mais, eu prometo...

— Tudo bem, eu vou estar te esperando...

— Senhor Benson, eu preciso levá-la... - Anunciou o guarda retornando oficialmente... Sendo assim, uni meus lábios aos da loira e selei a distância entre nós com um beijo lento... Um beijo de até logo, um beijo de despedida, mas de forma alguma um beijo de adeus...

— Eu te amo...

— Eu também tem amo... Diga a Carly e ao Spencer que eu os amo e que também quero vê-los em breve... Eu acredito em vocês...

— Eu direi, nós não iremos te desapontar...

E colocando novamente as algemas em seus pulsos, o oficial foi carregando mais um vez minha princesa Puckett pra longe de mim... Tratei de me retirar rapidamente daquele sala, odiava o fato de vê-la sendo arrastada corredores a fora de uma delegacia... Seja lá quem seja o infeliz responsável por todo o tormento que a minha Sam está sendo obrigada a passar, eu só sei que o miserável vai pagar muito caro por isso...

Retornei até a sala de controle, e vi Carly e Gunsmoke acelerando alguma fita de segurança em um dos monitores... Provavelmente devem estar procurando por algum registro do dia da tal em que a tal liberdade condicional do do Logan foi aprovada... Eu realmente espero que ele possam ter encontrado algo, no momento o que eu menos preciso é de mais uma má notícia...

— Toc Toc... - Anunciei dando duas leves batidas na porta e entrando logo em seguida

— Hey, você voltou... E então, como foi lá? A Sam está bem? - Indagou a morena curiosa

— Bem, sabe, foi daquele jeito... Ela está bem, mas isso não diminui nem um pouco a minha vontade de estraçalhar aquelas malditas algemas com as minhas próprias mãos... E vocês, conseguiram encontrar alguma coisa?

— Nós acessamos as gravações desde alguns dias antes da liberdade condicional do Logan até o dia da sua liberação oficial, mas o estranho é que as gravações possuem inúmeros cortes... Em alguns momentos a câmera da recepção está gravando durante o dia, mas depois começa a dar uma espécie de interferência e quando a imagem volta já é de noite... Além disso não é mostrado nada do processo de condicional do Flint, apenas o momento em que ele é liberado e sai sozinho e apressadamente pela portaria...

— Então você acha que, pode ter alguém daqui de dentro manipulando os fatos afim de que a Sam possa ser incriminada?

— É bem provável, levando em conta de que são muitas as gravações em que ocorrem esses cortes, como se já soubessem que viríamos atrás das evidências...

— Oh Meu Deus, parece que estamos em meio a um mistério muito maior do que sequer imaginávamos...

— Exatamente, por isso não podemos perder mais nenhum segundo valioso, vamos falar com o Spencer agora mesmo... Guns, será que poderíamos voltar aqui amanhã por volta desse mesmo horário para continuarmos as investigações?

— Claro que sim Carly, mas por favor tenham cuidado... De preferência procurem trazer o Spencer da próxima vez, assim poderão manter as aparências como deve ser...

— Claro, faremos isso... Obrigada Guns, você não imagina o quanto está nos sendo de ajuda...

— Não é nada demais, estou apenas do lado da verdadeira justiça...

— E obrigado por ter permitido que eu visitasse a Sam, senhor Gunsmoke, eu realmente não sei como agradecer... - Agradeci sinceramente

— Disponha meu rapaz, é sempre um prazer ajudar... - Respondeu o senhor de cabelos grisalhos em um tom honroso - Sempre que precisarem, estarei aqui para ajudar no que for necessário...

E voltando para o estacionamento, Carly e eu adentramos no carro e nos dirigimos até o hospital Debra McCurdy, afim de contatarmos ao Spencer tudo aquilo que havíamos encontrado de proveitoso até agora, e também para saber se já havia alguma novidade sobre o adiamento da prisão...
Sinto que estamos bem mais perto do que antes de desvendarmos esse enigma que vem perturbando a todos nós... Se esse alguém responsável por tudo isso estiver solto por aí, uma hora ele terá de aparecer, não se pode se esconder para sempre da iminente verdade... Afinal, de uma coisa eu tenho certeza: quem é vivo, uma hora com certeza aparece...

[...]

P.OV Geral:

~ Algumas Horas Mais Tarde ~

Confinada em uma acomodação precária, sendo forçada a pagar pelos pecados que não havia cometido em um ambiente completamente inóspito, encontrava-se uma loira deitada na parte inferior de um beliche, encarando apenas as grades de cumpriam o requisito de aprisioná-la...

Por vezes insistia em encarar as paredes, embora soubesse que não poderiam entende-la... Porém, não se arriscava a expressar seus pensamentos em voz alta, afinal, embora soubesse que se tratava de objetos inanimados, a jovem também sabia no mais pleno sentido que as "as paredes tem ouvidos"... E como podem...

Fechando os olhos por um momento, a invencível Sam Puckett que nunca havia se sentido tão vulnerável como naquele momento, mesmo que já tendo estado confinada a uma cama de hospital, desesperadamente esperava que um curto período de inconsciência pudesse retira-la por um momento da realidade... Mas mesmo que fosse possível, ela sabia que não duraria muito tempo, nem ao menos traria algum alívio real... As vezes é mais sensato aceitar que certas circunstâncias não podem ser esquecido, ao invés de sentir o impacto dobrado ao se dar conta novamente de que a realidade continua a mesma... Afinal, as vezes os tão batidos ditados do dia a dia podem estar corretos: todo esquecer é temporário, ele só dura até se lembrar outra vez...

As algemas pressionavam seu pulso, como que um lembrete constante de onde ela mesmo se encontrava, mesmo que seus olhos não estivessem fitando-as. E ela não podia ignorar isso... Assim como não podia ignorar a claridade que se instalava entre as frestas da grade... Embora já estivesse anoitecendo e o breu acometendo o cômodo, as lâmpadas que estavam
sendo acessas no corredor proporcionavam uma parcela de iluminação. Não era muito, porém o suficiente, assim como sua esperança...

De fato, estar sendo acusada de delitos que não lhe dizem respeito, provavelmente ter seu ramo profissional arruinado, sua reputação ter sido jogada na lama, e ter sido afastada das poucas pessoas que realmente lhe importam, não é a forma mais agradável de se estar vivendo. No entanto mesmo em meio a todos os males, ela estava viva, havia saído sem nenhuma sequela do atentado que havia sofrido, e por mais que estivesse longe deles, tinha amigos que acreditavam fielmente em sua inocência... E Samantha não poderia estar mais satisfeita com tudo isso... Em certos momentos da vida, devemos aprender a valorizar o que ainda possuímos, ao invés de sempre nos concentramos naquilo em que perdemos...

Virando-se para o outro lado, a jovem moça buscou se concentrar nas boas memórias que havia acumulado naquele dia... Embora não fossem muitas, ou mesmo quase nenhuma, seu melhor amigo e namorado havia ido visitá-la, além ter sido informada pelo mesmo que os irmãos Shay's estavam garantindo que sua prisão fosse preventiva, se não um regime semi aberto na melhor da hipóteses... O rapaz havia prometido que voltaria no dia seguinte, então tudo o que poderia esperar era que o dia seguinte chegasse de forma mais urgente possível...

Quando por fim estava prestes a embalar em uma noite sem sonhos, a loira escutou passos ecoando em meio ao corredor, logo então apercebeu-se que uma sombra aproximando-se de sua cela... Imaginou que fosse apenas um dos guardas a paisana, porém descartou a hipótese ao perceber a silhueta de um homem parada dienta das grades...

— Samantha Puckett? - O homem pronunciou-se segurando um anel de chaves

— Meu nome, não gaste á toa... - Respondeu a loira com indiferença e um pouco sonolenta - Enfim... Posso ajudar?

— Samantha, eu sou o oficial Denver, mas pode me chamar de Chase, se preferir... Essa noite eu ficarei de vigília nesse setor. Mas antes de isolar essa área, fui informado de que há uma visita para a senhorita na área de escuta...

— Uma visita? A essa hora? Achei que os horários já tivessem sido encerrados... - Exclamou a loira surpresa, levantando-se involuntariamente

— Sim, realmente... Mas o indivíduo alega que necessita vê-la urgentemente, por isso foi aberta uma exceção... Então, por favor senhorita, queira acompanhar-me que eu irei guiá-la até a sala... - E prostrando-se em frente a grade, o oficial, o oficial destrancou os cadeados da porta e a guiou em direção a cabine telefônica...

Nesse momento, inúmeros pensamentos e invadiam-lhe a mente... Seria Freddie visitando-a novamente? O moreno já havia estado lá algumas horas atrás, então talvez fosse pouco provável que sua entrada fosse permitida novamente, ainda mais levando em conta o fato tamanha urgência que fora levantada... Talvez fosse Carly ignorando as advertências de Spencer, ou até mesmo o próprio Spencer em busca de um depoimento de última hora... Entretanto os irmãos Shay's eram conhecidos por agirem com descrição em seus determinados ramos, o que tornava improvável ambas as hipóteses...

Ela estava de cabeça baixa, mas não por vergonha de estar lá. Afinal, ela não deveria envergonha-se daquilo que não cometeu, mas sim ao notar o quão laranja seu traje era diante da luz, visto que havia recebido seu uniforme naquela mesma tarde ao completar as 24 horas iniciais de isolamento... Ao pensar na própria fome que estava sentindo por ter tido direito a apenas uma mísera refeição naquele dia, a jovem moça pensou em pedir alguma fruta ao homem, mas sabia que sua resposta seria a mesma de sempre: "todos os presos tem o direito de consumir uma mesma porção de comida ao mesmo tempo"... Qual o problema de pedir apenas uma laranjinha? Afinal, se o problema for a limpeza a sua casca é biodegradável... Bem, pelo menos essa desculpa havia sido suficiente para evitar que o Senhor Henning a enviasse para o "retiro batata e e uva"...

Ao receber o sinal de liberação, a loira caminhou em direção a uma das cabines, onde sentou-se em uma cadeira que havia disponível... Estranhou esse método de visita, visto que o moreno havia conseguido conversar com ela cara a cara em uma sala de visitas, e não através de uma parede de vidro... Mas como se tratavam de horários opostos, concluiu que cada horário tivesse um método de visita diferente...

Finalmente desviando a sua atenção para quem era seu ou sua visitante, a loira se deparou com uma fisionomia feminina, porém não reconhecendo-a a primeira vista... Ela utilizava um lenço em torno da cabeça escondendo seu rosto, e estranhamente uma par de óculos escuros embora estivesse de noite... Conjuntivite talvez?

A figura ficou parada durante, alguns segundos, sem ao menos se mexer ou dizer uma única palavra... Receosa, a atriz tirou o telefone do gancho, e com cautela decidiu que iria tomar a iniciativa:

— Olá?... Terra chamando?... - Indagou a loira chacoalhando a mão através do espectro de vidro, mas não recebeu nenhuma resposta em troca... - Você está viva, ou é preciso que eu chame o resgate? - Indagou ela novamente com o cenho franzido, e pela segunda vez, nenhuma palavra foi dita... Considerando o fato de que sempre odiou ser manipulada ou que abusassem da pouca paciência que possuía, a dona dos orbes cristalinos começou a irritar-se... - Olha aqui, seja lá quem você for, vai falar o que veio fazer aqui ou devo esperar a sua boa vontade enquanto olha pra minha cara? Tire uma foto que dura mais! - Esbravejou ela por fim, expondo toda sua irritabilidade

— Não se lembra de mim, Sammy? - Por fim, uma voz feminina ecoou do outro lado da linha. Imediatamente um arrepiou percorreu pela espinha da loira... Ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar, mas simplesmente não era possível, não poderia ser real...

— Que-Quem é você?... - E sem dizer mais nenhuma palavra, a silhueta até então desconhecida retirou lentamente seu lenço e seus óculos, revelando simplesmente seu rosto sem disfarces... Imediatamente a jovem atriz deixa cair seu maxilar, permanecendo em choque absoluto por longos segundos, incapaz de dizer qualquer coisa diante da pessoa que estava a sua frente... - Me-Melanie?! - Exclamou a loira completamente atônita, ao se deparar com com a presença de sua irmã gêmea bem diante de seus olhos...

— Sentiu minha falta, irmã?...