Edward

Dezembro

Quando Dezembro chegou eu senti que o mês seria cheio de surpresas. A primeira delas veio em forma de e-mail. Há alguns meses eu havia entrado em contato com uma concessionária, mas como a mesma na época não tinha o modelo que eu queria, prometeram entrar em contato assim que chegasse. E logo no início do mês eu recebi a notícia que eu já poderia ir pra concessionária e escolher a cor do meu carro. E o preço? Estava ótimo! Não havia mais obstáculos para a compra do meu primeiro carro.

Edward: Você não vai acreditar

Bella: O quê?

Edward: Vou comprar meu carro amanhã

Bella: Sério? Parabéns, Edward! Qual carro? Que cor é?

Edward: Seria um Volvo XC60 prata

Bella: Ele é lindo

Edward: Você conhece?

Bella: Google Imagens, Edward

Edward: kkkk

Bella se mostrou bastante interessada em saber mais sobre o carro que eu iria escolher e eu estava super empolgado para buscá-lo.

No dia seguinte resolvi não falar pra ninguém sobre o carro. Iria fazer surpresa. Saí de casa rumo á concessionária. Eu sempre tive muita vontade de ter um carro que fosse esportivo, familiar e luxuoso. É difícil unir as três coisas em um carro só, então eu tinha que escolher o que era mais importante pra mim no momento. Minha primeira ideia era comprar um Volvo XC60, mas quando vi ele lá naquele salão já não parecia tão agradável. Era esportivo demais, luxuoso demais.

Conclusão: saí da concessionária sem meu carro. Quando cheguei em casa fui direto para o computador, precisava de uma ajuda. Fui pesquisando outros carros de outras marcas e estilos e nada me agradava.

Bella: E então? Comprou seu carro?

Edward: Não gostei de nenhum

Bella: Você não queria um Volvo XC60 prata?

Edward: Queria, mas quando vi o carro lá não consegui me imaginar nele. Quer me ajudar a escolher outro?

Bella: Eu não entendo nada de carros

Mas vou tentar te ajudar

Passei uma boa parte da tarde pesquisando carros e ligando para a concessionária para perguntar se existia aquela marca lá. Bella ficava preocupada em dar sua opinião, me influenciando na escolha e depois eu descobrir que eu não gosto do estilo do carro, mas depois de muito custo consegui arrancar algo dela.

Bella: Pode parecer idiota, mas quando você fala em Itália e carros eu lembro da Fiat, então eu andei pesquisando uns carros dessa marca...

E quando fala em carro esportivo, família e luxuoso... Eu lembro do Freemont Precision.

Não é tão luxuoso, mas é muito espaçoso, seguro e moderno. Acho que combina com você.

E não é que Bella estava certa? No dia seguinte quando fui á concessionária e olhei para o Fiat Freemont Precision 2012, eu me apaixonei. Ele pode não ser o carro mais incrível do mundo, pra mim ele era. Eu imaginava uma família passeando com esse carro, indo pra praia com o teto solar aberto. Era esse!

Saí da concessionária já dirigindo o meu carro. Assim que cheguei na rua da minha casa, parei em frente a doceria e comecei a buzinar. Logo Esme saía para ver o que estava acontecendo.

– Dio mio! (Meu Deus!) – minha mãe exclamou assim que me viu sair do carro. – Filho, você comprou?

– Finalmente, mamma. – disse e ela me abraçou.

– Parabéns, filho. É lindo! – ela exclamou e seus olhos estavam brilhando. Antes que pudesse apresentar meu carro para ela, Alice subia a viela com Jasper e quando viu meu carro saiu correndo e gritando pra dentro de casa chamando todo mundo. Logo minha família inteira estava ali do lado de fora, esquecendo o trabalho, apenas para comemorar comigo essa nova conquista.

Mais tarde tirei foto do carro e mandei pra Bella. Ela ficou eufórica e ao mesmo tempo preocupada. Ela não parou de perguntar se eu havia gostado mesmo e o quanto eu havia gostado.

Bella: Você gostou mesmo do carro, Edward? Tem certeza que é ele mesmo que você quer?

Edward: Claro que tenho, Bella! Aliás... obrigado mais uma vez por me ajudar

Bella: Ai, Edward!

Edward: O quê?

Bella: Você não escolheu esse carro só porque eu falei não, né?

Edward: Você tá preocupada com o quê?

Bella: Não quero que me culpe caso mais tarde descubra que esse carro não é pra você!

Eu ficaria muito mal

Edward: Fica tranquila! Eu amei mesmo esse carro!

Como você já me conhece tão bem hein?! Obrigado mesmo!

Bella: É um dom que eu tenho! Não precisa agradecer

Edward: Tá ficando muito convencida hein?

Bella: Nada a dizer sobre isso =x

Na hora do jantar eu descobri que minha mãe detestava o Volvo que eu iria escolher, mas não havia dito nada com medo de me magoar. Ela disse que o carro era muito pequeno, luxuoso demais e não combinava comigo. Mas também havia dito que amou a minha escolha e quando disse que Bella havia me ajudado a escolher ela ficou ainda mais feliz.

(...)

Natal. Sem dúvida alguma é a melhor época do ano pra mim. Era tempo de se reunir com a família e comemorar o nascimento de Jesus. Montar a árvore, preparar a ceia, comprar presentes e contar histórias. Era nisso que se resumia o mês de Dezembro.

Hoje é dia 24 e enquanto na maior parte do mundo é feriado, aqui era como um dia de trabalho normal. Porém esse ano resolvemos seguir uma programação especial. Minha família resolveu sair de igreja em igreja para avaliar o presépio das mesmas. Aqui na cidade havia uma espécie de competição para avaliar qual igreja tinha o melhor presépio. Visitamos todas e participamos de 5 missas enquanto estávamos nessa jornada.

Depois desse passeio que ocupou a manhã toda e uma parte da tarde chegamos em casa e já de cara tive uma surpresa. Em frente á casa, no lado que seria os fundos, havia uma pessoa - responsável por entregar encomendas - parada com uma caixa em mãos.

– Eu tenho uma entrega para o Sr. Cullen. – disse o entregador.

– Temos três aqui. – respondeu Emmett.

– Hm... – resmungou o entregador enquanto avaliava a caixa. – Edward Cullen?

– Sou eu. – disse me fazendo presente.

– O senhor poderia assinar aqui, por favor? – perguntou e eu logo assinei. Peguei a caixa que ele me entregava e entrei em casa. Todos olhavam com curiosidade para a encomenda que estava em minhas mãos.

– De quem é, Edward? – perguntou Alice.

Olhei bem para caixa e tive que virá-la para achar a etiqueta. Quando vi o nome do remetente eu nem acreditei. Bella Marie. Miami, Flórida, EUA. Não acredito que Bella havia me enviado um presente de Natal.

– Bella. – respondi ainda em choque. Minha família ficou eufórica e pediu pra que eu abrisse logo a caixa. – Logo eu mostro pra vocês. – disse e saí correndo até o meu quarto. Fechei a porta porque sabia que a curiosidade poderia ser maior que o bom senso dos meus irmãos. Conectei na internet e logo enviava uma mensagem para Bella.

Edward: Acabei de receber sua encomenda.

Bella: E você gostou?

Edward: Eu ainda não abri.

Bella: Então abre logo kkk

Peguei uma tesoura para cortar a fita que envolvia a caixa. Depois de cortá-la, abri e dentro havia uma espécie de livro... Não! Era um álbum com a capa de couro azul escura. Assim que abri o álbum pude ver fotos de várias coisas diferentes. Comida, animais, lugares e até da televisão passando algum programa que eu não reconheci. O álbum não estava todo completo, mas na última página com foto havia um cartão com os seguintes dizeres:

“Edward, eu não sabia como presentear uma pessoa tão especial e doce quanto você. Mas encontrei uma maneira e espero que me diga se achar tudo muito estúpido!

Nesse álbum eu tentei trabalhar um pouco com aquilo que você mais gosta de fazer: tirar fotos. E essas fotos são de todas as coisas que eu gosto e fazem parte da minha vida: a visão da janela do meu quarto, minha comida preferida, e até da minha televisão passando Friends (minha série de TV favorita). Espero que goste disso.

P.S.: No fundo da caixa tem um pouco do que eu mais gosto de comer. Aproveite!”

Só então percebi que havia no fundo da caixa um pacote de cookies. Deus! Bella era incrível! Eu havia amado tudo que ela enviou. Havia amado a maneira que ela estava se abrindo e me mostrando o seu mundo.

Bella: Edward!

Não me deixa ansiosa

Responde!

Edward: Bella, você é incrível! Eu amei o álbum, as fotos de tudo que você gosta... É um dos melhores presentes que eu já ganhei na minha vida.

Obrigada por abrir o seu mundo para mim dessa maneira!

Bella: Fico muito feliz que tenha gostado, Edward.

Edward: Minha família está ansiosa pra ver o que ganhei

Você espera um minuto?

Bella: Tudo bem :)

Desci correndo e fui até o pátio onde a minha família estava parada quase da mesma forma que a deixei. Mostrei pra eles o álbum e ele foi passando de mão em mão com todos comentando as fotos, rindo de algo divertido que ela colocou ali e achando tudo doce e encantador.

Ainda mostrei o pacote de cookies que ela havia me enviado. Minha família achou graça disso e só então me fizeram a pergunta que eu nem tinha me questionado.

– Como ela sabe seu endereço? Você passou pra ela? – perguntou Rosalie.

– Sabe que eu não tinha me dado conta disso? – respondi. Esperei minha família acabar de ver o álbum e de experimentar os cookies, e logo voltei para frente do computador.

Edward: Bella, como você sabe meu endereço?

Bella: Não é uma história tão emocionante

Eu entrei no seu site e lá tem o seu endereço

Edward: Eu nem sabia disso kkk

Estou me sentindo em desvantagem

Bella: Indiretamente você já sabe meu endereço...

Bella definitivamente tinha me deixado desnorteado com esse presente. Peguei a caixa da encomenda mais uma vez e vi o endereço completo de Bella no verso.

Edward: Mas se você tivesse pedido meu endereço eu teria pedido algo diferente em troca

Bella: Tudo bem

O que o senhor Cullen deseja em troca do seu tão precioso endereço?

Edward: Seu número de telefone, pode ser?

Perguntei na esperança de que ela dissesse ‘sim’.

Bella: Anota aí

Bella estava tirando o dia para me surpreender. Ela me enviou o número de telefone dela e minha primeira reação foi pegar o celular para ligar pra ela naquele momento, mas também queria surpreende-la.

Edward: Obrigado, cuore.

Bella: Não há de quê kkk

Vocês já estão preparando a ceia aí?

Edward: Nós não ceiamos no dia 24, apenas no dia 25 na hora do almoço.

Bella: E hoje vocês não comemoram? Não fazem nada?

Edward: Hoje eu já saí pra visitar algumas igrejas...

Expliquei para Bella a questão do presépio, tirei uma foto mostrando a decoração do pátio com a árvore de Natal e o nosso presépio, além das guirlandas na porta de cada um e as luzes nas janelas. Bella ficou encantada e disse não se lembrar se teve um momento assim na sua infância.

Depois de muita conversa e história, nos despedimos e eu fui ajudar minha mãe a preparar o almoço de amanhã.

– Você ficou bem feliz com o presente, filho. Dá pra ver que seus olhos estão brilhando. – disse minha mãe.

– Não foi simplesmente o presente e sim a forma que ela se abriu comigo. Ela está me deixando entrar no mundo dela. – disse rindo como um bobo.

– Todo mundo ficou encantado com essa ideia dela, com as fotos e o carinho que vocês parecem sentir um pelo outro.

– Ela é muito importante pra mim. – respondi simplesmente.

O almoço ceia do dia seguinte já estava pronto. Eu e minha mãe fomos nos arrumar, ficamos por último devido ao tempo que dedicamos á comida. Apesar da missa começar um pouco antes da meia-noite chegamos na igreja cedo, pois no fim do ano as igrejas costumavam ficar muito cheias e muitos fiéis ficavam sem lugar. Era difícil imaginar isso acontecendo em Atri, mas acontecia.

Assim que chegamos encontramos Marie, Charlie e sua esposa Sue. Nos cumprimentamos e resolvemos sentar todos juntos na mesma fileira. Como considerávamos Marie parte da nossa família, sempre a chamavamos para passar o Natal em nossa casa. Esse ano ela aceitou sem reclamar, pois Charlie e Sue já haviam concordado em passar as festas conosco.

O coral já havia cantado quatro músicas quando o padre se posicionou para começar a missa. Olhei para trás e percebi a igreja lotada, tinha pessoas em pé nos corredores laterais. Era uma imagem muito bonita.

“Senhor, diante de teu presépio deposito todos os meus sonhos, todas as lágrimas, todos os anseios e esperança contidos em meu coração. Abençoe o meu lar, senhor, que nele habite apenas a paz, o amor e a sabedoria. Que sua luz esteja sempre acima de nós, afugentando toda a dor e todos os sonhos ruins. Proteja aqueles que amo, meu pai. Concede-nos saúde e não permita que eu saia do caminho que o Senhor escolheu para mim.”

Depois de uma noite na missa com minha família, voltamos para casa. Minha mãe tanto insistiu que Marie, Charlie e Sue resolveram ficar aqui. Os três ficaram nos quartos de hospedes da casa dos meus pais. Me despedi de todos e fui pra minha casa. Assim que tomei um banho, não consegui nem mesmo fechar a janela e logo caí no sono.

(...)

No dia seguinte acordei ás 9 horas da manhã e a primeira coisa que fiz foi dar um banho em Donna. Ela ficou quietinha como sempre e me deixou fazer uma limpeza completa. Até as unhas dela eu cortei. Na hora de secar foi uma luta. Ela não gostava da toalha sobre os pelos dela e não gostava do calor do secador, então era meio complicado. Sequei ela o máximo que consegui, escovei seu pelo e deixei que ela corresse por aí exibindo sua pelugem branca e brilhante.

Só depois de cuidar de Donna eu me arrumei para o almoço de Natal. Antes do almoço trocamos os presentes. Para as mulheres os presentes se resumiam em: saltos, perfumes e jóias. E para os homens foi uma surpresa. Esme, Alice, Tânia, Rosalie, Valentina e até mesmo Sue e Marie haviam comprado equipamentos de esqui anunciando que teríamos uma “‘settimana bianca”, ou seja, uma semana dedicada aos esportes na neve.

Nós iríamos para uma estação de esqui na região de Molise. E enquanto Alice contava como foi conseguir o hotel e tudo que precisariamos na viagem, resolvi que estava na hora de ligar para Bella. Eu queria muito poder escutar a voz dela e não havia momento melhor para isso.

– Alô?

– Con chi parlo? (Com quem falo?) – perguntei apesar de lá no fundo sentir que aquela voz doce e tranquila era de Bella.

– Edward?

– Felice natale, mia stella. (Feliz Natal, minha estrela) – disse e a ouvi rindo do outro lado.

– Você é incrível, Edward! Feliz Natal, anjo. – disse Bella. Era a primeira vez que Bella me chamava por um apelido e eu amei. Anjo.

– Anjo? – perguntei procurando deixá-la envergonhada.

– Quer me deixar sem graça até por telefone? – perguntou.

– Longe de mim fazer isso. – brinquei e escutei a mesma rindo. O som da risada dela é algo que eu gostaria de gravar e escutar sempre que pudesse. Continuamos falando de tudo e ao mesmo tempo sobre nada, até que Alice apareceu no meu campo de visão.

– Está falando com quem? – ela perguntou. Pedi para Bella esperar um minuto.

– Estou falando com Bella. – disse e Alice fez uma cara de apaixonada e jurei poder escutar um “awn” enquanto ela voltava de onde veio. Estranha.

– Eu vou ter que desligar agora, Edward. – Bella disse e eu percebi tristeza em sua voz.

– Sério? – perguntei.

– Sim. Eu queria muito continuar falando com você. – disse. Era incrível como nossa conexão era forte.

– Eu também queria. Mas eu posso te ligar outro dia?

– Claro que sim! – exclamou agora mais feliz. Nos despedimos com muito pesar – mesmo após 40 minutos ao telefone - e ao mesmo tempo feliz por ter dado mais esse passo na nossa amizade.