Uma história de amor escrita por Deh


Capítulo 7
2010


Notas iniciais do capítulo

Então é isso mais um capitulo, espero que gostem :)



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2010

Paul Valéry escreveu “O que nos força a mentir é o sentimento da impossibilidade de os outros compreenderem inteiramente a nossa ação. Mesmo a mentira mais complicada é mais simples que a verdade.”

De longe estava observando ela, tão jovem e já passou por tanta coisa. Ela parecia feliz, estava saindo da escola com algum motorista, ela parecia rir de alguma piada qualquer, mas aquele sorriso. Não era o sorriso estilo Aaron, e sim o estilo Emily disfarçando. Sim, eu conhecia todos as suas faces. Observava de longe para que ela não pudesse me ver, o carro deu partida e eu os segui. O carro foi estacionado em frente à embaixada, pude ver que uma mulher mais velha a esperava, uma que eu conhecia muito bem para dizer a verdade. Já fazia muito tempo que não as via. Senti uma vontade imensa de entrar ali agora, e contar-lhes a verdade, dizer que eu estava bem, mas não podia. Não podia coloca-las em risco, elas estavam melhor assim, ou eu preferia acreditar que estavam. Já estava observando elas a três dias, e logo teria que voltar para me esconder, era perigoso estar tão perto. Mas em tão pouco tempo, vi o brilho dos olhos da minha garotinha sumir, vi a face de preocupada da minha mãe, pude contar nos dedos as vezes que a vi assim. Eu tinha certeza, que mamãe sabia que elas estavam em perigo, eu nunca vi uma embaixada com tantos seguranças, mas vi também durante o almoço no shopping de ontem que ela tentava se manter forte e inabalável para a jovem agora dependente dela. Essa era sua face mais conhecida por mim, a inabalável embaixadora Prentiss, porém havia muito tempo que não a via assim, pelo menos não perto de Elena. Perto dela, mamãe sempre foi tão gentil, tão amável, tão... natural. Sentada agora em uma cafeteria deixei minha mente vagar, pelos meus últimos messes antes de minha “morte”.

Estávamos nos acostumando com a saída da JJ, que agora iria trabalhar para o departamento de estado, as coisas pareciam estar voltando ao normal, até aquele dia. Durante um caso recebi uma mensagem me informando que um antigo chefe queria se encontrar comigo. Achei muito estranho não nos encontrávamos desde aquele maldito caso. A verdade era que eu não queria vê-lo, não queria me lembrar dos tempos de agente infiltrada, mas a curiosidade e a necessidade eram mais fortes, eu sabia que ele não entraria em contato se não fosse nada.

Doyle escapou. Isso era o que rodava pela minha mente nos últimos dias, desde meu encontro com Sean, ele viria atrás de nós, ele viria atrás de mim, afinal ele queria vingança. De acordo com Sean ele havia sumido e não havia notícias dele, mas eu sabia que seria apenas questão de tempo até ele me achar, conhecendo Ian tão bem quanto eu conheci, ele não iria ferir somente eu. Eu tinha que proteger aqueles que eu amo.

“Emily, querida a quanto tempo” Eu escutei a voz do outro lado da linha. “Olá mamãe, tudo bem?” “Sim querida, mas estou com a impressão de que eu deveria estar fazendo essa pergunta pra você.” Eu gelei, ela sabia que estava acontecendo algo, afinal eu não ligaria em uma madrugada de um dia qualquer. “O que está acontecendo Emily?” Ela falou firme. “Mãe eu preciso que a senhora faça um favor pra mim” Eu soltei a bomba logo. “As coisas devem estar bem feias pra você está pedindo ajuda”. “Ainda não estão” eu a interrompi. “Ainda!? Serio Emily? Em que você se meteu?” Eu respirei fundo “Mãe eu não posso explicar, isso faz parte do favor.” “Ok Emily e o que você quer que eu faça?” “Eu vou mandar Elena para morar com a senhora” ela respondeu confusa “Elena morar comigo? Você disse há sete anos que não iria fazer isso de novo Emily” Ela pareceu tomar coragem para o que ia dizer em seguida “Quanto exatamente ela está em perigo?” Tento manter minha voz normal para o que vou dizer em seguida “A senhora não poderia passar o ano com a sua neta? Seria uma ótima oportunidade para que ela pudesse praticar o seu italiano.” Eu pude ouvir ela bufar “Não me venha com essa desculpa esfarrapada Emily. Você está me ligando de um pré-pago no meio da madrugada e me pedindo pra cuidar da sua filha. Isso não é do seu feitio Emily, isso me parece uma...” “Medida de proteção” eu completei. “Mãe só me escute ok? Eu não vou falar o que está acontecendo e para o bem dela é melhor que ela nem sonhe com isso, eu a mandarei no próximo voo amanhã, ela já está matriculada em uma escola, quando terminarmos essa conversa vou lhe mandar um SMS com o voo que ela pegou, quero que a senhora mande alguém em quem a senhora confie a vida para buscá-la, e em hipótese alguma traga ela para os Estados Unidos sem minha permissão. Eu quero que a senhora cuide dela, a senhora pode fazer isso? Promete que vai fazer tudo do jeito que eu falei?” O telefone ficou mudo pelo que pareceu uma década, até que ela respondeu “ Sim, eu prometo que cuidarei dela, mas conhecendo tão bem quanto a conheço ela não vai aceitar tudo isso sem saber o que está realmente acontecendo” eu a interrompo “Talvez ela só precise acreditar no que seja melhor para ela, tchau mãe”. “Tchau querida, por favor fique viva, eu te amo” em meio a lagrimas eu sorri, e tentei responder sem parecer que estava chorando “Eu também te amo mãe”.

Não preciso dizer que Elena não queria ir, de alguma forma eu acho que ela sabia que algo ruim ia acontecer, mas consegui convencê-la a ir, devo grande parte disso a ajuda da minha mãe que conseguiu convencê-la que estudar na Itália durante um ano, a deixaria aperfeiçoar seu italiano.

Sem Elena eu estava me sentido sozinha, triste e vazia. Ela era a razão das minhas risadas, ela era a razão pela qual eu ansiava voltar para casa, mas isso era para protegê-la. Não demorou muito para perceber que havia gente a minha espreita, fiz o que deveria fazer, limpei minha casa, não deixando nenhum traço que a pouco tempo havia uma menina ali, para todos os efeitos eu morava sozinha. Encaixotei tudo e guardei em um deposito de número 95 sem deixar nenhum rastro para trás.

Clyde estava no país, e não muito tempo depois Tsia chegou, o noivo dela havia sido assassinado e sabíamos muito bem quem era, o motivo dos meus pesadelos o cara com quem me encontrei recentemente Ian Doyle.

Não demorou muito para nosso jogo de gato e rato começar. Ele assassinou pessoas envolvidas no caso, pondo eu e a equipe no caso. Eu sabia que era perigoso para eles também, e teria que agir rápido para que eles não morressem como aconteceu com Tsia. Sim ela morreu, e por minha culpa, eu pedi que ela fosse atrás do falsário e deixasse o mentiroso do Clyde para trás, mas isso a levou direto para o encontro com ele, isso a levou para a morte. Quando vi seu corpo ali senti nojo, nojo de Doyle, nojo de mim, aquilo ocorrera por minha causa. Decidi então que caberia a mim acabar com tudo isso. Logo que sai do apartamento pedi ao Morgan para me levar para casa, para que pudesse trocar minhas botas, ele estava meio receoso, mas cedeu. Cheguei em casa rapidamente troquei minhas botas, e corri para o meu cofre. Abri meu cofre, nele coloco documentos, passaportes essas coisas dos velhos tempos, no fundo de tudo isso estava o maldito colar, e embaixo dele uma foto a muito tempo esquecida, a observei por alguns segundos e sorri involuntariamente deixei onde ela estava segundos antes, e rapidamente fui me livrar do colar.

Quando voltamos a BAU, Aaron estava liberando o perfil. Eu o vi falando, mas minha mente vagava nos acontecimentos recentes, Morgan curioso, Garcia preocupada, Rossi observando, Reid estudando e Aaron... bem sendo Aaron. Eu não poderia por eles em risco, sai pelas portas da BAU com uma decisão. Eu acabaria com tudo isso sozinha.

Não foi difícil acha-lo, tracei meu plano e parti pra cima. Claro havia a possibilidade remota de que desse errado e deu. Ele me pegou me torturou, me ameaçou usando a equipe (graças a Deus ele não descobriu sobre Elena, só Deus sabe o que ele faria com ela). A equipe me achou na hora exata.

Aaron e JJ forjaram minha morte, para meu próprio bem e recuperação. Devo dizer sem dúvida nenhuma que essa foi a pior coisa que fiz, deixei uma equipe despedaçada, minha mãe abalada e minha filha desamparada. Alguns dias depois do meu velório, JJ me encontrou em Paris, me dando novos documentos e contas bancarias, ela me informou que conseguiu que minha mãe e Elena não fossem ao meu enterro, alegando para minha mãe que o criminoso ainda estava a solto e elas eram um alvo.

“Senhora nós já estamos fechando” o garçom me informa me tirando dos meus pensamentos. Sai da cafeteria, olhei as horas, merda eu me atrasaria para o meu trem. Eu voltaria para Paris sem levantar suspeitas que ao menos sai de lá. Se JJ descobrisse ela rezaria a bíblia para mim, me dizendo as consequências, ultimamente JJ andava super protetora. Estava prestes a ir embora, quando dou mais uma passada pela embaixada, de longe vejo uma garota morena saindo com uma senhora, ambas pareciam felizes, eu sorrio, acho que afinal de contas Elena estava bem sem mim.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam do capitulo? Não esqueçam de opinar.
Logo postarei o capitulo bônus.
Desculpem qualquer erro ortográfico.



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