Edward

Dormi como uma pedra naquele dia, e acordei ás 9 horas da manhã. Assim que levantei da cama já senti falta de Donna e aposto que ela estava brincando com Valentina no pátio. Tomei um banho, lavei o rosto e logo desci pra tomar café da manhã.

Uma parte ruim de morar sozinho? Ter que fazer exatamente tudo em casa: limpar, lavar, passar, cozinhar e ainda cuidar do cachorro. Uma parte boa de morar sozinho estando próximo da família? Você acaba recebendo ajuda quando mais precisa e menos espera. Assim que cheguei na cozinha a mesa do café da manhã já estava posta com tudo que eu gostava. Isso é obra de Dona Esme com toda certeza. Mesmo tendo que acordar cedo para fazer bolos, tortas e doces, ela ainda arranja tempo para cuidar de todos os filhos, mesmo que tecnicamente eles não precisem mais de tanto cuidado.

– Edward? – ouvi alguém me chamar na porta. Era minha outra baixinha, Alice, minha irmã.

– Oi, irmã mais nova. – eu a chamava assim porque nasci dois minutos antes dela. Alice se irritava um pouco com isso.

– Só não vou comentar nada porque estou na sua casa e vim aqui roubar seu café da manhã. – disse a folgada. Ela se sentou antes de mim na mesa e já começou a se servir.

– Eu não ganho um abraço? – disse fingindo estar chateado. Alice levantou rapidamente e pulou em meu colo. Alice era uma força da natureza. Toda animada, feliz e eufórica. Apesar de baixinha, Alice era uma grande mulher, defendia todos que amava com muita intensidade.

– Senti sua falta. Faz quanto tempo que não nos vemos? 1 mês? – disse Alice fazendo drama e eu gargalhei.

– Alice, nós nos vimos ontem, anteontem, antes de anteontem... – disse enumerando nos dedos.

– Tudo bem, seu insensível. – ri mais ainda do biquinho que ela fez, mas logo nos sentamos pra tomar café. Alice começou a me contar tudo de engraçado que havia acontecido ontem na doceria. Alice havia começado faculdade de moda em Milão, mas não aguentou a saudade de casa e resolveu não se formar e trabalhar na doceria. Porém há alguns meses ela resolveu fazer um curso técnico de moda que durava menos tempo que o curso normal. Ela tem que ir pra outra cidade fazer o curso, mas todos os dias volta e ás vezes ainda ajuda com os negócios da família.

Depois de tomar um café da manhã bem reforçado, Alice saiu para o curso – ela tinha aulas tanto de manhã quanto a tarde – e eu fui primeiro até a doceria ver se precisavam de mim.

– Mãe? – chamei quando entrei na cozinha. Rosalie estava ali com Tânia rindo.

– A mamãe está limpando o salão. – disse Tânia. O “salão” é a área onde ficam as mesinhas na doceria. Dei um abraço e um beijo na testa de cada uma e fui ajudar minha mãe a limpar tudo.

Depois de limpar a doceria, a pizzaria, lavar a calçada e o pátio chegou a hora do almoço. Nesse dia foi meu pai quem fez o almoço. Aqui em casa não tinha nada dessa história de que a mulher quem cozinha e cuida da casa, desde pequenos fomos educados pra entender que podemos fazer nossa própria comida, limpar nossa casa e ajudar as mulheres da família. Mesmo sendo assim desde sempre, Esme ainda ficava boba toda vez que via ‘seus meninos’ na cozinha.

Almoçamos todos juntos e deixamos nosso comércio na mão de alguns funcionários que tínhamos, afinal não dava pra fazer tudo sozinho. Depois do almoço eu ganhava um período de folga antes de entrar no ritmo alucinante da pizzaria. Resolvi usar esse tempo pra olhar mais uma vez alguns carros. Eu tinha certeza que queria um Volvo, mas ainda continuava pesquisando por outros modelos e marcas. Enquanto ia pesquisando, abri o Pheed e o primeiro post era do James anunciando que os ingressos estavam esgotados.

Bella: James me falou que você abriu mão dos seus ingressos pra mim. Obrigada.

Confesso que levei um susto quando vi a janela do chat.

Edward: James estava guardando esses ingressos porque é louco kkk Ele sabia que eu não iria.

Bella: kkkk eu percebi que ele não é muito normal. Mas obrigada mesmo assim.

Edward: não precisa mesmo agradecer.

Mas então, garota americana, quantos anos você tem?

Perguntei tentando puxar assunto e conhecê-la melhor.

Bella: Eu tenho 22 anos. E você, garoto italiano?

Edward: 24 anos.

Sinto que estou em desvantagem...

Bella: Por quê?

Edward: Você sabe mais coisa sobre mim do que eu sei sobre você.

Bella: Hm... Eu moro na Flórida e trabalho como secretária.

Edward: É só isso que tem a me dizer? E sua família?

Bella: Não é importante

Achei estranha a forma como Bella falou sobre ela e quando perguntei da família disse que não é importante. Como assim não é importante? Resolvi deixar pra lá, pois percebi que isso a incomodava, então preferi deixar passar.

Edward: Tudo bem, garota americana

Bella: Eu vou ter que desligar

Bom dia

Ops... Aí já é tarde, então boa tarde

Edward: Podemos nos falar mais hoje?

Bella: Acho melhor não

Fiquei um pouco decepcionado com a sua resposta fria, mas já havia entendido que ela estava incomodada.

Edward: Fica com Deus e tenha um ótimo dia.

Bella não respondeu mais naquele dia. Mas não tive muito tempo pra pensar nisso, afinal aos sábados a pizzaria abria mais cedo. Depois de mais uma tarde brincando com Valentina e uma noite me divertindo e trabalhando com Emmett e Carlisle na cozinha da pizzaria, fui dormir mais cedo que o dia anterior. Donna resolveu ficar na porta do meu quarto em vez de ficar dentro.

(...)

Aos domingos pela manhã minha família se reunia para ir junto á igreja e nesse momentos estávamos só esperando por Tânia que acordou atrasada.

– Pronto, família! Desculpem o atraso. – disse Tânia enquanto dava um abraço rápido em todo mundo. Sempre tão atrapalhada.

Caminhamos tranquilamente até a igreja e quando chegamos caminhamos até o meio da igreja e sentamos todos em uma mesma fileira. Minha mãe estava do meu lado direito e Emmett do meu lado esquerdo. Nos sentamos e prestamos atenção em Valentina que contava como ela havia brincado com algumas vizinhas nossas naquele dia. Pude perceber que Alice estava olhando pra trás até que ela acenou e eu olhei também. Alice estava cumprimentando um homem loiro que se aproximava dela parecendo um pouco sem graça. Eu já o conhecia de vista.

– Família, esse é o Jasper. Um amigo meu do curso. – disse Alice animada.

– Ele faz moda? – disse Emmett fazendo escândalo. Minha mãe repreendia Emmett pelo olhar e eu olhei para meu pai que estava segurando o riso. Acabei rindo e apertando a mão de Jasper.

– Prazer, Jasper. Eu sou Edward, irmão gêmeo da baixinha. – disse voltando a me sentar. Todos fizeram o mesmo e logo Jasper começou a se enturmar e explicou para Emmett que fazia curso de mecânica. Alguns minutos depois o coral começou a se organizar ao lado do altar e todos os fiéis já se sentaram esperando pelo início da missa.

Após o coral cantar uma música, o padre iniciou a missa e falou sobre perdão. Prestei atenção em tudo o que disse e na hora de fazer minha oração, permaneci com o meu pedido para que Deus me trouxesse um anjo que me amasse.