Tempest escrita por Kaline Bogard


Capítulo 16
Capítulo 16 – Um fim de tarde qualquer


Notas iniciais do capítulo

Dia 16
Take on me (A-ha)



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Tempest

Kaline Bogard

Capítulo 16 – Um fim de tarde qualquer

Assim que terminou o treino Daiki saiu da escola sem se despedir de ninguém, fugindo de Momoi. Tomou o caminho já familiar. Ia quase no automático.

Os últimos dias transcorriam na rotina imutável. Mas ele não tinha nada do que reclamar. Pelo contrário, lá no fundinho ansiava pelos momentos que compartilhava com seu... escravo. Era tão divertido provocar Kagami!

Mesmo que ele não se irritasse como antes ou tentasse fervorosamente convencê-lo a dar a revanche e ficar livre. O que era bem estranho...

Aquele dia planejava um puxão de orelha no ruivo tão logo pusesse os pés no apartamento. Mas quis o destino que seus planos não saíssem exatamente como pensara.

Passava em frente a quadra perto do Maji Burger, caminho da casa de Kagami, quando ouviu a bola quicando no chão, sinal clássico de que alguém treinava. E quem era o solitário jogador? Alguém aí disse Shaquille O'Neal? Errou feio. Não era ninguém tão brilhante e lendário.

Era apenas...

— Oe! — Aomine chamou, parando na entrada da quadra — Bakagami!

O susto fez com Taiga errasse o arremesso. Praguejou, irritado, se virando para Daiki. Logo a irritação virou surpresa e um pouco de culpa.

— Aa... perdi a noção do tempo — confessou sem jeito indo pegar a bola— Os veteranos tiveram uma reunião sobre o terceiro ano e todas as atividades extras foram suspensas.

Por isso tinha tempo de sobra e resolvera ficar se aquecendo até dar o horário de Aomine ir para seu apartamento. Claro que mergulhara no exercício, as horas voaram sem que notasse e ali estavam eles.

— Baka — Aomine entrou na quadra e deixou a mochila cair ao lado da de Kagami, no chão. Apesar do exercício o rapaz não tirara o grosso casaco de frio. O inverno ia cada dia mais rigoroso. Entretanto ele suava, seus fios ruivos úmidos grudando na testa comprovavam as palavras ditas.

Num movimento muito rápido roubou a bola das mãos de Kagami e arremessou dali mesmo, convertendo o ponto. Nem teve tempo de comemorar a vitória. Quando deu por si o ruivo já recuperava a bola e saltava pronto para marcar.

Não conseguiu. Aomine surgiu a sua frente e desviou a bola, impedindo o arremesso e jogando-a longe.

— Não me subestime, escravo.

— Tsc.

— Sorte sua que está frio. Ou eu poderia considerar esse joguinho nossa revanche.

— Nem vem, Aomine! Quando for a revanche eu vou jogar muito a sério!

— Okay. Mas agora vá lá pegar a bola — não se preocupou com aquecimento, a intenção era apenas meia duzia de arremessos.

Kagami resmungou algo, mas obedeceu. Recuperou a bola e veio quicando, pronto para uma jogada mais ousada. Aomine sorriu da provocação. Bloqueou o avanço, mas era apenas uma finta. Taiga girou o corpo para a esquerda e conseguiu passar. Preparava o arremesso quando Daiki ergueu o braço cortando-o de novo.

Aquele cara era bom. Kagami admitia. Ainda que não entrasse na zona, os movimentos precisos, porém agressivos; mostravam-se difíceis de se evitar, escapar, impedir! Comprovou que ele realmente treinara depois da derrota. Ou como poderia ter melhorado ainda mais?!

Agora a posse de bola estava com Daiki. Ao invés de correr para a cesta afastou-se do garrafão, andando de costas, quicando-a no chão, concentrado. Taiga adivinhou sua intenção de fazer uma jogada de impacto. Ia impedi-lo! Definitivamente não permitiria que Aomine marcasse.

Moveu-se quase por instinto, respondendo ao movimento de Daiki. Ele avançou rápido, uma intenção sinistra brilhando nos olhos azuis. Kagami intuiu a finta. Reagiu um segundo antes e estendeu as mãos para a esquerda, brecando os passos de Daiki.

Um movimento fake.

Aomine virou-se para a direita, corrigindo todos os seus planos naquele misero segundo que Kagami se antecipou. Correu em direção ao garrafão e saltou. Teve tempo de passar a bola por debaixo da perna antes de enterrá-la na cesta com força. Foi magnifico.

— Exibido — Kagami resmungou contrariado, sem querer admitir que estava impressionado. Ia tentar fazer aquilo também!

Aomine não disse nada. Apenas sorriu cheio de si. Podia sentir a admiração de Kagami como uma aura negra ao redor dele. Voltou a bater a bola com calma na quadra. A intenção era apenas arremessar, sem passes. Odiava suar no frio, com aquele casaco pesado que vestia.

Lançou a bola. Ela bateu na tabela e entrou. Kagami já estava lá embaixo, pronto para recuperar a posse e enterrar.

Daiki riu. Maldito competitivo.

Ficaram nessa brincadeira de arremessar/pegar/enterrar por mais algum tempo. Taiga tentando por duas ou três vezes imitar a jogada de Daiki, sempre errando a sincronia na hora de passar a bola por baixo da perna durante o salto.

Desistiu. Um dia dominaria o movimento. Mas o dia não seria hoje.

Cansados foram sentar-se no banco de cimento, ao lado das mochilas no chão.

— Oe, Kagami — Daiki sentou-se de lado no banco, colocando os pés sobre ele — Faça uma massagem nos meus pés, estão doloridos...

— EE?! Não vou fazer massagem nos seus pés, aho!

— Escravo... obediência é pra usar, não é pra deixar guardada na mochila. Rápido, antes que meus pés esfriem.

O ruivo rosnou alguma coisa, mostrando os dentes com indignação. Acabou cedendo. Puxou os tênis do pé de Daiki. Quando ia tirar as meias o garoto resmungou.

— Deixa. Tá frio demais, baka.

Girando os olhos fez como orientado. Começou a massagem pelo pé esquerdo, movendo os dedos com firmeza em movimentos que a técnica já usara em si mais de uma vez.

— Oe, Bakagami — Daiki falou enquanto observava o outro — Recebi aquele exercício de inglês que você fez pra mim...

— Hn? — nem se lembrara de qual. Respondera tantos!

— O professor devolveu ontem. Foram vinte e sete pontos! — havia incredulidade na voz de Aomine — Como você pode ser pior do que eu em inglês?!

Kagami fez um careta. Porque todo mundo deduzia que ele tinha se ser um expert em inglês só por ter morado no país por alguns anos? O ensino formal do Japão cobrava muita coisa que ele não via nas salas de aulas. Estava defasado. Era muito diferente falar o idioma das ruas e responder as questões do colegial.

— Não enche — reclamou com um bico, fazendo a massagem com mais força.

— A partir de hoje você passa meus cadernos a limpo. Nada mais de responder exercícios.

— Você que sabe — deu de ombros — Vai lá pra casa ainda?

Daiki olhou em volta. A noite caíra por completo. As luzes das ruas e da quadra acenderam automaticamente com o por do sol. Não compensava ir até o apartamento apenas para sair em seguida. Sua mãe estava em seu pé desde o fim do castigo.

— Não. Mas amanhã eu vou. Podemos comer alguma coisa no Maji Burger, eu pago dessa vez — podia ter uma personalidade terrível, mas conhecia seus limites. Vinha dando prejuízo ao ruivo por jantar com ele quase todos os dias. De vez em quando era necessário retribuir a gentileza, não?

— Por mim tudo bem — um sorriso iluminou a face de Kagami, mas ele estava de cabeça baixa então o outro não chegou a perceber. Morria de vergonha por agir como uma garotinha, sim. Porém não era algo que pudesse controlar. A minima chance de passar mais tempo com ele o deixava todo felizinho. Estava perdido.

Mesmo que não visse o sorriso do outro, Daiki sentiu a mudança no clima, que ficou mais leve. A postura corporal de Taiga mudou por completo. E ele não sabia o que era mais surpreendente: que o garoto ficasse tão alegre do nada ou... que conseguisse lê-lo com tanta facilidade.

Podia jurar que no segundo seguinte Kagami ia saltitar por ali, como se pudesse adivinhar o futuro igual aquele olho bizarro de Akashi.

Não. Nenhuma das duas opções eram surpreendentes. Taiga ficar alegre era a prova de que a companhia de Aomine não era tão ruim, e disso Aomine já tinha certeza afinal, sua presença era incrível. Todos deviam gostar de si. Bem, quase todos, hum?

E ler a reação de Kagami era recompensa por tantas horas divididas lado a lado desde que ele se tornara seu escravo.

O surpreendente mesmo, de verdade, era compreender que a inexplicável alegria de Taiga encontrava sentimento gêmeo no coração de Daiki. Sim, ele também ficou feliz com a possibilidade de esticar o momento um pouco mais, dividindo um lanche.

Aomine sentiu-se feliz!

E não compreendia o porquê.

Ou, talvez, não quisesse compreender. Ainda.

continua...


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Notas finais do capítulo

Gente, a jogada do Aomine foi tirara do NBA ALLSTARS desse ano. Cara... cara... cara... muito foda as jogadas. Teve um cara que voou por quase metade da quadra! Sério! O cara saltou e foi indo, foi indo, foi indo E ENTERROU! Fiquei procurando se ele tinha asas nos pés.

Mas essa jogada do LaVine mitou. Quase usei uma que o cara gira e enterra de costas. Gira 360 graus. No ar. E enterra. Tem noção?! Mas... essa de passar a bola por baixo da perna... incrivel.

Deixei o link lá em cima, mas em todo caso:

https://www.youtube.com/watch?v=zwkhDPElcx8

É bem curtinho, vale a pena.

Acho que amanhã a ficha do Daiki cai xD

Bjos



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