Keep Holding On escrita por Tris Pond


Capítulo 9
Regina Let's Go


Notas iniciais do capítulo

Eu quis fazer algo mais leve para esse capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/590204/chapter/9

Esperar o dia amanhecer
Pra ver o que a gente vai fazer

(Regina Let's Go - CPM 22)

Eu e John estávamos bem. Eu ainda estava chocada em como minha vida era diferente daquele que eu tinha planejado quando eu saí de casa. Mas não era exatamente ruim, só diferente.

Não tínhamos planejamento, íamos levando um dia por vez, e eu gostei disso. Era parecido com o que eu fazia antes, só que de uma maneira mais calma. Trabalhávamos e depois voltamos para casa. Talvez cozinhasse. Talvez saímos para comer ou ir ao cinema. Coisas simples de uma casal comum, mas que eu nunca tinha tido a chance de experimentar antes.

– Eu não estou me sentindo bem - contava a Amelia, uma conhecida que tinha passado lá em casa - Eu estou enjoada e cansada o tempo todo. E tontura e cólica também. Até minha menstruação atrasou - reclamei.

Eu queria descobrir o que estava acontecendo comigo, mas não tinha ido ainda a um médico porque tinha medo de ser algum relacionado a caçada. Talvez uma praga muito forte de uma bruxa.

Amelia lentamente abriu um sorriso, como se eu tivesse acabado de anunciar que eu tinha ganhado um milhão de dólares.

– Mary! - ela gritou - Parabéns!

Olhei confusa para ela. O que tinha de bom no fato que meu corpo todo estava cheio de dor e que eu não conseguia nem dormir por causa disso?

– Parabéns?

Ela hesitou, mas ainda sorria.

– Você parece estar grávida - contou como se falasse um segredo.

Grávida. A palavra entrou lentamente no meu cérebro. Eu não tinha considerado isso, porque algo simplesmente muito comum e eu não estava acostumada a coisas normais.

E eu também não queria estar grávida. Eu estava em paz no meu relacionamento com John e tudo estava dando certo. Não queria que nada alterasse isso e estar grávida era uma grande mudança. Jamais escolheria abortar, mas sabia que minha vida depois do meu filho nascer nunca seria a mesma.

Meu filho. Entrei em pânico. Eu não sei se eu tenho capacidade nem de cuidar da casa. Quanto mais de um filho?

– Eu sei que é muito para processar, Mary. Mas também é a coisa mais maravilhosa que existe - Amelia me prometeu. Ela era mãe de duas lindas meninas que pareciam anjos. Para ela era fácil falar.

– Não. Eu não estou grávida - falei como se estivesse em um transe.

O sorriso de Amelia desapareceu como se só agora ela percebesse que talvez eu não quisesse ter filhos.

– Claro, eu posso estar errada - falou de forma não convincente - Mas você devia fazer um teste. Vou embora para deixar você pensar nisso.

Em outras ocasiões, discutiria com ela por ir embora tão cedo, mas agora só queria ficar sozinha. Assenti com a cabeça e a levei até saída.

Se eu tivesse grávida... Não, eu não podia pensar nisso. Eu não podia ter um filho. Não agora que tudo estava perfeito. Talvez daqui a alguns anos. Não agora. Eu não estava pronta para ter que cuidar de alguém.

Não queria ter que sentir novamente o peso das responsabilidades que sentia antes. Não queria ter que me preocupar que alguém mais que eu amo fosse alvo de vingança. Eu já tinha gente demais para me preocupar.

O que eu faria se realmente estivesse grávida? Eu não tinha ideia. Nenhum plano. Nada. Eu estava perdida pela primeira vez.

Mas uma coisa eu sabia: não aguentaria mais ficar ali, sem saber a verdade. Levantei e peguei o meu casaco, indo para a farmácia mais perto.

Cheguei lá e comprei mecanicamente dois testes de gravidez (para ter certeza), paguei e sair, sem conseguir pensar em nada. Sentia que estava muito distante dali.

Cheguei em casa e fui direito para o banheiro.

Nem percebi o que estava fazendo até olhar o resultado do exame, que podia mudar a mida completamente.

Positivo.

Olhei em choque. Não isso podia estar acontecendo. Eu não podia estar grávida. Não. Tudo daria errado agora.

O que John diria quando soubesse? Ele me deixaria? Ele aceitaria? O que faríamos?

Não poderia fugir. Teria que aceitar o fato de que, dentro de menos de 9 meses, eu estaria com um bebê, andando pela casa.

.

.

John chegou em casa, tranquilamente, e se sentou na mesa que eu já tinha posto com o jantar.

Eu ia contá-lo. Eu só não sabia como.

– John...

– Querida, como foi o seu encontro com Amelia? - perguntou ele, animado, colocando comida no prato.

Hesitei.

– Não muito bom. Ela falou algo muito estanho... - eu sabia que não era o melhor jeito de contar, mas era o único que eu podia pensar com minha mente do jeito que estava -... ela disse que eu devia estar grávida.

John se engasgou com a comida. Tossiu, incapaz de respirar por uns minutos.

– Você disse que era loucura, certo? - perguntou finalmente, buscando uma confirmação no meu rosto, mas desviei o olhar - Mary...?

– Deu positivo.

Essas palavras mudaram completamente a atmosfera da sala. Parecia que alguém tinha morrido.

– Como assim...? - John tinha entendido, eu sabia, só que assim como eu era incapaz de aceitar.

– Estou grávida, John. De você - acrescentei.

Vi ele começar a passar mal e comecei a me sentir mal também.

Eu sabia. John não aceitaria isso. Ele fugiria.

Por vários momentos, ninguém falou nada e ficamos encarando um ao outro, com o medo claramente estampado na nossa cara. Não sabíamos ser pais.

Então, John relaxou, tentando se manter sob controle.

– Espero que ele ou ela seja bonito - falou finalmente.

Imediatamente, quase toda minha tensão e preocupação se foi. John assumiria a criança. Ele me ajudaria.

– O que vamos fazer? - perguntei.

– Não sei. Vamos educá-lo bem - prometeu John.

– Como vamos fazer isso? Não sabemos cuidar de crianças.

– Aprenderemos. Um dia de cada vez - ele prometeu.

– O importante é estarmos juntos - falei e ele assentiu, antes de me beijar.

Talvez não fosse ser tão difícil quanto eu tinha pensado. Eu agora tinha certeza que John me apoiaria e normalmente isso era tudo que eu precisava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Uma pergunta: Obviamente, Mary não ia ficar em casa sem fazer nada, então ela trabalhava ou fazia faculdade, certo? Mas do que?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Keep Holding On" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.