Sakura

Hoje é meu grande dia !!

Depois de anos de treinamento enclausurada num templo, finalmente posso sair para ver o mundo. Monges não costumam fazer viagens. Monges elevam seus corpos, mentes e almas em um estado de equilíbrio perfeito. Meditação e exercícios rigorosos nos permitem enfrentar a tudo e a todos de mãos vazias.

Guerreiros usam armas, Magos usam suas magias. Nós usamos o poder espiritual !!

Vovó não queria que eu saísse ainda. Ela diz que não estou pronta, que falta equilíbrio.

Essa véia ta doida ? Ta pra nascer alguém com mais equilíbrio interno do que eu. E, ai de quem discordar.

Ta certo que as vezes eu perco, um pouquinho só, a paciência. Mas ninguém é de ferro né ? Até aqueles cavaleiros que usam armaduras dos pés a cabeça num são de ferro não sabia ? Outro dia dei um soco na cabeça de um e o elmo dele voou uns 100 metros.

E, tipo assim, tive que parar por aí. O cara era liiiiiiindo. Nem dava pra eu bater naquele rostinho.

Enfim, aqui estou eu. Minha primeira missão como monge. Esse deve ser o tal reino de Konoha. To tão empolgada !!

A primeira coisa que vejo ao chegar na entrada, é que tem um buraco numa pedrona velha e com uns rabiscos. Confesso que não fiquei impressionada. Aí, um moço veio falar comigo.

– Bom dia, senhorita. Em que posso ajudar ? - Ele me cumprimentou todo sorridente.

– Bom dia. Aqui é Konoha né ? - Pergunto com cara de inocente. Sempre funciona.

– Isso mesmo. Seja bem vinda a nosso humilde reino.

– Muito obrigada, cavalheiro. - Mas pior que é humilde mesmo, pensei segurando o riso.

O outro guarda só estava me olhando, até aí. Daí resolveu abrir a boca.

– Se precisar estamos a disposição, senhorita ... ?

– Sakura Haruno. - Respondi com orgulho.

Nós Harunos somos uma família tradicional entre os templos e monastérios.

– Tudo bem, fique a vontade senhorita Haruno. - Disse me dando uma piscada.

Entrei e me senti totalmente perdida. Sabe quando vamos a praia pela primeira vez e vemos o mar ? Pois é, era um mar de gente se esfregando e apertando uns nos outros. Que horror !!

Fui me esquivando daqui, desviando dali.

Mas mesmo assim alguém acabava encostando em MIM. Ain, que Nervoooso !!!

Foi então que senti um leve puxãozinho na minha capa. Olhei pra baixo e ...

Ooown, que coisinha mais foofaa. Uma criaturinha me olhando com aquela carinha de anjo. Era uma menininha liinda, de maria-chiquinha, vestidinho rosa de bolinhas brancas, um sorrisinho faltando um dente e olhinhos grandões brilhando.

Deu até vontade de morder. Dei um beliscãozinho na bochecha dela e sua mãe a levou sorrindo. Ela era uma princesinha, lembrava a mim na infância ...

Droga !! Saindo do meu flashback, me vi de novo naquela selva de pedra, literalmente de pedra.

Olhei ao redor e vi aquela feira maluca. Um exército de comerciantes gritando e gesticulando. Um verdadeiro show de circo, pra quem gosta de circo é claro. Eu não !!

Enfim, aqueles palhaços ... digo, vendedores ofereciam de tudo. Mas de tudo mesmo. Desde água da chuva, até o mais puro Hidromel. De amuletos falsos a jóias inestimáveis. De armas velhas e enferrujadas a grandes obras-primas a muito não vistas. Vi até um gnomo de enfeitar jardim, mas VIVO.

Confesso que, aí sim, fiquei impressionada com uma coisinha ou outra que vi por ali. Tipo essa faixa verde de cabelo liiinda que comprei. Uma verdadeira pechincha, devo dizer. E ela combina perfeitamente com meus olhinhos.

Daí lembrei que eu precisava me localizar. Como é que eu ia achar o castelo no meio de toda aquela bagunça ?

Decidi que era hora de apelar pra aqueles doidos. Fazer o que ? Se não pode vencê-los, compre deles.

– QUEM TEM UM MAPA ?? UM MAPA DESSA BAGUN... CIDADE ??

– Aqui, senhorita. - Gritou um menino pequeno.

Usava uma roupinha maltrapilha. Não consegui deixar de reparar. Era uma camiseta amarela com uma folha vermelha e uma calça cinza batida e com alguns desfiados. Usava uma sandalinha azul da humildade, e um tipo de bandana verde com duas pequenas lentes. Bem estranho pro meu gosto. Ah, e um cachecol da mesma cor da bandana.

– Oi Tia. Vai um mapa aí ?

Tia ? Tia ? Ele me chamou de Tia ? Vo esganar ele.

– Tia é a sua vó. - Disse sorrindo gentilmente, afinal ainda preciso do mapa. - Quanto é ? - Acho que ele entendeu o recadinho. Deu até dó daqueles olhinhos arregalados.

– São 5 Dilmas de ouro, senhorita. - Me disse com um sorriso amarelo.

– Ah, claro. 5 Dilmas ... 5 Dilmas ? De OURO ? Aí, cê ta doidão ? Por acaso seu mapa que é desenhado em ouro muleque ? - Sério, tentei manter a boa, mas aí já é abuso.

Ele me olhou por um minuto com uma cara muito séria. Não entendi. Ele então fez um sinal de três com a mão e arqueando apenas uma sobrancelha.

– O quê ? - perguntei logo sem enrolação.

– 3 Dilmas e não se fala mais nisso. E já to no prejuízo moça. É pegar ou ficar perdida.

Três, pra Cinco. Peraí.

– Ow, mas isso é quase metade do preço. Claro que vou levar, me dá isso aqui garoto. - Peguei o mapa antes que ele mudasse de ideia e lhe dei as Dilmas.

– Obrigado. Se precisar, meu nome é Konohamaru. Foi bom fazer negócios com você Tia !! - E antes que eu pudesse chiar com ele, jogou uma bomba de fumaça no chão e sumiu.

Cof, Cof, Cof. Ah, se eu pego ele. Mas pelo menos consegui meu mapinha. Agora vamos lá. Como faço pra chegar no castelo. Hey ... cadê o manual de instrução ? O pilantrinha esqueceu de me ensinar como meche com isso.

– Senhor ? Ow senhor ? Pode me dar uma ajuda aqui ?

– Ahn ?

– Pode me ajudar com o ma...

– O que ?

– Mapa. Me ajuda aqui com o m-a-p-a.

– Ah sim, deixa eu ver minha filha. - Véio gágá. Aff.

– E então ??? - Na boa, to perdendo a calma com esse povo louco.

– Num faço ideia, boa sorte. - Diz com um sorriso banguela de bêbado vagabundo, dando um jóia.

– QUAL O SEU PROBLEMA, CARA ?? TIPO ASSIM, VOCÊ MORA AQUI E NÃO PODE ME AJUDAR COM UM MALDITO MAPA DA SUA PRÓPRIA MERDA DE CIDADE ?

Desculpa aí gente, mas não deu. Eu tava quase metendo a mão na cara dele. Mas levei um susto tão grande que até esqueci que tava brava. Eu hein !!

– Heey, calminha moça. Em que posso ajudar ? - Interrompeu meu surto com aquela aparência assustadora de boneco de voodoo, tamanho espantalho. Ele tinha lindos olhos azuis e cabelos louros, é verdade. Mas um mal gosto danado pra maquiagem. Sério, ele me assustou demais.

Recuperei minha compostura. Nesse meio tempo, o velhote aproveitou a chance e sumiu.

– Oi, não consigo ler meu mapa. - Disse tentando fingir simpatia com um sorriso meio torto. Foi o melhor que consegui.

– Deixa eu ver. A propósito, meu nome é Naruto. - Disse pegando o mapa e sorrindo. Ele até que é bonito. De um jeito estranho, mas é sim.

– Sou Sakura. - Respondo devolvendo o sorriso.

– Então Sakura, pra onde exatamente você quer ir ? - Perguntou avaliando o mapa.

– Pro castelo. Preciso me encontrar com a rainha. - Ele me olhou meio esquisito.

Olhou pro lado e pra mim e pro mesmo lado e pra mim. Então apontou sem dizer nada.

Fiquei procurando o que ele queria mostrar. Daí por fim percebi. Tinha um baita castelão no meio da cidade ... Engraçado, como não tinha visto ele antes ?? Ain, minhas 3 Dilmas.

– Posso te acompanhar se quiser. Também vou ao castelo. Só pra garantir que não vai bater em nenhum velhinho no caminho. - Disse com um sorriso largo. Dei uma boa gargalhada. Ele é um carinha divertido. Estranho e divertido.

Aceitei sua oferta com um aceno de cabeça e, só pra não desperdiçar, peguei meu mapa de volta.

– Aí Naruto ...

– Hum ... ??

– Valeu !! - Agradeci sincera e ele olhou confuso. - É tipo um obrigado, mas com sotaque. - Expliquei didaticamente. Acho que ele entendeu.

– Ok. Então ... ao castelo minha cara, ao castelo !!