P.O.V Freddie:

Wow! Realmente, o tempo voa, e na maioria das vezes nem ao menos percebemos quando ele passa por nós... Parece que foi ontem que eu era um dentre tantos aspirantes aguardando na fila pela audição que poderia mudar totalmente a minha vida... E realmente mudou, aliás, eu diria que essa mudança foi radical, mas não poderia ser melhor, nem poderia haver motivos melhores...

De um estudante de artes cênicas, á ator contratado... Das peças de teatros locais, para os telões de Hollywood... E principalmente, de contracenar com os professores de atuação, á par romântico dentro e fora das telas da melhor atriz da atualidade: Samantha Puckett... Que para outros prefere ser chamada de Sam, mas que para mim, prefiro chamá-la de minha namorada...

E falando na minha Princesa Puckett, hoje completamos 2 meses namoro... E que venham mais 3, 5, 7, 10, não meses, mas sim anos... Pois não há preço que pague se apaixonar como se fosse a primeira vez, ao acordar todos os dias ao lado da mais bela mulher que existe, que apesar de um enigma em pessoa, possui a resposta do que é o amor... E com toda certeza, eu não me incomodaria de seguir as pistas, para redescobri-la todos os dias...

Como hoje é uma data especial para nós dois, decidi fazer uma reserva no Pini's, um restaurante de comida italiana muito aclamado aqui na reunião... Dizem que a lasanha de lá esplêndida, então, acho que acertei em cheio... Também tenho uma grande novidade para dizer a ela, mas como o teste final ainda será hoje a tarde, decidi esperar até o nosso jantar...

Havíamos acabado de filmar o primeiro período, então isso significa que é hora do intervalo... A primeira coisa que a loira com certeza faz, é sair correndo até a sala de lazer atrás de seu precioso bacon, por isso pedi ao Brad que não o colocasse hoje no menu do dia, o que a obrigaria a sair para comprar... Com isso eu ganharia tempo, e poderia me encontrar com Dave sem que ela desconfiasse antes de sair o resultado final...

E dito e feito... Eu havia ficando no próprio Set, relendo as falas do roteiro, mas logicamente ela não iria se incomodar em conferir de qual roteiro essa tratava... A mesma me comunicou que iria até o Royal Ham, e me convidou para acompanhá-la... Eu não poderia, mas precisava que ela saísse, mas mesmo assim não gostei de saber onde minha loira iria, visto que me lembrei que o projeto de garçom que diz trabalhar lá quase a engoliu com os olhos da última vez... Tentei convencê-la a ir em outro lugar, porém sem sucesso... No entanto quando eu soube que se tratava apenas do Drive Thru do local, fiquei mais tranquilo...

...

Após uns dez minutos, Dave pediu que eu o acompanhasse até a sala 12, e assim o fiz... Chegando lá, ele me disse que havia achado o projeto excelente, por isso contratou uma pequena equipe para que fossem gravados alguns takes afim de se ter uma ideia visual á partir de uma sequência de promos... E para a minha surpresas, havia grandes nomes presentes, os quais eu sempre quis conhecer, portanto era uma grande honra ter a oportunidade de contracenar com eles...

Jadelyn West, Victoria Vega, Josh Nichols, Camille Roberts, estavam no elenco de elite escolhido pelo Dave... E que elite! Embora todos fossem desempenhar papeis como antagonistas principais, o papel da protagonista Hannah Munck foi cogitado para Caterina Valentine, mais conhecida como Cat... A Cat é bem conhecida aqui em Los Angeles, graças as suas famosas atuações, e ao seu cabelo gritantemente vermelho, dando-lhe o apelido de "ruivinha"... Muitos críticos a consideram tão boa quanto a Sam, no entanto tenho que discordar terminantemente disso, até porque os vários Oscar's que estão na estante da minha loira já dizem por si só... Eu seria o outro protagonista, Karl Trainor, então obviamente seríamos parceiros de atuação...

Steve havia chegado com os cinegrafistas, então já era hora de começarmos a gravar... Gravamos os primeiros 5 takes com sucesso, visto que eram cenas rápidas, e que realmente todo o elenco possuía um alto nível de profissionalismo... No entando, tivemos uma pausa de 10 minutos, já que seria necessário a troca do cenário para a cena do "beijo apaixonado", que consequentemente teria de ser feita separada da sequencia original... Me incomoda muito o fato de ter de beijar a Cat, por mais que seja considerado algo técnico, é estranha a sensação de ter de beijar outra mulher, sendo que já sou comprometido... Era como se eu estivesse traindo minha Sam publicamente... Com certeza esse é o maior "osso do ofício" no ramo da atuação. Porém, tirei a sorte grande de ter uma parceira que também é atriz, o que me deixa muito mais aliviado e leve, visto que ela também entende e passa pelos desafios da profissão...

O cenário já estava montado, então assim que trocamos de figurino voltamos para a sala 12, que era um Set alternativo próprio para esse tipo de filmagem... Eu já estava devidamente fardado, e a Cat com uma roupa que se assemelhava ao de uma camponesa, no entanto com o desing visivelmente mais moderno... Já fui delegado, agora sou um general. Já estou até me acostumando a ser um "homem das forças armadas", só me resta agora interpretar alguém que foi recrutado pela marinha, e pela aeronaltica... Até que seria uma experiência bem interessante, quem sabe um dia...

– Freddie, Cat, estão prontos meus filhos?

– Sim! - Respondemos uníssonos

– Sendo assim... Luzes, câmera, e... Ação! - Anunciou Dave com seu megafone de estimação

Após um pequeno diálogo que antecedia o ato, "Hannah" se aproximou de mim, repousou seus braços em minha nuca, e por fim colou seus lábios nos meus... Era um beijo de "despedida", por isso tinha de parecer o mais romântico e intenso possível... A duração foi de aproximadamente uns 15 segundos, mas como a gravação teria de ser filmada de vários ângulos diferentes, o take foi repetido por mais duas vezes..

Finalmente todas as tomadas do beijo já haviam cessado, eu realmente já estava ficando incomodado com isso, e estava louco para encontrar a Sam... Mas surpreendentemente, eu não precisei ir ao seu encontro, ela veio até mim. No entanto, sob circunstâncias nada agradáveis...

Assim que me separei da Cat, percebi que havia alguém nos observando: era a Sam... A porta estava um pouco aberta, o suficiente para ela pudesse ver parte da sala, mas provavelmente não os cinegrafistas... Eu vi seu rosto se desmanchar em decepção, provavelmente deve ter visto o beijo, mas não deve ter percebido que se tratava de uma cena... Não sei quanto tempo minha loira estava ali, mas sei que foi o necessário para notar que seu rosto estava banhado em lágrimas... Me desesperei ao vê-la ir embora sem ao menos ter a chance de me explicar:

– E... Corta! - Dave anunciou o fim da sessão - Bom trabalho meus filhos! Temos aqui um belo material! Freddie, eu gostaria parabeniza-lo pelo excelente... Freddie? - Não pude esperar para ouvir as críticas, elogios, ou o que quer que seja, sai correndo em disparada com apenas um objetivo em mente: encontrar a Sam...

– Sam! Saaam! Meu amor, não é isso que você está pensando, não passa de um mal entendido! Por favor, me escute... Saaam! - Comecei a berrar pelo corredor afora, porém sem respostas

Continuei a correr por corredores á esmo com toda a velocidade que podia na esperança de encontrá-la, o que com certeza não seria uma tarefa fácil devido ao fato do estúdio ser gigantesco... Em uma de minhas curvas, acabei esbarrando brutamente em alguém:

– Me-me desculpe, eu não queria ter esbarrando em... Carly? - Percebi que a morena me olhava com um olhar incrédulo, enquanto esfregava a mão em um dos braços, provavelmente no local onde colidi

– Freddie? - Ajudei-a a se endireitar, tentando controlar um pouco a minha enforia, por mais que isto fosse quase impossível... - Porque estava correndo feito um louco? Além de quase deslocar o meu ombro, é claro... - Indagou ela em um misto queixa, e ao mesmo tempo curiosidade

– Sinto multo Carly, e-eu não queria... Eu estava apenas procurando a Sam... - Tentei me justificar, ou algo que se assemelha-se a isso

– O que houve?... - Sua vez dessa vez denotava preocupação... Suspirei sem emoção, e depois de hesitar um pouco, resolvi explicar-lhe logo, ou pelo menos tentar:

– Bem, e-eu... É... Sabe... Digamos que...

– Diga logo Freddie! - Exclamou a morena de olhos arregalados... Suspirei novamente, mas dessa vez, me dando por vencido...

– Bem, em resumo, a Sam entrou na sala 12 durante o tempo do intervalo, mas sem avisar que estava ali... - A Shay mais nova acompanhava atentamente a cada palavra que era proferida - Então ela... Me-me viu beijando a Caterina Valentine...

Assim que conclui a sentença, seus olhos se arregalaram ainda em surpresa, enquanto sua expressão transmitia tremendo espanto e incredulidade... Cogitei a possibilidade de me pronunciar, no entanto achei que seria melhor permanecer calado, afinal, até agora não foi manifesta nenhuma reação... E como toda mulher, ela poderia me bater com o primeiro objeto que estivesse na sua frente... O que não adiantou muito coisa, visto que foi exatamente isso o que aconteceu: a mesma utilizou um encadernado que estava em minha mãos, que numa pura fração de racionalidade eu me lembrei de trazê-lo comigo...

– Carly... Carly... Carly! - Finalmente consegui segurar seus braços o que por incrível que pareça não foi muito fácil, afim de desfazer esse mal entendido

– Eu não acredito que você fez isso Freddie! - Esbravejou a nomeada tornando a me estapear novamente

– Espere! Calma... Calma... Me deixe explicar, sim?

– Certo, certo... Desculpe... Acho que me precipitei um pouco... - Sua guarda foi abaixando aos poucos, até por fim conceder meu pedido

– Não, tudo bem, foi minha culpa não ter explicado direito... Mas enfim... - Olhei para o documento que ela ainda estava segurando, e arqueei as sobrancelhas quando me dei conta de que minha explicação perfeita estava literalmente em suas mãos - Primeiro, veja o que está segurando... - Anunciei

– Um roteiro? - Indagou ela retoricamente analisando o material

– Exato... Agora, leia o enunciado e as primeiras páginas...

E assem o fez... A morena assentiu e silêncio e começou a virar as páginas durante a leitura, o que não demorou muito tempo visto que a cena do beijo estava entre as primeiras... Assim que terminou, fechou o roteiro, o prensou entre as mãos, e levantou o olhar em minha minha direção:

– Então... Tudo se tratava de um cena?

– Sim...

– E... Provavelmente a Sam não não se deu conta disso... Não é?...

– Exatamente... - Assenti abaixando o olhar

– Me desculpa Freddie, eu não devia ter te acusado, sei que você não é desse tipo de cara... Eu só estava...

– Tentando proteger a Sam, sim, eu sei... - A interrompi - Sua lealdade é admirável Carly, então qualquer atitude que fosse para o bem da Sam, seria como fazer bem a mim mesmo...

– Eu tenho certeza disso... - Exclamou a nomeada colocando a mão no meu ombro - Então... O que está atrás do amor da sua vida?

– Eu estava correndo atrás dela, literalmente, até esbarrar em você, quase deslocar seu braço, e por fim ser "agredido" por um roteiro - Fiz aspas com as mãos ao dizer a última parte em um tom brincalhão, fazendo-a revirar os olhos e soltar um riso abafado - Mas agora não faço ideia de onde ela esteja, nem muito menos se deseja me ver...

– Sinceramente, pelos anos que eu conheço a Sam eu tenho certeza de que ela não quer te ver nem que você fosse uma fatia de bacon gigante... Mas por mais que você não devesse falar com ela agora, você sabe que é isso que precisa fazer...

– Mais um vez, você tem razão... - Sorri espontaneamente com tal gesto de apoio - Mas... Não faço ideia de onde ela esteja... Alguma dica?

– Huuum... Vou apostar na saída de incêndio!

– Saída de incêndio?

– Sim, toda vez que a Sam passa por um rompimento ou decepção, ela costuma ir para a saída de incêndio. Principalmente da última vez, quando o Logan provou o imbecil que era, ela passou praticamente a noite inteira no terraço...

– Graças á Deus que diferente desse indigente, minha mãe me ensinou que um homem de verdade nunca deve se aproveitar de uma mulher - Vociferei já de punhos cerrados - Mas enfim... Como chego até lá?

– Basta subir de elevador até o último andar. Quando chegar no terraço, suba as escadarias que ficam á direita, não tem erro!

– Ótimo! Deseje-me sorte... Se eu não der nenhum sinal de vida nas próximas horas, chame a polícia! - Exclamei divertido

– Boa sorte! - Pude vê-la desejando com um aceno antes de de seguir meu rumo...

...

Peguei as chaves do carro, dei a partida, e fui em direção ao Cosgrove Plaza... Sem demora deixei o carro no estacionamento assim que cheguei, peguei o roteiro que estava no banco de passageiros, e entrei no elevador esperando ansiosamente, e ao mesmo tempo temeroso, para chegar até o último andar... Assim que cheguei no destino esperado, deixei escapar um longo suspiro, e por fim subi apressadamente os degraus até chegar ao topo da escadaria...

Me escondi atrás do batente na entrada da saída de incêndio, afinal eu não fazia ideia de em qual estado de espírito eu encontraria a Sam... Mas por incrível que pareça, ao invés de encontrar um Sam se afogando em lágrimas, ou uma Sam em fúria beirando os limites da sanidade, para a minha surpresa eu encontrei uma linda e melodiosa voz em seu lugar, ao passo que belas e melodiosas palavras eram proferidas de sua boca:

I wish you were here,

Eu gostaria que você estivesse aqui,

'Cause sometimes I get lonely

Porque as vezes eu fico sozinha

Guess I'm not the only new girl in town...

Acho que não sou a única menina nova na cidade...

...

We're miles apart,

Nós estamos a milhas de distância,

But you're in my heart,

Mas você está em meu coração,

I keep you with me everywhere I go...

Eu guardo você comigo por onde quer que eu vá...

...

Momma, I promise: I'll be alright

Mamãe, eu prometo: Eu vou ficar bem

I'll call to say 'I love you' every night

Vou ligar para dizer 'eu te amo' todas as noites

I'm just tryin' to write the story of my life...

Eu estou apenas tentando escrever a história da minha vida...

You know all about this dream I've gotta chase

Você sabe tudo sobre esse sonho que eu tenho que perseguir

I get a little closer every day,

Eu recebo um pouco mais a cada dia,

California's not that far away,

Califórnia não é tão longe,

We're not that far away...

Nós não estamos tão longe...

...

Ela estava sentada de pernas cruzadas no parapeito do terraço, enquanto dedilhava as cordas do violão que estavam em seu colo, ao passo seus cachos se mexiam conforme a mesma acompanhava a melodia com a ajuda da leve brisa... Ela estava linda... Mas afinal, quando ela não está?

Hesitei um pouco em me aproximar, mas decidi que era a hora de enfrentar de vez o problema... Fui me aproximando aos poucos, em passos curtos, até ficar á poucos centímetros de sua pessoa...

A mesma pareceu notar a minha presença, pois parou imediatamente de tocar, e passou a fitar o horizonte, ignorando o fato de poderia haver alguém a observando. Que nesse caso, era eu... Resolvi por fim, quebrar o gelo...

– Por que parou de tocar? Eu já que você cantava bem, mas não tinha ideia de que sua voz era tão incrível... - Indaguei

– O que faz aqui Fredward? Não tenho parte com você ... - Respondeu ela com rispidez...

– Não digo isso Sammy, por favor...

– Também não quero que me chame assim, esta intimidade não lhe pertence mais...

– Samantha então? - A mesma me lançou um olhar fuzilante, mas se eu tivesse de realmente seguir a formalidade, teria de chamá-la pelo nome completo... - Certo, vamos ficar com Sam então...

– Que tal ficarmos com você dando o fora daqui antes que eu faça a "dança do nocaute" na sua cara?! - Seu tom de voz permanecia elevado

– Pode fazer a sua "dança do nocaute" o quanto quiser, mas eu só peço que por favor me deixe explicar... - Supliquei

– E desde quando palavras podem contrariar ações?

– Desde o momento em que tais ações foram vistas de um ponto de vista, e não de um campo de visão único...

– O que quer dizer com isso? - Indagou ela com um ar de curiosidade

– Dizem que os pontos concluem sentenças, ao passo que na verdade o ponto de vista se resume apenas nas virgulas do pensamentos... Por isso existem os ângulos... Os ângulos são nada mais nada menos do que as reticências visuais, onde é implícito que sempre há algo á mais a se ver... Por isso posso afirmar que em meio a essas reticências, ficou implícito que do ângulo que você estava não era possível perceber os cinegrafistas... - Disse eu me assentando ao seu lado...

– Cinegrafistas?

– Se não acredita em mim, leia as evidências... - Propus estendendo o roteiro em sua direção

– Broken rules, escrita por Freddie Benson...

– Agora, leia a sinopse...

– "Durante a segunda guerra mundial, o general do exército alemão Karl Trainor (Freddie Benson) comanda o principal batalhão responsável pelo que pode vir a ser conhecido como o maior massacre de judeus da história da humanidade. No entanto, um romance proibido com a judia Hannah Munck (Cat Valentine), pode dar origem ao que pode ser o fim de uma era de opressão... Agora, resta apenas a Karl e a Hannah a missão de travarem sua própria guerra contra o exército nazista, mas para isso, algumas regras precisam ser quebradas"... - Assim que a leitura foi concluída, o par de olhos azuis cristalinos passaram a me encarar com um ar de culpa, o que fez com que eu mesmo me sentisse culpado por não ter evitado desde o início que uma situação dessas acontecesse... - Então... Tudo aquilo não passou de uma cena? - Apenas assenti levemente em resposta - E porque não me contou antes? Sabe, só para não ter descoberto dessa forma...

– Era pra ser uma surpresa... Eu escrevi o rascunho desse filme quando cursava a Young Stars, então quando eu mostrei ao Dave, ele enlouqueceu com o enredo, e pediu que fossem gravados alguns takes para serem mostrados para a diretoria durante a reunião mensal... O resultado só iria sair hoje, então eu tiha decidido esperar até nosso jantar pra contar a novidade...

A loira abaixou os olhos novamente, deixou escapar um sorriso derrotado e começou a balançar a cabeça em um gesto negativo, até por fim se pronunciar:

– Me-me desculpe Freddie, mais uma vez eu coloquei quase tudo a perder... Eu sei que nunca devia ter desconfiado de você, mas como dizem, os que os olhos não veem, o coração não sente. Mas infelizmente eu vi, senti, e interpretei de forma errada novamente... - Ela fez uma pequena pausa, mas logo continuou - Eu sei que eu já te dei muito trabalho durante esse tempo, e se depender de mim eu não vou aliviar! - Seu sorriso agora era travesso, trazendo a tona aquele ar de menina que eu tanto amo... - Mas, mesmo assim você me perdoa, e me daria uma segunda chance?

– Não Sam, eu não te dou uma uma segunda chance... - Seu seus olhos saltaram de espanto, e sua expressão começou a decair. Por isso, rapidamente entrelacei sua mão na minha, e com o braço livre lhe abracei de canto - Eu te dou 3, 10, 20, 70, e quantas chances foram precisas, apenas para sentir o alívio, e matar a saudade da reconciliação... Pois o amor já nos deu uma chance, a chance única de encontrar o amor verdadeiro. Por isso em meio a todas as poucas chances que a vida nos proporciona, me dê a chance de te amar, e te fazer feliz... - Finalizei depositando um beijo no topo de sua cabeça

– Obrigada Nerd, por estar sempre ao meu lado quando eu mais preciso, porém quando menos mereço... - Respondeu ela enterrando a cabeça em meu peito

– Não diga isso Sammy... Use sua bela voz não para dizer barbaridades, mas sim para mostrar seus belos talentos, como por exemplo cantar! Aliás, falando nisso, a canção que estava cantando quando cheguei aqui era incrível, não sabia que era tão afetuosa assim com sua mãe...

– Pois é, nem eu... Mas como dizem, infelizmente só passamos a dar valor quando perdemos...

– Como assim? - Me afastei um punho, e franzi o cenho confuso

– A minha mãe Freddie, ela... Ela faleceu hoje a tarde...

– O que??? - Exclamei pasmo - Oh Meu Deus Sam! Por que não me disse antes?

– E-eu tentei, mas quando recebi a notícia, eu estava saindo da Royal Ham... Sem saber o que fazer comecei a procurar a Carls pelos corredores, mas como não a encontrei fui a sua procura... Foi aí então que...

– Sim, eu sei... Por favor, não precisa completar... - A interrompi - E-Eu sinto muito Sam, de verdade, eu realmente não fazia ideia...

– Não sinta Nerd, eu sabia que uma hora isso iria acontecer... Aliás, todos sabíamos... Afinal, a única certeza que podemos ter nessa vida, é que um dia todos nós iremos morrer... É verídico o fato de que cada um faz seu destino, mas também é verídico que o destino de toda a humanidade, é ter seu lugar debaixo da terra... Porém eu estou certa de que a morte não é o fim de tudo. Afinal, alguém só realmente deixa de existir, quando suas memórias passam a deixar de existir também... Minha mãe se foi junto com suas memórias, mas eu continuo viva com as memórias dela... Os que permanecem vivos, são os que mantém os que estão mortos presentes... Então por mais que não possamos no tocar fisicamente, por mais que eu não ouça mais suas gritarias, e por mais que eu não possa mais tentar deixá-la menos louca e mais normal, não é a curta existência humana, nem muito menos sete palmos abaixo da terra, que irão nos separar... Eu sempre levarei Pamela Puckett comigo por onde quer que eu vá... Nós não estamos longe...

Assim que concluiu sua declaração, a loira abaixou a cabeça e virou o rosto, após uma lágrima teimosa e solitária escorrer pelo seu rosto alvo... Eu sei o quanto ela odeia demonstrar qualquer fraqueza que seja, mas também sei o quanto ela ama se sentir protegida... Sem pensar duas vezes, afastei cuidadosamente o violão e selei seu corpo em um forte abraço, como que por um momento, eu pudesse protege-la de todos os problemas do mundo... Eu sei que por mais eu tente, isso vai além da minha mera capacidade humana, mas também sei que nesse momento, eu posso fazê-la sentir-se segura...

~ Na manhã seguinte ~ ...

Eram por volta das 10 horas, em uma manhã nublada com o típico chuvisco outonal de Los Angeles... A rua estava pouco movimentada, onde vez por outra circulava algum veículo ao longo da estrada... Esses eram os únicos sons que ecoavam pelos arredores do cemitério...

O cortejo fúnebre já havia sido encerrado, e a pedido dos que estavam presentes, Spencer, Brad, Gibby e eu, carregamos o caixão até o túmulo... Após as últimas despedidas dos poucos familiares presentes, o coveiro passou a jogar baldes e baldes de terra, até qualquer vestígio do caixão desaparecer por completo...

Vários nomes do cinema e da música estavam presentes, inclusive toda a equipe gestora do estúdio... Dave estava na entrada do cemitério afim de evitar que a imprensa ou qualquer paparazzi intrometido incomodasse nesse momento tão delicado...

Por iniciativa da própria Sam, ela decidiu não entrar, ficou apenas no setor funerário destinado ao Puckett's aguardando o encerramento do evento... Assim que sai do cemitério, me dirigi até a sala onde a Carly aguardava com a loira... Assim que cheguei, encontrei a morena com os olhos vermelhos sentada no banco, enquanto afagava os cachos da amiga, que estava abraçada na mesma e repousava a cabeça em seu ombro...

Assim que notaram minha presença, ambas se levantaram e nos dirigimos até o estacionamento a procura do carro... Quando o encontramos, Carly anunciou que iria dirigir, e pediu que eu cuidasse da Sam... Envolvi meu braço em torno de sua cintura, e nos acomodamos nos bancos traseiros do veículo:

– Tudo bem Sammy? - Indaguei abraçando-a com mais fervor

– Acho que sim... - Respondeu um pouco desanimada

– Tem certeza?...

– Eu não sei Nerd, não sei ao menos dizer o que sinto no momento... Mas por mais que esteja tudo bagunçado na minha vida, eu sei que vai melhorar, pois meu amor e minha melhor amiga estão ao meu lado, e isso pra mim, já é mais que o suficiente...

E ficamos abraçados assim por um bom tempo, até chegarmos na residência dos Shay's... Se vida é tão efêmera e inconstante quando a bruma do mar, então que eu aproveite cada segundo, com aquela que me deu um motivo pra viver...

...

(Enquanto isso...)

~ Algumas horas mais tarde, na penitenciaria de Los Angeles ~

–------------------------------------------------------------------------------

Logan Phillip Flint:

https://speakerdata.s3.amazonaws.com/photo/image/851491/Robbie-Amell.jpg

–-------------------------------------------------------------------------------

P.O.V Geral:

– Logan Flint? Logan Phillip Flint! - Vociferou o oficial do outro lado da cela

– O que foi agora?! - Respondeu o rapaz repleto de prepotência

– Anda, levanta, você tem visitas!

– Pra mim? Tem certeza? Eu nunca recebo visitas...

– Realmente Sr. Flint, mas por incrível que pareça alguém se lembrou da sua mísera existência... Aproveite esse milagre, Playboyzinho! - Debochou o guarda encarando o jovem prisioneiro... Ele não respondeu, apenas cerrou os punhos em puro ódio, e permitiu que fossem postas as algemas... Após ser guiado pelos corredores, foi levado até a sala de visitas, afim de constatar quem o esperava...

– Você?! - Exclamou o detento com os olhos arregalados ao reconhecer a dona da delicada silhueta que estava a sua frente - O que quer? Por que está aqui? - Indagou com rispidez

– Nossa... Não é essa a recepção que eu esperava... Isso é jeito de tratar uma amiga íntima? - Desdenhou a mulher em tom provocante

– Você sabe muito bem que foi por sua causa que eu fui preso!

– E a culpa é minha por você ser incompetente? Pena que não é tão inteligente o quanto é bonito!

– Que moral você tem pra falar de mim? Se finge de santa, queridinha e coitadinha na frente de todos, mas por trás não fazem ideia da víbora que é! - Cuspiu as palavras repletas de ódio

– Que eu saiba não sou eu quem estou atrás das grades!

– Cale a boca! - Rosnou

– Venha me calar! Ah não, espera, esqueci que suas pulseirinhas ferro não deixam... - Provocou a visitante

– Eu gostaria que o menos uma vez não vida, você sentisse na pele a repulsa que eu sinto pela senhorita... Você não sabe o quanto eu te odeio! - Esbravejou o homem visivelmente irritado

– É... Posso até não saber... Mas sei o quanto precisa de mim!...

– Diga logo... O que quer de mim? - Bufou em rendição revirando os olhos

– Eu tenho uma proposta para lhe fazer...

– Chuta!

– Eu pago a sua fiança, desde que suas habilidades de atirador me sejam úteis... - Propôs a jovem lançando um sorriso frio, que era capaz de provocar arrepios até mesmo no mais cético de todos os homens...

– Ficou louca?! Onde vai arranjar tanto dinheiro?

– Você sabe que o tenho...

– Ah, claro, já até imagino como o conseguiu...

– Você também sabe que sou muito boa no que faço!

– Mas é uma atriz mesmo! Especialista em fingir ser quem não é!

– O que você acha de mim ou não, não vai mudar em nada a minha vida - Disse ela dando ombros - Mas enfim... Aceita ou não? É pegar ou largar... - Indagou a jovem moça lhe estendendo a mão... Após hesitar um pouco e olhar para a sua volta, o rapaz concorda se dando por vencido:

– Certo... Quando? Onde? Pra quem? e por que?... - Indagou já sentindo novamente o gosto amargo do arrependimento

– Como sempre cheio de perguntas não é mesmo? Não irei responder a nenhuma delas agora, esse ainda não é o momento... Manteremos contato Flint... Quando chega a hora certa, você saberá! - Dizendo isso, saiu... O detento voltou então para a sua cela, aguardando pelo momento em que ira atacar novamente...

~ 4 meses depois ~