Love Remains escrita por Lady Danvers


Capítulo 17
Traição


Notas iniciais do capítulo

Hello, demorei pra postar esse capítulo por causa da correria de fim de ano e de uma dor de dente horrível, mas finalmente está aqui. Aproveitem!



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JULIE

 

 

 

Os tiros ecoavam cada vez mais perto.

Depois de presenciar colegas matando uns aos outros, continuei minha missão de rastejar pela ventilação. Eu já estava há tanto tempo dentro daqueles tubos empoeirados que comecei a me sentir como em ‘Duro de Matar’, parecia divertido no filme, mas se esgueirar por um tubo com pouco espaço até para respirar não é nem um pouco divertido.

Na pressa de sair, esqueci de amarrar o cabelo que agora caía nos meus olhos como uma cortina, deixando o pequeno espaço mais quente do que já estava. Primeira missão ao escapar dessa roubada: cortar o cabelo.

Desci no almoxarifado depois de constatar que ninguém entraria de repente e saquei minha arma. Era uma ICER, o que significava que não tinha como matar com ela, apenas atordoar e deixar o alvo inconsciente.

As luzes piscavam no corredor assim que saí da sala, a arma em punho. Apesar de estar terminando meu treinamento, nunca matei ninguém e, por mais inocente que parecesse, queria continuar assim. Não sei se teria coragem quando a hora chegasse.

Um passo de cada vez. Minha ansiedade sempre levava o melhor de mim em treinamentos como esse, onde tem de se caçar o alvo como se ele fosse uma presa. Passos no corredor que conectava ao meu me fizeram parar, congelada naquele momento.

Respirei fundo. Estava na hora de ser o predador.

O alvo estava cada vez mais próximo. Antes que ele pudesse ver, interceptei sua arma e o joguei no chão.

— Você está ficando boa – eu estava tão focada em derrubar o alvo que não notei que era Maureen. – Ótimo desarmamento.

Ela levantou e voltou a prender seus cabelos loiros em um nó apertado como se nada tivesse acontecido.

— Você sabia que era eu?

— Claro que sabia. Dá para sentir o seu perfume até do outro lado do Potomac. Minha arma, por favor? – Ela estendeu a mão e eu ia entregar, mas parei.

E apontei a arma para ela. Preciso ter certeza.

— Julie, eu não sou um deles – Maureen disse e parecia mais entediada do que preocupada.

— Como posso saber? Acabei de ver colegas nossos matando uns aos outros.

— Eu sou judia, lembra? Não vou me afiliar com nazistas nem nessa ou em qualquer outra vida.

Oh.

 - É verdade, desculpe. Eu tinha que ter certeza – entreguei a arma para ela.

— Tudo bem. Pelo menos você está usando o seu supercérebro. Parabéns.

— Nem vem, eu te derrubei. Espera, você não vai perguntar se eu sou da HYDRA?

— Você é uma Stark. Já é resposta o suficiente.

Justo.

Passos rápidos vindos do corredor ao lado puseram fim à nossa discussão boba. Maureen fez sinal para segui-la e obedeci, ela sempre tinha bons planos. Os passos pertenciam a três homens que caminhavam com as armas em punho, prontos para nos atacar.

— Olá, meninos – Maureen chamou a atenção deles com um tiro de aviso. – Estão conosco ou contra nós?

— Depende – o homem alto de cabelos ruivos respondeu, com um sorriso. – Já juraram lealdade à HYDRA?

— Não vai rolar, amigo – respondi e disparei contra eles, acertando o homem ao lado esquerdo que caiu como uma tonelada no chão.

Eles começaram a disparar e essas eram balas de verdade. Maureen e eu nos protegemos atrás da pilastra de concreto.

— Vou ter que levá-las até Lars. Tenho ordens, garotas – ele parou de atirar e sorriu.

Convenientemente, olhei para trás e dei de cara com quatro agentes, duas mulheres e dois homens e eles não pareciam ser amigáveis também.

Só havia uma opção.

— Nos rendemos – joguei a arma no chão e levantei as mãos em rendição.

— Julie... – apenas olhei para Maureen, esperando que ela entendesse que essa era a melhor estratégia.

Precisamos saber o que Lars sabe.

Vi o reconhecimento passar pelos olhos de Maureen. Ela imitou meu gesto e se rendeu.

— Ótima escolha, Stark – a mulher de cabelos pretos à minha frente disse, um filete de sangue escorria por sua sobrancelha. – Há pessoas importantes que querem conhecer você.

Fomos escoltadas com armas apontadas para nossas costas. Eles podiam nos matar a qualquer momento, mas algo me dizia que não fariam isso. Nos queriam vivas por alguma razão. Algo importante.

Andamos tanto que perdi a noção do tempo. Em todos os corredores, eu via colegas que apenas observavam sem dizer nada. Eles traíram seus princípios se algum dia tiveram um.

Tentei não pensar em Brad durante tudo isso, mas está cada vez mais difícil. E se ele estiver morto? E se o pegaram para torturá-lo?

Ele estava tão estranho mais cedo, tão determinado a me manter longe da SHIELD neste dia específico que não consigo deixar de me perguntar se ele sabia o que estava prestes a acontecer.

Não. O Brad nunca faria isso.

O pior é que não há como avisar ninguém fora do Triskelion, todas as comunicações foram cortadas e aposto que o resto do mundo não faz a menor ideia do que está acontecendo. Se meu pai soubesse, ele já estaria aqui com a Legião de Ferro atrás dele.

— Stark e Jones. Já estava na hora – a Supervisora Lars disse assim que entramos na grande sala de treinamento.

Onde antes havia equipamentos e toalhas deu lugar a sangue e muitos corpos amontoados no chão. Havia tanto sangue que não dava para ver seus rostos.

— Eu esperava isso de qualquer um, menos de você, Lars – Maureen disse e, conhecendo-a, ela se sentia traída e ela devia estar.

Maureen é uma órfã criada na SHIELD. Tudo que ela conhece é a vida de agente e o código que se deve seguir. Não consigo imaginar como deve estar a cabeça dela nesse momento.

— Não é nada pessoal, Maureen – Lars falou, andando à nossa volta como uma predadora. – Eu queria recrutá-la para o nosso lado desde que você chegou, mas devido a sua descendência, isso se provou impossível. Não que eu me importe, mas são ordens acima de mim.

— Eu nunca me aliaria com nazistas então não sei porque está perdendo seu tempo – Maureen retrucou, veneno em suas palavras.

Lars se aproximou de Maureen e, antes que eu pudesse piscar, deu um soco no rosto dela. Maureen virou para o lado de um ângulo estranho, quase caiu, sendo mantida em pé pelo agente que apontava a arma para ela.

— Se não somos qualificadas o suficiente para participar do culto mais preconceituoso do mundo, por que não nos mata logo? – Perguntei enquanto olhava para Maureen, sangue escorria do nariz dela que já estava inchado.

— Há pessoas importantes que pediram por vocês – é só o que ela responde.

— Obrigada por trazê-las aqui, Lars – uma voz que eu não reconhecia surgiu na entrada da sala, o sotaque alemão era forte – Todos para fora, por favor.

A mulher ruiva caminhou até mim, esbanjando um sorriso discreto. Sua roupa vermelha e preta era uma versão do uniforme tático da SHIELD, mas sem os símbolos da mesma.

— Senhorita Sin...

— FORA! – A mulher, Sin, gritou para Lars que saiu de seu estupor e sinalizou para todos os seus agentes saírem junto com ela.

Fomos deixadas na sala, encarando aquela mulher estranha. Ela não parecia ser muito mais velha do que eu, mas algo em seu olhar, seu modo de caminhar, evidenciavam algo primitivo atrás de seus olhos claros. Algo animalesco. Brutal.

— Desculpe por gritar – ela disse, dando de ombros. – Hoje em dia, é difícil fazer os empregados seguirem as regras.

— E você é? – Maureen perguntou, seu nariz ainda sangrando.

— Ah, onde estão meus modos. Sou Sin Schmidt. – Ela sorria de um modo afetado como se estivesse realmente feliz. – E vocês são Maureen Jones e Juliet Stark, ouvi tanto sobre vocês que tinha de conhecê-las pessoalmente.

Sin virou-se e caminhou até a cadeira antiga no meio da sala que deveria estar ali especialmente para ela, como um trono. Ela deu as costas para nós como se não se importasse com o que podia acontecer, como se fôssemos meros rodapés em sua história.

— Schmidt. Você é a herdeira da HYDRA e afiliada ao Caveira Vermelha de alguma forma – falei, mais para mim mesma do que para a jovem no trono.

— Meu querido avô, que descanse no inferno – ela murmurou. – Você é muito perceptiva, Juliet. Não esperava menos de alguém que construiu uma armadura tecnológica aos doze anos.

— Como você sabe tanto sobre mim?

— Tenho meus informantes. De fato, um deles acaba de chegar – ela sinalizou para alguém atrás de nós. – Bradley, pode se aproximar.

Meus sentidos demoraram para processar o que estava acontecendo.

Brad, com a mesma jaqueta que usava horas antes, os cabelos loiros penteados para trás e aqueles olhos azuis que não conseguiam me encarar. Brad, se aproximando de Sin como se ela não fosse uma ameaça, como se a conhecesse.

— Eu não...estou entendendo. Brad...

— Você já foi mais esperta, Julie – Sin disse, mas tudo que eu via era Brad ao lado dela, encarando o chão.

O metal do anel de compromisso parecia frio em minha mão.

Olhei para Maureen e minha amiga parecia tão chocada quanto eu.

— Enfim, só queria que você soubesse a verdade antes do fim de tudo. Posso ser muitas coisas, mas gosto de jogar limpo – Sin explicou, levantando e ficando mais perto ainda de Brad. – Bradley tem sido um grande aliado a HYDRA e um amigo mais do que capaz para mim.

— Brad, olha para mim e me diz que isso não é verdade – minha voz parecia sair em eco, como se eu estivesse longe demais para escutar.

— Sei que lhe dei esperanças, mas sou leal à Sin – Brad finalmente olhou em meus olhos, seu rosto impassível e frio. – É a missão da minha vida servir a causa.

Ele parecia mais um robô do que meu amigo de infância. Senti o nó em meu estômago ficar mais forte, o aperto em meu coração dar lugar as frias adagas da traição.

Agora sei na pele como Loki se sentia. Loki...

Talvez ele realmente havia sido meu amigo.

Retirei o anel e notei a surpresa no rosto de Brad, a primeira emoção que ele mostrou desde que revelou tudo.

— Quer saber, Bradley? Vá para o inferno! – Joguei o anel nele que, sem reação, apenas observou a joia atingir o chão. – Tenho certeza que o Capitão Rogers vai resolver tudo.

— Bem, digamos que ele está bastante ocupado com uma visita do passado no momento, mas porque falar dele quando podemos adiantar um pouco as coisas? – Sin se aproximou, emanando perigo. – Deve ser devastador saber que tudo em que você acredita é uma mentira que seu amor contou.

Encarei Sin em seus olhos turquesa, cheios de ódio letal.

— Realmente não me conhece se acha que vou me deixar abalar por causa de um homem. Uma traição é uma traição, já estou acostumada – as palavras que saíam da minha boca eram estranhas a mim, mas continuei mesmo assim. Talvez Loki tenha me deixado alguns ensinamentos, afinal.

— Lars! – Sin chamou, sem quebrar o contanto comigo.

— Sim, Srta.? – Minha ex-supervisora parecia ansiosa para agradar sua nova chefe, como um estagiário no primeiro dia de trabalho.

— Livre-se de Stark e Jones. Tenho assuntos mais importantes a tratar.

Lars gesticulou e mais apareceram, nos segurando um de cada lado.

— Espere, eu vou junto – Brad anunciou como se isso fosse mudar a vontade que eu tinha de arrastar a cara dele no chão por todas as suas mentiras. – Quero me despedir.

— Não perca seu tempo, Cooper. Não somos mais nada um para o outro – Falei, e dessa vez, não tentei buscar seus olhos.


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Notas finais do capítulo

Como vocês acham que vai terminar? Quero teorias hshshsh



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