P.O.V Geral:

Descrença, desilusão, e traição... Era deveras uma missão impossível definir como podia ser nomeada essa sensação, porém era mais do que certo afirmar que tudo isso e mais um pouco estava queimando pelo íntimo de Fredward Benson...
Se havia uma coisa que ele odiava com todas as suas forças, era o fato de ser traído... Detestava hipocrisia, por isso não era difícil concluir que o fato de ser enganado por alguém o fazia chegar a beira dos limites de sua sanidade... No entanto se existia algo que pudesse fazer com que o moreno chegasse ao ápice de seu desgosto, era descobrir que alguém de seu meio, ou pior ainda, descobrir que alguém que é amado por ele incondicionalmente, é na verdade um lobo em pele de ovelha... Seu estômago revirava apenas por pensar nessa possibilidade, e ainda mais se lembrar que um de seus maiores pesadelos poderia realmente ter se tornado real...

"O Freddie é apenas um nerd estúpido que ainda acredita no amor... Diga a ele alguma frase clichê, que ele te amará pelo resto da vida"... Aquelas palavras ecoavam por sua cabeça como se fossem dezenas de agulhas perfurando cada centímetro de seu crânio...E mesmo que tal hipótese não fosse literal, isso não o impedia de ter de lidar com uma dor de cabeça terrível...

Massageando a têmpora violentamente como numa tentativa fracassada de expulsar todos os pensamentos incômodos, o moreno seguia transtornado pelos corredores do hospital em busca da saída, mas que no momento mais pareciam um extenso labirinto de paredes brancas...

Quando finalmente encontrou a entrada principal, embora não fosse exatamente esse o seu alvo inicial, o moreno passou queimando pela porta e se dirigiu diretamente para o estacionamento, ignorando quaisquer chamados que talvez tenham sido feitos pela recepcionista... E caso tais chamados realmente houvessem acontecido, ninguém se atreveria a questionar ou reclamar do fato dos mesmos não terem sido respondidos, a julgar pelas feições do jovem rapaz... Que no momento, mais parecia ter mandando toda a sua juventude para a atmosfera e envelhecido dez anos ou mais nesses últimos dias...

E assim como qualquer pessoa que está desesperada em busca de respostas, o jovem ator pegou as chaves do seu carro, arrancou o mais rápido que podia, e riscando as avenidas de Los Angeles se dirigiu ao único local que parecia lhe ser tanto um refúgio, quanto um lar da confusão: o Set da Brodway Studios, local onde tudo começou...

Com as mãos o bolso, cabeça relativamente abaixada e uma carranca em seu rosto que mais parecia ter sido talhada a mão, o rapaz de cabelos cor de chocolate andava pelos corredores do set a procura de algo pudesse responder ao menos alguma de suas perguntas, porém a cada passo que dava só adquiria mais e mais dúvidas...

Subiu até o Deck na expectativa de encontrar Dave, Steve, ou qualquer outro membro da equipe de produção, porém para sua surpresa o set estava praticamente vazio, se não fosse por uma equipe que realizava alguns serviços de manutenção e por isso ainda se encontravam no local... Mas talvez fosse melhor assim, afinal, estava ciente que no momento poderia dizer alguma coisa da qual se arrependeria amargamente depois...

Por fim, convencido de que que todas aquelas voltas a esmo não tinham nada a lhe acrescentar e finalmente como a cabeça bem mais fria do que antes, o jovem rapaz de expressão agora suavizada resolveu que já era hora de encarar a realidade... Não que ele estivesse fugindo dela, mas apenas se esconder dos problemas não vai simplesmente fazer com que desapareçam por conta própria...

No entanto, antes de ir chegara a conclusão de que ainda deveria passar em um único lugar: a sala de lazer... Lembranças boas exalavam de lá, e com certeza memórias reconfortantes naquele momento eram mais do que bem vindas...

E como já era de se esperar, não havia mudado... Os mesmos sofás e poltronas encostados pelas paredes, os mesmos jogos dispostos para matar o tempo, e principalmente, a mesma mesa farta de buffet repleta de fatias de bacons, guarnição de presunto, discos de frango frito, e claro, embalagens e mais embalagens de bolos gordos, aguardando pela mesma pessoa que não estaria lá... Mas ao invés de serem colecionados novos momentos como de costume, a única coisa que acometia a mente do moreno era uma enxurrada de memórias...

Mas ao invés de se assemelharem a agulhas perfurando seu crânio, tais memórias eram como uma massagem relaxante, como uma bela viagem de férias direto para o túnel do tempo... E diferente das lembranças anteriores que merecidamente deveriam ser eliminadas da forma mais urgente possível, essas ele não queria esquecer, e mesmo assim o moreno sabia que não poderia esquecê-las nem se quisesse, nem se tenta-se... Certa coisas foram feitas para serem levadas pelo resto da vida, então certamente esses flashs de memórias perfeitos estariam eternizados na galeria da nostalgia...

Com a mente mais calma, e os pensamentos relativamente organizados até onde a situação permitia, o jovem ator seguiu em direção á saída, porém quando estava prestes a passar pela porta, tombou com uma das pessoas que ela menos esperava encontrar com por ali...

P.O.V Freddie:

– Cara! O que faz aqui? Você quase me atropelou com essa sua espátula de biscoito duro! - Exclamei massageando a têmpora... É, talvez não seja uma ideia tão boa assim andar olhando em direção ao chão o tempo inteiro...

– Primeiro: É espátula tipo pão duro, cara! Pão duro! - Exclamou o rapaz coberto de farinha em um tom divertido - E segundo, eu que pergunto, o que faz aqui?

– Eu que perguntei primeiro, oras! - Rebati

– Por que eu trabalho aqui...? - Indagou ele retoricamente

– Brad...! - Invoquei o seu nome enquanto estreitava o olhos...

– Certo, certo... Você venceu... - Suspirou ele se dando por vencido - Eu soube que a equipe de manutenção estava aqui realizando uns reparos, então eu vim preparar pelo menos um lanchinho básico, sabe, apenas pra cumprir o dever...

– Oh sim, claro... E mais uma vez o Rei do Docinhos salva o dia! - Exclamei divertido levando um dos punhos ao alto

– Ha ha ha... Muito engraçado Benson... - Respondeu o jovem de cabelo louro escuro retirando o avental - Mas eu já tinha terminado, então, bem... Eu estava indo pra casa tirar esse meio quilo de farinha do cabelo e me arrumar pra sair com a Carly, mas, ela me mandou uma mensagem dizendo que teria que desmarcar por causa de um contratempo envolvendo a Sam e o hospital onde ela está, mas disse que ligaria depois explicando melhor o que aconteceu... Será que aconteceu algo grave?! - Indagou ele preocupado... Porém, após ponderar por alguns segundos, o jovem chef franziu o cenho ao notar aparentemente o óbvio - Espera... Você não estava no hospital?

– Respuesta Correcta, hombre...

– Então... Presumo que você saiba o que aconteceu... E... pela sua cara não foi nada bom... - Concluiu ele de forma receosa - Cara, só agora que eu percebi. Você parece horrível!

– Valeu Brad, é muito reconfortante ouvir isso... - Respondi ironicamente

– Foi mal cara... Acho acho que sou melhor com panelas do que com palavras... - Respondeu ele encolhendo os ombros

– Não tudo bem... Eu também fiquei fora de órbita quando soube, ou melhor, presenciei tudo o que aconteceu hoje... Sabe Brad, digamos que não é todo dia que sua namorada é acusada de inúmeros crimes, você entra em uma briga com o ex-namorado dela, dois oficiais tentam te aprisionar por descontrole temperamental, e principalmente "descobrir" que a pessoa que você ama te considera "um nerd estúpido que ainda acredita no amor"... - Por fim, conclui a sentença com uma súbita onda de rancor em minha voz... Não, definitivamente não era minha intenção transparecer qualquer indício de raiva ou desgosto, porém não era algo que eu simplesmente podia controlar...

– Freddie, eu... Eu realmente não sei o que dizer... - Respondeu ele explicitamente chocado... Afinal, como não ficar? Sem acrescentar o fato de seu queixo quase encostou no chão conforme eu enumerava todos os trágicos acontecimentos de surpreendente manhã...

– Sem problemas cara, sem problemas... Eu também fiquei incapaz de dizer qualquer coisa por um longo tempo... O que na realidade foi até melhor, afinal, nada de bom pode resultar das palavras de quem não se encontra no juízo perfeito... - Confessei me assentando em um dos sofás... Após alguns segundos em silêncio, suspirei derrotado e continuei a sentença - Então eu vim pra cá pra sabe, pra espairecer, relaxar, organizar um pouco os pensamentos... Porque... Eu sei que nada disso é verdade, eu tenho certeza de que a Sam é incapaz de ter feito qualquer uma dessas coisas! Eu só preciso de uma prova. Uma única prova é o suficiente ... - Eu sei, eu realmente estou um pouco exaltado... Na verdade inconscientemente eu acabei dando um soco na mesa do buffet, o que me leva a fazer um lembrete mental de nunca mais fazer isso caso contrário creio que o Brad terá um infarto... Eu realmente não estou acostumado com essas crises temperamentais... É, pelo visto a fase obscura do mundo está se revelando aos poucos pra mim...

O rei dos docinhos caminhou silenciosamente em minha direção, e se assentando ao meu lado deu leves tapas no ombro direito e eu apenas balancei a cabeça em compreensão... Realmente o Band nunca foi muito bom em palavras, embora elas não fossem tão necessárias assim no momento... No entanto, para a minha surpresa, ele não ficou quieto por muito tempo:

– Bem...Já que você saiu pra relaxar um pouco e a Carly e eu não vamos mais poder nos encontrar, por que não vamos ao Neon Drinks? O Gibby já saiu do trabalho e mandou uma mensagem dizendo que já está indo lá conhecer... Vai ser bom pra esfriar a cabeça, e além disso, fica bem perto do hospital... E então cara, o que acha?

– Sério Brad? Sério mesmo? - Indaguei de forma cética - No que beber alguns drinks vai me ajudar?

– Pode não ajudar, mas... No que pode atrapalhar? - Respondeu ele dando ombros

– Certo, certo... Você me convenceu... - Finalmente respondi me dando por vencido - Talvez um tempo com meus velhos amigos, seja do que eu esteja precisando... Mas vamos logo antes que eu mude de ideia!

~ Alguns minutos depois,no estacionamento do Neon Drinks ~

Não muito tempo depois, nós finalmente chegamos no Neon Drinks... Como eu havia deixado meu carro no Set da Brodway Studios e o Brad tinha levado o dele no lava a jato, nós viemos no meu veículo mesmo... Durante todo o período de transporte, o Brad animadamente contou sobre como foi fazer pela primeira vez um Baked Alaska. Obviamente eu não fazia ideia do que era isso, então ele explicou que se tratava de uma sobremesa estadunidense feita de fatias de pão de ló, sorvete, merengue... Basicamente é um bolo recheado de sorvete, porém que vai ao forno para dourar o merengue após o sorvete já estar dentro do bolo. Isso mesmo, um bolo de sorvete que vai ao forno e mesmo assim não derrete... Não isso é possível? Nem me pergunte, só sei que esses mistérios da culinário eu não entendo, e jamais entenderei. Porém admito, respeito muito quem exerce essa profissão, e admirarei eternamente o Brad por ser tão talentoso no que faz...

E falando nele, seus olhos brilhavam apenas pelo fato de estar citando o nome dos ingredientes... E nesse mundo, eu só conheço outra única pessoa que ama comida tanto quanto ele, ou se não mais... Exatamente, a própria Sam Puckett... Essa loira ama comida da mesma forma como eu a amo, isso é um fato. Uma vez que Sam Puckett entra em sua vida, é simplesmente impossível viver sem...

Mas de volta ao Neon Drinks, esse lugar realmente vai jus ao nome... Logo na entrada um letreiro luminoso, gigantesco, e extremamente chamativo bem típico de Vegas, recepcionava os visitantes... No balcão principal, podia-se observar desde os mais variados drinks, até o mais improváveis: simples, clássicos, exóticos, perfumados, essências, luminosos, espumantes, e até mesmo gasosos... Isso mesmo, segundo o Rei dos docinhos algumas bebidas eram vaporizadas e servidas na forme gasosa com o auxílio de uma mistura de nitrogênio líquido, para que seus consumidores pudessem "desafiar suas papilas gustativas ao tentar identificar o maior número de ingredientes possíveis".... Pois é, tem louco pra tudo...

Enquanto eu ainda analisava o resto do local, pude observar várias pistas de danças dispostas, bares, jogos de luzes, fumaça temática, e alguns caça níqueis pra quem quisesse matar o tempo ou apenas se divertir com os amigos... Na verdade aqui não era muito diferente da Empire Lights, os fatores que diferenciavam os ditos estabelecimentos é que um proporcionava festas e um amplo buffet, e os outro era dedicado apenas a amantes de bebidas e dispunha de alguns petiscos...

Eu já estava cogitando a ideia de ir embora, quando avistei uma criatura usando uma camisa polo extremamente chamativa, um fone de ouvido estéreo Dr. Dree enorme que mais parecia um cachecol, e uma calça ocre básica... Esse ser não poderia ser ninguém mais, ninguém menos, do que Gibby Gibson...

– Cornelius? - Exclamei em um tom brincalhão... Se tem uma uma coisa que o Gibby odeia com todas as suas forças, são os seus dois primeiros nomes. Na verdade ele não morre de amores por nenhum dos quatro, mas garanto que os dois primeiros são bem piores... Geralmente o Brad é que costuma atormentá-lo com isso, mas por que hoje não pode ser a minha vez?

– Brad, eu já falei mil vezes que eu odeio quando me chamam de... Freddie? Cara, você parece horrível! - Exclamou o ex-gordinho virando-se abruptamente

– Valeu cara, é bom te ver também... - Respondi sarcasticamente

– Foi mal, eu só não esperava te ver aqui uma hora dessas... - Respondeu ele encolhendo os ombros... Espera, você não deveria estar no hospital com a Sam? - Indagou ele confuso

– Essa é uma longa história meu amigo... Uma longa história...

– Senhores?

– Sim? - Respondemos Gibby e eu uníssonos

– Vamos escolher uma mesa e fazer nossos pedidos, acho que temos muita conversa pra por em dias...

...

Após uns 10 minutos, escolhemos uma mesa perto do mezanino e ficamos aguardando a chegada de nossos pedidos...Optando por ser tradicional, Gibby pediu uma Caipirinha clássica e uma Espanhola de abacaxi com hortelã... Já o inovador Brad, como já era de se esperar, pediu um Kriptonita, que é uma bebida temática de licor de menta, e um Cosmopolitan com nitrogênio líquido pra dar aquele efeito de vapor a bebida, mas que na realidade é apenas uma espécie e gelo seco próprio para consumo... E quanto a mim claro, resolvi simplesmente ficar com um San Francisco e uma Pinã Colada. Eram drinks que não possuíam nenhuma espécie de álcool, o que era perfeito para mim no momento visto que dos três, eu era quem estava dirigindo...

E obviamente, nós não ficaríamos apenas observando o vaporizar dos drinks durante o tempo de espera... Ansiosos e cheios de questionamento, os rapazes aguardavam por detalhes do incidente que havia ocorrido mais cedo. E assim o fiz... Além de repetir o resumo que eu havia dito ao Brad a pouco tempo atrás, expliquei todo o desenrolar da situação e porque ela ficou tão complicada desde a chegada da Sam ao hospital, visto que eu mal havia parado em casa e consequentemente não conversado com eles desde então...

Uns 20 minutos depois, nossas bebidas finalmente chegam:

– Senhores? - Anunciou garçom - Aqui está: uma Capirinha clássica, uma Espanhola de abacaxi com hortelã, um Kriptonira, um Cosmopolitan, um San Francisco, e uma Pinã Colada á moda da casa... Obrigado pela preferência, qualquer coisa basta chamarem por Jayden... Aproveitem!

– Obrigado! - Respondemos uníssonos

– Bem... Enfim, é isso... - Conclui por fim dando o primeiro gole em um dos meus drinks

– Mas... Cara, isso é surreal! - Exclamou o ex gordinho - Eu não acredito que a Sam tenha sido realmente capaz de fazer tudo isso... Tem mesmo certeza de que foi ela?

– Esse é o problema! Mesmo com o delegado, a detetive, o tal do oficial Adam, a desgraça em pessoa denominada como Logan, e o Meekalito testemunhando contra ela e apresentando várias provas e argumentos, eu não consigo acreditar que a Sam tenha mesmo feito isso! Eu ouvi sua voz, mas não posso imaginá-la falando aquilo... Eu vi várias "provas', mas custa pra mim acreditar em sua veracidade... - Respondi derrotado...

– É impressionante como esses últimos dias em especial tem sido terríveis pra você e pra Sam... Eu nem sequer me lembro de alguma vez vocês terem brigado ou se desentendido, e agora teorias conspiratórias surgem como uma bomba ameaçando alterar tudo aquilo que conhecemos! - Exclamou o rei dos docinhos impressionado... E sim, ele estava certo. Toda a realidade que conhecemos até o momento estava sendo ameaçada pelo risco de passar por uma mudança drástica...

– Bem, na verdade nós só "brigamos" uma vez quando a Sam acidentalmente encontrou a Cat Valentine e eu gravando uma cena de beijo... Ela não sabia do que se tratava então tirou suas conclusões, mas depois tudo se resolveu... - Sorri ao relembrar de dito acontecimento... Não que eu gostasse de brigar de brigar ou me desentender com a Sam, longe disso. Mas como bem dizem, a melhor parte de uma briga, é a reconciliação...

– Giiibbbeeeehhhh! - Exclamou o jovem DJ levantando um dos copos cortando abruptamente minha linha de pensamentos, e obviamente recebendo expressões confusas da minha parte e também por parte do Brad... - Que foi gente? Isso aqui é muito bom! - Respondeu ele a nossa pergunta que nem ao menos chegou a ser dita enquanto apontava entusiasticamente pra um dos drinks... É, certas coisa nunca mudam... - Mas voltando ao assunto, é claro... Nem se compara cara. Aposto que nessa situação uma simples conversa já resolveu. Mas quanto a essa, sinceramente vai ser bem difícil de contornar...

– Pra falar a verdade, foi exatamente isso o que aconteceu... Depois de praticamente procura-la em todos os lugares possíveis, quando eu finalmente a encontrei nós só precisamos conversar... É claro que de início ela não queria me ver nem como uma fatia de bacon gigante, mas depois de um certo tempo de insistência, a única coisa da qual eu precisava era de uma oportunidade para ser ouvido...

E assim como uma luz que se ascende no fim do túnel, eu finalmente encontrei uma relativa solução em meio ao caos... Obviamente isso não poderia resolver tudo, porém resolveria o mais importante...

– É isso! É isso! - Exclamei entusiasticamente, recebendo olhares estranho dos meus companheiros em resposta, entretanto eu não teria tempo de explicar a eles, não agora. Algo muito mais importante estava em jogo...

– É isso o que? - Perguntou o Brad confuso

– Cara, você tá bêbado?! Espera... Seu drink nem tinha álcool, então isso é tecnicamente possível?

– Não Gibby, eu nunca estive mais lúcido! - Respondi retirando uma nota de 50 da carteira e deixando em cima da mesa como pagamento pelas bebidas - Obrigado rapazes, era exatamente disso que eu estava precisando... Agora eu tenho que ir. Nos vemos mais tarde! - Expliquei saindo o mais apressado possível em direção á saída do estabelecimento

– Espera! Onde você vai? - Pude ouvir o rei dos docinhos gritar em meio as batidas que serviam de música ambiente do local, quando eu já estava me aproximando da porta... - Preciso resolver algumas coisas! - Exclamei em reposta até seguir em direção ao estacionamento...

....

~ 15 minutos depois, no estacionamento do Hospital Debra McCurdy ~

E correndo mais rápido que o Vin Diesel e o Paul Walker juntos em todas as franquias de velozes e furiosos, risquei mais uma vez as avenidas de Los Angeles em direção ao hospital... Estacionei o carro na mesma vaga aonde ele havia estado anteriormente, e na mesma velocidade com a qual saí mais cedo, também entrei naquelas mesmas portas...

Passei pela recepção, porém dessa vez cumprimentei a recepcionista sinalizando minha mudança positiva de temperamento... Prossegui seguindo o meu caminho e virando na curva de algum dos corredores, avistei uma morena apoiada no parapeito de umas das janelas... Só poderia ser ninguém mais, ninguém menos do que uma única pessoa: Carly Shay...

– Smothie de frutas vermelhas? Boa pedida... - Sussurrei aproximando-me

– Hey, você voltou! Boa pedida... - Respondeu ela virando-se sorridente

– Como estão as coisas aqui? Sabe, ânimos alterados e etc...

– Na verdade, não muito diferente de quando você saiu... - A morena tomou um gole de sua bebida, mas logo retornou a atenção em minha direção... - Quer dizer, o delegado, a detetive, e os seus demais convidados não estão mais aqui. Então graças á Deus não há mais ninguém aqui que possa acalorar o ânimos mais ainda... Pelo menos, não agora... - Conclui ela

– Oh, Menos mal... - Respondi antecedendo uma pequeno período de silêncio que se sucederia a seguir...

– Freddie? - A jovem empresária quebrou o silêncio

– Sim?

– Por que voltou? - Indagou ela seriamente

– Bem, é, e-eu... Eu não poderia fugir disso pra sempre... Sabe, nem todos os problemas vão embora sozinhos....

– Então por que ainda está se escondendo?

– O que? Como assim?! - Indaguei confuso

– Freddie, vá em frente... Ela está lá no quarto, e tenho certeza que está te esperando... - Disse a morena firmemente colocando uma de suas mãos em meu ombro

– Como sabe que voltei por causa disso? - Perguntei com o cenho franzido

– Você é inteligente Fredward Benson... Sei que não está com raiva da Sam, assim como eu também não estou... Mas sim uma raiva irracional de toda essa situação que no momento, se tornou fora de controle e desgastante por haver nenhuma solução aparente...

– Você é muito sábia Carly Shay... - Conclui sorridente... Com toda a certeza, ser compreendido é uma das melhores sensações que existem...

– Não, eu apenas aprendi a compreender e expor a sabedoria oculta dos demais... E então, o que está esperando? O medo muitas vezes pode te cegar, mas quando esclarecido, te ajuda a enxergar melhor...

– Shay?

– Sim?

– Mais uma vez, obrigado...

– Somos amigos, esse é o meu papel... Porque as vezes, a amizade é o ponto de equilíbrio do qual tanto precisamos... - E dizendo isso, a morena sorriu, deu uma leve piscadela, e desapareceu de diante da minha vista ao virar na curva de um dos corredores...

Enfim, chegou a hora de realmente enfrentar a realidade.... A angústia de não saber a verdade é perturbadora, porém a ansiedade por uma confirmação é tão desgastante quanto... O medo sempre foi o adversário de qualquer ser humano. Embora sejam por motivos diferentes, o medo sempre será a franqueza unânime de todos os homens...

Após tomar algumas respirações profundas e me concentrar no meu objetivo independentemente de qual seja o resultado, finalmente tomei coragem e me dirigi até a sala que se encontrava no final do corredor...Chegando lá, me posicionei em frente a porta afim de bater antes de entrar, porém percebi que ela estava meia aberta então resolvi observar um pouco..

Dentro daquele cubículo branco mediano, se encontrava uma bela loira deitada naquele leito de hospital... Ela estava deitada verticalmente, virada para o lado esquerdo, e aparentemente segurava algo nas mãos... Tomando o máximo cuidado para fazer o mínimo barulho possível, caminho lentamente em direção ao lado direito da cama, me aproximando da borda quase que de forma imperceptível...

Quando chego mais perto, vejo que o objeto que está em suas mãos é seu PearPhone... Seu polegar está dançando em frente a tela, e no menu de discagem rápida posso ver meu nome. Ou melhor, quase isso... "Frednerd Benson" pra ser mais específico, era o nome que constava ali... Sorri amplamente ao ver essa cena, com certeza ser classificado como um Nerd nunca foi um elogio tão grande...

Senti algo vibrar no meu bolso, então imediatamente retiro meu PearPhone do bolso e coloco no modo silencioso, até perceber o nome que estava constando na tela: "Princesa Puckett"... Ela estava abrindo mão do seu orgulho e ligando pra mim! Uma ligação em si pode não parecer algo tão impressionante assim... Mas acredite em mim. Nas linguagem das Puckett's, isso é um feito extraordinário...

Aguardei pacientemente até a ligação cair. Pessoalmente eu estava louco pra atender, mas antes de tudo, eu tinha outros planos...

– Ah Benson... Eu só queria que você escutasse o que eu tenho a dizer... - Sussurrou a loira por fim largando o celular entre os lençóis...

– Você sabe Puckett... Eu sou um Nerd antiquado , então prefiro conversar á moda antiga... - Por fim me pronunciei abrindo um sorriso de canto

– Freddie?! - Exclamou ela com os olhos arregalados. destacando ao mais suas íris cristalinas

– Em carne, osso, e átomos... - Respondi encolhendo os ombros

– Sabe Benson, você realmente me surpreende...

– E isso seria algo bom ou ruim? - Indaguei confuso e ao mesmo tempo temeroso pela resposta

– Achei que nunca mais iria querer ver o meu rosto novamente...

– Isso seria algo impossível... A cada vez em que fecho os meus olhos, passo a enxergar os teus... - Exclamei em um tom galanteador

– Não! Você não disse isso! - Exclamou ela em um misto de descrença e riso

– Ah sim! Eu fiz sim, e como muito orgulho! - Respondi em tom desafiador

– Você é muito brega, sabia?

– E eu posso dizer que a senhorita é um incógnita...

– É, nisso você tem razão... Acho que impossível até para mim me conhecer totalmente...

– Mas é possível que eu te conheça o suficiente pra saber que você não cometeu nenhum dos crimes dos quais foi acusada... - Sussurrei esperançoso

– Então isso quer dizer que você acredita em mim?... - E pela primeira vez naquela ocasião, ela levantou os seus olhos em busca dos meus afim de procurar a sinceridade que ela sabia que encontraria, e eu também. Águas cristalinas jamais escondem a sua essência... - Sabe o que dizem... Contra provas, não há argumentos... - Pronunciou a loira a última parte como que com um sussurro de decepção...

– Sei bem disso... Mas também sei que toda regra, tem sua exceção...

– Benson?

– Sim?

– Obrigada por acreditar em mim quando aparentemente ninguém mais fez isso....

– Eu sempre acreditei Sam, e no que depender de mim, sempre acreditarei... Eu prometi que estaria ao seu lado independente da situação... Então se os Puckett's não quebram suas promessas, os Benson's também não...

E pela primeira vez naquele dia, ela sorriu sinceramente, e eu também... Me assentei na beirada da cama ao seu lado, e unimos as mãos em silêncio... Palavras como já era de costume, não eram necessárias... Apenas nós podíamos entender o nosso silêncio. E acredite, ele tinha muito a dizer...

Seu rosto ainda permanecia pacífico, e transmitia uma parcela de tranquilidade... Porém sua expressão logo decaiu e novamente tornou-se tenso, talvez mais do que era antes...

– Sam?... - Indaguei preocupado

– Bem, agora eu tenho você ao seu lado novamente mas.. Quanto a Carls e o Spencer? Esse dois sempre me acolheram, foram meus melhores amigos, pais e irmãos quando eu mais precisei... E como eu "retribuo"? Sendo acusada de um escândalo onde todos aqueles que me apoiaram não passaram de "marionetes" em minhas mãos... Eles devem estar me odiando agora...

– Aposto que você está errada, loira... - Uma voz feminina e extremamente familiar adentrou pela porta, relevando parcialmente uma morena sorridente

– Carly?! - Exclamou a nomeada surpresa ao ver sua melhor amiga - Okay, certo... Essa estranha habilidade de vocês de surgirem do nada está começando a me assustar...

– Bem, talvez isso seja algo de família... - Exclamou o renomado advogado também adentrando na sala

Logo, os dois irmãos caminharam em nossa direção e se aproximaram da borda da cama, ficando a postos em frente a loira:

– Quando a Missy tentou se livrar de você e tomar seu lugar como minha melhor amiga, eu não acreditei em você... Mas no final das contas, você estava certa Sam, e não desistiu de me provar isso mesmo quando eu dizia que não acreditava... Por isso, daquele dia em diante eu prometi a mim mesma que eu jamais duvidaria de você de novo... Então se você está dizendo que é inocente, é porque você é Sammy... Eu também acredito em você...

– E é por acreditarmos em você, que vamos fazer o que for necessário para provar sua inocência e fazer com que os outros acreditem também... - Complementou o Shay mais velho

– Eu já disse que não sei o que faria sem vocês? - Exclamou a loira em um tom que refletia satisfação

– Não que eu me lembre... - Respondeu a morena em um tom pensativo, e o Spencer e eu também concordamos

– Então aproveitem, porque isso vai demorar a acontecer de novo! - Exclamou ela em um tom divertido, arrancando inevitavelmente risadas de todos nós... Pois é, uma vez Puckett, sempre Puckett... - Mas enfim... Nós temos apenas 3 dias pra arrecadar o maior número de provas possíveis, e até agora não temos praticamente nada! Como vamos conseguir tudo isso a tempo?

– Eu já sei por onde começar... - Uma voz mais grave se instalou na sala, e de repente vimos o Shay mais velho segurando um PearBook nas mãos... De onde surgiu aquilo? Acho que nunca saberemos... - Vocês se lembram do Gunsmoke?

– O cara que diz ter um buraco de bala na perna dele do tamanho de um dedão? - Indagou a morena

– Exato! E por acaso, eu acabei de me lembrar que além da detetive Hart, ele também trabalha justamente na ala de segurança... Ou seja, ele tem acesso a todo material visual da penitenciária de Los Angeles... Como advogado de defesa, eu também tenho por direito acesso a qualquer material confidencial que envolva o nome da minha cliente... Então acho que já está na hora do Guns retribuir alguns favores...

– Cara, isso é excelente! - Exclamei extasiado

– Então... O que estamos esperando? Liga pra ele! - Exclamou a loira como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, indicando seu raio de esperança

– Está bem, está bem, eu já estou discando!... Mas eu já tenho que avisar que teremos um grande trabalho pela frente...

– Tudo bem, a Mama aqui se amarra em um desafio! - Vibrou ela de uma forma confiante...

Por fim, realizamos um abraço em grupo e automaticamente já começamos a tomar todas as medidas possíveis e necessárias no momento para que o maior número de provas pudesse ser arrecado o mais rápido possível... Todos estamos bem cientes de que essa vai ser praticamente uma tarefa impossível, mas isso não importa... Jamais irei subestimar o poder unido dessa equipe, que eu pessoalmente prefiro chamar de família...

P.O.V Geral:

~ Em algum lugar não tão distante dali ~

Com o humor péssimo, e uma terrível dor de cabeça, um jovem rapaz caminha exaustivamente até o quinto andar de um edifício, adentrando no primeiro apartamento que se encontrava no canto direito:

– Ora Ora, vejamos que chegou... Até que enfim resolveu aparecer! Achei que a Cinderela só chegaria meia noite! - Exclamou a figura loira sarcasticamnete

– Ha Ha Ha... Muito engraçado... - Murmurou o rapaz em resposta exalando impaciência

– Poupe-me das suas lamúrias Logan, e vamos direto ao ponto... Como foram as coisas lá?

– Como se você não soubesse... - Bufou ele acariciando a lateral do estômago, onde havia recebido um soco do moreno - Eu odeio admitir isso mas... Seu plano está saindo melhor do que eu esperava...

– Touchê Flint! Eu disse para nunca subestimar minhas habilidades...

– Certo, certo, eu sei que até agora tudo saiu como o planejado, mas se eu fosse você, teria muita calma... Por mais cara de tonto que o Spencer tenha, ele não deixa de ser um excelente advogado, além do fato da sua irmã ser esperta demais pro meu gosto... Carly sempre foi inteligente, mas agora parece estar mais ainda... Fora o fato de ainda haver aquele Nerd mauricinho estúpido que acha que tem o direito de me enfrentar! Se eu fosse você tomava muito cuidado... Eles podem parecer inofensivos, mas no fundo sei o quanto podem ser perigosos...

– Isso foi uma piada né? E ainda por cima levou uma surra do Benson? Você é patético Logan! - Exclamou a silhueta rindo copiosamente

– Não foi uma surra, foi apenas um chute! - Rebateu ele imediatamente

– Que seja! Você mesmo que eu tenho medo de Carly, Freddie, Spencer, o qualquer um dos amiguinhos da Sam? Me poupe Logan, eu posso acabar com qualquer deles na hora que eu quiser...

– Você tem que entender que a Samantha não vai deixar barato! Eu sei que ela vai mover mundos e fundos apenas pra provar sua inocência...

– Pois então, se isso é um jogo, vamos jogar... E que a melhor Puckett vença!...