Love Remains escrita por Lady Danvers


Capítulo 13
Stardust


Notas iniciais do capítulo

Decidi dividir o último capítulo da Parte 1 porque estava ficando grande demais então aproveitem um capítulo fofinho antes de tudo dar errado :)



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STEVE

 

 

Minhas mãos tremiam.

Não lembro da última vez em que tive um encontro de verdade. A maioria eram arranjados pelo Bucky, e mesmo assim, a moça nunca estava interessada. Nem mesmo com Peggy tive um encontro.

Avistei Megan saindo do prédio. Ela usava um lindo vestido branco e estava acompanhada de duas mulheres cheias de piercings.

Uma delas apontou para mim e tudo que consegui fazer foi acenar de volta.

Você é péssimo nisso, Rogers. Era isso que o Bucky diria.

Megan caminhava hesitante, consegui perceber. Seu olhar divagava e raramente encontrava meu rosto, me deixando a ponto de me tomar a iniciativa e começar a caminhar em direção a ela.

Nos encontramos no meio do caminho e ficamos parados, nos encarando, esperando alguém ter a iniciativa.

— Boa noite – foi o que consegui pensar em dizer. Eu era um desastre.

— Olá, estranho – foi o que Megan respondeu, com um sorriso amável. – E só uma dica, ficar embaixo do único poste de luz aceso faz você parecer um daqueles maníacos que toda faculdade tem.

— Wow. Ok. Anotado – Não era exatamente o que eu esperava ouvir, mas era Megan então eu não devia estar tão surpreso.

— Você está linda – Megan riu, encarando o chão.

— É... minhas colegas me ajudaram na escolha. Disseram que tinha de ser especial – ela explicou. - Aonde vamos, exatamente?

— É uma surpresa.

— Ok, eu espero. Consigo fazer isso – ela murmurou para si mesma.

Nunca fui muito bom em manter conversas, especialmente com mulheres, mas com Megan era diferente. Poderíamos passar horas conversando e ainda encontrávamos algum assunto para discutir.

Era incrível não precisar calcular cada movimento ou pensar em cada palavra dita.

— Vou ter que subir nessa monstruosidade? – Megan perguntou, olhando para a Harley com desdenho. Me segurei para não rir de seu medo irracional de motos e cavalos em geral.

— Prometo ir bem devagar – estendi o capacete a ela que o pegou, hesitante. – Juro que é perto daqui.

Isso pareceu funcionar, Megan se acomodou e passou os braços ao meu redor em um abraço apertado, fazendo minha pele arrepiar.

— Por favor, não me derrube ou eu volto para te assombrar – Megan disse e podia sentir ela se inclinando ainda mais, por segurança.

Guiei a moto no limite de velocidade para não assustar Megan, que se agarrava a mim como se sua vida dependesse disso.

A antecipação corroía minha mente, eu conseguia sentir meu pulso acelerado enquanto Megan me abraçava. Não que isso tivesse qualquer significado, afinal ela morria de medo e estava tentando se proteger.

Ainda assim, não conseguia parar de pensar no fato de que apenas seu toque já provocava essa reação em mim.

O que um beijo faria?

Andamos mais alguns quilômetros e logo chegamos. Por sorte, Julie me ajudou a encontrar um lugar que Megan gostaria.

— Como você sabia que eu amo boliche? – Megan arqueou uma sobrancelha e Steve se perguntou como ela conseguia fazer isso.

— Um palpite de sorte – Steve deu de ombros, oferecendo seu braço a Megan. Foi um gesto tão espontâneo que ele nem havia percebido.

Por sorte, Megan não comentou nada. Apenas aceitou, segurando meu braço com o seu.

— Esse palpite de sorte começa com Julie e termina com Stark? – Quando não respondi, Megan assentiu com um sorriso discreto.

— Acredito que é meu direito usar tudo o que eu tenho a meu favor para fazer o primeiro encontro perfeito – me defendi, e dessa vez, falei sem titubear.

— Isso é trapaça – Megan argumentou enquanto entrávamos no clube.

Era um lugar espaçoso e, por toda a sorte do mundo, não estava lotado.

 

 

— Como isso é possível? – Falei, quando Megan ganhou pela quarta vez consecutiva.

Sem errar nenhuma tentativa.

— Agradeça ao meu pai e seu time de boliche do trabalho – Megan saltitou com seus tênis alugados da bancada. – Não há nada que arquitetos entediados não possam ensinar.

Megan pegou outra bola e se preparou, tomando distância. Seu vestido branco e elegante não combinava em nada com os tênis vermelhos, mas ela estava adorável.

Observei enquanto Megan corria como um raio e jogava a bola, acertando em cheio mais uma vez.

— Isso! – Megan jogou os braços para cima em vitória. – Faça o seu melhor, Rogers.

Tentei me concentrar o suficiente. Até pensei em todas as vezes que arremessei o escudo já que não é tão diferente. O escudo é até mais pesado que uma bola de boliche.

Acertei quatro pinos. Quatro.

— Eu desisto – falei, em rendição. – Você, Megan Hoffman é a vencedora invicta e provavelmente deveria ser a Capitã América.

— Você não foi tão mal assim, Steve. Prometo que pego leve da próxima vez.

Saímos para a rua e fomos em frente. Megan estava tão feliz que nem se deu conta do que havia falado.

Haveria uma próxima vez? Ela nem havia tocado no assunto do presente que lhe dei, sei que foi uma jogada tímida fazer com que ela lesse meus sentimentos ao invés de apenas confessar tudo.

Novamente, nunca fui bom com palavras.

— Que lindo – ela comentou assim que paramos em frente a um show a céu aberto, iluminado com pequenas lâmpadas amarelas que pareciam vagalumes à noite.

Uma banda tocava uma música lenta e melodiosa e, se eu parasse para apreciar, me lembrava do passado.

Mais uma vez, obrigado Julie.

— Quer dançar?

— Ainda bem que perguntou – Megan falou, rápido. Acho que não para eu ter ouvido. – Eu disse isso em voz alta, é claro.

— Não seria você se não dissesse.

Fomos para o meio do “salão”, onde mais três casais dançavam. A maioria apreciava a música em suas mesas.

Fazia tanto tempo que não dançava que achei que esqueceria os passos. Por sorte, Megan era uma ótima dançarina.

— Deixe-me adivinhar, você teve aulas de dança? – Megan apenas assentiu. – Wow.

— Você não imagina o que pais divorciados fazem pelo bem-estar da filha. Isso inclui aulas de dança, boliche, esgrima, judô e karatê – Megan explicou como se não fosse nada.

— Karatê?

— Eu era uma grande fã dos filmes do Jackie Chan – rodopiei Megan nesse momento.

Provavelmente estávamos fora de sincronia com a música, mas não importava. Só ouví-la falar era o suficiente.

— Não acho que eu tenha visto os filmes dele – comentei. Desde que acordei, me dediquei tanto ao trabalho que esqueço de ver tudo que foi produzido nas últimas décadas. – Até tenho uma lista de coisas que tenho que ver, mas acho que ele não está nela.

— Pois sua lista acaba de mudar. Faço minha missão te apresentar aos filmes do Jackie Chan, pelo menos Hora do Rush – Megan decretou. Ela realmente amava esses filmes.

— Você vai ter que ir até Washington para isso – brinquei.

— Eu arrumo um tempo na minha agenda – ela sorriu e senti suas mãos quentes voltando-se para mim.

Paramos de dançar.

— Steve, eu gostaria de...

— Uma salva de palmas para os nossos convidados da noite, Dark Hour!

Megan se afastou como se pegasse fogo. Eu nem havia percebido que a música havia acabado.

— Nossa, eu nem notei... – ela gesticulou para a banda.

— É, eu também – concordei, sem saber o que dizer.

O que ela iria dizer?

— Você quer...

— Acho que é melhor voltarmos, não acha? – Megan disse, checando o celular. – Aqui já acabou mesmo.

— Meg, você está bem?

— Estou ótima. Por que não estaria? Podemos ir?

Havia algo errado. Ela queria dizer alguma coisa antes de sermos interrompidos, mas agora parece não querer nem ficar perto de mim.

Ainda assim, não questionei.

A volta para o campus foi fria e confusa. Megan estava tão diferente do início da noite que comecei a me perguntar se não havia feito algo errado.

— Obrigada pela noite, Steve – ela agradeceu e começava a se afastar.

Observei-a ir em câmera lenta. Essa era a hora da decisão. Eu poderia deixar Megan entrar em seu prédio e fingir que está tudo bem e que não estou morrendo por dentro por só vê-la se afastar sem sequer mencionar o fato de minha declaração ou eu podia fazer algo a respeito.

Em retrospecto, não parecia ser muito uma escolha.

— Megan, espere! – Ela parou de súbito e me apressei até ela. – Você queria me falar algo. Quando estávamos dançando, você queria...

— Não era nada, Steve. Era bobagem – Megan disse, mas seus olhos a traíam.

— Meg, nada do que você diz é bobagem. – Peguei suas mãos e entrelacei com as minhas. Por favor, fale.

— Eu... Eu li o livro que me deu e... – Megan começou, encarando o chão. Não parecia em nada com a jovem que falava até demais. – Acho que sinto o mesmo e isso me assusta.

— Sente?

Por Deus, eu podia jurar que conseguia ouvir foguetes no céu.

— Sim, mas tenho perguntas. Muitas perguntas.

— Não seria você se não tivesse – Ela me olhou de modo questionador, incerto.

— Steve, quero que saiba que, apesar de ser jovem, sei quando um relacionamento não tem chances e, devido a nossa história em comum, eu não quero que se iluda – fiz menção de falar, mas Megan levantou a mão, me impedindo. – Eu não sou a Peggy, nunca serei um terço do que ela é. E se você só está interessado em mim porque, por alguma razão, eu faço você lembrar dela, eu não estou interessada. Prefiro continuar sendo sua amiga do que fazer você se enganar porque não sou ela. Então, a pergunta que tenho é, você tem certeza?

Megan me encarava, seus olhos azuis aflitos, aguardando o que poderia ser o fim para nós.

Eu estava sem palavras. Admito que no começo, eu via a Peggy em Megan. Sua determinação, verdade e bondade, mas depois de tudo que passamos, tudo o que Megan passou, as duas não poderiam estar mais longe uma da outra em meus pensamentos.

— Boa noite, Steve – a voz de Megan parecia atordoada e percebi que eu havia ficado em silêncio. Basicamente confirmei suas aflições.

Eu tinha de mudar isso.

Falar a verdade.

— Você não poderia ser mais diferente dela – Megan parou e voltou, seus passos incertos. – Não poderia nem se tentasse.

Me aproximei novamente. Eu não perderia a chance agora.

— Você fala demais e tem tanta energia que nem sei se consigo acompanhá-la. Você é inteligente, determinada, engraçada e protetora. Você ajudou um completo estranho a se reencontrar – Megan sore me motivou a continuar.  – Porque é assim que você é. Não porque é seu dever, mas porque gosta de ajudar.

Ela ainda estava em silêncio, mas esboçava um pequeno sorriso no canto dos lábios.

— Tristran realmente ama Yvaine, então?

— Ele ama – me aproximei, minhas mãos agora segurando seu rosto, os olhos azuis de Megan pareciam poças negras. – E ele adoraria passar a próxima semana inteira assistindo aos filmes do Jackie Chan com ela.

Seus olhos nunca pareceram tão escuros. Azul escuro como a noite à nossa volta.

— Meg, eu...

Ela não me deixou terminar. Apenas me beijou.

Posso dizer que foi um dos melhores beijos da minha vida. Não que houvesse muitos, mas esse era especial.

Foi como li em livros e acontece nos filmes. Aquele beijo cinematográfico que será lembrado depois de muitos anos, quando já estivermos velhos e contaremos aos nossos netos como tudo começou.

 

 

 

 

MEGAN

 

Steve Rogers.

Eu estava beijando Steve Rogers.

Só podia ser um sonho.

Acho que podia fazer isso para sempre.

 

 

 

 

 

"Meu coração é como se... meu peito mal pudesse contê-lo.
         É como se ele não pertencesse mais a mim, mas pertencesse a você.
         E se você quisesse, eu não iria te pedir nada em troca.
         Nem presentes, nem beijos, nem demonstrações de devoção. Nada.
         Nada além de saber que me ama também.
         Só o seu coração em troca do meu." - Stardust.


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