Edward

From: Catfish

To: Emmett Cullen

Olá, Emmett. Aqui quem fala é o Nathan!

Achei bem interessante a história do seu irmão, é bem diferente dos casos que já resolvemos por dois motivos. Primeiro porque se trata de pessoas em países diferentes e segundo porque seu irmão pode já ter encontrado com Bella.

O programa Catfish não costuma resolver casos de pessoas fora dos EUA, até porque aqui nós conhecemos todo o sistema e sabemos como encontrar dados que precisamos sobre alguém, porém gostamos muito dessa história e queremos solucioná-la da melhor forma possível.

Estarei deixando aqui o meu Skype e se possível gostaria de conversar com seu irmão.

Aguardando seu contato,

Nate Schulman.

Era esse o e-mail que estava na caixa de entrada de Emmett. Eles haviam aceitado? Era isso mesmo?

– Eles aceitaram! ELES ACEITARAM! – exclamou Emmett. Eu havia lido em voz alta o e-mail e só Emmett conseguiu ter uma reação.

– E agora? – perguntou Rosalie.

– E agora o Edward tem que entrar em contato com eles. Vai logo, Edward! – Emmett disse me empurrando pra cima do notebook como se assim eu fosse teletransportado pra frente de Nathan e Marcus.

Anotei em meu celular o Skype de Nate e resolvi que iria tentar falar com ele agora. Antes de sair iria perguntar minha mãe se ela ainda precisaria da minha ajuda, mas antes mesmo de abrir minha boca ela já havia gritado um “vai logo, Edward” e eu entendi o recado.

Entrei em casa correndo e liguei o notebook. Quando consegui me conectar no Skype e adicionar Nate ele estava online. Enviei uma mensagem dizendo me chamar Edward Cullen e ter recebido seu e-mail. Logo ele solicitou uma chamada de vídeo.

– Olá, Edward! Tudo bem com você?

– Tudo bem, Nate! E com você?

– Tudo tranquilo. Esse é o Marcus. – disse o Nate apontando para um cara grisalho com uma câmera nas mãos. – Já estamos filmando, tudo bem?

– Okay. – respondi meio intimidado.

– A história que seu irmão nos contou é real? Você está de acordo com o que vamos fazer?

– A história é real e eu estou de acordo.

– E você mora na Itália, certo?

– Certo. Eu teria que ir para os EUA?

– É uma situação nova no programa, mas nós resolvemos ir pra Itália.

Nate ainda me explicou que eu teria que assinar um contrato onde eu assumo aceitar aparecer na frente das câmeras. Ele me enviou o contrato por e-mail só pra me familiarizar com toda a burocracia, mas o original ele iria trazer quando viesse. Depois dessa conversa ficou marcado que Nate e Marcus viriam pra Atri na sexta-feira após o aniversário do meu pai. Eles queriam conversar melhor comigo pra saber mais sobre como eu e Bella nos conhecemos e toda a história.

Quando contei pra minha família que eles viriam pra cá, todos ficaram muito empolgados. Tentamos nos manter o mais normal possível e aproveitar esses dias que ainda tinhamos sem nenhuma câmera ou pessoas investigando.

O dia de San Antonio Abate passou como todos os outros: músicas, comidas, danças e a procissão. Dessa vez Donna estava mais empolgada que eu e quase me arrastou viela abaixo tamanha sua força e ânimo.

A festa só acabou depois das 3 horas da manhã, mas eu havia ido deitar antes. Conversei com Bella pela noite, mas não falei nada sobre Nate e tudo que aconteceu no dia. Bella contou que interrompeu o curso de italiano há alguns meses e agora estava pensando em voltar.

(...)

Sabe quando você quer muito que uma coisa aconteça e as horas parecem demorar a passar até chegar o momento? Não foi isso que aconteceu comigo. Antes que pudesse perceber o aniversário do meu pai já havia passado e faltavam apenas algumas horas para enfim chegar a sexta-feira.

Na quarta, dia 22, Carlisle surpreendeu a todos e ele mesmo preparou um almoço de comemoração. Ele estava comemorando antecipadamente a chegada de Bella, de acordo com ele. E eu todo dia rezava pra que ele estivesse certo. Minha família estava tão envolvida com isso que chegou a cogitar manter os negócios da família fechados até que tudo se resolvesse, mas eu não permiti.

Com tantas pizzarias por aí, deixar a nossa fechada era como dizer “não queremos mais trabalhar, procurem outra pizzaria e não voltem mais” e eu já me sentiria culpado o suficiente caso essa história não terminasse bem, não precisava assumir mais esse risco. Eu ainda prometi que continuaria trabalhando da mesma forma, só teria que reservar um tempo pra conversar com Nate e Marcus sobre toda a história.

No dia 24 pela manhã, Emmett resolveu que iria buscar Nate e Marcus no aeroporto. Eu me prontifiquei a fazer isso, mas nervoso do jeito que eu estava era capaz de causar um acidente. Emmett saiu cedo – antes das 7 horas da manhã – porque a equipe chegaria ás 9 horas no aeroporto e o mesmo ficava um pouco afastado daqui. Seria mais seguro meu irmão buscá-los, pois as ruas de Atri são bem apertadas, estreitas, a cidade é pequena e cada rua da cidade leva á uma praça diferente o que acaba facilitando que as pessoas se percam por aqui.

Tentando me distrair e acalmar fiquei trabalhando na doceria até a hora do almoço. Enviei uma mensagem pra Emmett perguntando onde ele estava e ele disse que estava quase chegando em Atri e demorou porque o pessoal da equipe iria precisar de um carro só deles e esse demorou a chegar.

Subi para meu quarto, tomei um banho e já preparei tudo para recebe-los. Coloquei meu notebook na sala e a caixa da encomenda que eu ainda tinha. Pensei em entrar no Pheed ou mandar uma mensagem pra Bella, mas isso me deixaria mais nervoso. Menos de 10 minutos depois, escutei o carro de Emmett estacionando na garagem. Desci e esperei na porta da minha casa.

– Edward? – perguntou Nate assim que saiu da garagem.

– Eu mesmo. Prazer. – disse apertando a mão que ele havia estendido. Fiz o mesmo com Marcus que já estava com a câmera nas mãos. Atrás de Nate, Marcus e Emmett ainda haviam três pessoas: uma pessoa com outra câmera mais profissional em mãos, uma pessoa que estava segurando os cabos da câmera e um que estava com alguns papéis em mãos.

– Nós já podemos começar a gravar com essa câmera? – perguntou Nate. Antes de vir o mesmo havia me explicado que muitos não se sentiam á vontade com essa câmera e deixava apenas Marcus filmar. Eu não me importava de maneira nenhuma.

– Por mim tudo bem. Entrem. – chamei. Eles olhavam pra casa surpresos.

– Quer que eu fique? – perguntou Emmett.

– Você que sabe. – disse.

– Vou ver se o pai precisa de ajuda. Qualquer coisa tu pode chamar. – ele disse e saiu. O homem que estava segurando alguns papéis indicou os lugares onde devíamos sentar pra começar as gravações. Logo entendi que ele era o diretor do programa.

– Bom, nós vamos montar os equipamentos aqui, mas será só eu, você e Marcus, okay? – explicou Nate.

– Como você preferir. – disse ainda muito nervoso. Ofereci água pra eles e todos aceitaram. A viagem deve ter sido cansativa. Nate me entregou o contrato que eu precisaria assinar e depois de ler mais uma vez e assiná-lo, ele começou a dar instruções de como tudo seria.

– Antes eu vou explicar algumas coisas okay? – disse e eu assenti. – Nós não vamos filmar 24 horas por dia e nem tudo que for filmado será colocado na edição final. Se você vetar alguma imagem, ou quiser ocultar o nome de alguém você pode dizer a qualquer hora. Em alguns momentos Marcus vai pegar algumas imagens suas com a câmera até porque se algum momento você se sentir desconfortável com essa – ele disse apontando pra câmera maior – nós podemos gravar com a do Marcus. Tem alguma coisa que você queira falar antes de começarmos?

– Eu não vou precisar ler nada e nem seguir um roteiro né? – perguntei. Eu era uma dessas pessoas que raramente ou nunca acreditava nesses programas de TV. Pra mim tudo era armado e eu esperava que esse não fosse.

– Absolutamente. Vai ser tudo muito natural. Eu só preciso que você seja o mais sincero e detalhista possível. Quando ligarmos a câmera você tem que me dar todas as informações sobre você e sobre sua história com Bella. Se eu precisar de algo mais eu irei perguntar e se algo não ficar muito claro eu talvez peça pra você explicar novamente. Você pode olhar pra mim, pra Marcus, pra onde você quiser. Pode esquecer mesmo as câmeras. Tudo bem? Podemos? – perguntou Nate. Ele era um cara super tranquilo e depois de ver o filme e saber tudo o que ele já havia passado, me admira que ele seja assim tão paciente.

– Podemos. – disse simplesmente. O próprio Marcus se levantou e ligou a câmera maior.

– Me conta, Edward, como você conheceu Bella?

– Eu trabalho como fotógrafo e fiquei algum tempo estudando nos EUA e lá fiz muitos amigos. E James foi um deles. James é como um produtor de eventos e quando ele planejou uma festa com um DJ italiano, houve um problema com o fotógrafo e ele pediu pra que eu o ajudasse. Eu teria que tirar umas fotos desse DJ em uma cidade próxima e só. Mas acabei me envolvendo mais na divulgação do evento e o James havia feito um perfil no Pheed só pra tratar sobre a festa. Então um dia uma garota me enviou uma mensagem no chat perguntando sobre os ingressos do evento achando que eu era o responsável.

– E era Bella? – perguntou Marcus.

– Sim. No início era só pra saber sobre os ingressos, James havia guardado um par de ingressos pra mim, mas eu não vi necessidade e perguntei se poderia vender pra essa garota e ele não ligou.

– E depois? Como isso evoluiu pra uma amizade? – perguntou Nate.

– Eu sou um cara que adora conhecer pessoas novas, conversar, então eu havia feito uma brincadeira com Bella e percebi que ela era uma garota muito curiosa e tímida. Depois disso eu sempre dava um jeito de puxar assunto. Bella comentava sobre as minhas fotos, falamos sobre os nosso gostos, descobri que ela gostava de cachorro assim como eu e pronto. Viramos amigos.

– E como vocês trocaram contatos? Digo... como você tinha o endereço dela e ela tinha o seu? – perguntou Marcus.

– Bom, depois de algum tempo de amizade, eu não trabalhava efetivamente como fotógrafo, eu preferia mesmo ajudar meus pais com a pizzaria e com a doceria. Minha irmã Tânia achava que eu desperdiçava meu talento e pediu que eu criasse um site pra divulgar minhas fotos. Eu aceitei, mas ela ficou por conta desse site e eu nem sabia o que tinha nele. Nesse site ela acabou colocando o meu endereço, Bella viu e me enviou um presente.

– Que presente? Você pode mostrar? – perguntou Marcus se mostrando ansioso.

– Ela me enviou um álbum com fotos de tudo aquilo que fazia parte do mundo dela e um pacote do doce preferido dela. Eu meio que devolvi o presente completando uma parte do álbum com fotos sobre aquilo que fazia parte do meu mundo. Enfim, no mesmo dia que eu recebi o presente, eu pedi pra ela o número do seu telefone e ela passou. – quando acabei de falar, Marcus se levantou e desligou a câmera.

– Vamos fazer uma pausa? – perguntou Nate e eu afirmei.

– Deixa eu apresentar a casa. – disse. Levei eles para o pátio e apontei onde era a casa de cada um. Marcus se mostrava super curioso sobre a nossa convivência e Nate era bem humorado. Fazia piadas a todo momento sobre isso. Levei eles á pizzaria e apresentei tudo e todos por lá, e na doceria fiz a mesma coisa. Marcus ligou a câmera para conversar com todo mundo e perguntou a mesma coisa a todos: o que você acha do relacionamento de Edward e Bella?

Depois de conhecer toda a área e quase toda a família já que Valentina estava na escola, Nate perguntou se já poderíamos voltar para gravar o restante. Sentamos no mesmo lugar em que estávamos antes e Marcus ligou a câmera.

– O contato de vocês era só através do Pheed e por telefone? – perguntou Nate.

– Sim. – respondi simplesmente.

– Você nunca viu uma foto dela, certo? – perguntou Marcus.

– Ela me enviou duas fotos dela. Uma de quando ela era um bebê e uma outra onde não dá pra ver seu rosto direito. Fora a foto do perfil que é ela de costas. – dito isso, Nate me pediu pra ligar o notebook e mostrar tudo que fosse possível enquanto Marcus ficava em cima filmando tudo. Depois de filmada a tela do computador e Nate ter me perguntando coisas como “você chegou a enviar fotos íntimas suas?” “ela já te pediu algo estranho?” e a resposta para todas as perguntas ter sido negativas, paramos as gravações do dia.

Nate e Marcus estavam indo embora procurar um hotel pra ficar já que não acharam nada pela internet. Meus pais ofereceram que eles ficassem na casa deles no quarto de hóspedes. O produtor do programa não aceitou, pois queria conhecer uma cidade que ficava próxima dali e já iria ficar por lá, mas Nate e Marcus aceitaram a proposta.

Na hora do jantar eles estranharam um pouco nossa maneira de comer, mas logo se acostumaram. Antes de ir deitar eles pediram a senha das minhas redes sociais, porque já começariam a monitorá-las. Nate me prometeu que não iriam interferir em nada: eles não iriam responder ninguém sem a minha autorização. Dessa maneira acabei passando todas as senhas.

Para não perder a coragem de investigar Bella, preferi não entrar em contato com ela durante esse tempo. Pelo menos hoje, afinal foi um dia com muitas surpresas.