Keep Holding On escrita por Tris Pond


Capítulo 23
Back In Black


Notas iniciais do capítulo

Amei fazer esse cap. Mary tá má, mas a gente tem que lembrar que ela tem um lado violento querendo ou não.



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Ninguém vai me pegar em outra armadilha

Então olhe para mim, agora estou apenas fazendo meu jogo

Não tente forçar sua sorte

Simplesmente saia do meu caminho

(Back In Black – AC/DC)

Eu não sentia pena enquanto ouvia os gritos. Nenhum deles tinha tido pena com os humanos antes ou mesmo comigo. Ainda podia sentir o ferro quente queimando o meu corpo e a faca perfurando a minha pele.

– Por favor! – gritou um.

Lembrei-me de quando era o lado contrário, quando eu tinha sido burra o suficiente para cair em uma armadilha e torturada com ferocidade, até conseguir fugir e toda pena que eu podia ter um dia desapareceu. Eles eram monstros.

– Não – falei com desprezo. Eles eram tão rápidos em pedir misericórdia. Em perdi perdão. Em trair os outros da mesma espécie. Por isso tinham se frustrado tanto comigo. Eu nunca cedi a eles. Mesmo a dor sendo infernal, não passava de nada que eu não tenha sido treinada para aceitar. Eu era uma caçadora. Eu não me abalaria por um simples sequestro.

Entretanto, esses monstros eram totalmente diferentes de mim nisso. Todos eram covardes. Gritavam como nunca e fariam tudo para se livrar disso.

Menos um.

Ela nunca gritou, ela nunca fez um ruído enquanto era torturada. E ela era a única que eu tinha um pouco de pena. Ela não tinha matado ninguém, mas jamais a deixaria sair porque ela tinha ajudado os outros a esconder as mortes.

Se não fosse ela, outras pessoas talvez estivessem vivas agora.

A encarei friamente. Ela estava sentada no fundo da cela dela e parecia indiferente. Será que ela parecia indiferente enquanto os amigos dela torturavam ou tinha prazer nisso?

– Que tal me dar os nomes? – eu prometi a mesma que se ela colaborasse um pouco, eu a deixaria viver. Ela não merecia a morte, por pior que ela fosse.

Ela não respondeu. Não achei que ela fosse. Mas já estava ficando impaciente. Eu podia conseguir os nomes com os outro, mas confiaria mais se fosse ela que desse. Ela não me daria facilimamente, mas, quando desse, não seria burra o suficiente para me dar errado.

E eu não queria fazer um acordo com nenhum dos outros. Não sabendo que iria cumprir depois. Eu sempre cumpria.

– Não existe nada que você queira salvar? Nada? – perguntei incrédula. Mesmo as piores pessoas queriam. Todas tinham algo que queriam proteger, mesmo sendo até objetos. Costumamos nos apegar a várias coisas e é estranho ficar sem elas.

A expressão dela mudou e eu fiquei surpresa. Foi a primeira vez isso tinha acontecido. Pela primeira vez não foi fria indiferença.

Ela pareceu hesitar, pensando.

Suspirei. Eu não podia ficar ali esperando. Eu tinha várias coisas para cuidar.

– Eu volto amanhã – prometi.

Saí de perto da cela dela, passando pelas outras e vendo os monstros se encolherem quando eu passava. Eles rapidamente aprenderam a me temer, mesmo rindo por eu ser uma garota no começo. Patéticos.

.

.

.

– E então? – perguntei, limpando o sangue da minha faca, não tendo êxito em tirar o líquido da minha roupa. Vamos dizer que o monstro que tinha me torturada realmente tinha se arrependido disso.

– Talvez - ela sussurrou e eu fiquei surpresa em perceber o quanto a voz dela estava quebrada. Talvez ela sofresse afinal. Talvez sinta emoções, pensei zombando.

Olhei para ela, a avaliando. Mesmo depois de tudo que ela tinha passado, ela parecia continuar inteira. Com certeza, tinha sido alguém forte. Tinha.

– Eu quero a ajudar – falei sinceramente – Se único problema foi estar em meio a monstros – falei, ignorando que ela era um.

Uma careta de desdém cruzou a face dela e eu sabia o que ela estava pensando. Que eu era o verdadeiro monstro. Eu não ligava. Eu não matava pessoas.

Todos que eu matava sempre mereciam algo muito pior que a morte.

– Eu do os nomes. Mas você precisa garantir que meu filho ficará salvo – sussurrou.

Meu respeito cresceu. Ela podia estar implorando pela vida dela, assim como todos os outros, mas, ao invés disso, ela queria salvar o filho. Isso era algo bem humano.

Ela não era como os monstros que tinham me torturado.

Apesar de ainda ser um monstro.

– Quem é o seu filho?

Hesitei quando ela respondeu. O filho dela não tinha matado ninguém, mas estava envolvido em sequestro de humanos.

– Por favor – pediu e eu sabia o quanto isso era difícil para ela.

Senti pena por um segundo. Quase ri com o pensamento de estar pena de monstros.

– Tudo bem.

.

.

.

Ninguém falou até a saída.

– Obrigada – falou a ex-prisioneira.

Olhei friamente para ela. Ela era a minha preferida dos monstros que eu tinha capturado, mas ela nunca deixaria de ser um monstro. Ela nunca seria boa.

– Não me agradeça.

O filho dela olhava com raiva para mim. Ele não tinha ficado muito grato quando eu o libertei em troca da colaboração dos nomes

– Eu juro, que eu se encontrar vocês novamente, vocês estão mortos – falei seriamente.

O filho se encolheu. Ele sabia bem que eu estava falando a verdade. Antes de ser libertado, eu o tinha feito se arrepender um pouco. Ele era bem arrogante.

– Não encontrará – prometeu a mãe – Sabemos evitar problemas.

Eu discordava muito disso, vendo onde elas estavam agora.

– Sem mais mortes – ameacei.

Se eu descobrisse que eles mataram alguém depois disso, eles iram se arrepender de eu não tê-los matado nesse mesmo momento.

– Só uma vida tranquila – concordou.

Não me interessava qual o tipo de vida teriam, mas percebi que realmente não queriam mais matar, então assenti.

Observei enquanto eles se afastavam lentamente, pensando no mundo louco que eu vivia. O mais chocante para mim era como criaturas como essas ficavam escondidas do mundo. Como os civis não notavam o que estava bem debaixo dos narizes deles? Era muita ignorância.

Eles saíram do meu campo de visão e eu decidi me mover. Era hora de voltar ao meu trabalho.

Não senti nada enquanto caminhava pelo corredor escuro com uma faca na mão. Eu só estava fazendo o que era preciso. Eu estava fazendo o que era melhor e não me culparia por causa disso.


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