Love Remains escrita por Lady Danvers


Capítulo 7
Meias Verdades




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Megan

 

O cheiro forte de líquido espesso ainda me deixavam tonta e a luz forte apenas fazia com que eu quisesse voltar a dormir.
Minha dor de cabeça era tão forte que esperei minutos até conseguir focar minha visão para além daquela luz.
Seringas, bisturis, tesouras e todo tipo de parafernália médica encontrava-se em uma mesa ao lado de minha maca.
A terrível realidade me acometeu quando percebi as fivelas de couro que amarravam minhas mãos e pés.
Em que filme de terror me meti?
— Sei o que deve estar se perguntando. "Como isso aconteceu?" "Por que eu?"
Apesar de meus sentidos ainda estarem vagos demais, a voz era tão familiar quanto uma memória recém vivida. A pessoa no batente da porta estava fora de foco mas eu sabia quem era.
— Scott? - Ele se aproximou e pude vê-lo nitidamente desta vez.
Trocara sua aparência de bad boy: jacketas de couro, botas e cabelo bagunçado por um uniforme preto tático com uma insígnia que eu não reconhecia.
Até sua forma de andar era diferente.
— Sempre foi você, Megan. É valiosa demais para estar lá fora - Ele sorriu enquanto afastava fios de cabelo remanescentes de meu rosto.
Subitamente, tive vontade de vomitar.
— Como assim? Do que está falando?
— Deixe a paciente conosco, Sr. Black - uma senhora de terno azul entrou, uma prancheta em mãos. - Quanto mais cedo terminarmos, melhor.
A mulher aparentava ter no mínimo 50 anos. Os cabelos ruivos exibiam mechas brancas recém adquiridas, o terninho que vestia apenas acrescentava à sua aparência austera de líder.
— Olha, eu não sei o que te falaram, mas eu não tenho nada que você queira - argumentei, tentando me livrar das amarras em vão. - Minha mãe tem muito dinheiro mas isso é só. Não sou excepcional, sou totalmente comum.
Scott sorriu para a mulher, o que apenas me deixou mais nervosa. Ela se aproximou até parar ao lado da minha maca.
— Você realmente não tem ideia do espécime raro que é - disse ela, virando- se para a mesa de instrumentos ao lado.
Senti meu estômago revirar quando vi a agulha em sua mão. Tentei respirar fundo e me acalmar, o medo certamente não me tiraria daqui.
— O que quer de mim?
— Nada que você sentirá falta - ela disse enquanto a agulha perfurava meu braço.
A mulher diante de mim ficava cada vez mais retorcida enquanto o líquido preenchia minhas veias. Meus olhos pareciam pesar toneladas e meu corpo nao me pertencia mais.
A escuridão do sono nunca foi tão bem-vinda.

 


JULIE

— COMO ASSIM MEGAN SUMIU??
Todos na sala me encaravam com rostos sérios.
Depois de minha crise no salão de festas e de minha fantástica ideia de me trancar no quarto esperando morrer de vergonha, Brad veio me dar as notícias do sumiço de Megan.
Liguei para seus pais para saber se ela havia falado com eles mas não tive sucesso. Já havia se passado seis horas do ocorrido e a luz do amanhecer já preenchia o ambiente.
Aconselhei Mamãe e Marc a voltarem para casa já que John os esperava, minha mãe protestou (como sempre) mas logo consegui convencê-la a ir com a promessa de que eu avisaria sobre o estado da situação.
Agora, papai trabalhava em um meio de rastrear Megan com Pepper o auxiliando. Bruce, Natasha e Clint haviam voltado para a base da SHIELD para ter mais recursos para a busca.
— Desculpe. Eu devia estar com ela - Steve havia permanecido quieto até então, seu rosto uma máscara de preocupação.
Ele deveria ter ido com os outros para a SHIELD já que não era de muita ajuda quando o assunto era tecnologia mas havia ficado. Por Megan.
Ele realmente se importava com ela.
— O único culpado é quem a levou - respondi, suspirando pesadamente. - Por que alguém a levaria?
— Talvez para atingir um de vocês - Brad sugeriu e seu palpite poderia muito bem estar certo - Há inimigos em toda a parte.
— Achou alguma coisa, pai? - Me aproximei, estudando os mapas holográficos de Los Angeles.
— Por enquanto, nada - ele respondeu, sem tirar os olhos da tela. - Nem por assinatura de calor.
Andei de um lado para o outro tentando pensar em outras formas de rastreamento. A ideia de colocar um chip em Megan não parecia tão louca agora (ela havia recusado depois do incidente em Berlim).
Subitamente, senti um puxão em minha mente, como um flash de dor. Instintivamente, eu sabia que era ele.
— Você está bem? - Brad veio ao meu encontro e aninhou meu rosto entre suas mãos, meus olhos permaneciam fechados pela dor súbita.
— Preciso pensar - falei e respirei fundo, me desvencilhando de seu toque. - Pensar em uma solução sozinha.
Subi antes que alguém pudesse protestar, trancando a porta do quarto.
Sentei no chão e respirei fundo. Eu estava sem opções para achar Megan, mas talvez a pessoa ligada a mim do outro lado do universo poderia ter uma forma de encontrá-la.
Ele praticava magia, afinal.
— Loki, sei que está me ouvindo - comecei, em voz alta. - Sei que me ouve e sabe o que sinto há algum tempo e sei que não nos despedimos nos melhores termos mas preciso que me ajude.
Esperei e me senti uma idiota. Eu basicamente o havia chamado de monstro psicopata em nossa última conversa, é claro que ele não iria me ajudar.
"Tem assim tão pouca fé em mim?" As palavras crepitaram dentro de minha mente como se eu estivesse escutando sua voz por fones de ouvido.
"Tenho minhas razões para ser cética", respondi, dessa vez internamente.
Ouvi sua risada e senti sinceridade nela.
"O que precisa que eu faça, Juliet?"
"Acho que você já sabe. Consegue encontrar Megan?"
"Talvez, mas posso demorar. Minhas acomodações não são exatamente apropriadas para praticar magia".
"Agradeço se tentar".
Os próximos trinta minutos passaram enquanto Loki me fazia perguntas e respondia às minhas próprias. A maioria eram triviais como o que eu estava fazendo na SHIELD, como estava meu irmão (ele podia sentir o quanto eu amava John) e como iam minhas pesquisas científicas.
Nesse jogo de perguntas e respostas, acabei descobrindo que Loki estava preso em Asgard e que sua mãe, Frigga, havia acabado de falecer. Parecia haver uma guerra prestes a acontecer por lá.
"Sinto muito. Sinto o quanto você a amava".
Loki não respondeu e não precisou. Aquela nota de dor ainda rondava meus pensamentos.
Subitamente, senti o ar ao redor comprimir e um pedaço de papel se materializar do nada. O peguei, sentindo esperança novamente.
A localização de Megan.
"Espero que a encontre", Loki disse e jamais senti palavras tão sinceras como aquelas.
"Obrigado", falei mas a conexão já havia sido quebrada.

 

Megan

 

O mundo era um turbilhão escuro.
As vozes, apesar de longe, eram altas o bastante para me despertar. O que quer que aquela mulher tenha injetado em meu corpo, me fez dormir e acordar com minha cabeça latejando.
— Nós não temos mais uso para ela - a voz da mulher chegou aos meus ouvidos, congelando-me no lugar. - A organização já tem tudo o que precisa.
— Mas ela é inocente. Uma civil - escutei Scott falar. Ele realmente quer me salvar?
— Não desafie minhas ordens, Agente Black - a voz da mulher era fria, sem emoções. - Você fez um juramento ao Barão e Pierce, não esqueça disso.
Scott não respondeu, provavelmente havia acatado a ordem daquela mulher.
Passos ecoaram em minha direção. Fechei meus olhos imediatamente e acalmei minha respiração. Viver com pais a beira do divórcio até meus treze anos me tornou perita em fingir estar dormindo.
— Você tem uma tarefa - senti a mão dela em meus cabelos, um toque delicado demais para alguém tão cruel. - Cumpra-a antes que eu volte.
Esperei até os sons dos passos dela desaparecem. Abri meus olhos, por fim, Scott encarava a saída.
— Se vai me matar, por favor, faça logo - falei, ele voltou a me encarar, surpreso.
— Você não faz ideia do quanto isso me custa - respondeu, eu podia jurar que ele parecia arrependido.
— Não finja que se importa comigo, Scott - revidei, retorcendo meus braços contra as amarras de couro - Espera, seu nome é Scott mesmo ou isso é só mais uma das suas mentiras?
— Sou Scott para você e é melhor mantermos assim - ele caminhava de um lado para o outro. Certamente estava decidindo meu futuro naquele momento.
Ele estava em conflito. Se eu quisesse sair viva dali, teria que explorar isso ao máximo. Eu precisava de respostas.
— Scott, por que estou aqui? - meu tom de voz apaziguador chamou sua atenção. - Não tenho nada que vocês possam querer.
— Nada? - ele riu, secamente. - Você tem tudo, Megan. Você é uma mina de ouro.
— Isso não faz o menor sentido. Da última vez que chequei, eu só tinha bons pais provedores e ótimas conexões - exalei, tentando a todo custo manter a calma. - Meus amigos são especiais. Não eu.
— Você realmente não faz ideia, não é? - ele se aproximou e sentou ao lado de minha maca. - Seu DNA é único, Megan. Sugiro que pergunte aos seus pais por que nunca ficou doente.
— Como sabe disso?
— Acho melhor que descubra por si mesma - Scott afastou alguns fios de cabelo do meu rosto, me forcei a manter a calma. - Você é tão bonita.
Sua confissão me pegou de surpresa. Ele me olhava de um jeito estranho e totalmente não legal. Eu não gostava de para onde aquela conversa estava indo.
— Então você vai me soltar?
— Você não sabe o efeito que causa - ele continuou como se eu não tivesse falado nada. - Eu sabia que você era especial no momento em que a vi.
Ele ia me beijar. Eu sabia disso e naquele momento me preparei, forcei minha mãos mas as amarras estavam tão apertadas. Achei que meus pulsos sangrariam.
Um som alto cruzou o ar, vidro partindo logo depois. Demorei a assimilar que Scott não estava mais ao meu lado.
— Eu sabia que você era um psicopata no momento em que te vi - a voz de Julie invadiu a sala. Quase chorei de alívio.
Scott havia sido lançado para trás e espatifado algo feito de vidro. Julie usava sua armadura e andava em direção a ele.
— Megan, você está bem? - Steve preencheu meu campo de visão. Ele arrancou as amarras de meus pulsos e pernas e me ajudou a sentar na maca.
— Eu acho que sim. Considerando tudo - respondi, um pouco tonta por ter levantado rápido demais.
— Como assim, considerando tudo? - Steve ainda me segurava, me dando o apoio que eu precisava para me manter em pé.
Pela primeira vez, notei que ele usava um uniforme diferenre. Azul escuro com o símbolo branco, bem diferente do que ele usou em Nova York.
— O que fizeram com você?
— Eu não sei ao certo, mas acho que tenho muitas perguntas para meus pais.
O som de tiro e o grito de Julie ecoaram pela sala. Steve me protegia, seus braços ao meu redor enquanto meus ouvidos zumbiam.
— O que foi isso? - consegui perguntar, por fim.
— Scott - Julie respondeu e senti meu sangue gelar. - Ele se matou.


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