A Estranha escrita por DeidaSammys


Capítulo 33
Erro


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora gente, muito mesmo! É que eu tive muitos problemas familiares aqui em casa, então foi meio difícil de postar. Mas agora que está tudo resolvido, tenho três capítulo aqui para vocês novos!



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Abgail não falava mais com ninguém e sempre que uma de duas tentava conversar com ela, a morena fugia. Ela estava evitando todos, quando acordava era a mesma coisa, esperava na cama fingindo que estava dormindo para Lílian, Dorcas e Marlenne saísse primeiro e depois saia, mas ela ia direto para a aula que seria, não tomava café. Nada, ela simplesmente não ia mais para o Salão Principal para comer, e isso estava deixando tanto os Marotos quanto as suas amigas preocupados. Ninguém se lembrava a última vez que Abgail aparecera no Salão Principal para comer e perceberam que a morena vinha ficado bastante magra com o tempo.

Foi quando as três garotas decidiram falar para valer com Abgail, não importa se a morena iria ser fria com elas ou tentar fugir delas, elas não iriam deixar ela fugir desta vez. Marlenne também estava decidida em dizer umas verdades para a amiga tímida.

Abgail caminha em passos apressados na direção do salão comunal, a maiora provavelmente estava no Salão Principal para o jantar, mas como sempre estava sendo, ela nem se atrevia ir até lá. Não sentia fome e sempre que tentava, sentia um gosto amargo na garganta. Ela até comia no jantar, mas não ia para o Salão Principal, e sim ia diretamente para a cozinha. Os elfos já até se acostumaram com ela vindo toda vez no jantar para lá.

Uma coisa que ela não fazia também faz um tempo era dormir. Abgail tentava, mas simplesmente não conseguia, a imagem de seu pai e suas irmãs iam sua cabeça. Eles não mereceram o destino que tiveram.

Nem ela merecia tudo aquilo.

Mas estava tentando dormir já que o primeiro jogo de Quadribol deste ano estava chegando e isso talvez fosse a única coisa que a deixava motivada.

Preciso tentar ao menos comer e dormir mais para o jogo, pensou.

—Abgail. -travou ao escutar aquela voz.-

Olhou por seu ombro vendo as três figuras familiares.

—Lily, Dorcas, Lene... o-oi. -falou nervosa.-

—Abby. -a ruiva começou pacientemente.- Queremos conversar com você.

—Agora? -gaguejou nervosa.- N-não poderia ser depois ou... é que agora eu tenho algo para fazer e...

—Não Abby, não pode ser depois. -Marlenna a interrompe. - Porque nós sabemos que você está apenas dizendo só para fugir da gente e depois fazer o mesmo, toda hora.

—Lene, pega leve. -a loira pediu fazendo a outra revirar os olhos e bufar.-

—Abby, olha, eu não sei o que aconteceu, está bem. Mas queremos te ajudar...

—M-me ajudar? -perguntou e deu uma risada sem graça.- Me ajudar em quê? L-Lily, não há nada acontecendo comigo. Eu estou bem.

—Bem? -a castanha perguntou incrédula.- Abby, ficar bem é ignorar todo mundo, chorar em todo canto do castelo e ficar o dia todo sem comer? Não é por nada, mas para mim isto não é estar bem.

Abgail franziu a testa e desviou o olhar para o chão.

—Lene. -Lilían diz entre dentes.- Abby, o que ela quis dizer, infelizmente é verdade. A gente não sabe o que aconteceu com você, mas nós estamos aqui, queremos te ajudar mais do que nunca. Estamos preocupada com seu estado, você não come e isso é perigoso, fica chorando por aí. Fica evitando todos, fica evitando a suas amigas. Abby, isto não é saudável.

—E-eu... -Abgail parou e suspirando antes de continuar, sentindo as lágrimas em seus olhos.- Eu não quero ajuda de ninguém. E-eu apenas... eu quero ficar sozinha. Eu não preciso se ajuda, está bem? Apenas me deixem um pouco. Eu estou cansada de tudo disso acontecendo comigo, é apenas i-injusto, então por favor.-ela implorou chorosa.-

A risada sarcástica de Marlenne pegou elas de surpresa.

—Abby, eu entendo que você sofreu, mas agora você está exagerando. -a castanha explodiu fazendo a morena arregalar os olhos chocada.- Você acha que ficar chorando o dia todo, ficar sem comer e evitando as pessoas irá resolver algo? Nós queremos te ajudar e é assim que você nos retribui? Nós estamos preocupada com seu estado Abby, isto não é normal e não está fazendo nada bem a você. Você não pode ficar chorando para lá e para cá pelo o que seja lá que aconteceu. Queremos te ajudar.

—Eu não quero ajuda. -Abgail repitiu um tanto irritada.- Eu não quero! E-eu não preciso...

—Ah por favor Abby, você tanto quanto nós sabe que você precisa de ajuda mais do que tudo, somos suas amigas e queremos ajudar! Estamos preocupadas e você nem se importou em confiar em nós para nos contar o que houve. Você simplesmente começou a nos evitar, sabe o quanto isto no deixa mal? Eu pensei você fosse nossa amiga. Quer dizer, tudo bem se você não quer nos contar o que houve, mas ao menos poderia ter aceito nossa ajuda e parado de ser egoísta. -Marlenne soltou tudo que sentia sobre o assunto .- Sempre que algo acontece com você, você chora e corre para os braços do Sirius, mas infelizmente parece que ele não está mais aqui para te ajudar, Abby! Mas você tem a gente, mas no que adianta se você fica chorando e ignorando que tem pessoas em volta que se preocupam com você.

—Lene, pare! -a ruiva pediu vendo Abgail com os olhos lacrimejados..-

—Eu apenas estou dizendo a verdade, Lily! Ela precisa enxergar que apenas chorar por algo não irá levar em nada. Ela não vê que isso só irá ser pior para si e tem amigas que querem ajudar, mas ela nem ao menos pensou na gente. Apenas queria ir lá nos braços do Black!

—V-você... quer saber a verdade? -Abgail perguntou irritada sentindo as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. -

—Abby, ignore a Lene, realmente queremos te ajudar e...

—Querem saber por que eu estou chorando o dia todo, por que eu tenho uma repulsa de comer, por que eu não consigo mais dormir? -ela cuspiu seca fazendo suas amigas se arrepiarem e ficarem chocadas, nenhuma delas nunca viram Abgail daquele jeito. A morena soltou sua bolça no chão e continuou- Eu estou chorando porque eu estou cansada, cansada do que tudo de injusto do que acontece comigo! Primeiro minha mãe me abandona quando eu era ainda uma criança, então meu pai começa a agredir a mim e minhas irmãs por que estava em um estado de depressão e sempre voltava bêbado para a casa! Depois as minhas duas irmãs, as duas, você realmente não entende isso? As duas pegam uma maldita doença que a fazem sofrer até morte! Depois eu tenho que sofrer agressões pele maldito enteado da minha mãe que me abandonou, ai eu tenho uma discussão com o c-cara que sempre me ajudou e que foi um dos motivos que sempre fazia com que eu sorrisse todos os dias. E agora por causa de uns bastardos malditos, meu pai morre alguns dias antes do meu aniversário e tudo por minha causa!

A esse ponta, Abgail já soluçava e estava com o rosto todo vermelho.

—Abby, eu... -Marlenne tentou dizer.-

—Você acha que eu não sei? -a interrompe.- Eu tenho ódio de mim todos os dias por chorar que nem uma inútil. Eu tenho tanto ódio de mim em saber que eu não pude fazer nada, simplesmente nada, para impedir que essas coisas acontecessem. E sabe mais? Eu não importo muito que eu esteja sofrendo, e sim me importo mais com o fato que as pessoas que eu perdi não mereciam nada daquilo. Não tem um dia que eu não pense que queria que fosse eu no lugar dessas pessoas.

—Abby... -Dorcas soluçou colocando a mão no peito.-

—Sim, eu sofri agressões físicas, muitas, e tenho milhares de cicatrizes para provar. Eu sofri com isso, é verdade, mas se eu pudesse, eu poderia sofrer mais agressões ainda apenas para ter novamente aqueles que eu amo. Ou ao menos que eu tivesse morrido no lugar deles.

—Oh céus Abby... -Lílian exclama soluçando.-

—E olha, não acabou. Que novidade, não é mesmo? -Abgail cometa sarcasticamente.- Eu terei que ir morar com minha mãe, terei que morar no mesmo lugar que aquele garoto que tentava me forçar a fazer coisas que eu não queria. E quer saber? Eu não importo, eu não me importo mais, minha vida já é uma droga que talvez, eu já estou ficando acostumada a sofrer. E sabe de coisa, é uma merda saber que tenho pessoas que importam comigo e que eu as magoei por eu ser uma idiota egoísta que apenas quer ficar chorando pelos cantos e ficar sozinha. Então apenas peço que me deixem em paz, eu não quero que fiquem gastando o tempo de vocês com uma pessoa já tão... destruída como á mim, não quero magoa-las mais ainda. É por isso que não quero que... sejamos mais amigas.

—Abby! -Dorcas exclamou.-

—Olha Abby, por favor, nós queremos... -Lílian tentou falar, mas é interrompida pela a mesma.-

—Não Lily, por favor eu. Eu quero que vocês percam mais o tempo de vocês comigo. Eu não quero mais... chatea-las por minhas idiotices.

—Abby, você não fez nada de mais. -a castanha comenta se sentindo arrependida pelas coisas que falou.- Eu...

—Eu te perdoo. -sorriu gentilmente para a garota.- Você apenas falou o que achava e era a verdade. Não precisa ficar se culpando, uma hora ou outra, eu iria explodir de qualquer maneira. Eu acho.

Pegou na alça de sua bolça e colocou no ombro.

—Abby...

—Apenas me deixem em paz, por favor. A última coisa que eu peço. -ela implorou e antes de voltar seu caminho diz. - E-e se os Marotos perguntarem algo, falam apenas para não se preocuparem.

E deu as costas a elas.

Dorcas soluçou colocando a mão no rosto.

—Eu não sabia que a Abby estava sentindo tudo isso. -a loira comentou chorosa.- E-eu sabia que ela estava triste, mas...

Lílian suspirou fechando os olhos com força. Nunca tinha visto Abgail daquela maneira, ela sempre fora uma garota sensível, mas daquela vez ela parecia tão devastada, como se apenas com um toque ela quebraria. Marlenne se encostou na parede e deslizou até o chão, sentindo uma dor no peito.

A castanha já sabia sobre o que aconteceu na vida de Abgail, menos sobre o pai dela ter morrido, é claro mas o resto sabia, mas escutar a morena falar sobre aquilo daquela maneira era horrível. Estava muito arrependida, deveria ter sido delicada.

Abby...

Os Marotos saíram do Salão Principal conversando animadamente. Sirius estava mais animado já que o jogo contra a Sonserina estava chegando e James, como sempre, estava triplo da animação do amigo. Remus apenas ficava revirando os olhos com a obsessão do amigo com o jogo e Peter ria.

Remus parou de andar ao escutar uma voz conhecida não muito longe deles.

—Ei, fiquem quietos -pediu para os dois amigos que não ficavam calados.-

O de óculos pareceu ficar ofendido.

—Aluado, o jogo contra a Sonserina está chegando e você quer que eu fique quieto sobre isso?

—Exatamente Aluado, estamos conversando sobre a derrota daquelas cobras que irá com certeza acontecer e quer que fiquemos quietos? -Sirius concordou com um falso drama.-

Remus bufou.

—Calem a boca. -mandou entre dentes.- É sério, escutem.

—Apenas me deixem em paz, por favor. A última coisa que eu peço. -ouve uma pausa- E-e se os Marotos perguntarem algo, falem apenas para não se preocuparem.

Sirius travou, reconheceria aquela voz chorosa em qualquer lugar.

—É a Abby. -James afirmou olhando para o amigo que ficara quieto.-

—Vamos. -Black os chamou e seguram em passos apressados o corredor.-

Sirius era o que andava mais rápidos e estava na frente de todos. Remus e James sabiam que uma das coisas que Sirius mais queria fazer era conversar com Abgail, mas o mesmo era muito teimoso e sem falar que a garota esses dias tentava de tudo para evitar a todos, até os Marotos e isso os deixavam preocupados. Eles gostavam da morena e meio que se apegaram a ela.

Sirius estava preocupado com Abgail, tinha percebido o estranho comportamento dela esses dias e queria muito saber o porque. E agora que ela estava ali, tentaria conversar com ela.

Foi quando avistaram três figuras. Rapidamente perceberam ser Lílian, Dorcas e Marlenne. Curiosamente, esta última estava no chão com as mãos no rosto encostada na parede.

—Vocês estão bem? -Remus perguntou apreensivo.

—O que aconteceu? -perguntou Peter curioso recebendo um olhar nada delicado dos amigos.-

Sirius parou de prestar atenção nas garotas e olhou para o final do corredor. Tinha certeza que aquela voz era de Abgail.

Marlenne levantou o olhar ao escutar passos rápidos começar distanciarem deles e viu que Black começara a correr na direção da onde a morena tinha ido. Sentiu um nó na garganta e suspirou.

Parou e olhou para os dois corredores de cada lado e bufou frustrado.

—Droga Abby... -praguejou.-


E depois daquilo, Abgail começou a desaparecer sempre que suas antigas amigas passavam e com os Marotos também quando percebeu que eles tinham a intenção de tentar falar com ela sempre que alguns a viam.

E Sirius também.

Ele era a última pessoa que queria conversar agora. Sentia tanta saudades dele que seu peito doía apenas em pensar, mas não queria falar com ele, não agora pelo menos. Apenas queria ficar sozinha em seu canto, com sua barreira que construiu em volta de si.

E falando em querer ficar sozinha, Abgail descobriu uma sala bastante curiosa um dias desses que quase topou com Remus e o mesmo tentou falar com ela. Ela andou em passos apressados tentando ir para longe dele ou encontrar ao menos um lugar para se esconder -não que isso fosse funcionar com ele, afinal, Remus era um maroto e os Marotos conheciam praticamente toda a escola.- quando ao passar em um corredor, avistou uma porta e com isso, teve a ideia de entrar lá para se esconder.

Não achava que iria funcionar já que Remus provavelmente deveria saber desta sala, mas ficou completamente surpresa quando escutou um suspiro de derrota e os passos dele pela passarem reto.

Então ela praticamente agora passava o dia inteiro lá depois das aulas. No começo, foi um tanto difícil já que quando voltou lá pela primeira vez depois que se escondeu lá por causa de Remus, a porta não estava mais lá.

Hogwarts e seus segredos, ela pensara desanimadoramente. Só porque eu queria um lugar para me... esconder.

E por alguma razão, a porta começou a se formar fazendo Abgail arregalar os olhos claros. Então começou a voltar lá todos os dias, começando a entender como a sala funcionava.

Os Marotos estavam tentando falar com Abgail esses dias, mas a mesma estava ficando muito boa em desaparecer de repente. James e Remus percebiam que Sirius estava ficando mais mal humorado por causa disso e bastante abatido, apesar de disfarçar com piadas e brincadeiras. Peter também percebera, mas era muito lento para perceber por qual motivo ele estava assim.


Abgail deu um pequeno sorriso que a muito tempo não dava, apertando o cabo da vassoura. Quadribol era a única coisa que a deixará animada e com o jogo que chegou, precisava se concentrar. Seu sorriso aumentou ao escutar o apito e o jogo comerá.


Estavam todos no salão comunal comemorando a vitória de Grifinória que havia ganhado o jogo contra a Sonserina e ninguém estava surpreso por saber que a festa foi organizada por ninguém menos que James e Sirius -e Remus de primeira foi obrigado, mas depois aceitou-.

Lílian bufou, estava sentada no sofá tentando ler um livro, mas por causa da barulheira não conseguia. E também por que estava muito preocupada com Abgail para conseguir prestar atenção, a morena não havia aparecido na festa deixando a ruiva apreensiva, Abgail simplesmente amava Quadribol e mesmo que não curtisse uma festa, nunca iria recusar em ir em uma que fosse para comemorar a vitória do jogo.

—Lendo em uma festa, Evans? -James perguntou indignado- Entre todas coisas que você poderia estar fazendo aqui você está lendo?

A ruiva bufou e tentou manter a calma, sabia que deveria dar uma chance, mas James bêbado daquela maneiro não ajudava muito

Sim, bêbado.

Lílian não sabia como eles trouxeram bebida para lá -não dá para duvidar dos Marotos.-, apenas achava uma bobagem uma festa apenas por causa de uma vitória de um jogo, não é como se tivesse ganhado a Taça das Casa, ai então ela entenderia o motivo da festa.

—É que eu acho essa festa muito desnecessária. -ela grunhiu.-

—A gente ganhou o jogo contra a Sonserina, é um motivo de comemoração. Vai me dizer que não adorou ver os sonserinos serem derrotados por nós?

Ela revirou os olhos. Mantenha a calma, Lílian, pensou a ruiva. Ele só está bêbado e por isto está agindo assim.

—Eu acho que legal a nossa casa ter ganhado, mas não gosto que ficam se achando com uma festa apenas por que ganhamos.

—Não é culpa nossa se jogamos extremamente melhor do que eles -James se gabou-

Lílian fechou o livro com tudo e olhou para o de óculos. A paciência da garota já estava a baixo de zero.

Não é como se amanhã ele fosse lembrar de algo mesmo, pensou para si.

—Por que, Potter, você não vai infernizar outra garota de saia qualquer e me deixa em paz?

—Não vai me dizer que você não queria ser essa garota foguenta? -sorriu malicioso.-

Lílian bufou. Potter era realmente um idiota.

—Me deixa em paz Potter! -gritou a ruiva-

—Vai me dar um tapa de novo, ruivinha? -James falou frio.-

A garota sentiu o rosto ficar vermelho de vergonha , mas para disfarçar, lança um olhar irritado para o rapaz.

—Oh, o que está havendo aqui? -perguntou Sirius com um copo na mão- Ah, podem continuar, quero ver a hora em que a ruivinha sair dando novamente uns tapas no veado aqui.

—Não me chame de veado, pulguento -James protestou e logo pergunta debochadamente- Por que você está com essa gravata amarrada na cabeça?

Sirius colocou a mão na gravata amarrada em volta de sua cabeça e fez uma cara de surpresa como se tivesse percebido apenas agora.

—Eu não sei, só me lembro de eu estar conversando com uma garota loira com umas pernas q...

—Não precisamos de detalhe Black -Lílian o interrompeu irritada. Pensando em como Black poderia dizer aquilo mesmo gostando de Abgail.-

—Ah gengibre! Você está aí -ele falou animadamente- Tinha esquecido que sua cabeça de fogo continuava aqui.

Lílian ergueu a sobrancelha, Sirius estava completamente bêbado. Pelo menos assim ele não fica chato e mal-humorado como ele está esses dias.

—Então Evans -James começou amigavelmente como se a um tempo atrás não tivesse irritado com ela - Quer ir comigo para Hogsmeade semana que vem?

A garota suspirou.

Não, eu não quero.-respondeu e se levantou- Me deem licença, que eu estou saindo.

—Parece que alguém levou um fora pela milésima vez. Que pena que não levou outro tapa, veado. -Sirius debochou fazendo o outro fechar a cara.-

—Pelo menos não sou eu que estou com a camiseta molhada -James retrucou e antes que Sirius abrisse a boca, pegou seu copo e derrubou a sua bebida em sua camiseta e deu uma risada, falando debochadamente- Olha, tem uma garota morena querendo falar comigo ali, tchau.

James se afastou entre risos deixando Sirius para trás xingando baixinho o amigo enquanto olhava a sua camiseta agora molhada. Enquanto isso, Lílian marchava até Marlenne e Dorcas que conversavam.

—O que houve Lily, está praticamente saindo fumaça de seu nariz -Marlenne zombou-

Lílian revirou os olhos.

—Potter.

—O que aconteceu? -perguntou Dorcas.- Pensei que você tinha decidido dar uma chance para ele.

—Lily, não vai me dizer que mudou de ideia, não é mesmo? -perguntou a castanha irritada.- Por que se você falar isso, eu vou dar uma de psicopata que nem o Black e te encurralar na parede e obrigar você a mudar de ideia.

Lílian bufou.

—Não, eu não mudei de ideia eu apenas... argh, ele está bêbado e veio me infernizar -respondeu irritada- Afinal, como é que eles conseguiram essas bebidas? Eles não deveriam, somos muitos novos para essas coisas e...

—Lily, estamos falando de James e Sirius, nada impede aqueles dois idiotas -Marlenne diz- E Remus é claro, apesar de ser o mais responsável, ele também até ajudou nessa festa.

—Eles não deveria fazer isso, não temos idade para isso. -ela comenta-

—Qual é Lily, estamos no sexto ano, não somos novos. -a castanha diz revirando os olhos dando um gole na sua bebida-

—Você também está bebendo não é? -a ruiva perguntou erguendo a sobrancelha.-

—Eu? Nunca -Marlenne deu uma risada sem graça e levou o copo até a boca.- Só um pouco.

Lílian bufa e Dorcas ri.

—Só vê se não exagere. -a ruiva pede severa.-

—Está bem, mamãe. -a castanha concorda bufando.- Mas não prometo nada.

—Foi o que imaginei. -a outra diz revirando os olhos. -Enfim, eu irei dormir. Boa noite para vocês.

—Boa noite.

A ruiva seguiu para as escadas e subiu. Ao chegar no dormitório, se jogou em sua cama e olhou para a cama da garota que tanto se afastava de todos, vendo toda arrumada. Lílian não se lembra a última vez que viu Abgail no dormitório. Será que ela realmente não estava dormindo.

—Ah, Abby... -suspirou preocupada com a amiga.-

Abgail estava em um dos seus lugares favoritos, a Torre de Astronomia. Estava apoiada olhando para a paisagem lá fora, as lágrimas escorrendo por seu rosto. Foi quando escutou passos e se virou para ver, vendo aquela mesma garota que tinha tentado a ameaçar sobre Sirius. Ela tinha os olhos vermelhos e estalava os dedos desconfortavelmente.

—A-ah, me desculpe. Eu não sabia que havia alguém aqui. Eu estou indo...

—N-não, tudo bem... -a interrompeu com a voz baixa. Sinceramente, queria ficar sozinha, mas a aquela garota estava parecendo tão mal quanto ela.- V-você pode ficar... se quiser.

A outra assentiu lentamente e caminhou em passos devagar até chegar ao lado de Abgail, que agora observava a paisagem.

—Me desculpe.

A morena franziu a testa e olhou confusa para a outra, mesmo estando desconfortável com a presença da mesma. Ao perceber a confusão de Abgail, explicou:

—Por tudo sabe... por ter tentado te ameaçar por causa do... Sirius. Sabe, eu descobri hoje que meu pai... ele morreu. Isso meio que me fez perceber que estava sendo uma idiota esses anos, me faz perceber as coisas erradas que eu fazia, e uma delas foi por eu ter dito aquelas coisas para você. Então eu queria me desculpar.

Abgail observou ainda surpresa a garota dar uma risada sem graça e limpar uma lágrima que escorreu.

—Agora eu estou aqui, pensando se volto para casa como alguns alunos estão fazendo quando descobrem que perderam alguém, mas eu e minha mãe não nos damos muito bem, mas tem minha irmãzinha que deve estar arrasada...

—Você deveria ir. -sugeriu com a voz rouca por ter chorado tanto antes.-

—É, eu acho que eu deveria mesmo. -concordou ela.- Você e Sirius... não se falam mais não é?

A morena assentiu sentindo uma dor no peito só de pensar nisto. Ela sentia muita falta dele.

—É, a escola toda percebeu isto. Espero que tudo se resolvam entre vocês dois. -Abgail olhou surpresa para ela.- Não se preocupe, eu não ligo mais para Sirius apesar de continuar o achando um gato, mas... como eu percebi que estava sendo uma idiota eu não ligo mais para ele. Então espero que vocês se resolvam, vocês até que fazem um casal bonitinho.

Abgail sentiu o rosto corar e olhou para baixo.

—E Sirius fica muito chato quando está mal-humorado. -a outra continua.- Então espero que se resolvam logo. E sinto muito, pela sua cara, deve ter acontecido algo não é.

Apenas assentiu fazendo a outra sorrir sem graça e desviar o olhar para a paisagem.

—Obrigada. -Abgail falou interrompendo o silêncio.-

Marlenne gemeu sentindo uma dor forte na cabeça.

Maldita ressaca, pensou.

Deveria ter escutado Lílian e não ter exagerado na bebida. Realmente, quem bebe tanto em apenas uma maldita comemoração? Ela nem se lembrava da metade do que fez ontem.

Algo que não me faça arrepender, apenas, pensou antes de finalmente abrir os olhos. Hora errada para se pensar nisto. Não reconheceu aquele lugar. Que tipo de merda será que ela fez?

Se sentou na cama lentamente sentindo a cabeça doer e engasgou ao ver que estava apenas com a parte de baixo da roupa íntima. Puxou o lençol e olhou em volta do quarto irreconhecível.

O que eu fiz?

Fechou os olhos com força ao escutar um resmungo e algo se mexer ao seu lado.

Merda, merda, merda...

Olhou lentamente para o lado e arregalou os olhos. Um grito escapou de sua garganta acordando a pessoa ao seu lado. Ela se jogou para fora da cama ainda segurando o lençol em seu corpo.

Sirius resmungou algo sentindo uma dor insuportável na cabeça e olhou para o seu lado, franzindo a testa ao ver Marlenne ao lado da cama segurando um lençol em volta de seu corpo e o olhando com horror.

—O que você está fazendo no nosso dormitório? -perguntou com a voz rouca.-

—Esse... não é seu dormitório. -a castanha murmurou lentamente ainda sem acreditar.-

—Não? -ele olhou em volta e olhou em volta, percebendo que não era o dormitório masculino.- Como eu vim parar aqui?

Olhou novamente para Marlenne finalmente percebeu que ela segurava o lençol para proteger a nudez. Arregalou os olhos ao perceber a situação deles.

—Oh merda...


Marlenne praguejou arrumando e abotoando sua blusa esperando impaciente Sirius que caminhava em passos lentos e desanimados.

—Como é que a gente nunca descobriu está sala? -Sirius comentou desanimado ao ver a porta começar a desaparecer.-

—Dá pra você ser mais rápido, Black? -pediu entre dentes.-

—Ah me desculpe, mas é que eu estou mesmo preocupada com o fato que eu acordei ao lado de uma das amigas de Abby. -resmungou.-

—E você acha que eu não estou preocupada? -ela perguntou irritada ignorando o nó na garganta. Ela gostava de Sirius e ficava triste ao perceber que ele realmente gostava da garota, e tinha certeza que aquela discussãozinha besta entre ela e Sirius algo a mais havia acontecido. Mas tentava ignorar por Abgail e estava se sentindo horrível pelo o que fez.- Como você acha que eu estou me sentindo ao saber que eu... transei com o cara que a minha amiga gosta?

Marlenne não se importava em falar disso na frente de Sirius, sabia que ele provavelmente já tinha conhecimento dos sentimentos de Abgail por ele. E se não, pelo menos iria fazer ele parar de ser lerdo.

Sirius resmungou algo e passou as mãos pelo cabelo. A castanha suspirou, então ele realmente sabia que Abgail gostava dele.

—Talvez... a gente não tenha feito nada. -interrompeu o silêncio esperançoso.- Quer dizer, quando você acordou não estava completamente nua.

—É, mas ao mesmo tempo que não poderia acontecido, algo poderia ter acontecido. -ela grunhi.-

—Que droga, Mckinnon! Eu tentando consertar as coisas aqui e você não está ajudando.

—Fala sério Black, nós estávamos bêbados para caramba ontem, por causa disso poderia ter acontecido nada. Não irá adiantar de nada, nós não lembramos de nada. -ela diz e se vira, começando a andar.-

—A onde você está indo? -perguntou a seguindo.- Mckinnon...

Sirius a puxa pelo braço.

—O que é, caramba?

—A onde você está indo?

—Eu estou indo contar tudo para a Abby. Eu sei que ela sempre passa por aqui, talvez ela esteja por aqui.

—Está maluca? Não vai contar para ela.

Marlenne olha incrédula.

—É claro que eu iria contar para ela, eu sou amiga dela e fiz uma merda, não posso esconder isto dela!

—Eu não que esconda isto dela também está bem? Mas ao menos espera, nem sabemos o que aconteceu de verdade para ir já contar para a Abby...

—Não sabemos o que aconteceu? Fala sério, é óbvio o que aconteceu, não vê? -ela exclama.-

—Mckinnon, se você ir contar, ela... -Sirius engoliu o seco.- Irá ficar pior ainda.

Marlenne deu uma risada seca.

—Ah, sério? Abgail irá piorar em saber que eu escondi o fato que eu transei com o cara que ela ama!

A castanha se vira com fúria e ao entrar em corredor, paralisa.

—Espere, Mckinnon... -escutou Sirius a chamar.- Por que você...

Droga, droga, droga...

—Abby...

A morena estava apoiada na parede olhando para eles com os olhos arregalados. Sirius sentiu uma dor no peito ao ver as lágrimas se formarem em seus belos olhos azuis e sabia o que viria a seguir. Começou a andar na direção dela.

—Abby...

E como esperado, a garota cambaleia para trás e sai correndo. Sirius solta um xingamento e sai correndo atrás dela. Marlenne finalmente se toca do que está acontecendo e começa a seguir o moreno.

—Abgail, espere! -ele a chama. Sentiu a cabeça e o corpo doer.- Merda de ressaca.

A morena sentiu as lágrimas escorreram pelo seu rosto e um soluço escapar de sua boca. Por que? Por que? O que ela fazia de tão ruim para merecer tanta coisa assim? Por que?

Virou em um corredor quando esbarrou com tudo em alguém, quase foi para o chão, mas a pessoa a segurou.

—Abby...

Olhou para cima reconhecendo o rosto de Regulus. Se afastou dele bruscamente e soltou outro soluço.

—Abby, eu queria conversar com você...

—Não. -ela pediu.- Não...

—Abby, por favor, eu quero conversar com você. -o garoto implorou segurando nos braços dela, mas a mesma rapidamente se afastou abraçando a si mesma.- Eu soube sobre seu pai Abby. Me perdoe! Eu queria poder ter impedido...

—Não, por favor. -ela implora. Não queria escutar sobre aquilo, não queria.- Não quero...

—Abby! -escutou a voz de Sirius a chamar.- Abby!

—S-Sirius? -Regulus gagueja.-

Sirius fica surpreso ao ver quem era.

—Reg... o que você...

—Abby! -Marlenne aparece e passa por Sirius, tentando se aproximar da amiga.- Por favor, Abby. Olha me deixe...

—Não... Por favor, não. -pediu chorosa colocando a mão na cabeça e fechando os olhos com força.-

—Abby... olha, eu sinto muito, eu quero... -Regulus finalmente se recuperou depois de ter visto o irmão e olhou tristemente para a morena.- Abby...

Abby... Abby... Abby...

Parem! Parem! Por favor, parem!

Sirius franziu a testa percebendo que Abgail estava prestes a explodir. Tocou no ombro de Marlenne.

—Mckinnon, é melhor você...

—Me deixa, Black! -o empurrou fazendo o moreno ficar irritado, mas que mudou para preocupação ao olhar de novo para Abgail.- Abby, por favor, vamos....

—Abby...

—Parem! -a morena gritou fazendo todos ficarem surpresos.- Parem! Por favor, me deixem em paz!

—Abby, por favor... -Marlenne tentou dizer.-

—Não! Não! Eu estou cansada! Cansada de tudo isso! -ela soluçou fazendo Sirius sentir uma dor no peito.- Eu não quero saber! Apenas parem, por favor! Me deixem em paz! Eu apenas quero que isto acabe! Por favor, me deixem em paz.

E saiu correndo na direção de um lugar que Sirius conhecia muito bem. Então os três ficaram ali em silêncio, ainda completamente surpresos com a reação da garota. Apesar que Marlenne já presenciou uma explosão de Abgail -já que fora sua causa que provocou isso, ainda não se tinha se acostumado com a morena tendo reações assim.

Sirius ainda encarava por onde a garota tinha ido.

Torre de Astronomia.

"Eu apenas quero que isto acabe!"

—Ah, droga. -Sirius murmurou.- Quer saber, dane-se.

O maroto começou a correr na direção que Abgail fora fazendo Marlenne erguer a sobrancelha e suspirar. Percebeu também que agora estava sozinha com o irmão dele.

Vamos lá. Por favor, só não faça nenhuma besteira, Abby, pensou Sirius em quanto corria na direção da Torre de Astronomia.


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Notas finais do capítulo

Me desculpa, foi necessário para a história isso que eu fiz com a Abby ;-;



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