Uma história de amor escrita por Deh


Capítulo 6
2009


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo fresquinho, espero que gostem!!!



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2009

Ayrton Senna disse “O medo faz parte da vida da gente. Algumas pessoas não sabem como enfrentá-lo, outras - acho que estou entre elas - aprendem a conviver com ele e o encaram não como uma coisa negativa, mas como um sentimento de autopreservação.”

Nos últimos meses o que mais tenho sentido é medo. Medo de perder Aaron, medo que Elena pudesse me perder. Enfim apenas medo. Hoje tirei um dia das meninas, assim como Elena gosta de chamar, ele consiste em um dia inteiro só pra nos duas, sem trabalho, sem estudos, apenas mãe e filha agindo normalmente, o que é raro por aqui. Talvez isso venha para me distrair um pouco, e me deixar cair na realidade de que está tudo bem. Estou esperando meu baby acordar, enquanto isso assisto o jornal matinal, mas deixo minha mente vagar nos acontecimentos recentes.

Meus instintos estavam certos. Algo ruim realmente aconteceu. Aaron foi ferido. O que senti foi horrível, era uma mistura de arrependimento, preocupação e o principal: medo. Graças a Deus ele sobreviveu não só a esse ataque, como também a outro. Não houve um momento em que eu não senti medo por ele, mesmo que estivesse fazendo meu melhor para não demonstrar. Infelizmente ele ainda foi ferido não só fisicamente como psicologicamente. Ele perdeu a ex-esposa, e agora tenta criar o filho sozinho. Sei que ele se sente inseguro em criar o filho sozinho, como também sei que ele se culpa pela morte da ex-mulher, com o passar dos anos aprendi a lê-lo tão bem que por vezes me assusta.

Houve também um caso que senti mais medo do que qualquer outro. O caso em que fui atropelada pelo caminhão. Não senti medo da morte propriamente. Senti medo de deixar minha filha sozinha no mundo. Sei que não seria exatamente assim sozinha, sei que mamãe cuidaria dela, tão bem quanto eu, mas não seria a mesma coisa.

Devido a esses acontecimentos cheguei à conclusão que esse trabalho não põem somente a mim em perigo, como também minha filha. Elena é o que tenho de mais importante em minha vida, e farei de tudo para protege-la, esse foi um juramento que fiz para mim mesma quando ela nasceu. “Bom dia mamãe” Sou tirada dos meus pensamentos pela minha menina. “Bom dia querida, já está pronta?” Ela assentiu e saímos.

“Mãe por favor, vamos, só um pouquinho” Eu a encarei seriamente, pensei sinceramente em dizer não, mas era tão raro passarmos um dia inteiro juntas, que talvez pudéssemos prolonga-lo um pouco mais, suspirei e disse ”Ok, só vamos passar lá um pouquinho já está ficando tarde”. Ela sorriu me abraçou “Obrigada mamãe”. Seguimos em direção ao carro e saímos.

Enquanto estava dirigindo, refletia sobre o que se passou hoje. Foi um dia perfeito, saímos cedo passeamos no shopping, fomos ao cinema do mesmo, e assim se passou nosso dia, já estávamos de saída quando soubemos que estava havendo um festival francês no parque, o que deixou Elena maluca para irmos. Normalmente eu não concordaria, já estava a noite, mas ela queria tanto, e já se fazia tanto tempo que ela tinha visitado a França, a última vez foi no ano passado nas férias de verão enquanto mamãe ainda morava lá.

“Chegamos” Ela disse sorridente, aquele sorriso com covinhas, a única coisa física que ela havia herdado dele, e que me fazia lembrar constantemente de Aaron. Andamos pelo festival por quase uma hora, ele estava cheio de comidas e iguarias francesas, sem falar que a maioria que estava no parque era francês ou descendente. Estava tudo bem até que ouço barulho de tiros, sim tiros! Estavam atacando as pessoas ali presentes, rapidamente me joguei no chão levando Elena junto comigo. Tudo aconteceu tão rápido, em um instante estávamos sendo atacados e no outro as unidades mais próximas já estavam presentes. Os policiais ali presentes estavam tomando depoimentos, até ai nenhum problema, se eu não visse que por algum motivo Aaron estava no meio dos policiais ajudando a tomar depoimentos. Rapidamente sinto um nó na barriga, e praticamente sem ver do a chave do carro a minha filha “Tome, entre no carro e tranque, só abra se for eu ok?” Ela assentiu e foi, normalmente ela perguntaria por que, mas dado a situação creio que ela ainda esteja em estado de choque.

“Emily? O que você está fazendo por aqui? Você está bem?” Aaron me pergunta enquanto toma meu depoimento, aparentemente curioso. “Eu estou bem” e continue “fiquei sabendo sobre o festival e resolvi dar uma passada” Eu sorri para tentar parecer normal, já que no fundo eu estava com medo dele vê-la. Ele deu um sorriso tímido “Lembrando dos tempos em que morava na França?” Eu congelei, eu não sabia que ele sabia, eu nunca contei a ninguém da BAU, tentei parecer normal. “É acho que é isso. Já posso ir?” Perguntei meio nervosa. “Claro, mas por que não fica mais um pouco? Podemos tomar um café depois que você me ajudar?” Eu desvio o olhar e respondo “Desculpe, está meio tarde e amanhã eu tenho que chegar cedo no trabalho. Meu chefe é meio durão.” Eu disse a última frase com um ar mais brincalhão o que pareceu distrai-lo. “ Vejo que seu chefe deve ser uma pedra no sapato” Ele disse entrando na brincadeira. “Você não tem ideia” Eu me despeço com um “Até amanhã Hotch.” “Adeus Emily” ele responde e eu vou embora.

Chegamos em casa e nos aprontamos para dormir, Lena ainda estava muito calada, o que não é normal. Quando estava indo me deitar, vejo uma silhueta na batente da porta do meu quarto. “Posso dormir com a senhora?” Ela me pergunta calmamente, eu respondo “Claro querida, mas não se acostume” Pude ver o lampejo de um sorriso em seu rosto. Nos deitamos e ficamos calada por um tempo, até que ela tomou folego e me perguntou “É sempre assim?” Eu sabia o que ela estava falando. “Sempre sentimos medo querida”, ela virou de frente pra mim e continuo ”O medo não passa?” Eu respiro fundo para o que vou responder “Não querida, ele nunca passa, mesmo se você souber o que está prestes a acontecer, tipo em uma busca policial, é sempre possível haver um tiroteio, e você sempre ficara com medo de se machucar” Ela pareceu pensar por um momento “Eu sempre pensei que a senhora não tivesse medo” eu sorrio para ela no escuro e ouço ela dizer baixinho “Eu te amo mamãe, eu tenho tanto medo de te perder, sempre tem essa possibilidade, mas hoje eu vi tão de perto.” Eu a abraço bem forte. “Eu prometo que sempre estarei aqui para você querida e nunca te deixarei” dei um beijo em seus cabelos e refleti em voz alta meus pensamentos “Com o tempo você aprendi a conviver com o medo querida, você faz dele sua armadura”


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Notas finais do capítulo

Gostou? Tem alguma sugestão? Deixe um comentário, eles são muito bem vindos.
Bjss e até o próximo capitulo.
obs. desculpem qualquer erro ortográfico.