Keep Holding On escrita por Tris Pond


Capítulo 7
Rivers Flows in You


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu com que é o maior cap da fic até agora.



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Eu quero você de volta

(River Flows In You - Yiruma)

Sorrio enquanto termino meu trabalho. Esse foi especialmente cansativo. Um ninho de vampiros inteiro para lidar. Mas, pelo menos contei com a ajuda de Tim Garpe, meu melhor amigo e caçador a vida inteira. Trabalhávamos bem em dupla. Não precisávamos nem nos comunicar para saber o que precisávamos. Perfeitos caçadores. E, mais importante, ele me entendia. Ele é o que me entendia mais quando eu falava sobre algo normal.

– Bom trabalho, An – Tim sorriu.

– Você me ajudou bastante – respondi.

E era verdade. Eu não conseguiria ter feito isso sem ele. Se não tivesse o chamado, eu já estaria morta. Embora, eu também tenha salvo a vida deles algumas vezes

– Todos mortos? – perguntei.

– Sim – ele assentiu.

Suspirei aliviada. Meu trabalho ali tinha acabado. Nenhum problema para resolver agora.

– Vamos tomar uma bebida – falou Tim, cansado como eu.

– Vamos – disse, sem nem olhar para trás. O local era assustador.

.

.

Um ano depois

Era um dia normal. Estava voltando para casa. Tinha saído somente para fazer compras.

Porém, encontrei a casa vazia.

– Querido? – tentei – John?

Nenhuma resposta.

Se eu fosse uma pessoa normal, isso provavelmente não significaria nada. John provavelmente só teria saído para ver ou comprar alguma coisa e eu não acharia nada demais, e horas depois jantaríamos calmamente, como uma família normal.

Mas, embora ele não soubesse, não éramos uma família normal. Então era mais provável que algo tivesse acontecido. Que alguém tivesse levado John. Ou... Eu nem podia pensar nisso.

Vasculhei a casa em busca de pistas, até achar um bilhete em cima da mesa. Hesitei antes de abrir, mas precisava saber quem tinha feito isso.

“Querida Mary Campbell,

Como você está? Espero que miserável.

Quer ter seu querido marido de volta?

Vá para o parque perto da sua casa. Exatamente as dez em ponto. Não traga ajuda.“

Não tinha nome ou assinatura. Somente isso.

Desesperei-me. Já eram nove horas. Não tinha muito tempo para decidir o que fazia e faria de tudo para salvar John. Não importava o que acontecesse.

Normalmente eu pediria ajudar, mas preferi não arriscar. Esse monstro parecia saber muito sobre mim, então provavelmente tinha vigia. E ele não parecia ser tão poderoso assim, pelo estilo nas sombras dele. Estava confiante que poderia lidar com ele sozinha.

– Eu vou salvar John - falei obstinada. Não tinha feito tudo que fiz para no fim ser incapaz de salvar meu próprio marido.

Eu o traria para casa, para Dean, meu pequeno filho, que estava na casa sem ter a menor ideia que podia perder um ou os dois pais hoje.

Liguei para minha melhor amiga e pedir para ela ficar lá em casa, cuidando de Dean. Ela não perguntou o que tinha acontecido e eu sabia que não iria. Ela não queria ouvir a resposta. Se eu pudesse eu também não iria.

– Ok. Estou indo para ai.

Assim que ela chegou sai de casa. Iria atrás de John e do filho da puta que sequestrou o meu marido. E não iria acabar bem para ele.

Fui ao local indicado e esperei, observando atentamente o local e procurando algo estranho. Não encontrei nada.

Somente senti algo batendo contra a minha cabeça antes de tudo ficar escuro.

Quando acordei, eu não sabia onde estava. Era um casa vazia, abandonada a meses ao que parecia. Mas não prestei atenção nisso, porque logo vi meu marido amarrado em uma cadeira.

– John! – exclamei.

Ele não me respondeu. Olhei com mais atenção e aparentemente estava desmaiado, mas sem danos fatais.

Ouvi passos perto de mim e me preparei, porque sabia que era meu sequestrador vindo.

Esperava que fosse alguém do meu passado, alguém de alguma caçada minha, mas me deparei com um rosto desconhecido de um rapaz de no máximo dezessete anos.

– Quem é você? – perguntei sem medo na voz.

– Sou a pessoa que você deixou sem família – retrucou ferozmente – Você e seu outro amiguinho. Caçadores idiotas.

Então era alguém do meu passado. Mas não me lembrava desse menino.

– Eu não te deixei sem família – retruquei.

Ele me ignorou, se aproximando de John, e eu comecei a desesperar. Não podia deixa-lo machucar meu marido.

– Não faça nada com ele – implorei.

O menino não me escutou. Ele foi até John e o acordou.

Vi o horror e a confusão estampados no rosto do meu doce marido. Ele estava totalmente perdido. E ele não merecia estar aqui. Talvez eu merecesse, mas ele não.

– M-Mary? – gaguejou.

– Shh, amor, vai ficar tudo bem – falei, tentando o tranquilizar, mesmo que a visão dele assim tenha me quebrado.

– Cala a boca! – rosnou o agressor.

John o encarou, ficando ainda mais confuso e assustado.

– Quem é você?

– Eu sou Daniel – o jovem o respondeu em um tom mais ameno, mas ainda ameaçador – E eu vou te matar. Por culpa da sua linda esposa aqui.

– Não! – gritei – Por favor, não!

O Winchester ficou branco. Não entendia o que estava acontecendo, mas tinha entendido claramente que a vida dele estava em perigo.

– Mary não fez nada! – fiquei surpresa e orgulhosa por ele ainda ser capaz de falar e ainda mais por estar me defendendo – Você deve ter se confundido. Ela não faria errado.

Daniel riu sem humor, enquanto tirava algo do bolso. Uma faca.

Desesperada, tentei afrouxar as cordas que me segurava, mas elas estavam tão apertadas que estavam atrapalhando minha circulação.

– Você nunca contou a ele? – Daniel se virou na minha direção e não me importei porque significava um segundo a mais sem dor para John, mas ele continuou a falar com John logo – Sua mulher não é uma mulher comum. Ela é uma assassina.

– Não! Mary não mataria ninguém – negou John.

Os olhos de Daniel faiscaram de ódio e eu sabia o que vinha depois. Gritei quando ele cravou a primeira facada na pele de John.

– Sua querida esposa matou a minha família! Ela matou todos eles! – e citou vários nomes que eu me lembrava vagamente, mas não sabia de quem era – Em recompensa, eu vou fazer ela assistir você morrer, assim como eu fiz com o outro.

Fiquei paralisada. Com o outro? De quem ele estava falando?

– Que outro? Quem? – perguntei, tentando manter a calma e pensar em uma solução para sair dali.

– Tim Garpe – ele falou e deu um sorriso louco. Um sorriso que expôs as presas dele e eu pude perceber que era um vampiro, mas não liguei.

Meu coração quebrou. Tim era o amigo mais velho que eu tinha, a pessoa que me conhecia mais do que eu mesma. Ele era aquele pra quem eu corria quando as coisas davam errado e agora me falavam que ele estava morto. Ele não podia estar morto.

– Não! – berrei. Nem liguei para o fato que Daniel me observava com um sorriso satisfeito. Ele tinha conseguido o que ele queria.

– Sim. Ele assistiu Camile morrer lentamente, assim como o que vai acontecer com ele – Daniel tinha um sorriso amplo, totalmente louco.

Camile não podia estar morta também. Ela era o amor da vida de Tim, era o que o matinha vivo. E ela era uma das pessoas mais gentis que eu já tinha conhecido. Ela também não era do mundo dos caçadores, assim como John. Tim também não tinha contado a verdade para ela e agora ela nunca saberia.

Assim como o que vai acontecer com ele. Tinha algo de errado nessa frase. Vai acontecer. Mas ele está morto. Não podia acontecer nada com ele. Ao não ser que...

Tim não estivesse morto.

Permiti-me agarrar nessa possibilidade enquanto tentava pensar em como sair dali. Não via saídas.

Daniel se virou para John.

– É isso que sua esposa me fez fazer.

– Pare. Mary não fez nada. Ela nem conhece essa Camile, nem esse Tim – murmurou John, em negação.

Meu coração bateu dolorosamente.

– Ela conhece. São os colegas assassinos dela. São os caçadores – e cortou a pele de John novamente, sob o meu olhar agoniado. Sorriu enquanto John gritava - Eles dizem que caçam monstros. Mas eles que são os monstros.

– Não somos monstros – me defendi, vendo meu erro na hora, quando John virou a cabeça chocado para mim.

– Você não fez isso. Mary?

Não pude responder. Não podia negar. Eu tinha feito. Lembrava-me agora. Tinha assassinado um ninho de vampiro um ano atrás e batia com os nomes que Daniel me deu.

– Mary? Você matou alguém? – John perguntou entre os próprios gritos dele de dor.

Não podia estar mais quebrada que naquele momento.

Somente assenti com a cabeça.

John pareceu que iria desmaiar, muito pior de repente. Ele devia estar sentindo que não me conhecia, mas não era verdade. Eu sempre fui eu mesma. Só nunca contei tudo.

Daniel deu um sorriso vitorioso, me encerando diretamente. Tão concentrado que não percebeu o voltou que vinha atrás de si e que cortou a cabeça dele, separando a do corpo.

John deu um grito horrorizado.

Suspirei de alívio.

Encarei Tim Garpe.

– Eu sabia que você não me desapontaria – brinquei, mas logo percebi que algo estava errado quando ele somente me desamarrou sem falar nada.

Não queria pensar que podia ser verdade. Mas tinha que saber.

– Camile? – perguntei.

Ele balançou a cabeça.

– Oh, Tim – o abracei desesperadamente. Ela tinha morrido. Ela não tinha conseguido. E agora meu amigo estava perdido. O abracei com força enquanto ele chorava desesperado também, como nunca tinha o visto fazer.

– Ela nunca vai voltar – sussurrou.

– Eu sei. Eu sei – falei. Também tinha perdido várias pessoas.

Soltei-me rapidamente de Tim, me lembrando que John ainda estava amarrado.

Recuei com o olhar que recebi de John. Era totalmente traído e assustador. Era como se ele não me conhecesse mais.

– John?

– Quem é você? – não acreditei no que eu ouvi. Eu sabia que ele tinha esse direito, mas ainda doeu. Muito.

– Sua esposa.

– Não. Você é um monstro – falou.

Talvez ele não tivesse errado, mas eu não podia suportar o fato dele pensar em mim assim. Eu tinha que fazer algo.

– Venha comigo. Eu vou te contar tudo – prometi, o desamarrando.

Chegara a hora que eu mais temia. Era inevitável. Eu teria que dizer adeus a John, mas poderia tentar.

Ele não falou nada, mas se levantou e saiu dali, andando em direção do carro.

Tim me encarou.

– Mary... o que você vai fazer?

– Eu não sei – suspirei, nervosa.

– Eu tenho uma ideia – me contou – Não sei se você vai gostar. Mas é melhor que John saber a verdade.

– Fale.

– Tem um mago que está me devendo um favor. Ele pode apagar a memória de John.

Imediatamente, quis recusar. Não apagaria a memória do meu marido. Não poderia fazer tal coisa com ele.

Mas pensei então que a verdade era pior. Eu teria ficado grata se alguém tivesse me poupado da verdade, a qualquer custo.

E também não podia arriscar que John me deixasse. Não agora com Dean e um outro bebê a caminho.

– Quando?

– Agora – Tim me deu um sorriso triste, e saiu para fazer uma ligação.

O esperei.

– Vamos – disse simplesmente quando ele voltou.

Ele assentiu.

Então fomos para o carro e o deixei dirigir, sabendo que estávamos indo apagar a memória do meu marido. Nem nos meus piores sonhos imaginei isso.

– Estamos chegando perto – avisou Tim.

– Perto de onde? – John perguntou e não respondi.

Chegamos a casa e fomos recebidos logo pelo bruxo.

– É ele? – perguntou simplesmente e eu assenti.

– Mary? Quem é ele? – perguntou John nervoso.

– Está tudo bem, amor. Daqui a pouco tudo vai ficar bem – sorri nervosamente enquanto John era arrastado para longe dali.

Assim que ele saiu da minha visão, deixe-me cair no chão.

Tim se sentou do meu lado.

– Somos horríveis – falei.

– Eu sei – respondeu ele somente.

Esperei ali com ele enquanto meu marido tinha a memória apagada. Assim como minha chance de contar um dia a verdade ele. Jamais pensaria em o fazer agora.

– Está feito. Ele está no sofá da sala – informou o feiticeiro secamente.

– Obrigado – agradeci. Não gostava de magos, mas eu estava feliz pelo que ele fez.

– Estamos quites – ele avisou para Tim.

Nós dois entramos na casa e juntos levamos o corpo de John para o carro e depois para dentro de casa.

– Se cuide – avisei para Tim quando ele se despedia – E eu vou passar na sua casa mais tarde – sabia que ele precisaria de uma amiga para chorar sobre a morte de Camile. Ele deu um meio sorriso.

Ele foi embora e eu fiquei sozinha com o meu marido, enquanto pensava em tudo que aconteceu hoje. Tinha sido um pesadelo e não me sentia mais segura em casa.

– Mary? Você fez as compras? – John perguntou, acordando e quase chorei de felicidade.

– Sim, querido. Elas estão em cima da mesa.

Estava tudo bem. John jamais sabia quem eu era de verdade.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deu trabalho para escrever no começo.



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