Love Remains escrita por Lady Danvers


Capítulo 12
Notícias Inesperadas


Notas iniciais do capítulo

Já estamos chegando no fim da Parte 1...



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JULIE

 

O céu era marrom esverdeado. 

Foi isso que mais me chamou atenção sobre o lugar onde me encontrava. Havia cadeias montanhosas, e soldados que mais pareciam monstros, mas o céu era tão incomum que capturou minha atenção. 

Definitivamente não estou na Terra.

Nem mesmo lembro de como vim parar aqui. Apenas tenho a sensação, a dor que mais parecia uma adaga perfurando meu peito.

Um grito cortou o vento e corri, mesmo que minhas pernas parecessem de argila. Cheguei à fonte de angústia e arfei, o ar faltando em meus pulmões.

Thor segurava Loki nos braços. Havia uma mulher ao lado dele, mas não me importei apenas corri até ficar a 3 metros de onde estavam.

Nenhum deles pareceu notar minha presença.

— Nosso pai vai saber o que fez hoje – lágrimas caíam do rosto de Thor. Eu nunca havia o visto daquela forma.

— Não fiz por ele – Loki sussurrou e senti suas forças se esvaindo. Ele estava morrendo.

— Não! – gritei com todas as minhas forças, mas ninguém parecia escutar. 

Eu era apenas uma passageira naquela história que se desenrolava na minha frente. 

— Não, não, não... – continuei murmurando, sem acreditar no que estava acontecendo. 

Loki não podia morrer. Não desse jeito. Ele havia prometido que voltaria e agora me abandonava também.

— Sinto muito, Juliet – ele disse em um último suspiro.

— Não!

Levantei tão rápido que me choquei com algo. Não, alguém. 

— Calma, minha jovem – um senhor de cabelos grisalhos me conteve – Está tudo bem.

— Não, não está! – eu podia sentir meu rosto molhado de lágrimas. 

Loki estava morto. 

Me levantei, apesar dos protestos do médico e saí pelo corredor. Eu estava na ala médica o que significava que eu estava do outro lado do prédio onde ficava meu dormitório. 

— Julie, espera! – Brad me parou, segurando meus ombros. – Você ficou apagada por 3 horas, não pode sair assim.

— Me deixe! – Brad arregalou os olhos e me soltou.  Saí correndo sem pensar nele. 

Eu tinha que saber a verdade. 

Minhas tentativas de chamar Loki por nosso laço foram em vão, a dor daquela adaga cada vez mais real.

— O que aconteceu, Stark? Brigou com o namorado? – entrei no dormitório e dei de cara com Maureen.

Ótimo. 

— Agora não, Maureen – passei por ela, revirando minhas coisas à procura da minha armadura em forma de maleta. – Onde está!?

— Calma aí, garota – Maureen tentou se aproximar, mas me afastei como um animal arisco. – Você está tremendo. 

— Estou? – Eu nem havia notado.  Respirei fundo e voltei a procurar até lembrar que eu havia a deixado no apartamento do Brad. 

— Droga! – Eu podia bater em algo por ser tão idiota. Em vez disso, saquei o telefone. – JARVIS, relatório de alguma anomalia nas últimas 4 horas ao redor do mundo. Logo, inúmeras notícias de Londres de última hora apareceram em meu celular.

Algo realmente havia acontecido. Não foi um pesadelo.

— JARVIS, entre no sistema da SHIELD e prepare um jato. Preciso dele agora – era em horas como essa onde eu agradecia por ter instalado o JARVIS no celular. 

Coloquei algumas armas não letais na bolsa no caso de precisar me envolver em alguma luta. Não sou tão experiente, mas consigo me virar. Andei em passos largos até a porta quando Maureen se colocou na minha frente como uma parede.

— O que pensa que está fazendo? – seu olhar era gélido, mas ao mesmo tempo preocupado. Minha aparência devia estar péssima. 

— Não é da sua conta – tentei passar, mas ela bloqueou meu espaço. – Alguém precisa da minha ajuda e eu preciso ir agora.

— Você não pode sair no meio do dia. Se você se der mal, eu me ferro junto. Somos uma dupla, lembra?

Maureen estava certa. Claro que estava, mas não havia tempo para discussão. Eu tinha que ir até Loki, tinha que saber o que estava acontecendo. 

— Sinto muito, Maureen – falei e senti as lágrimas querendo voltar. – Ele precisa de mim.

Depois de segundos que mais pareciam horas, Maureen suspirou.

— Eu vou junto – ela disse, me surpreendendo. – Você não está em condução alguma de pilotar qualquer coisa. 

— Mas, não precisa...

— Sem essa, Stark. Digamos que você me deve uma.

Decidi não discutir mais, eu só estaria nos atrasando. Maureen estava certa, eu não estava bem. 

E se meus instintos estivessem certos, eu não ficaria bem por muito tempo. 

Nos encaminhamos para o setor de embarque, onde Maureen convenceu Miles, um dos guardas a serviço a nos deixar passar. Talvez fosse bom ter a ajuda dela.

Maureen tomou os controles e logo disparamos céu à fora. Logo, meu celular quase travou com tantas mensagens de Brad.

Ignorei todas.

Demoramos quase uma hora, mas quando chegamos pude ver o estrago de longe. A fumaça se erguia na paisagem de Londres como um borrão escuro.

Maureen pousou no centro da batalha. A luta já havia terminado, mas tudo ao redor estava destruído. Além de destroços do que pareciam ser naves e pedras de edifícios, pessoas se aproximavam, curiosas com o ocorrido.

— Me espere aqui – falei para Maureen antes de sair correndo.

Para minha sorte, encontrei quem procurava.

Thor ainda estava lá, sujo e abatido, conversando com o Dr. Selvig e duas mulheres.

— Thor! – corri até ele.

— Senhorita Julie, o que faz aqui? – ele perguntou surpreso.

— Onde ele está? – perguntei sem me importar com a plateia – Onde Loki está?

O rosto de Thor rapidamente mudou de surpreso para triste, a devastação em seu olhar me disse tudo que eu precisava saber.

— Não, não pode ser – sussurrei e senti as mãos de Thor em meus ombros, me acolhendo.

— Sinto muito. Não sei que tipo de relação você ainda tinha com meu irmão, mas – ele segurou as lágrimas. Eu não consegui segurar as minhas. – Mas, no final, ele chamou por você.

Thor me abraçou enquanto eu soluçava em seus braços. Não consegui fazer nada além de pensar que nunca o veria de novo. Apesar de ter começado como um problema, Loki havia se tornado meu amigo, meu confidente.

Ele estava se tornando uma pessoa melhor e agora... estava tudo acabado.

— Obrigada – consegui falar, minha voz não passava de um murmúrio. – Obrigada por me contar.

— Quer que eu a leve para casa?

— Não, não precisa – limpei o resto das lágrimas, meus olhos certamente inchados e vermelhos. – Eu vim de jato. Até mais.

Comecei a me afastar. Certamente já chorei demais na presença de estranhos.

— Julie – Thor chamou e me virei no mesmo instante. – Meu irmão, ele... estava diferente, melhorando. Acho que devo agradecer a você, nem que seja por uma pequena parte do que ele estava se tornando. Obrigado.

Assenti sem dizer nada. Era mais fácil ficar em silêncio quando parece ter uma adaga perfurando seu coração.

Acho que essa dor vai me assombrar para sempre.

Maureen não questionou meus olhos inchados e as lágrimas que desciam. Pela primeira vez desde que nos conhecemos, ela me compreendeu.

— Onde quer que eu te deixe? – sua voz era baixa e calma, bem diferente de sua altivez normal.

Olhei para fora. Para o céu cinza nublado de Londres naquela tarde que eu jamais esqueceria. O vazio em meu coração só podia ser preenchido em um lugar. Por um alguém.

— Quero ir para casa.

 

 

 

TONY

 

Relacionamentos realmente eram complicados.

Em defesa da Pepper, eu é que sou difícil. Tudo mudou desde Nova York, não sei se serei suficiente para proteger todos novamente quando os exércitos daquele que deu o cetro a Loki retornar. Não sei se os Vingadores serão o suficiente.

Então eu projeto, e nunca parece o bastante. Já estou terminando a mark 30, mas sei que tenho que avançar muito mais com minhas tecnologias se quero ter uma chance contra o cara no fim do caminho.

Julie diria que estou surtando por algo que não posso controlar e ela está certa, mas a sensação ainda permanece.

Sei que no fim, de alguma forma, tudo recairá sobre meus ombros.

 O tablet em cima da mesa começou a piscar. Cliquei nele e a cara do Happy, no caso do nariz para cima, apareceu. Ele realmente tinha que aprender a usar mais tecnologia.

— E aí, Happy, já tá contando os dias pra me deixar, né?

Depois de tantos anos sendo meu guarda-costas, dei a Happy o cargo de chefe de segurança das Indústrias Stark. Ele certamente merece depois de ter me aturado por tantos anos.

— Não seja dramático, Tony. Você ainda tem seus super amigos, vai ficar bem – Happy respondeu, finalmente ajustando a câmera. – Mas não é por isso que liguei. Sua filha acabou de chegar.

— O quê? – imediatamente larguei as peças da armadura. – Onde ela está?

— Foi direto para o quarto – Happy suspirou, preocupado. – A coisa tá feia, Tony. Acha que ela terminou com o garoto?

— Talvez, mas o que eu sei sobre os jovens de hoje? – levantei com o tablet em mãos até a saída da garagem. – Obrigado por avisar, Happy.

— Para mim, a Julie ainda é aquela garotinha de 12 anos. É difícil vê-la assim – Happy confidenciou.

— Para mim também, amigo.

Depois de subir e encher os braços de sorvete, bati na porta de Julie. Mesmo que estivesse destrancada, era nosso acordo bater antes de entrar para não perturbar quando não queremos companhia.

— Quem é? – ela perguntou, do outro lado da porta.

— Seu incrível pai com sorvete até demais nos braços – falei, tentando equilibrar os cinco potes que carregava. Esperei, e nada. – Qual é, Thalia. Nós combinamos, lembra? Quer mesmo deixar todo esse sorvete derreter?

Esperei mais um pouco, mas finalmente Julie abriu a porta. Apesar de ter tomado banho e estar de roupão, ela parecia péssima.

— Isso é golpe baixo – ela sorriu fracamente, seus olhos fundos e tristes. Ela parecia ter chorado por uma vida inteira.

— Isso é a melhor forma de chantagem que existe – entreguei um dos potes a ela e sentamos na cama.

Julie logo se inclinou para perto de mim como uma criança. Minha filha precisava de alguém para ser seu apoio e hoje aquela pessoa era eu. 

— Quer falar sobre o que aconteceu? – perguntei, afagando seu cabelo úmido.

— Agora não.

Ficamos em silêncio enquanto Julie escolhia o filme.

— Quer mesmo ver “Sempre ao seu lado”?

— Tem razão. Se eu chorar mais do que já chorei, não vai sobrar água no meu corpo – Julie respondeu, escolhendo “Monstros S.A.”

— Ótima escolha.

Nada mais foi falado. Apenas continuamos tomando sorvete enquanto o filme rodava. De vez em quando, eu olhava de canto para Julie para checar se ela não estava chorando, mas ela parecia estar vidrada no filme, o que era uma coisa boa já que era esse o efeito que eu esperava quando a convidei.

Julie já passou por tanta coisa e ainda é tão jovem. Gostaria de poder protegê-la de tudo que possa a chatear ou magoar, nem que seja um garoto que certamente não a merece.

Não sei se alguém, um dia, irá merecê-la.

— Acho que terminamos – Julie falou tão baixo que pensei que alguém falando no filme. Julie me olhou com seus olhos escuros e fundos. – Brad e eu. Acho que terminamos.

— Acha? – terminei de tomar o sorvete e larguei o pote no criado mudo.

— Nós brigamos feio e... eu meio que fui embora – ela explicou, voltando a olhar para o filme.

— E você queria terminar?

— Eu não sei. Talvez – ela terminou o sorvete de flocos e logo pegou o de napolitano.

— Só quero que fique bem – falei e Julie apenas assentiu. – E você é jovem, vai viver muita coisa ainda. Sei que pareço um ancião falando, mas é verdade.

— Pai... – ela demorou para continuar e quando ela virou, seus olhos estavam marejados. – Loki está morto.

Julie disse aquela frase com tanta dor que me surpreendeu. Por que ela se importava tanto? A última vez em que o vimos, aquele psicopata a sequestrou enquanto tentava dominar o mundo.

— E você está triste? – perguntei, cuidadosamente. Por mais louco que parecesse, acho que se eu fizesse pouco caso desse fato, Julie se fecharia para qualquer diálogo.

— Não, não. Só estou triste pelo Thor – ela desviou do assunto com uma facilidade assustadora, mas seus olhos a traíam.

— Thalia... – suspirei pesado. – Tudo bem ficar triste, mesmo que ele fosse uma pessoa horrível – falei, mesmo sem entender as razões dela. Era o que Julie precisava ouvir.

— Ele... Ele... – ela tateou em busca de palavras e me senti perdido. O que andava acontecendo na vida da minha filha que eu não vi por estar tão ocupado com meus próprios problemas?

— Ele não era uma pessoa horrível – ela conseguiu falar. – Estava melhorando.

Não consegui a questionar sobre como ela sequer poderia saber disso pois Julie me abraçou forte e começou a chorar.

— Calma, filha – afaguei seu cabelo enquanto ela soluçava de chorar, seu rosto escondido no meu peito. – Vai ficar tudo bem.

Pelo bem de Thalia, eu queria muito acreditar no que eu dizia.

 

 

MEGAN

 

Depois de um dia inteiro de provas intermináveis, voltei para meu quarto e peguei o livro que Steve me deu de presente. Adrenalina corria por minhas veias quando abri na primeira página e encontrei uma dedicatória para mim.

“Para a estrela mais brilhante e única que já conheci. Espero que entenda meus sentimentos e o que quero dizer. Pág. 77.”  - Steve

Minhas mãos tremiam tanto que tive que tomar um calmante. Será que Steve realmente queria dizer o que eu estava pensando?

Enquanto eu lia, consegui identificar pontos parecidos entre nossas histórias. No livro, Tristran é apaixonado por Victoria e, por sua mão em casamento, ele promete lhe trazer a estrela cadente. O problema é que a estrela não é um objeto e sim, uma pessoa, e há muita gente atrás dela.

A história narra Tristran protegendo e se apaixonando por Yvaine enquanto ele percebe que seu amor por Victoria não passava dos desejos de um jovem que nunca havia se apaixonado e queria ser visto pela garota mais bonita do vilarejo.

As batidas de meu coração pareciam altas demais a meus ouvidos e só piorou quando cheguei a página que Steve marcou.

Meu Deus.

“O que estou tentando dizer é... Que acho que amo você, meu coração é como se meu peito mal pudesse contê-lo, como se ele não pertencesse mais a mim, mas pertencesse a você e se você quisesse, eu não iria te pedir nada em troca, nem presentes, nem bens, nem demonstrações de devoção, nada!... Nada além de saber que me ama também. Só seu coração em troca do meu. "

Digamos que o grito que eu dei não era recomendado à madrugada. Logo, Carly e Mary, minhas colegas de Direito que dormiam no quarto ao lado, quase derrubaram a porta.

— O que aconteceu, Megan!? – Carly gritou, seu cabelo vermelho totalmente desvairado – Você tá bem?

— Alguém te atacou? – Mary perguntou, ainda dormindo.

— Desculpa, eu só... – senti lágrimas se formando em meus olhos e suspirei. Isso tinha que ser um sonho. – Venham aqui.

Expliquei a elas toda a história, tirando a parte do sequestro, e mostrei o livro.

— O Capitão América tá interessado em você – Carly começou. – O CAPITÃO AMÉRICA e você ainda tá aqui. Por que você ainda tá aqui??

— Vai falar com ele – Mary opinou, mais do que acordada agora. – O que você tá esperando?

— Ahh, agora são quase 01:00 da manhã – constatei e as duas só deram de ombros como se não fosse nada. – E... ainda tenho dúvidas.

Carly e Mary me olharam como se estivessem falando com uma criança, mas eu tinha mesmo dúvidas.

Talvez insegurança fosse uma palavra melhor.

Steve amava a tia Peggy, sempre amou. E se ele só enxergasse ela em mim e não eu? E se eu fosse apenas a segunda opção?

— Você tá brincando né? – Carly perguntou, séria, depois que expliquei minhas inseguranças. – Esse foi um dos presentes mais românticos que eu já vi e eu já vi muitos.

— Ele te compara com a estrela do livro – Mary disse, limpando os óculos embaçados. – Acho que vale a pena escutá-lo.

Elas tinham razão. É claro que tinham.

Eu não podia viver me escondendo e sofrendo por antecipação. Eu tinha que saber.

Mandei uma mensagem para Steve antes que perdesse a coragem.

Era a hora da verdade.


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