Um divã para dois escrita por Tulipa


Capítulo 8
Oito


Notas iniciais do capítulo

Gente essa coisa de não dar nome aos capítulos é libertador. Hahahahaha



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/589814/chapter/8

*Tony*



É estranho acordar no quarto em que ela dormiu por toda infância e adolescência, pois eu não sei como vim parar aqui, e ainda mais porque ela não está ao meu lado. Até onde me lembro da festa, o aniversário do meu sogro foi melhor do que eu esperava, a minha sogra não pegou no meu pé e a minha esposa estava mais amorosa do que nunca. Me movo na cama, as cobertas escorregam e sinto frio numa parte do meu corpo que não deveria estar descoberta. Porque eu estou pelado no quarto da minha esposa, na casa dos pais dela?

Sento-me na cama e corro os olhos pelo local, o quarto dela é lindo e continua igual desde a primeira vez que estive aqui, embora nunca tivéssemos dormido aqui. Pepper é filha única e sempre teve do bom e do melhor, mas, mais que isso, os pais dela deram amor e referência familiar, coisa que eu nunca tive. Sobre a cômoda há um porta-retratos com uma foto dela ainda criança, as sardas eram muito mais evidentes, ela tinha menos cabelo, mas esses poucos fios enrolavam nas pontas, o sorriso com apenas alguns dentes deixam-na ainda mais fofa. É impossível não pensar em como ela seria. Não quero pensar.

Levanto-me, me enrolo ao edredom e caminho pro banheiro, não posso deixar de reparar nas nossas roupas pelo chão. Queria realmente me lembrar da nossa noite. Pelo visto foi boa. Boa como há muito tempo não era. Entro no banho e não fico muito tempo, quando saio ela está sentada em sua cama, mas o que me surpreende é a bandeja de café que ela deixou sobre a cômoda.

—Café na cama?— arqueio a sobrancelha.

—Achei melhor tomarmos café aqui, estou com um pouco de vergonha de encarar meus pais e a vovó Franny, que, ao que parece, milagrosamente deve ter voltado a ouvir bem essa noite.— ela diz.

—O que tá acontecendo, Pep? Porque dormimos aqui, a gente não ia pro hotel?— eu me sento também. Embora o hotel seja dos pais dela, assim como a casa, ficarmos hospedados lá sempre nos deu mais liberdade.

—Íamos, mas o aniversário do papai estava bastante animado. Nós bebemos um pouco demais e terminamos a noite com roupas de menos.— ela responde.

—Na frente das pessoas?!

—Claro que não, Tony! Aqui no quarto. Eu acho.— ela diz vacilante.

—Eu não me lembro de ter tirado as minhas roupas, quem dirá as suas.

—Bem-vindo ao clube.— ela diz envergonhada —Mas... uma xícara de café e a minha mãe acabam de refrescar a minha memória. O que foi constrangedor.

—Então me esclarece, por favor?

—Eu tinha decidido não beber, mas aí o tio George chegou com caixas e mais caixas da cerveja artesanal que ele produz. Papai falou “Experimenta, Anthony”, e apesar de já ter bebido várias doses de uísque, você experimentou, adorou, e me convenceu de que era realmente boa. Foi então que a festa começou.— ela ri —Nós bebemos muito e mamãe não nos deixou ir para o hotel. Acho que quando subimos, estávamos animados demais pra dormir.— ela diz.

—Nós fizemos amor?— ela aquiesce e morde o lábio —Parece que fizemos —Que cara é essa?— ela pergunta quando eu franzo o cenho.

—Não me lembro. A gente pode recapitular?— pergunto desfazendo o laço do seu robe.

—A gente já fez bastante barulho ontem, Tony...— ela vacila.

—Mas eu...— deslizo os dedos por entre seus seios abrindo o robe —...Eu não me lembro.— me aproximo mais e beijo seu pescoço, corro uma trilha de beijos até o lóbulo da sua orelha —Foi bom?

—Deve ter sido.— ela ofega.

—Então nós podíamos fazer de novo, né?— beijo seu rosto —Pra que possamos ter certeza.— beijo sua boca —Me deixa te amar de novo?

—Deixo.— ela sussurra contra os meus lábios —Eu deixo.— a beijo com tanta voracidade que acho que a assusto, meu desespero ao beijá-la talvez seja o medo de que ela mude de ideia. Por favor, baby, não mude de ideia. Ela traz as suas mãos aos meus cabelos e os puxa levemente afastando sua boca da minha —Não vou fugir, Tony.— ela diz ao me olhar nos olhos.

Volto a beijá-la enquanto a deito sobre a cama, ajeitando meu corpo sobre o seu, corro minha mão por sua perna e então por entres as coxas até chegar aonde quero. A maneira como ele geme e a facilidade com a qual meus dedos deslizam para dentro dela me dá a certeza de que ela quer o mesmo que eu.

—Será que foi tão bom quanto ontem?— pergunto enquanto faço círculos com os dedos nas suas costas.

—Não... aposto que foi melhor.— ela me responde antes que eu me sinta um lixo, porque foi assim que eu me senti naquela noite quando ela fingiu que foi bom.

—Aonde você vai?— pergunto impedindo que ela saia de cima de mim.

—Tony, meus pais e minha avó estão lá embaixo, bem acordados, e daqui a pouco todo mundo que estava aqui ontem vai voltar pro almoço.— ela se levanta e logo envolve-se no robe.

—Tio George vai trazer mais cerveja pro almoço?— me apoio aos cotovelos.

—Talvez, mas eu não vou beber e nem você.— ela pega uma uva da bandeja e arremessa contra mim. Eu quero essa Pepper. Quero ficar em Portland.

Quando a tarde cai é hora de voltarmos pra nossa realidade, confesso que não queria que esse momento chegasse porque eu não sei qual Pepper vai voltar comigo. Estou na varanda esperando por ela quando meu sogro se aproxima.

—Elas já vão descer, Ginny está se despedindo da avó.— ele me avisa, aquiesço —Pelo visto essa coisa de terapia realmente funciona, não é?— ele questiona, não sabia que ele sabia —Achei que vocês não fossem ter volta, mas vocês parecem bem.

—Estou fazendo de tudo pra que fique mesmo bem, eu amo demais a sua filha, Jonathan.

—Eu sei.— ele diz colocando a mão no meu ombro. Se o cardiologista não tivesse proibido, essa seria a deixa para acendermos um charuto, sentarmos na varanda e tomarmos uísque.

—O que está acontecendo aqui?— Pepper pergunta, talvez por estranhar a minha aproximação com seu pai.

—Estava dizendo pra ele que vou reformar a casa, pois me dei conta de que as paredes são finas demais...

—Pai!

—...Ou pelo visto apesar dos meus recém-completos 67 anos eu ouço muito bem.

—Jonathan!

—O que foi, Sue?

—Você não disse que pararia com as piadas?— Susan pergunta.

—Disse que não tocaria nesse assunto na hora do almoço com a família toda aqui.— ele brinca.

—Obrigado pela consideração, Jonathan, é por isso que você é meu sogro favorito.— eu brinco.

—Vocês se merecem mesmo.— Pepper fala —Eu só não sei o que fiz pra merecer vocês dois.

—Bem, o seu pai você não pôde escolher, já o marido.— Susan alfineta. Ela leva a sério aquela história de que sogras devem implicar com os genros, o fato de Jonathan simpatizar comigo e jogar no meu time só ajuda na implicância.

—Acho que é hora de irmos, né?— Pepper pergunta e eu concordo.

—O que é isso?— pergunto ao reparar no embrulho em suas mãos.

—Nossa refeição de bordo, bolo de aniversário.

—Vai ser ótimo não precisar cozinhar.— eu digo —Até mais, sogro.— me despeço.

—Até, genro, obrigado pela gravata, mas eu preferia os charutos.— Jonathan brinca pra provocar esposa.

—Vou pensar em um presente que seja tão bom quanto os charutos, mas menos nocivo.— falo pra ele.

—Até mais, Sue.— me despeço da minha sogra.

—Até, Tony.— ela me responde.

—Vocês podiam ir em casa, né?— Pepper diz ao abraçar os dois.

—Quando você voltar a morar na praia, pequena.

—Não sei se um dia eu conseguirei voltar àquela casa.

—O problema não é a casa, pequena, são as suas lembranças.— ele a beija na testa.

—Não tenho como esquecer.— ela funga.

—Ninguém disse que você deve esquecer, você só precisa superar.— ele diz.

—Ela está tentando, não está?— Susan pergunta afagando o rosto de Pepper.

—Estou.— ela responde.

—Então logo estará tudo bem.—Susan a beija na testa também.

—Eu amo vocês.— ela diz, os solta e me dá a mão.

—Façam boa viagem.— Susan diz antes de entrarmos no táxi.

No trajeto até o aeroporto ela deita a cabeça em meu ombro e pergunta —Foi um bom final de semana, não foi?

—Foi.— respondo ao beijar seus cabelos —O melhor final de semana dos últimos sete meses.





Nova York

Saio do banho com a certeza de que estou atrasado. Preciso correr, sempre saio mais cedo, porque depois das seis a cidade é um caos. Jeans, meias, tênis, sueter, arrumo o cabelo, perfume, visto a jaqueta.

—Jarvis que hora são?

—05:50pm, Sr— praguejo mentalmente.

Caminho rumo à sala, a chave do carro está sobre a mesa de centro, perto de onde o meu celular deveria estar. Só acho o aparelho porque ele toca, e pelo toque sei que é a Pepper.

—Eu sei que estou atrasado.— falo ao atender.

—Pra variar, mas ainda bem que você é você.— seu tom é doce, ela tem sido um amor desde a nossa viagem —Preciso de um favor, me traz outro casaco?— ela pede.

—Está tão frio assim?

—Não, eu estava saindo do café e esbarraram em mim, meu casaco está destruído.

—Levo outro, daqui a pouco estou aí.— desligo o celular, guardo na jaqueta e vou ao closet, pego o primeiro sobretudo que vejo, ele é preto e deve combinar com a roupa que ela está usando.

Quando chego ao prédio do consultório, Pepper está me esperando ao lado da pilastra entre as vagas onde costumamos estacionar.

—Obrigada.— ela diz ao pegar o casaco, tira o sujo, joga-o no banco traseiro do meu carro e coloca o limpo —Eu estava congelando como aquele seu amigo.— ela ri. Sei bem de quem ela está falando, mas nós somos mais colegas de trabalho do que amigos.

—Eu sofreria muito se você se transformasse num Pepicolé.— gracejo.

—Como você pensa nessas respostas tão...?— pergunta entortando a cabeça pro lado esquerdo —Não importa. Você não vai mudar.— ela sorri —Eu fui ao banheiro do café e me limpei como pude, vê se eu não estou fedendo café e canela?— ela se aproxima, fica na ponta dos pés e levanta a cabeça me dando acesso ao seu pescoço. Eu corro o meu nariz por toda a extensão de seu pescoço, há um leve aroma de café, mas seu perfume predomina, dou suaves beijinhos em seu pescoço, não consigo resistir —Tony...? Para!

—Seu cheio está bom, mas e o gosto?

—Gosto?— ele pergunta rindo —Ninguém vai me lamber como se eu fosse um Pepicolé, Tony.

—Eu até queria, mas sei que não vai rolar.

—Não mesmo. Vem, estamos atrasados.— ela fala, aciono o alarme do carro e entramos no elevador.





Nona Sessão


—Um pouco atrasados, não?— assim que chegamos ao consultório o dr Hayden olha o relógio em seu pulso.

—Desculpa.— Pepper pede —Eu vim de uma reunião do outro lado da cidade, Tony veio de casa, mas o trânsito, você sabe...— ela senta, eu me sento, Pepper se ajeita no sofá e Dr Hayden arqueia a sobrancelha. Eu não consigo deixar de analisá-lo assim como ele faz conosco.

—No mais, tudo bem com vocês?— aquiescemos —E então, como foi a folga da terapia, Anthony?

—Nunca pensei que fosse dizer isso, mas eu queria ter vindo.

—Por quê?— ele indaga.

—Não sei, mas eu queria, mesmo que eu não fosse gostar do que eu ouviria eu queria estar a par da situação.— respondo —Só depois eu entendi que era a Pepper quem não me queria aqui.

—Entendo.— ele diz —E porque você acha isso?

—Porque ela me conhece, e era mais cômodo falar dele sem eu estar aqui. Eu sei que ela sente carinho por ele, pois ele era bom pra ela, aliás, foi isso o que ela disse quando eu perguntei por que ela estava se casando com ele.





Eu fiquei mal quando soube do namoro da Pepper com aquele jornalista, mas sabia que não tinha o direito de cobrar nada. Como sempre fez questão de frisar, ela não me devia satisfações. Então eu vivia a minha vida e meus romances efêmeros enquanto ela vivia o conto de fadas dela, afinal, ela estava namorando o cara “certinho” que a chamava de princesa. Quanto mais séria a relação dela ficava, mais a gente se afastava. Assuntos de trabalho eram resolvidos apenas na empresa, acabaram-se as horas extras, idas à minha casa e qualquer oportunidade de passar mais tempo ao meu lado.

—Tony, a gente pode conversar?— ela pede ao entrar na minha sala ao final do expediente.

—O que foi que eu esqueci de assinar?

—Nada. O que é uma surpresa.— ela zomba —Não é sobre trabalho, quer dizer...

—Você vai me pedir um aumento?— eu aponto pra cadeira em frente a minha mesa.

—Não.— ela diz ao sentar —Eu soube que há uma vaga aberta no departamento de marketing.

—Diretor de Marketing, eu acho.

—Então deixa pra lá...— ela ameaça se levantar.

—O que está acontecendo, Pep?

—Eu vim aqui dizer que eu pretendia candidatar-me a essa vaga.— ela me informa —Quando eu soube, achei que fosse pra assistente, sei lá, mas direção, não sei.— ela diz encabulada.

—Pep, você é tão competente que poderia se candidatar à minha vaga. Aliás, é você quem faz tudo, eu só assino papéis.— eu falo —Só não estou entendendo porque você quer mudar de posição.

—Tony, eu me formei há quatro anos, é natural que eu procure algo que tenha mais a ver com a minha formação.— ela explica —Adam me disse que antes de mandar currículos pra outras empresas eu deveria ter pelo menos um ano de experiência numa nova função, crescer aqui.

—Vou ser obrigado a concordar com o pescador sobre a nova função, mas...

—Eu já pedi pra você para de chamá-lo assim. — como sempre ela ficou brava.

—Fisher é o sobrenome dele, Pep, não posso fazer nada.— replico —E você não vai mesmo sair daqui. A vaga no Marketing é sua.

—De diretora, Tony?— ela levanta —Não, as pessoas vão falar ainda mais.

—Pepper, para!— eu me levanto e vou até ela —Para com isso de ficar se preocupando com o que as pessoas dizem, não há nada entre nós, nunca haverá, e nós lidamos bem com isso.

—Não se trata mais só de nós dois, tem o Adam também...

—Se ele não é capaz de confiar na namorada dele...

—Noiva.— ela diz baixinho.

—O quê?!— reparo em suas mãos e há um anel diferente.

—Estamos noivos.— não sei se ela tem receio de que se disser em alto e bom tom isso se torne realmente verdade.

—É por isso que você quer ficar longe de mim?— pergunto —É você mesmo, ou é ele?

—Sou eu, Tony. Até porque é a minha carreira, o meu futuro e a minha vida.— ela me diz, não estou convencido.

—Você vai casar com ele?

—Vou, e você não tem nada a ver com isso.

—Porque você vai casar com ele, você gosta mesmo dele?

—Gosto. Ele é bom pra mim.— ela responde.

Eu podia não entender nada de relacionamentos, podia não saber ao certo o que sentia por ela, mas tinha certeza de que ser bom pra alguém não era razão suficiente pra mergulhar num compromisso tão sério quanto um casamento. Mas ela mergulhou, de cabeça, e se tornou a Sra Fisher. E apesar do convite eu não tive coragem de estar lá quando aconteceu.




—Você mudou mesmo de função?— o dr pergunta pra ela.

—Mudei, mas às vezes parecia que não.— ela responde revirando os olhos.

—Por quê?

—Porque eu fui responsável por treinar cada nova assistente contratada pra ocupar a minha antiga posição.

—Foram muitas?

—Acho que chegou a uma dezena.— ela responde —Com algumas ele dormiu, outras eram devagar demais, outras... sei lá, ele sempre arrumava um defeito. Nenhuma ficou mais de seis meses.




Pro azar dela o departamento de marketing trabalhava diretamente ligado à diretoria. Lançamento de produtos, feiras, eventos, ela sempre tinha que estar presente. Ela era praticamente a minha assistente sênior.

O governo havia encomendado um lote com alto poder bélico. Foram meses de projeto o principal produto era um míssil, o Jericó, usei matéria prima que eu jamais havia usado. Eu já havia planejado que ela fosse comigo ao Afeganistão, mas quando eu contei a ela meu plano caiu por terra.

—Não vou.— ela disse simplesmente.

—Mas é sua obrigação como Diretora de Marketing.

—A apresentação é no dia do meu aniversário, não vou me enfiar no Afeganistão no dia do meu aniversário, Tony. Leva o Rhodes.

—O Rhodey não é do Marketing.

—Ele é do exercito, e com certeza ele será muito mais útil lá do que eu.— ela replica —Mas eu vou à conferência, tá? Durante aquele prêmio que você receberá em Vegas.

—Você sabe que é um evento fechado, certo? Você não pode levar o seu marido.

—Eu posso sim.— ela desafia —Mas não vou.

A semana passou e a nossa viagem à Las Vegas finalmente chegou, eu e Rhodey a aguardávamos no hangar onde meu avião ficava quando o carro do Fisher apareceu. Era natural que seu marido fosse se despedir dela, não era? Mas foi a despedida mais melosa que eu já tinha visto. Pra quê tanto beijo? Será que ele achava que ela não voltaria mais?

—Ele só esta marcando território.— Rhodey comenta.

—É, como se ele fosse um cachorro e ela um poste. Isso é ridículo.— eu rolo os olhos.

—Talvez ele não esteja mais tão seguro em relação a vocês dois. Aliás, não era por isso que ela iria se demitir? Confesso que seria difícil pra mim também, vocês dois são o não casal mais casal que eu conheço.— ele me dá um soquinho no ombro e embarca no avião.

—Potts...? Estamos atrasados.— finalmente ganho a sua atenção.

Quando eu acho que Adam vai deixa-la, de mãos dadas a ela ele vem até a escada da aeronave.

—Volto amanhã, tá?— ela o beija —Amo você.

—Hum-rum.— ele murmura contra os lábios dela —Te amo, se cuida.— ele finalmente a solta e ela embarcar.

—Até mais, Fisher.— falo depois que ela embarcou e me viro.

—Stark...?

—Eu vou cuidar dela, pode deixar.— sorrio.

—Isso eu faço há mais de três anos.— ele diz quase que entre dentes —Não tente bancar o esperto com ela.— Fisher me adverte.

Ao chegar a Vegas encontramos com Obadiah e outros empresários, almoçamos e depois passamos o resto do dia numa conferência chatíssima. À noite, ela foi para o seu quarto, assim como os outros, mas eu e Rhodey saímos, afinal, éramos dois solteiros em Vegas. No dia seguinte eu acordo com o telefone do quarto tocando.

—São quase cinco da tarde, Tony.— ela me diz furiosa —Se você não estiver com seu discurso pronto eu vou embora.

—Tá pronto sim. Vem ler pra ver o que você acha.— eu digo e ela desliga o telefone, eu não tinha discurso algum, mas ela só saberia ao chegar.

—Não me diz que você só acordou agora?— ela apoia a mão no batente da porta ao me ver de roupão.

—Claro que não, eu terminei meu discurso e estava escolhendo o que vestir pra daqui a pouco.— eu rio. Ela fareja o ar como a minha mãe fazia ao entrar no meu quarto quando eu tinha uns 15 anos.

—Mentiroso.— ela diz —Quando é que você vai crescer, Tony? Quando é que realmente você vai levar alguma coisa a sério? Você não é mais um adolescente.

—Deixa de ser tão certinha e tão chata, Pepper, eu não preciso de um discurso pra agradecer por um prêmio que não vai me servir pra nada. Eu fabrico armas de destruição em massa e sou homenageado por isso? Esse mundo tá uma bagunça mesmo.— eu discuto.

—Tá, o mundo tá mesmo uma bagunça e você não pode consertar.— ela me diz —Isso é a sua herança, você fez isso a vida toda, porque essa crise de consciência é essa agora?

—Pepper, acho que esse seu mau humor é saudade do seu maridinho, se for por isso pode ir embora.— eu digo pra ela.

—Tá vendo como você é imaturo?— ela pergunta —Você me fez vir de Los Angeles até Las Vegas e agora me manda embora porque eu te cobrei um pouco de responsabilidade. Se o mundo dependesse de você estaríamos ferrados.— ela fala, me vira as costas e eu bato a porta.




—Vocês eram mesmo o não casal mais casal da história.— dr Hayden caçoa —Depois dessa discussão como as coisas ficaram?

—Eu a vi antes de embarcar para o Afeganistão, mas não falamos sobre isso.— eu respondo.

—Em sete anos de discussões a gente já tinha aprendido a pôr panos quentes e ignorar tudo o que era dito no calor do momento.— ela completa ao olhar pra mim.

—Foi durante essa viagem que você foi sequestrado?— lembra o dr.

—Foi.— eu concordo —E em três meses eu me transformei no homem que não tinha sido por mais de trinta anos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pra quem ainda não faz ideia do trauma e do motivo da terapia ele será revelado no próximo capítulo.
Por isso eu posso aparecer com esse novo capítulo a qualquer momento.

Obrigada por acompanhar. Comentem, favoritem, recomendem.

Volto em breve.

Starkisses ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um divã para dois" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.