Tempest escrita por Kaline Bogard


Capítulo 9
Capítulo 09 – Curry, aniquilação mundial e... algo mais?


Notas iniciais do capítulo

Dia 09
Regina Let's Go (CPM 22)



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Tempest

Kaline Bogard

Capítulo 09 – Curry, aniquilação mundial e... algo mais?

— Sabia que estava aqui... — Satsuki caminhou pelo telhado da escola e sentou-se ao lado de Aomine, deitado no chão todo displicente.

— Ee? Sabia é? — não deu muita importância à garota.

— Perdeu as aulas da manhã de novo. Você não tem jeito!

— Não se preocupe. Me empresta suas anotações e eu passo a limpo depois.

Satsuki estreitou os olhos para o garoto, desconfiada do que acabara de ouvir. Nunca no mundo Aomine Daiki ia perder tempo copiando matéria atrasada.

— Você? Passar a limpo? Não acredito!!

Aomine sorriu largo.

— Me expressei mal. Tenho alguém que pode copiar toda a matéria pra mim e fazer os exercícios. Quase sem reclamar.

— Não entendi nada — disse distraída. A conversa acabou morrendo no silêncio do local. O vento agitou seus longos cabelos. Não insistiu em detalhes. Não precisava.

Tudo o que mais queria na vida era ver o sorriso de volta aos lábios de Daiki, seu amigo de infância. Pedira isso uma vez a Tetsu. E, de alguma forma, ele conseguira um milagre! Podia ver aquele lindo sorriso com muita frequência ultimamente. E o brilho nos olhos de tom azul escuro. Fazia tanto tempo desde que Daiki se animara tanto! Nunca agradeceria Tetsuya o suficiente. Apesar de desconfiar que a ex-sombra não tinha muito a ver com a felicidade mais recente.

— As coisas estão mudando mesmo, não é? — ela soou pensativa.

— Ee? Você acha? — Daiki refletiu por um instante. Teve que concordar com a garota. Uma vez que a mudança começara, parecia que nunca acabaria. Desde sua derrota para Seirin a vida dera uma guinada inusitada. Estava interessante a ponto de tirá-lo da letargia, fazê-lo prestar mais atenção no que acontecia ao seu redor.

— Ne, Daiki kun, vamos fazer compras a tarde depois do treino?

— Não posso — declinou o convite — Já tenho um compromisso pra hoje.

— Mais importante do que sair com sua amiga? — inflou as bochechas fingindo indignação — Me pergunto o que será...

— Curry — respondeu simplesmente, sem hesitar.

Satsuki não entendeu mais uma vez. Curry era gostoso? Sim! Mas Daiki nunca fora tão fã assim da iguaria. Então por que tinha aquele sorriso enorme no rosto?! Enfim... Momoi não questionaria nada que o fizesse feliz. Desejava apenas que o que quer que estivesse acontecendo, perdurasse.

oOo

— Demorou, escravo — provocou quando a porta foi aberta.

— Teu... — Kagami começou, mas foi cortado.

— “Rabo” — completou a frase que sabia seria dita. Viu que deixou o ruivo ainda mais irritado, mas o ignorou, passando pela porta, entrando no apartamento e tirando o tênis no genkan. Fez o caminho até o sofá, largando a mochila de qualquer jeito no meio da sala — Kagami, meu travesseiro!

Taiga fez uma anotação mental de deixar o travesseiro no sofá da próxima vez. Sim, ele sabia que haveria uma próxima vez, enquanto o folgado não lhe desse direito de revanche. Foi pegar, quando voltou Daiki já estava bem acomodado sobre o sofá.

— Minha mochila — apontou — Eu trouxe o vídeo game. Liga na TV que eu quero jogar enquanto você cozinha.

— Quando vai me dar a revanche? — Kagami perguntou enquanto se agachava perto da televisão, conectando os fios.

— Saa. Quando me der vontade.

Taiga ergueu dois box de jogos e Daiki apontou o da direita. Um jogo de estratégia.

— Tem certeza, Aomine sama? Pra vencer esse jogo precisa pensar...

— Ee? Acaba de ganhar um dia a mais como castigo.

— O quê? — não compreendeu. Mas o sorriso que recebeu lhe deu a certeza de que não ia gostar nada da explicação.

— Vou marcar uma data para sua revanche. Teoricamente na próxima quarta-feira. Mas por essa sua gracinha acrescente um dia, quinta-feira vamos jogar. Se me irritar de novo, será na sexta...

— Sério? — apesar de tudo animou-se — Quinta-feira estarei livre? Em uma semana?!

— Se vencer os três jogos.

— Maravilha! — terminou de conectar o brinquedo, ligou a televisão e controlou o volume. Irradiava felicidade ao ir para a cozinha. Só faltava deixar uma trilha de arco-íris.

Aomine apenas assistiu. Não se preocupava com a promessa de revanche. Porque a) Não ia perder três jogos consecutivos nem nos melhores sonhos de Kagami. Talvez até pegasse leve no primeiro, só pra ver a esperança tornar-se decepção naqueles raros olhos avermelhados e b) Com certeza o besta ia perder a cabeça e acrescentar uns diazinhos no castigo...

O game estratégico não era difícil, mas interessante. A intenção era contagiar o mundo todo com uma doença e matar quanto da população fosse possível. O jogador vencia se acabasse com a humanidade antes que algum país desenvolvesse a cura. Podia aprimorar o vírus, fazê-lo evoluir, determinar seus sintomas e sequelas. Era um desafio e tanto.

Pouco a pouco um aroma delicioso chegou até a sala. Bom o bastante para fazer Daiki perceber como estava faminto. Viera direto do treino até ali, e o técnico exigira muito deles. Já passava das seis horas.

Não resistiu. Pausou o jogo e foi até a cozinha espiar o que Taiga estava fazendo. Apoiou-se no batente da porta, com os braços cruzados, apenas observando enquanto o outro preparava temperos com algumas ervas sobre a tábua de carne para colocar na mistura que fervia em uma grande panela.

— Isso parece bom... — insinuou, revelando sua presença.

Taiga voltou-se para ele, tinha um sorriso arrogante nos lábios.

— Não parece. Está. Eu te disse que meu curry é o melhor do mundo.

— Não fica se achando. Essa gororoba só vai ser chamada de melhor do mundo se eu aprovar.

O ruivo não se irritou com o que ouviu. Na verdade gostava bastante de cozinhar, sentia-se bem, principalmente preparando curry, seu prato preferido. Aomine ia morder a língua quando comprovasse o quanto era bom.

— Quero provar! — Daiki não resistiu. Fez o pedido enquanto ia sentar-se à mesa, olhando cumprido para o ajimikozara. Por algum motivo a cozinha pareceu mais interessante do que a sala. Talvez a culpa fosse do aroma delicioso, quem sabe — Não enrola muito. Eu to com fome e depois você precisa fazer minha lição de inglês.

— O quê?! — quase derrubou a colher dentro da panela — Que lição?!

— Perdi as aulas do período da manhã. Você tem que passar a limpo meu caderno.

— Folgado! E não vai provar nada. Só depois que estiver pronto.

— Ee? — cruzou os braços sobre a mesa e descansou o queixo sobre eles — Ta ficando atrevido, escravo...

Kagami gelou, pensando que ia ganhar mais um dia de punição por ter negado o pedido. Mas Daiki não disse nada. Então voltou a cozinhar, compenetrado, enquanto Daiki assistia silencioso, pensativo.

— Você podia arrumar a mesa, hum? — perguntou depois de algum tempo.

— Não — a resposta veio sem hesitação — Arrume você.

O ruivo arrepiou-se cheio de rancor. Maldito folgado! Enquanto o molho chegava no ponto não viu opção a não ser ele mesmo estender uma toalha sobre a mesa, colocar os pratos, talheres e copos para o refrigerante. Observou se estava tudo de acordo, antes de voltar ao fogão e apagar o fogo.

— Ta pronto — Taiga anunciou, feliz.

— “Ta pronto, Aomine sama” — Daiki corrigiu apoiando o rosto em uma mão espalmada.

O sangue de Kagami ferveu. Ele apertou a concha com força na mão enquanto trincava os dentes. O outro estava de costas para si, todo confiante. Podia acerta-lhe um golpe no alto da cabeça e fazê-lo dormir até o galo cantar. O galo que ganharia no crânio!!

Ao invés disso respirou fundo, tentando captar qualquer partícula de paciência que flutuasse perdida pelo ar.

— Está pronto, Aomine sama.

— Finalmente, hum? Pode me servir e não seja modesto.

Taiga pegou um dos pratos, olhou para a porcelana. Olhou para Daiki. Olhou para a porcelana. Olhou para Daiki, que ergueu uma sobrancelha, sem compreender o comportamento aparentemente sem sentido.

— O que foi, escravo?

— Nada não — Kagami sorriu com falsa doçura. Estava calculando o tamanho do prato, pra ver se conseguia enfiar na boca enorme do rapaz, encaixando naquele sorriso irritante. Mas dizer isso era correr o risco de aumentar sua sentença de condenado. Preferiu calar-se.

— Pare de sorrir assim, baka. É desagradável.

— Sinto muito, Aomine sama — o sorriso gentil não diminuiu em nada, mas uma veia saltou em sua testa, provando que se continha a custo. Daiki quase riu.

Sem perder mais tempo foi colocar curry e arroz branquinho no prato e ser vir para seu convidado-não-bem-vindo. Depois tirou um pouco para si mesmo. Antes de sentar-se encheu os copos com refrigerante gelado e se pôs em expectativa, ansioso para que Daiki comprovasse o quanto era bom.

Aomine olhou para o prato. Além de ter uma ótima aparência, o curry cheirava muito bem. Seu estomago deu um triplo mortal carpado de pura ansiedade. Apesar disso, não pode deixar de provocar um pouquinho.

— Não tem veneno aqui, tem, escravo?

— Não pergunte isso, aho! Claro que não tem!!

— Hum... laxante...?

— NÃO!!

— Você não cuspiria na comida, cuspiria?!

Kagami ficou em pé, espalmando as duas mãos no tampo com força. Por um instante Aomine pensou que ele ia saltar sobre a mesa e grudá-lo pelo pescoço.

— AOMINE!!

— Relaxa, Bakagami. Só to te zoando — aliviou a barra, disposto a experimentar um pouco da refeição.

O ruivo emburrou, mas sentou-se de novo. Acalmando-se. Aquele idiota gostava mesmo de brincar com o perigo. Assistiu enquanto Daiki pegava uma generosa porção com o talher e levava aos lábios, começando a mastigar. Toda a irritação desapareceu e foi substituída por ansiedade. Queria que o outro admitisse que cozinha bem.

Aomine quase estremeceu quando o curry tocou sua boca. O sabor equilibrado espalhou-se, delicioso. A consistência era ótima e o arroz estava soltinho. Olhou rapidamente para Taiga, que parecia um cachorrinho de orelhas em pé, aguardando elogio do dono. Só faltava brilhar de tanta expectativa.

Tentou ser filho da puta só mais uma vez. Não conseguiu. Não mesmo. Não com algo tão saboroso. E sob um olhar como aquele.

— Porra, Kagami. Isso ficou bom pra caralho — teve que admitir. Notou como o ruivo sorriu satisfeito, quase podia ver uma cauda imaginaria agitando-se de um lado para o outro, às costas dele, antes que também começar a comer.

Aomine sorriu de leve, sem nada de sacana ou maldoso.

Bem que podia se costumar com aquilo.

Não que quisesse, claro.

continua...


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Notas finais do capítulo

Daiki está jogando Plague. É meu novo vicio! Hohoho ainda não consegui destruir a humanidade nem no nível easy, mas cheguei perto com minha Febre H3. HAUAUAAAAIHAIHASAHS Mundo, seus dias estão contados.

Um obrigado muito especial para a Oniguirii, minha consultora que salva a vida tirando duvidas sobre a terrinha do sol nascente! Obrigada, gata! Se bem que ela é AoKise e eu acho que nem vai passar perto dessa AoKaga hehe

Capítulo um pouco maior do que a média. Me empolguei xD

Até amanhã.



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