Love Remains escrita por Lady Danvers


Capítulo 16
A Emboscada


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem :)



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JULIE

 

 

— Acha mesmo uma boa ideia? – Perguntei pela milésima vez, encarando o anel dourado em meu dedo.

— Por que não seria? Vocês estão nessa dança interminável há anos. É normal querer algum tipo de compromisso – Maureen tentou me tranquilizar, mas viu que não foi bem-sucedida. – Espera, você não quer?

Droga.

— Não é que eu não queira só acho que foi rápido demais – tentei explicar sem dar lugar a ansiedade que me corroía.

— Então por que não disse isso a ele? – Perguntou, enquanto mostrava nossas identificações para entrarmos no Triskelion.

Respirei fundo para encontrar uma resposta plausível que não terminasse em confessar que ainda pensava em Loki e, no momento em que Brad abriu a caixinha com o anel, tudo o que pude pensar foi o que Loki acharia daquilo. Provavelmente zombaria da minha cara de surpresa.

— Ele estava tão ansioso e feliz. Não queria tirar isso dele – falei e, em parte, era verdade. – E é só um anel de compromisso. Não é como se fossemos casar amanhã.

— Não sei, Julie. Só não quero que faça algo que não quer só porque Brad quer. Faça por você e pelo seu bem-estar.

Ficamos em silêncio, assim que entramos no saguão do Triskelion. Havia pessoas demais para escutarem meus problemas amorosos.

— Mas agora vai pegar mal se eu devolver o anel – sussurrei. Maureen revirou os olhos, devia estar cansada da minha indecisão. – É melhor deixar assim mesmo.

Ainda assim, contava com ela para de dizer as verdades cruéis que eu precisava escutar.

— O Bradley já é bem grandinho. Ele vai superar.

— Julie!

Como se ele tivesse sido invocado pelo próprio ar, Brad apareceu do outro lado do saguão. Usando o uniforme tático da SHIELD e os cabelos loiros penteados para trás, ele sorria como eu não via há muito tempo.

— Falando no diabo – Maureen comentou assim que Brad chegou, um sorriso malicioso no rosto.

— Espero que falando bem – Ele me beija rapidamente como cumprimento.

— Você não faz ideia – Maureen me lança seu famoso olhar de “fala de uma vez e termina logo com isso”, como se fosse fácil. – Eu vou para lá... ver o memorial.

Observei Maureen se afastar cada vez mais até perde-la de vista. Tenho que me lembrar de arranjar um namorado para ela e abandoná-la nessas situações também. Talvez outro dia, quando eu não estiver uma pilha de nervos porque não sei como dizer não ao meu namorado.

— Por que você está aqui? Não deveria estar em uma missão? – Seu tom mudou de feliz para nervoso tão rapidamente que me deixou confusa. Na maioria das vezes, não consigo dizer o que Brad realmente está pensando e isso me deixa desconfortável.

— Ela foi cancelada de última hora. Parece que a Supervisora Lars quer todos os cadetes, até os que recém formados na Academia estejam presentes, deve ser alguma surpresa ou algo do tipo. Então aqui estou eu, e estamos até combinando – Apontei para nossas jaquetas com o símbolo da SHIELD, mas Brad parecia tão pálido que achei que ele fosse desmaiar. – Está tudo bem? Você parece abatido e nervoso.

— Não. Eu estou ótimo só acho que me esforcei demais na última missão – Ele respondeu, mas estava difícil de acreditar. – Por que você não vem comigo? Tenho o resto do dia de folga e podíamos ter um dia só nosso, que tal?

— Brad, eu acabei de dizer que tenho que estar aqui hoje. É uma ótima oferta, mas não posso aceitar. Quem sabe no fim de semana.

— Mas, Julie, você não deveria estar aqui – ele disse e parecia preocupado, mais do que jamais o vi. – Não hoje.

— Como assim, Brad? Você não está fazendo sentido.

Antes que ele pudesse responder, seu celular tocou.

— Eu tenho que ir – falou, ainda olhando para o celular. – Vai para o apartamento e eu te encontro lá.

— Brad, não...

— Te amo – ele disse e apenas foi embora, me deixou falando sozinha.

O que havia acontecido?

— Então, conseguiu dizer não para o seu quase noivo? – Maureen surgiu na minha frente.

— Eu esqueci – suspirei fundo. – Mas em minha defesa, essa foi a conversa mais estranha que eu já tive com ele.

— Como assim?

— Sei lá, ele estava estranho e queria que eu fosse embora com ele – tentei explicar, mas Maureen ainda me olhava, confusa. – Eu sei, também não entendi nada.

 

 

 

 

BRAD

 

 

— Com licença, o senhor queria me ver? – Abri a porta minimamente, com receio.

O Sr. Secretário encarava a janela, de costas para mim. Apesar de ser um senhor de idade avançada, ele me dava medo e isso é raro para mim.

— Bradley – ele virou, sorrindo e sorri de volta. Tudo faz parte do jogo, afinal. – Que bom que veio.

Como se eu tivesse outra escolha.

— Aconteceu algo, senhor?

— Ainda não, mas hoje é o dia, meu garoto – ele andou até o outro lado do escritório e voltou com um copo de whiskey que tive que aceitar. – Hoje obteremos o poder total.

— Um brinde a isso.

Eu já suspeitava. Desde que eles trouxeram Sin para os Estados Unidos, estava claro que a agenda da HYDRA estava prestes a ser concretizada. Ainda assim, achei que haveria mais tempo.

— Se me permite perguntar, senhor. O Capitão Rogers, o que vai acontecer com ele?

— Não se preocupe, Bradley. Os agentes da STRIKE estão cuidando de tudo – ele explicou como se deter o Capitão América fosse uma tarefa fácil. – Além do mais, tenho uma tarefa para você.

— Sim, senhor?

— A Herdeira pediu que você vá buscá-la já que são tão íntimos – Pierce insinuou, mas me mantive impassível. Não posso demonstrar que me importo com algo na frente de alguém como ele. – Enfim, traga-a até aqui, ela disse que quer assistir aos fogos.

— Claro, mas Sr. Secretário, ouvi dizer que algumas missões foram canceladas. É por causa do que vai acontecer hoje?

— Com certeza, Bradley. Temos a chance de atingir o maior número de alvos possível se eles estiverem em solo americano. Imagine um mundo sem Vingadores ou cientistas espertinhos. – Pierce tomou seu whiskey de uma vez só. Nunca o vi tão feliz. – Agora se me der licença, tenho uma reunião com um certo Capitão.

— É, claro. Hail Hydra – saudei, minha mão rente ao peito.

— Hail Hydra.

Saí da sala ás pressas e saquei meu celular reserva. A mensagem era clara o suficiente para que apenas meu contato lesse e soubesse do que estou falando.

“Está tudo preparado. Hoje é o grande dia. Aguardo instruções.”

 

O Apartamento ficava do outro lado de Washington em uma cobertura que deveria custar o que eu ganho no ano inteiro. Os seguranças que guardavam a entrada do prédio eram operativos da HYDRA e apenas acenaram quando me viram passar pelas portas de vidro. Venho há tanto tempo visitá-la que eles nem se incomodam em me revistar mais.

Minha ansiedade aumentava na medida em que o elevador subia. Hoje aconteceria o que estava destinado a acontecer há tanto tempo e tenho certeza que Julie não foi embora, como pedi. Ela nunca me escuta.

Respirei fundo antes de entrar, deixando para trás qualquer traço de preocupação. Sin sabe sobre Julie, não que eu tenha feito algo para esconder meu relacionamento com ela pois seria em vão. Julie é uma figura tão pública quanto seu pai e esconder a verdade só faria mal ao meu relacionamento com Sin.

— Você chegou cedo, Bradley – a voz de Sin vinha do banheiro. Como ela conseguia saber quem havia chegado apenas ao passar pela porta ainda era um mistério para mim. O soro sintetizado do sangue de Megan deve ser o culpado.

— O Secretário Pierce me pediu para vir buscá-la – falei ao entrar no banheiro abafado pela água quente do chuveiro. – Ele disse que você quer ver tudo em primeira mão.

— E quem não gostaria? – Sin desligou o chuveiro, seu sotaque alemão carregado ecoava naquele espaço. – É um evento único. Meu avô estaria orgulhoso, não acha?

O Caveira Vermelha. Ainda era difícil associar a jovem de cabelos vermelhos e rosto de porcelana ao nazista dos anos 1940.

Sin saiu do box enrolada em uma toalha, seu semblante calmo. Quem a visse pela rua, acharia uma garota normal e educada, não uma arma letal.

— Com certeza – ela se aproximou e não recuei. – E você conquistará seu lugar de direito.

— Você pode estar ao meu lado se quiser – ela estava tão perto que podia sentir o calor de seu corpo. – Sabe que parte disso também é seu.

Sin era linda. Até as sardas abaixo de seus olhos verdes completavam o visual de forma delicada, mas sabia que ela também era uma assassina e herdeira de um legado mortal. Alguém assim não aceita ser rejeitada.

Ela me beijou e eu deixei. Foi um beijo longo e molhado e não me importei. Eu estava traindo minha namorada, ainda que pelo trabalho, e não me importava. O que me tornei?

Sin me guiou até o quarto e me jogou na cama.

— Você não vai se arrumar?

— Acho que temos tempo – ela tirou a toalha e me odiei por parte de mim estar gostando disso. – Mas confesso que estou ansiosa para conhecer os cadetes na Academia – Sin sussurrou em meu ouvido fazendo meu sangue gelar.

— Você parece incomodado, Bradley – ela me olhava, esperando que eu entregasse qualquer emoção relacionado a Julie.

— Impressão sua – me viro e assim estou por cima de Sin, beijando-a como se minha vida dependesse disso. Ela sabe no que estou pensando, de algum jeito ela sabe, mas farei o que for preciso para que ela esqueça.

 

 

 

 

JULIE

 

 

Nunca vi tantos cadetes na Academia.

Tinha tanta gente que ficava difícil até passar pelos corredores. O que quer que fosse acontecer hoje, seria algo grande. Ainda assim, a atmosfera parecia mais pesada, de alguma forma.

— Você não acha que o clima está meio estranho? – Perguntei enquanto seguia Maureen até os alojamentos, ela queria buscar uma caixa com algumas coisas suas que ela esqueceu de levar para o apartamento.

— Tem gente demais aqui, então está estranho mesmo – Maureen me guiou pela multidão que parecia nos encarar.

Devo estar ficando paranoica.

— Hey, Stark! – Um grupo de homens que havíamos acabado de passar, chamava por mim. Virei e eles estavam encarando uns monitores, pareciam câmeras de segurança. – Você também é uma traidora que nem o seu querido Supervisor?

— O que? Isso é sobre o Steve? – Me aproximei do grupo, eu mal sabia quem eles eram, mas sentia meus ouvidos zunirem de ansiedade.

— Ele traiu a SHIELD, estão dizendo que vendeu informação confidencial ao inimigo – ele apontou para a tela onde imagens de Steve caindo no saguão do Triskelion e correndo, passavam em loop. – E depois fugiu como um covarde.

— Você não pode mesmo acreditar que isso é verdade – Maureen intercedeu por mim, segurando meu braço. – Ele é o Capitão América.

— Bem, digamos que vocês não sabem de metade da história – ele disse e seus amigos riram em uníssono.

— O que quer dizer com isso? – Perguntei, finalmente de volta aos meus sentidos.

Um alarme ressoou pelos corredores. Era a voz da Supervisora Lars anunciando que esperava todos os cadetes no hangar da Academia.

— Vamos, Julie – Maureen começou a me arrastar enquanto aquele homem ainda sorria. Eu queria muito tirar aquele sorriso do rosto dele.

— Mas...

— Vamos – ela repetiu e me deixei ser guiada até nosso antigo alojamento que estava vazio.

— Você tem razão – Maureen trancou a porta do quarto. – Tem algo muito estranho acontecendo hoje. Consegue ligar para o Steve ou a Megan? Meu celular morreu.

— Está sem sinal. Toda a comunicação com ondas de rádio e internet parece ter sido cortada. Não consigo nem contato com o JARVIS.

Tiros ecoaram pelo corredor e as luzes começaram a piscar, em alerta.

— Ok. Claramente tem algo muito errado acontecendo por aqui – Maureen foi até a parede ao lado de sua antiga cama e tirou um pedaço dela, revelando um fundo falso e retirando armas de lá. – São armas ICER, não matam, apenas deixam o alvo desacordado.

— Aonde você vai?

— Quem quer que esteja fazendo isso, provavelmente selou as saídas mais óbvias, mas conheço outras rotas e vou tentar acessá-las. Julie, preciso que você vá até a reunião da Supervisora Lars e descubra o que puder sobre tudo isso. Você consegue fazer isso?

— Claro que consigo – Maureen se aproximou e segurou meu braço em um aperto de mão.

— Te vejo do outro lado, princesa.

Tranquei a porta assim que Maureen saiu. Evolui muito nas minhas habilidades corpo-a-corpo, mas não faço ideia do que está acontecendo então a melhor estratégia é ser furtiva o suficiente para ninguém me notar.

Por isso o duto de ar é perfeito. Antes de começar na Academia, eu estudei a planta e toda a estrutura do lugar, no caso de ter que sair escondida. Subi no beliche e comecei a desparafusar a grade de proteção com a minha fiel chave de fenda. Todo mecânico que se preza tem uma.

O duto de ar era espaçoso o suficiente para que eu me movesse por ele. Comecei assim que ouvi alguém tentando quebrar a maçaneta da porta.

Perdi a noção de quanto tempo me arrastei entre os dutos até escutar mais tiros. Terminei acima de uma sala onde um grupo de cadetes apontava armas para outros.

— Vocês têm duas opções, na verdade – o homem falava e reconheci sua voz, era o mesmo homem que me confrontou na frente dos monitores. – Morrer por ser estúpidos demais para ver o futuro glorioso que os espera ou jurar lealdade à causa.

— É uma causa nazista, Leon – a mulher asiática falou, um filete de sangue escorria de sua têmpora. – Como pode compactuar com isso?

— A HYDRA é a SHIELD, Nora. Eles apenas saíram das sombras.

HYDRA. A organização nazista que queria dominar o mundo. Não pode ser, o Steve havia acabado com eles. Como?

O eco do tiro zuniu em meus ouvidos. Olhei para baixo e o homem, Leon, havia atirado nela. Nora não parecia se mexer.

— E então, quem quer ser o próximo? – Os outros três cadetes aceitaram a oferta e se juntaram a Leon, mais por medo do que convicção.

Esperei eles saírem da sala para poder prosseguir e chegar até o hangar. Eu tinha que avisar os outros, isso é muito mais perigoso do que pensei. Tenho que achar Maureen e Brad.

Brad. Ele estava no Triskelion.

Estaremos mortos se não revidarmos.


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Notas finais do capítulo

Quero saber o que vocês acham que vai acontecer. É engraçado ler as teorias.
Até semana que vem!



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