Tempest escrita por Kaline Bogard


Capítulo 24
Capítulo 24 – Hajimemashite dozo yoroshiku onegai shimasu!


Notas iniciais do capítulo

Dia 24
Carry On Wayward Son - Kansas
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Contagem regressiva: 04 dias para o fim das postagens :D



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Tempest

Kaline Bogard

Capítulo 24 – Hajimemashite dozo yoroshiku onegai shimasu!

Quando pararam em frente à casa de Daiki, Kagami parecia um robô se movendo de tanta tensão. Mais um pouco e Aomine ouviria o som de engrenagens pedindo um banho de óleo...

— Relaxa, baka — ele falou numa falha tentativa de acalmá-lo — Não vou te jogar aos leões.

— Eu sei! — apesar disso não se acalmou em nada.

Aomine desistiu de tranquilizá-lo. Abriu a porta e apontou o surippa no genkan, uma indicação de que seu visitante deveria usar o par, enquanto ele ficaria apenas com as meias brancas. Largou a mochila no piso de madeira antes de anunciar a chegada. O ar aquecido pelo sistema de calefação envolveu a ambos de forma agradável.

— Tadaima — Daiki disse. Imaginou que a mãe estaria na cozinha, pelo cheiro de jantar sendo preparado.

— Shi-shitsurei... shimasu... — Taiga falou bem baixinho, arrancando um sorriso torto de Daiki. De onde saíra aquela timidez?

— Okaeri!! — veio a resposta do cômodo adjacente — Daiki! O lixo! Você não tirou o lixo!!

Isso fez o garoto girar os olhos e Taiga erguer uma sobrancelha na direção dele, nem um pouco surpreso.

— To chegando agora, mulher, não notou? E eu trouxe alguém!

— Okaeri, Satsu chan!! — a resposta rápida divertiu Kagami. Ele podia sentar no chão e rir da cara de puro desgosto que Daiki fez.

— Ela só me faz passar vergonha — Aomine torceu os lábios, contrariado. No fundo ficou um pouco aliviado que Kagami relaxava e já não parecia mais com o remake do Robocop — Vamos lá falar com ela.

O ruivo engoliu em seco e segurou mais forte na alça da mochila que levava ao ombro, mas seguiu o outro até a cozinha onde viu a mãe de Daiki picando alguns pedaços de carne sobre a bancada. Logo notou a semelhança entre mãe e filho, sobretudo quando ela ergueu os olhos estreitos e o fitou. Aquele olhar... Aomine Versão Feminina 1.0, o protótipo que deu origem ao mito.

— Ee! — exclamou parando o trabalho — Não é a Satsu chan!

— Minha mãe é um gênio — Aomine aproximou-se da ilha de mármore no meio da cozinha e puxou uma baquetinha para se sentar — Sinto tanto orgulho dela.

— Essa é a educação que eu te dei, Daiki? — ela resmungou.

— Não. A educação que você me deu eu deixo guardada na mochila pra não gastar. No resto sou autodidata. Mãe, esse é Kagami Taiga.

O ruivo, que apenas acompanhava a interação entre os dois, esticou os braços ao longo do corpo e reclinou-se em uma reverência perfeita de noventa graus que surpreendeu tanto Daiki quanto sua mãe.

— Ha-hajimemashite dozo yoroshiku onegai shimasu!! — cumprimentou.

A jovem senhora ergueu as sobrancelhas e trocou um olhar com Daiki, que apenas deu de ombros. Quando Taiga ergueu-se, ela acenou com a cabeça.

— Kochirakoso. Sou Kaoru — respondeu simplista. Então estreitou os olhos para o filho — Bem que você podia ser educado assim... vocês são colegas de escola? Não me lembro de Daiki falando sobre você. Sente-se, por favor.

— Não — Kagami respondeu enquanto obedecia — Eu estudo em outro colégio de Tokyo. Seirin.

A expressão de Kaoru ficou quase sinistra. Ela sorriu torto para o filho.

— Ah, Seirin. O colégio que derrotou a Academia Touou. Prazer em conhecê-lo — debochava claramente de Aomine, que se arrependeu de ter comentado a derrota com os pais e dado munição para a sádica de sua mãe.

— Aa — ele entrou no meio da conversa antes que o assunto se prolongasse — Kagami vai dormir aqui.

— Que raridade você trazer um amigo pra dormir em casa.

Daiki franziu as sobrancelhas, parecendo intrigado.

— Quando foi que eu disse que somos amigos? Taiga é a minha garota.

Okay. Choque não seria a palavra certa para descrever o que Kagami sentiu. Seu queixo caiu com tanta força que quase rachou o mármore da ilha. Ia matar Daiki por aquela. Ou melhor, ia torturá-lo, esfolá-lo e decepar cada um de seus membros. Lentamente. Só depois ia matá-lo. Fulminou o garoto com o olhar, pois perdeu a voz.

— Claro, claro — Kaoru não pareceu levar a frase a sério. Acabou debochando um pouco — Leve a sua garota para tomar um banho. Eu já deixei tudo preparado. Sinta-se a vontade, Kagami kun — ela sempre deixava o banho pronto para o filho como parte da rotina caseira.

Ele apenas acenou em agradecimento, levantando-se. Daiki também ficou em pé e os dois saíram da cozinha. Taiga resistiu bravamente a usar a mochila como munição contra a nuca de Daiki.

— Oe! O que você tem na cabeça? — sussurrou enquanto seguiam caminho para o quarto.

— Por quê? — ele perguntou indiferente — Falei alguma mentira?

— Não vou responder isso, Daiki. Porque a única resposta possível envolve uma arma, muito sangue e ocultação de cadáver! Sorte sua que a sua mãe não levou a sério!

O garoto apenas riu, provocando ainda mais. Entraram no quarto e Taiga colocou a mochila em um canto antes de sentar-se na cama e notar como o quarto permanecia arrumado. Nem lembrava aquele muquifo que visitara algum tempo atrás. Aomine foi até o guarda-roupas pegar algo que Kagami pudesse vestir. Arremessou uma calça moletom azul escura e uma camisa preta na direção dele.

— Sorte que temos o mesmo número — ele disse — Vem. Tem toalha no banheiro.

Banheiro que Kagami já conhecia e quase fora obrigado a lavar. Ainda se impressionava com o contraste, já que a casa no geral tinha muitos traços ocidentais, enquanto o banheiro; em especifico, era bem estilo japonês tradicional. Havia um grande ofuro, cheio de água que desprendia um convidativo vaporzinho; um banquinho, uma pequena toalha e uma pequena bacia na área ao lado, para serem usados no pré-banho, antes de se entrar na banheira para a imersão.

Taiga até tinha um ofuro assim no apartamento, apesar dele ter padrões mais novos de construção. Mas, ao invés do banquinho, havia um chuveiro para o pré-banho e geralmente ele usava somente o chuveiro. Encher a banheira apenas para si parecia um desperdício.

— Quer ajuda para lavar as costas? — Daiki perguntou com falsa inocência. Kagami girou os olhos e fechou a porta na cara dele, sem responder.

Enquanto o ruivo tomava banho, Aomine foi para a cozinha tirar o lixo, antes que sua mãe enchesse mais o saco. Notou que ela guardara a carne e pegara alguns legumes, provavelmente para mudar os pratos do jantar, agora que teriam um convidado inesperado. Também separara alguns espetinhos de salmão com legumes, que sempre deixava congelado para eventualidades. Era só pegar e grelhar na chapa.

— Daiki? — questionou analisando o filho profundamente. Havia um milhão de interrogações implícitas naquela palavrinha.

O garoto deu de ombros.

— Não vou me justificar — soou um tanto arrogante, mas nem se preocupou. Pegou a lixeira e saiu da cozinha.

Kaoru observou o filho se distanciando. A expressão em sua face era indecifrável.

R&B

Kagami saiu rápido do banho. Mesmo que o ofuro estivesse uma delicia não queria ser inconveniente e abusar da hospitalidade. Quando foi para o quarto de Aomine estava devidamente limpo e vestido. E as roupas caíram muito bem em seu corpo, por sinal.

— Pronto! — ele disse sorrindo. A casa estava tão aquecida que nem precisava de agasalho, a camisa de algodão era suficiente.

— Quer esperar no quarto enquanto eu tomo banho? Tem o tablet e um game portátil em algum lugar por aí — imaginou que Taiga não se sentiria muito a vontade sozinho com sua mãe.

O ruivo hesitou um pouco, incerto. Aomine era um idiota e só fazia merda sem pensar nas consequências. Ou talvez não se incomodasse com essas consequências. Agora não era hora de fugir. Kaoru podia ter levado na brincadeira, então tinha uma chance de conhecê-la melhor e se deixar conhecer. Pois um dia a apresentação como par romântico de Daiki não seria mais apenas uma piada.

— Acho que prefiro ficar com sua mãe na cozinha...

Aomine ergueu enrugou a testa, sem esconder a surpresa. Injustificada, claro. Afinal era Taiga e o garoto tinha aquele espírito forte, bravio. Faceta que apreciava muito, aliás.

— Você que sabe — ele debochou — Não me responsabilizo se aquela mulher te picar e usar como prato principal da noite...

— OE! — Kagami se arrepiou.

— To brincando, baka — o ruivo era tão bobo. Como adorava provocá-lo!

— AHO!

Aomine apenas riu.

R&B

Taiga respirou fundo, tentando conquistar alguma coragem através dos pulmões. Não negaria o nervosismo, afinal. Aproveitando-se de um rompante de bravura resolveu entrar na cozinha, enquanto Daiki fora para o banho. Era agora ou nunca.

— Shi-shitsurei... — falou baixo, atraindo a atenção de Kaoru para si — A senhora precisa de ajuda?

continua...


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Notas finais do capítulo

Nossa, acabou ficando maior do que eu pensava. Dividi em dois, assim não preciso fritar o cérebro pra descobrir o que escrever amanhã :D

Alguns esclarecimentos:

* Faço consultoria com a Oniguirii sobre a cultura japonesa, ela me ajuda a lot com minhas dúvidas, assim não escrevo besteira sobre os hábitos citados na fic.

* Jogo de Honra – nunca ouviu falar? Tudo bem, eu inventei isso e acho que nem existe. Mas foi uma ideia do primeiro capitulo de uma fic que eu sabia que ia durar 28 capítulos exatos. Pensei: quem perde um jogo não vai aceitar virar escravo tão fácil. Mas se for um “Jogo de Honra”, tipo, só o nome já põe certa pressão psicológica. E é o Taiga... então sendo um jogo em que está em risco sua palavra de homem, ele ia acabar aceitando pagar o preço.

Sobre a regra “metade mais um”, eu não sabia se precisaria usar a revanche em algum momento da fic (nem precisou, haha) e nesse caso o Taiga não podia se libertar vencendo apenas um jogo! Cadê a graça? Então pensei “O dobro. Ele tem que vencer o dobro para valer, porque é um jogo de honra!” Mas o dobro é sempre um numero par e eu ODEIO números pares (KIMO!KIMO!KIMO!). Para transformar em impar usei o +1. Ou seja, se você perdeu um Jogo de Honra precisara vencer o dobro+1 de partidas para recuperar o que foi perdido. E consecutivas, porque eu não sei o que é compaixão!

Resumindo: inventei tudo a respeito de Jogos de Honra :D

* As profissões deles. Minha fonte de pesquisa é a Wiki e no perfil do Daiki e do Taiga tem profissões alternativas: policial e bombeiro, respectivamente. Mas eles estão naquela fase de fazer planos elevados, coisa de adolescente. Peguei profissões sonhadas que, no fim, tem a ver com as carreiras alternativas. Como se o Daiki fosse mesmo estudar Direito e de repente ele percebe que não é a sua praia. Quando dá por si está trabalhando como policial, quem sabe um detetive? Hum? O mesmo para o Taiga! xD Espero que faça sentido.

Quando eu era criança queria ser Bióloga Marinha e cuidar de golfinhos! Mas me formei em Psicologia e descobri que detesto praia. É a vida!

Abraços e até amanhã.