Keep Holding On escrita por Tris Pond


Capítulo 12
I Feel Good


Notas iniciais do capítulo

Finalmente, pude falar um pouco mais sobre Dean, embora não tanto quanto eu gostaria...



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Quando te tenho em meus braços

Sei que não posso fazer nada de errado

E quando te tenho em meus braços

O meu amor não te fará mal algum

(I Feel Good - James Brown)

Dean era a criança mais perfeita do mundo. Ele era simplesmente adorável com os olhos verdes dele. Seu rosto era tão inocente que dava vontade de desviar o olhar só para não estragar a pureza dele.

– Mãe - ele sorriu, chegando perto de mim com uma cara travessa - Conta uma história? - pediu com a voz manhosa.

Estreitei os olhos. Ele pensava que me enganava? Eu sabia muito bem que já era para ele estar dormindo. Como eu não notara que ele estava fora da cama?

– Dean Winchester. Você sabe que já passou da hora de dormir - falei firmemente. Ele não podia ficar mimado. Não podia desrespeitar as regras assim.

Ele fez um biquinho adorável e no fundo eu sabia que tinha perdido. Eu nunca conseguia resistir quando meu filho fazia coisas tão fofas como essa, tendo que apelar para John quando não conseguia ser firme o suficiente.

– Por favor, eu juro que durmo depois - implorou.

– Ok, mas só dessa vez - avisei, seriamente.

Dean não se importou, resolvendo claramente ignorar o final do que eu falei. Ele sorriu e me arrastou para o quarto dele, se jogando na cama toda bagunçada sem cerimonias.

Balancei a cabeça em negação. Ele não tinha jeito.

Peguei o coberto e o cobri, me sentado do lado dele. Era muito confortável ficar ali, era como um refúgio seguro.

– Qual história você quer ouvir? - eu descobrira rapidamente que era difícil Dean gostar de histórias novas, então normalmente simplesmente repetia as mesmas, o que era melhor para mim, que não era tão criativa com história com finais felizes. Talvez por não ter visto muitos.

– A dos anjos.

Sorri. Eu já sabia que ele ia escolher essa. Era a preferida dele e era a que eu mais gostava de contar porque anjos eram algo muito irrealista, até para mim.

– Era uma vez um lindo anjo... - comecei a contar a história, alternado nas voz dos personagens, como eu sabia que ele gostava -... E ele conseguiu salvá-los. Eles perguntaram o que ele queria e ele respondeu que só queria que todos ficassem a salvo - terminei.

A essa altura, a respiração de Dean já estava se acalmando e eu sabia que ele estava perto de dormir. Eu ainda não estava com sono e iria esperar John voltar para casa.

– Mãe? - ele sussurrou.

– Sim?

– O anjo é feliz? - ele perguntou com uma voz sonolenta, mas curiosa.

Ele sempre perguntava algo sobre as histórias, ele gostava de saber todos os mínimos detalhes.

Hesitei. Não queria que Dean ficasse com a ideia de que é necessário salvar pessoas para ser feliz, mesmo que fique só no subconsciente. Não queria dar a menor sugestão de algo que pudesse o fazer ser um caçador.

– Não no começo. Mas depois ele conhece pessoas que o amam e ele é feliz sim - falei, mexendo nos cabelos dele, enquanto várias memórias passavam pela minha cabeça e percebi que não estava mais falando do anjo, mas sim de mim mesma.

A única coisa que eu nunca abriria mão na vida eram as pessoas que eu amo. Porque cada uma elas foi tão importante para mim que eu não seria eu mesma sem elas. Cada pequeno momento com elas, muito mais que todas os monstros que eu consegui matar, foram o que me fizeram feliz. Foi o que me fez continuar lutando.

Eu não precisava de muito para ser feliz, somente as pessoas certas do meu lado. Alguns tinham o dom de me fazer abrir o maior sorriso do mundo com quase nada, somente com a presença delas, especialmente John. Elas eram tudo.

E eu estava feliz não somente por tê-las, mas pelo modo como minha vida estava. Eu estava em paz e sendo eu mesma ao mesmo tempo, pela primeira vez.

– Mas ele não é feliz porque ele salva as pessoas; ele é feliz porque tem a quem salvar.

Dean assentiu lentamente, como se tivesse tentando gravar as palavras e eu ri da concentração dele. Mesmo que ele tentasse, ele nunca conseguiria entender todo o significado daquelas palavras. Não agora. Não sem sofrer. Desejava que nunca compreendesse.

Naquele momento tão simples, eu estava mais feliz do que jamais pensei que era possível, simplesmente porque estava do lado do meu filho, que era o centro do meu universo.

Sabia que tinha feito muito coisa errado, mas ter um filho e um marido tão perfeitos quanto Dean e John, me mostrava que eu tinha ganhado uma segunda chance de ser uma pessoa melhor. De viver uma nova vida.

Era difícil deixar tudo para trás, mas assim que eu olhava para o meu filho, qualquer duvida desaparecia. Ele merecia mais do que qualquer esforço que eu fosse capaz de fazer.

Dean era uma criança maravilhosa, podia ser meio irritante quando queria, mas normalmente era educado e inteligente. Mais importante que isso: era generoso. Ele era pequeno, mas já tinha algumas das características que eu mais admirava no mundo.

Eu não podia esperar para ver como ele seria quando crescesse. Provavelmente seria alguém dedicado e que podia fazer a maioria das pessoas se sentirem bem só estando junto, seria alguém com que os outros pudessem contar. Ele seria aquele que você pensaria em toda hora: nas boas e nas ruins.

Mas eu também não sabia se queria vê-lo crescido: queria que ele fosse para sempre o meu menino. Que ele jamais perdesse a inocência que ele tinha. Queria que ele não sofresse nem um pouco, nem mesmo o que pessoas comum sofrem.

Mais que tudo, desejava que ele nunca soubesse nada sobre os caçadores. Queria que ele ficasse longe de todo aquele mundo escuro e assustador.

Queria que ele fosse um menino normal, com uma infância normal, que tem vários amigos e que não conhecesse praticamente nada do mundo. Que fosse tão idiota quanto todos os outros adolescentes. Tivesse uma namorada para me fazer ciúmes mais tarde.

Eu queria que Dean nunca perdesse essa inocência que tinha sobre o que realmente acontecia no mundo. Eu queria que ele fosse feliz do jeito que eu não pude ser.


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Notas finais do capítulo

Ps: Do meu ponto de vista, Dean para de acreditar em anjos quando Mary morre.



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