Um divã para dois escrita por Tulipa


Capítulo 7
Sete


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer os comentário no capítulo passado, aliás, acho que batemos um recorde. Hahahaha. Em especial, quero agradecer o comentário imenso da Joice que descobriu essa e as minhas outras histórias e veio aqui me encher de carinho.
Vocês não têm ideia de como é bom ver o meu trabalho, pq mesmo que seja algo que eu faço por prazer e lazer, não deixa de ser um trabalho, até pq dá muito trabalho, reconhecido.
Bom, é isso, vamos ao capítulo e me desculpem qq erro que tenha passado.



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*Pepper*




Ele me abraça tão forte que começo a sentir falta de ar, ou talvez seja o fato de estarmos fechados nessa caixa de metal. Mesmo assim esse é o meu lugar favorito no mundo, não o elevador, mas o abraço dele, sempre me senti bem nos braços dele, sempre foi difícil fugir, como naquela noite em que ele foi um babaca. Aliás, ele era bom nisso também, em ser um completo idiota, porém, isso não me fez o amar menos. Como eu quis tê-lo amado menos, seria tudo tão mais fácil.

—Tony...?

—Hum?

—Claustrofobia.— eu falo, ele entende, me solta e faz o elevador voltar a se mover.

A cara com que as pessoas que embarcam nos dezessete andares abaixo são muito engraçadas, com certeza, elas se perguntam o que fazíamos no elevador pra mantê-lo parado tanto tempo no decimo-oitavo andar. Se fosse o começo do relacionamento talvez fosse pelo motivo que elas pensam, naquela época era difícil manter as mãos dele longe de mim, manter seu corpo longe do meu, nós parecíamos dois adolescentes se descobrindo. Mas hoje, tudo o que aconteceu foi um momento de afeto, que nunca será tão bom quanto o sexo que fazíamos.

—Que gelo.— ele reclama esfregando as mãos uma na outra quando chegamos ao estacionamento.

—Eu não sei porque você não está de usando luvas.— comento.

—Porque não parecia estar tão frio quando eu saí de casa.— ele diz ao abrir a porta do carro pra mim. Depois ele dá volta senta ao volante e ao bater a porta ele assopra as mãos, as esfrega e assopra de novo.

—Quer que eu dirija?— ofereço.

—Não precisa.— ele responde. Assopra, esfrega, assopra, esfrega. Liga o carro e partimos. Em dez minutos estamos em casa.

—Vai se acostumando com muitas camadas de roupas.— digo ao jogar minha bolsa e casaco sobre o sofá —Mamãe falou que em Portland está mais frio que aqui.

—E...?— ele pergunta.

—Como "E?", Tony, é aniversario do meu pai, eu falei pra você.— quase saio do sério —Você disse que iria comigo.

—Se eu disse que iria, então eu vou, oras. Só não me lembrava.— ele diz, se aproxima e me enlaça em seus braços.

—Então não esqueça mais, tá?— eu peço —É no final de semana.

—Dessa semana?

—É, Tony.

—Ok. Já pensei no presente perfeito.— ele me beija o pescoço. Será que ele acha que eu vou sentir tesão enquanto discuto sobre o presente do meu pai?

—Se for charutos, que, aliás, é a única coisa que você dá pra ele...

—Porque ele gosta.— ele afirma. Mais beijos.

—Mas depois do infarto o cardiologista proibiu.— eu digo —Pode pensar em outra coisa.— advirto.

—O que ele fez com a caixa que eu mandei no natal, então?— ele me encara.

—Provavelmente mamãe jogou no lixo.— eu digo —Ou o fez dar pra alguém.

—Mas eu me lembro de ele ter elogiados os charutos.

—Se isso realmente aconteceu, ele fumou escondido, o que deve ter deixado minha mãe furiosa, ou ele mentiu pra você. Quero acreditar na segunda opção.

—Eu também.— ele diz —Porque eu faço de tudo pra evitar a fúria da sua mãe. Não preciso que ela me ame mais.— ele é irônico.

—Minha mãe só te ama porque você agiu exatamente da maneira que nós estávamos esperando.— rebato sua ironia.

—Sr Stark, chamada da agente Romanoff— Jarvis avisa.

—Estou indo.— ele fala, e me dá um beijo suave nos lábios.

—Você volta pro jantar?— pergunto.

—Não sei.— ele responde antes de sumir do meu campo de visão.



(...)



Os últimos dois dias foram bons, frios, mas bons. Sem faíscas ou desentendimentos por bobagens. Parece que, ao menos, estamos conseguindo voltar a sermos amigos, isso é sinal de que o amor que temos um pelo outro é bastante forte. Mas ainda preciso de mais, preciso da paixão, sei que nele ela está viva, apesar dos pesares. Mas e em mim? Em mim ela está guardada em algum lugar, sei disso, só não sei onde. Queria encontrará-la agora enquanto ele beija o meu pescoço, porque eu não quero e não vou fingir outra vez.

—Tony...

—Você não quer?— ele pergunta.

—Quero.— respondo, porque eu realmente quero —Mas não consigo.— falo pra mim e pra ele, tento me afastar e me levantar, mas ele não deixa.

—Não foge.— sinto seu hálito quente na minha nuca —Olha pra mim.— ele pede, não faço —Por favor, baby.

—Me desculpa.— eu peço ao me virar.

—Tá tudo bem, baby.— ele passa o polegar pelo meu rosto e o enxuga —Tudo bem.

—Não, não está. Não estou.

—Vai ficar.— recebo um suave beijo na testa —Nós vamos ficar bem.— ele me acolhe, eu o abraço, então gradualmente as luzes do quarto se apagam. Sei que vou me apaixonar de novo, acredito nisso, porque ele é o meu Tony. Então, um dia, de repente estaremos mesmo bem.





Oitava Sessão


—Ele não veio mesmo.— dr Hayden observa assim que adentro o consultório.

—Ele até quis vir, mas eu o dissuadi.— digo ao me sentar.

—Por quê?

—Acho que nesse pouco mais de um mês você já teve amostras suficiente da passionalidade do meu marido, dr Christopher.— ele assente.

—Bem, se o seu primeiro casamento terminou de forma amigável, você provavelmente não tem motivos pra falar mal do seu ex-marido. E se você for falar bem dele é melhor mesmo que o Anthony não esteja aqui.— ele conclui e eu aceno positivamente.

—O fim não foi tão amigável, mas também não tenho porque falar mal do Adam.

—Já sei a profissão e o nome dele.— fala o dr —E então, como o Anthony colocou o Adam na sua vida?— ele questiona.




Depois de tudo o que aconteceu, a visita surpresa dele, que ele me disse e o pedido de desculpas que não fui capaz de aceitar, eu realmente pensei em não voltar. A demissão talvez fosse a melhor escolha, mas não era a escolha lógica, por uma série de razões. No dia em que voltei, pela primeira vez ele chegou antes de mim. Ele e a sua, seja lá o que ela fosse.

—Você está atrasada, Srta Potts.— ele diz e eu aquiesço —E o dia de ontem lhe será descontado.

—Tudo bem.— concordo, por um instante penso em perguntar o motivo da frieza dele, depois me lembro que fui eu quem pediu por isso —Algo mais? De acordo com a sua agenda não há nenhuma reunião essa semana, há algum relatório que eu deva levar pra algum diretor, ou qualquer outra coisa?

—Quero que a srta ligue pro editor daquela revista e marque a matéria.— ele responde.

—O sr quer definir uma data pra entrevista? Prefere que seja aqui ou na sua casa?

—Não pensei nisso, verei com a Bethany o que ela julga ser mais seguro.— ele responde e eu odeio ouvir o nome dela, ainda assim concordo e deixo a sala.

No dia seguinte ele me deu a resposta, marcaria a entrevista na empresa mesmo, e se precisasse fazer fotos poderiam ser na mansão. Eu liguei para o Sr Young e nós marcamos. No dia da entrevista, depois do meu almoço, eu mal tive tempo de chegar a minha mesa quando ouço alguém me chamar.

—Você deve ser a Srta Potts.— uma voz masculina que eu não me lembro de já ter ouvido desvia a minha atenção, e ao me virar vejo um rapaz muito bonito, pele clara, cabelos e olhos castanhos, seu terno preto combina bem com a camisa cinza sem gravata. Ele me atrai, talvez por, à primeira vista, ser diferente do último homem pelo qual eu me atraí só de olhar.

—Porque eu deveria ser a Srta Potts?— questiono ao notar sua sobrancelha arqueadas esperando a minha resposta. Ele sorri.

—Bem, meu chefe disse pra eu procurar por Virginia Potts, ele disse "Você logo vai reconhecê-la, é uma garota muito bonita".

—Ele disse algo sobre ela ser ruiva?

—Não, mas Virginia é nome de garota bonita, e você foi a primeira a passar por aqui.— ah, deus, outro galanteador não.

—Só que Virginia é um nome um pouco incomum pra alguém com menos de 60 anos eu acho, era o nome da minha avó inclusive.

—Então você está muito bem pra 60 anos.— ele brinca, eu rio porque o sorriso dele talvez seja contagioso —Sou Adam Fisher, da Single, vim pra entrevista com o seu chefe, isso é, se você for a Virginia Potts que procuro.

—Muito prazer, Sr Fisher.— o cumprimento —Virginia Potts.

—O prazer é meu, srta Potts.— outro sorriso.

—Vou avisar o Sr Stark que o jornalista já está aqui.— aviso, passo por minha mesa deixo minha bolsa e vou bater na porta da sala do meu chefe.

—Pode entrar, Potts.— ele diz, quando entro em sua sala Bethany está sentada sobre a mesa quase de frente pra ele, ela desce, me encara e deixa a sala. Ainda bem.

—O jornalista da Single acaba de chegar.— comunico quando ouço a porta ser fechada.

—Eu estive pensando sobre essa entrevista, e acredito que tudo o que ele possa perguntar sobre o que eu visto você pode responder...

—Como assim?— fico confusa.

—Afinal de contas, esse meu estilo, homem de negócios, foi forjado por você, não é mesmo?

—Mas...

—Faça isso, Potts, o que você não puder ou souber responder eu vejo depois.— ele fala —Não vou perder tempo com essa entrevista, estou indo pra casa, tá?

—E as fotos pra matéria?

—Podem ser feitas lá também, assim que você terminar aqui.— ele diz pra mim e sai.

Eu saio logo atrás dele e o vejo cruzar com Adam, que tenta se apresentar, mas Tony não dá atenção.

—O que houve, ele desistiu?— Adam pergunta.

—Não, mas ele pediu que eu comece a responder por ele isso é possível? Se não for...

—É mais comum do que você imagina, e nesse caso é até melhor pra mim.— outra vez ele me sorri seu sorriso encantador. No fim das contas foi melhor pra mim também.



—Você não achou que a primeira vista eles fossem parecidos na personalidade?— Dr Hayden indaga.

—Talvez fossem, mas ao menos o Adam foi sincero comigo, ele não tentou ser outra pessoa, começou sem mentiras.— respondo.

—E a matéria?

—A matéria ficou incrível, mas não pronta para edição daquele mês, porém o Sr Young gostou tanto que a guardou para outro momento. Coincidentemente o melhor momento surgiu quando a polícia descobriu quem foi o articulador do atentado contra o Tony.

—Quem foi?— eu posso ver a curiosidade brilhar nos olhos dele.




Eu e Tony estávamos a um mês conversando apenas o necessário um com o outro, por isso eu não esperava atender uma ligação dele àquela hora da noite. Eu só ouvi a palavra delegacia e então corri. Quando cheguei me surpreendi ao ver o meu ex-chefe lá também. Peter Harris havia tentado envenená-lo num bar.

—Quando ele se aproximou eu não desconfiei, ele até me perguntou de você, disse que por sua causa havia perdido o emprego, mas a culpa era mais minha do que sua. Nada do que ele dizia fez muito sentido, e eu não estava nem um pouco a fim de conversa com Peter, me descuidei por um instante e ele colocou algo no meu copo, ainda bem que Bethany estava lá e viu tudo, ela quis forçá-lo a beber o meu uísque e ele se recusou, então chamamos a polícia.

—Você tem ideia do que ele pode ter colocado lá?— pergunto e ele move a cabeça em negação —Acha que foi ele quem sabotou seu carro?

—Provavelmente, mas a polícia só vai interrogá-lo quando o resultado do teste com a bebida sair.

—Mas ele ficará preso?

—Até tudo estar esclarecido.— ele responde, não escondo o meu alívio em saber.

Quando o teste toxicológico foi concluído, foi encontrado no uísque um tipo de veneno. Se Tony tivesse bebido aquilo, ele sofreria uma parada cardíaca. Peter assumiu a autoria do primeiro atentado, e foi condenado por homicídio doloso, já que no acidente de carro houve uma vítima fatal. Depois disso nunca mais tocamos no nome de Peter Harris.

A imprensa deu plantão por vários dias na porta da empresa e da mansão, todos queriam uma exclusiva sobre o acidente, mas não houve entrevista alguma, quer dizer, Neil Young tinha uma entrevista na gaveta e deu a capa da Single pro Tony. Como um homem sagaz ele sabia que, depois de tudo, a revista venderia muito, mesmo não falando sobre os atentados em nenhuma linha.





—Acredito que depois disso tudo Bethany Cabe tenha ido embora.— comenta o dr.

—Ela foi, mas eu não quis saber como, quando ou por que. E aos poucos a minha amizade com o Tony foi voltando a ser o que era, porém, felizmente ou infelizmente, eu não estava mais disponível pra ele.




Numa tarde de sábado, Tony me chamou pra ir até a mansão, era urgente, nada relacionado a trabalho, mas ainda assim importante. Quando cheguei fui recepcionada por uma voz robótica, porém estranhamente familiar.

—Boa tarde, srta Potts.

—Edwin?— seu sotaque britânico era inconfundível —Como pode ser?

—Vá até a oficina e faça essa pergunta ao sr Stark.— ele respondeu.

Demorou quase um ano, mas ele realmente fez, Edwin estava de volta —Eu não acreditei quando você disse que podia, mas ele está aqui, na casa toda.

—De hoje em diante chame-o apenas de Jarvis, ok?— concordo.

—Como você fez isso?

—Tive que criar um programa especial, foi demorado, por que a minha vida quase virou do avesso, mas não foi difícil. Eu tinha a voz do Edwin arquivada, não era muita coisa, por isso o sistema de inteligência artificial imita apenas o timbre dele.

—É incrível, Tony, parabéns.

—Você é a primeira ouvi-lo.— ele me informa —Só consegui pensar em você quando terminei.— ele ajeita meu cabelo atrás da minha orelha e eu me afasto, porque não estar disponível não significava que eu fosse imune a ele.

—Eu preciso ir, Tony.

—Hoje eu não vou sair, fica pra jantar comigo e com o Jarvis?— ele brinca fazendo uma clara alusão ao dia em que fiz questão que Edwin jantasse conosco pra não ficar sozinha com ele.

—Não posso ficar, tenho compromisso.

—Achei que Joel Elliot, do jurídico, fosse passado.— ele diz, eu achei que ele nem soubesse sobre o Joel.

—Nunca houve nada entre Joel e eu além de uma carona, não que ele não quisesse mais, eu até daria mais se nós não trabalhássemos na mesma empresa.— respondo.

—E se eu me demitir?

—Você não poderia fazer isso por uma transa, mesmo que não fosse o dono daquilo tudo.— eu digo, meu telefone vibra em meu bolso, eu o pego, olho o visor e o guardo —Preciso mesmo ir, Tony.

—Tchau.— ele diz ao beijar meu rosto, Tony quase nunca faz isso.

Eu deixo a mansão e no caminho pra casa meu carro me deixa. Literalmente. Não ligo pra seguradora, porque ele simplesmente não tem seguro, meu pai me disse que ninguém roubaria um carro tão velho. Ligo pro Adam.

—Oi, linda, estou a caminho.— ele avisa.

—Eu sei, vi sua mensagem, mas preciso que você desvie só um pouquinho.

—O que houve?

—Meu carro morreu, não liga de jeito nenhum.

—Onde você está?— ele pergunta, dou o endereço —Coloque o triângulo, e fique num local seguro, estou indo.

A casa do Adam é longe da minha, e a minha é longe daqui, então sei que terei que ser paciente. Vinte minutos passam e eu escuto meu celular tocar.

—Onde você está?

—Tony?

—É, Pepper, seu carro tá abandonado aqui e...— ele desliga o celular assim que subo pela pedras e apareço diante dele.

—Se o seu compromisso era ver o mar poderia ter feito isso da varanda do meu quarto, se bem que a essa hora nós ainda não teríamos terminado. — ele graceja.

—Não é porque nós voltamos a conversar normalmente que você pode parar de me respeitar, seu idiota.— falo duramente.

—Desculpa. O que aconteceu, com o carro?— ele pergunta.

—Ele morreu e não liga mais.

—Pep, me desculpa, mas eu não sei por que você ainda não se livrou dessa lata velha. Achei que você ganhasse bem.

—Ganho bem, no entanto, não te devo satisfação de como gasto o meu salário.

—Tem razão, mas então, ele simplesmente parou?— concordo —Algum barulho estranho ou fumaça?— movo a cabeça em negação —Vou dar uma olhada.— ele tira a jaqueta e me entrega, pra quem me convidou pro jantar e disse que não sairia ele está vestido feito o caçador que sempre foi. Tony levanta o capô, mexe em alguns fios, desconecta e conecta a bateria —Entre no carro e dê partida.— eu faço e, magicamente, meu carro responde.

—Foi daqui que uma princesa ligou pedindo por ajuda?— Adam vem no sentido contrário e emparelhada seu carro ao meu, ele sorri, eu sorrio —Pelo visto cheguei atrasado.— ele observa e vai fazer a volta.

—Esse cara é aquele jornalista?— Tony pergunta quando eu saio do carro, aquiesço, e ele bate o capô do meu carro com tanta força que me assusto —Eu moro a alguns minutos daqui e você ligou pra ele?! Pepper você e ele nao...?— ele cochicha.

Não preciso responder por que a primeira coisa que Adam faz ao se aproximar de mim é me dar um beijo casto.

—Tudo bem por aqui, Anthony?— Adam questiona.

—Sim, parece que sim.— Tony responde desconcertado.

—Sabe, quando você me disse onde estava, cheguei a me perguntar por que você ligou pra mim se estava tão perto dele?— Adam comenta —Mas fiquei feliz por você ligar.

—Depois que desliguei sentei nas pedras e fiquei olhando o mar, ele passou e reconheceu meu carro.— nem sei porque estou explicando já que pelo Adam eu poderia ter ligado pro Tony.

—Obrigado por cuidar dela, Anthony.— Adam diz —E então, qual foi o problema?

—Um cabo desconectou da bateria, acho que foi isso.— Tony responde —Mas num carro com quase 10 anos de uso pode ser qualquer outra coisa.

—Tem razão.— Adam concorda —Mas nós só conseguiremos ver isso na segunda. Será que funciona até lá?

—Funciona sim.

—Então, beleza, mais uma vez obrigado pela ajuda.— Adam agradece —E a Srta, vai comigo no Jeep, seu carro vai ou conectado ao reboque.— Adam me beija outra vez.

—Tudo bem.— eu falo —Tony...— ele mal me olha nos olhos —Obrigada.— ele não me responde, entra em seu carro e segue o seu caminho. Estranhamente, eu só fiquei mal pela situação no momento do ocorrido.



—Porque você acha que a situação só te afetou naquele instante?— dr Hayden pergunta.

—Talvez por saber que ele não sofreria por aquilo, e mesmo que sofresse seria por pouco tempo.— respondo.

—Quando Anthony descobriu que você estava com o Adam, vocês estavam juntos desde a época da matéria?

—Juntos mesmo nós estávamos há apenas um mês, embora ainda não tivéssemos definido como namoro, ele já havia dormido na minha casa e eu na dele mais de uma vez.— repondo.

—Como aconteceu?

—O quê?— mostro-me confusa.

—A relação de vocês, como ela começou?

—Depois da matéria respondida por mim, ele marcou um encontro com o Tony, e eu estava lá também, assim como na sessão de fotos. Adam sugeriu que eu o ajudasse a escolher as fotos para a matéria, ele marcou num café e depois do trabalho pronto, nós conversamos por horas, marcamos um encontro. Saímos algumas vezes. Ele era tudo o que eu queria, mas não estava procurando, um homem solteiro, sério e encantador. Já falei do sorriso?

—Muitas vezes.— ele responde —Mas qual era a principal diferença que você enxergava entre Anthony e Adam?

—O Tony era um garoto, e embora eu o amasse estava cansada de tentar moldá-lo. Ele jamais seria o que eu esperava.

—O que você esperava?

—Eu não fazia ideia— sou sincera —Mas quando conheci o Adam percebi que ele estava pronto, não precisei fazer nada, ele já era homem. Comprometido com a sua profissão, seu emprego e comigo, principalmente. Foi fácil me apaixonar por ele.

—Quanto tempo durou seu casamento com o Adam?

—Três anos e meio.

—Sem filhos?

—Adam não podia ter filhos.— tento controlar a minha voz —Mas não foi por isso que acabou, eu sempre soube que ele não podia. Meu primeiro casamento acabou porque não era justo estar casada com um homem e me sentir viúva de outro. Eu morri um pouco quando acreditei que Tony havia morrido.

Dr Hayden anota a minha resposta, mas dessa vez sinto o seu olhar crítico sobre mim. Minha consulta já acabou há algum tempo e se ele não me dispensar vou me levantar assim mesmo. Vou fugir da situação, da mesma forma que o Tony faz.

—Vejo vocês daqui alguns dias?— ele me pergunta, assinto, estou livre do inquérito, me levanto e vou embora.

Na rua, vou devagar pois sigo o caminhão que está tirando a neve da avenida. O inverno desse ano parece ser o pior de todos os tempos, mas não é pior do que o inverno que tomou conta de mim.


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Notas finais do capítulo

Então gente, é isso. Volto em breve. E, mesmo em meio a crise, eu vou tentar atender alguns pedidos de vocês, tá? Tbm quero vê-los se amando.


Beijos.