Love Remains escrita por Lady Danvers


Capítulo 14
Aquele que você tem Esperado


Notas iniciais do capítulo

FIM DA PARTE 1



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JULIE

 

Fazia uma semana que ele se fora e levou uma parte de mim junto.  É tão estranho sentir falta de alguém que nunca esteve realmente ao meu lado.

Ainda assim, sinto falta dele, de nossas conversas e até de nossas brigas. Sinto falta das piadas sem graça.

Voltei para a Academia três dias depois com os olhos inchados demais para fingir que eu estava doente, tomei uma reprimenda da supervisora e recebi muitas mensagens de agradecimento do Steve então pelo menos alguém estava feliz.

Só voltei porque eu devia à Maureen depois de tudo que ela fez por mim e não seria certo deixá-la na mão. Pelo bem de nossa parceria, participei de todas as aulas na Academia mesmo sem querer estar lá ou prestar nenhuma atenção.

A verdade é que ainda acho que Loki pode voltar. O que é impossível, eu o vi morrer, mas ainda sinto como se eu pudesse escutar a voz dele a qualquer momento, chamando por mim.

— Senhorita Stark?

— Sim? – Encarei o chefe da Divisão de Ciência e Novas Tecnologias das Indústrias Stark como se eu realmente tivesse prestado atenção no que ele falou pelos últimos vinte minutos.

— Gostaria de lhe apresentar o chefe do projeto hologramas e intercepção visual – William explicou, me levando entre corredores cheios de funcionários.

Papai me pediu para fazer isso por ele com a desculpa de estar muito ocupado. Ele disse que a empresa também era minha e como uma Stark, era meu dever supervisionar os novos projetos para que nenhum deles se transformasse em uma arma em potencial. Era uma ótima tática de chantagem, mas aceitei porque eu queria manter minha mente ocupada o máximo possível.

— Srta. Stark, este é o Dr. Quentin Beck.

— Prazer em conhecê-la – ele apertou minha mão timidamente, ajeitando os óculos.

— O prazer é meu, Dr. Beck. Então, o que pode me mostrar? – Ele sorriu e me levou pelas mesas de trabalho, explicando como funcionava sua nova tecnologia.

— E aposto que qualquer um pagaria o triplo do que vale para ter minhas ilusões – ele terminou, recuperando o fôlego.

— Só temos que ter cuidado, Dr. Beck – interrompi. – Sua tecnologia é avançada demais e pode alienar as pessoas que não conseguem distinguir ilusão de realidade. Acho que devemos avaliar quem pode comprar e como vai usá-la.

— Claro, Srta. Isso nem me passou pela cabeça – ele respondeu, mas parecia abalado. Diferente.

— Tudo bem, Dr. Beck. Foi um prazer conversar com você – me despedi.

O Dr. Beck pareceu estranho com meu comentário então só recomendei que o reavaliassem na próxima vez.

Fiquei tão ocupada que nem pensei nele.

Ótimo.

— Pai, cheguei! – Falei, enquanto descia as escadas para o laboratório. – Espero que tenha sorvete me esperando depois de eu fazer o seu trabalho.

Cheguei até a porta e congelei. Ele não podia estar aqui. Não, não, não.

— Oi, Julie. Espero que possamos conversar.

Brad.

— Ah.... Cadê o meu pai? – Passei por ele sem olhar em seus olhos indo direto para o laboratório.

— Ele disse que tinha que comprar sorvete e disse que voltaria daqui a uma hora.

— É claro – me apoiei na mesa e encarei parafusos pelo o que pareceu uma eternidade.

Brad e eu não nos falávamos há uma semana. Eu praticamente terminei com ele sem dizer as palavras e agora não conseguia encará-lo para encerrar de vez.

Eu quero terminar tudo de vez?

— Você deixou algumas roupas no meu apartamento – ele disse e finalmente virei para encará-lo. Ele parecia bem, parecia o mesmo menino que sempre conheci, gentil e educado.

— Obrigada – peguei a sacola que ele me estendia. O silencio voltou a reinar.

Como pude fazer isso com nós dois?

Não. Eu não fiz isso. A distância fez. As mentiras fizeram.

— Julie...

— Brad...

— Você primeiro – falei, me preparando.

— Sei que você passou por muita coisa, coisas que eu nem posso imaginar – ele começou, sem conseguir olhar nos meus olhos. – Parte disso é minha culpa, eu menti para você e sinto muito. A verdade é que passei tanto tempo sozinho, sem confiar em ninguém que me esqueci como é compartilhar a vida com outra pessoa. Sou um espião Julie, fui treinado para enganar e apunhalar o alvo pelas costas. Eu sou bom nisso, sou ótimo.

Brad começa a caminhar de um lado para o outro e reconheço o que ele sente. Nervosismo. Ansiedade. Medo.

Me forço a escutar.

— Então reencontrei você e achei que poderia voltar a ser aquele garoto que acreditava nas pessoas, aquele garoto gentil que você aceitou como seu melhor amigo e que sempre amou você.

Não ama mais? A pergunta parecia querer saltar de minha língua, mas me contive.

— Eu mudei, Julie. Você mudou também e isso pode ser um erro gigantesco no final, mas eu te amo e gostaria de estar ao seu lado, sendo seu namorado ou seu amigo. Só quero estar com você.

Tentei falar, mas as palavras me faltaram, trancadas em minha garganta.

Eu amava Brad. Sempre o amei, o menininho loiro que colecionava quadrinhos do Capitão América. O jovem de olhos tristes e vívidos à minha frente.

Esperando uma resposta.

— Eu amo você, Brad. Para sempre – finalmente consegui falar e ele me encarou com aqueles olhos azuis. – Você está certo. Nós mudamos e mudança é uma coisa boa, mas nós mentimos um para o outro também e para curar isso requer tempo.

Brad olhou para mim como se não me enxergasse. Talvez estivesse vendo minha versão de doze anos, aquela garota que eu fui.

— Eu nem sei porque você mentiu sobre seu trabalho para mim, mas não me importo. O fato é que você mentiu quando prometeu que nunca faria isso. Eu também menti e por isso sou culpada.

— Julie...

—  Só escute, por favor – pedi, tomando coragem. Agora era a hora da verdade. – Depois de Nova York e o que Loki fez, eu o odiava. O odiava tanto que queria que ele estivesse morto, mas a ligação mental entre nós nunca desapareceu. Apenas ficou mais forte. E eu tentei fugir disso, Brad. Tentei mesmo, mas fica difícil odiar alguém que conhece todos os seus pensamentos, até aqueles que você esconde de si mesmo. Loki se tornou meu amigo, ele me entendia e compartilhava seus problemas comigo, seus sentimentos e agora ele está morto e parece que levou uma parte dele comigo.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Não percebi que estava chorando.

— Faz uma semana que o vi morrer e me sinto vazia. Nada voltará a ser como antes, Brad. Nada.

Senti as mãos de Brad em meus ombros antes de abrir os olhos. Ele me puxou para um abraço e eu deixei, me aninhando nele. Tudo costumava ser tão fácil quando era apenas nós dois.

— Me sinto sozinha – murmurei.

— Sempre estarei do seu lado, J. – Brad beijou meus cabelos e continuou me abraçando.

Talvez tudo fosse mesmo ficar bem.

 

 

 

BRAD

 

— Então você está bem com o fato da sua namorada estar de luto por outro cara? – Shaw perguntou enquanto recarregava sua pistola semiautomática.

— Julie é responsável por ela mesma e ter um link mental com um deus asgardiano não é uma situação comum para dar palpite – respondi e Shaw apenas deu de ombros.

Julie e eu nos acertamos, mas não voltamos a namorar. Não posso nem argumentar ou tentar entender o que ela está passando, mas posso dar tempo a ela para curar a ferida em seu coração e é isso que farei.

— Só estou dizendo, eu odiaria perder minha namorada para um cara morto – Shaw voltou ao assunto.

Me segurei para não socar sua cara ruiva.

— Já terminaram de fofocar? – A voz de Sharon surgiu da cabine do jato, me fazendo voltar ao que precisava ser feito. – Estamos descendo.

A missão.

Sharon conseguiu uma pista do último paradeiro da mulher que sequestrou Megan e levou uma amostra de seu sangue.

Sharon aterrissou o jato a uma distância segura. Espero que nenhum policial polonês faça patrulha por aqui.

— Tudo pronto? – Sharon perguntou.

— Afirmativo, Agente 13 – eu e Shaw respondemos.

Saltamos do jato e esquadrinhamos a área. O galpão e tudo ao redor parecia totalmente abandonado.

— Podem entrar no prédio, não estou captando nenhum sinal de calor.

— Entendido.

Shaw e eu vasculhamos todos os cantos daquele galpão e nada. Não havia nenhuma pista ou indicação de que nosso alvo passou por ali. A missão falhou.

— Mas que perda de tempo – Shaw comentou enquanto caminhávamos pelos cômodos, nossas armas abaixadas. – Eu podia estar dormindo.

— É só nisso que você pensa?

— É isso que me importa agora – ele deu de ombros.

— Você é um idiota – Virei para a outra parede, exasperado.

— Tanto faz. Não estou aqui por você – Shaw murmurou.

— Agente 13, não tem nada aqui – avisei, mas o outro lado estava mudo. – Agente 13? Você consegue contanto com ela?

— Não...

“Não se desesperem, meninos. Tudo vai ficar bem”.

A voz feminina vinha de todos os lados e de lugar algum. Shaw apontava sua arma desesperadamente para todos os cantos.

“Vocês só precisam dar um salto de fé”.

O chão se desfez sob eles e Brad sentiu a gravidade puxando-o para baixo. O impacto com o chão de pedra contra minhas costelas me tirou a respiração, a dor era tudo que eu sentia. Olhei para o lado e Shaw já estava de pé, encarando o outro lado do salão.

Levantei e apontei a arma diretamente para o que Shaw olhava.

Uma mulher.

Ela.

— Bem-vindo – ela tinha cabelos vermelhos na altura dos ombros e um sotaque forte e estava sentada em uma espécie de trono. – Eu estava esperando por você. Quem é você?

Sem hesitar, apontei minha arma e atirei.

Shaw caiu para a frente, seu uniforme ensopado de sangue.

— Muito bem. Pierce me disse que enviaria um emissário – ela disse enquanto Shaw se contorcia no chão.

— Você é Sin Schmidt. A neta do Caveira Vermelha – me ajoelhei, sem acreditar que eu realmente havia conseguido. Tudo seria mais fácil a partir de agora.

— E você é?

— Cooper – respondi. – Hail Hydra.


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