Um divã para dois escrita por Tulipa


Capítulo 26
Vinte e Seis


Notas iniciais do capítulo

Bom, talvez eu estrague toda a idealização de personagens de vocês, mas eu preciso dizer quem eu imaginava cada vez que escrevia, tá?
Tá! Vamos lá.

Meu Rhodey é e sempre será o Terrence Howard, a Kate, esposa do Rhodes pra mim é a Rosario Dawson, e a Alex adolescente é a Zoe Kravitz.

Os pais da Pepper são a Meryl Streep e Harison Ford, e a prima Gabby é a Darby Stanchfield. Já disse que a Jess é a Liv Tyler, né? Imaginava o Adam como o Ben Affleck.

Pra mim a Julie é a Lucy Hale, não consegui ninguém que se parecesse com o Tom, mas googlei uma imagem de como o imagino.

O nosso casal favoritos vcs sabem como se parecem e quanto aos outros personagens, imaginem como quiserem pq nem eu consegui.


Bem, vamos ao último.



Obrigada pela paciência e pela companhia.
Espero que vocês gostem do final ♥



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*Julie*




Extremamente ingênua pensei em fazer tudo as escondidas, não queria que ninguém soubesse até o veredicto final, achei que funcionaria, afinal, funciona nos filmes. A garota se inscreve em várias universidades sem que seus pais saibam, e meses depois chegam as cartas de aceitação e a família toda comemora porque a garotinha cresceu e voará sozinha. Só que nenhuma dessas garotas eram filhas do meu pai. Pensei usar o endereço da Alex, mas o Tio Rhodes acabaria sabendo e contando pra ele. Pensei em usar o endereço da dinda, mas ela contaria pra mamãe e logo papai saberia, então decidi conversar com eles. Até porque a pressão já estava demais, afinal, Alex que é um ano mais nova já havia se decido pela veterinária e eu nunca tinha falado nada a respeito. Mamãe sempre deixou claro que a Stark estaria pronta pra me receber desde que eu merecesse a minha posição, isso significava estudar algo que eu não queria. Papai nunca me disse nada, mas sutilmente sempre me mostrava como esse mundo tecnológico e robótico que ele adora é legal. Mas eu não quero nada disso. Nada de escritório, nada de robótica, a minha paixão eu descobri aos 11 anos.

—Não vou poder entrar hoje, né?— Leo pergunta.

—Não, quero ficar sozinha com eles, vim mais cedo justamente por isso.— respondo.

—Então hoje é o dia Daquela Conversa?— ele me pergunta, aquiesço —Como você acha que eles reagirão?

—Bem. Quer dizer, em algumas partes.

—Se eles te expulsarem de casa a gente casa.

—Casar?! Aos 17 anos?! Nem pensar!

—Você vai pra Juilliard e eu pra Colúmbia, Nova York será pequena pra nós dois.

—Onde moraríamos?

—Na Torre Stark, claro.

—Leo, se meu pai me mandar embora dessa casa eu não vou morar em qualquer outro lugar que seja dele, seu bobo.— eu o beijo. Era pra ser um beijo breve, mas ele agarrou a minha nuca emaranhado as mãos no meu cabelo e me tirando o fôlego.

—Até amanhã, namorada.— ele diz ao se afastar.

—Até segunda, amanhã tenho que estudar pra audição.

—É só daqui cinco meses.

—É Juilliard, namorado, Juilliard.— o beijo e as luzes do pátio piscam —Papai já sabe que chegamos.

—O que o seu pai não sabe? Ligo mais tarde pra saber como foi.— outro beijo e eu desço do carro dele, aliso o meu vestido e procuro o espelho na bolsa pra ver se não estou borrada de batom. Não estou. Assim que o Leo passa pelos portões digito minha senha de segurança pra entrar em casa. As luzes se acendem, mas não há ninguém na sala, seguindo o som vou à sala de tv, papai está sentado ao sofá com mamãe apoiada em seu peito enquanto segura uma bacia de pipoca em suas mãos. Aos seu cinquenta e poucos anos Tony Stark é o grisalho mais charmoso de Los Angeles, talvez do mundo.

—Já chegou?— papai pergunta, como se não soubesse que eu estava no pátio com meu namorado até agora.

—Pegamos uma sessão cedo.— falo ao me sentar ao lado de mamãe, coloco minha bolsa sobre o sofá.

—Como foi o filme?— mamãe pergunta.

—Bom, daqueles que fazem a gente pensar e chorar. Vocês poderiam ter ido, o Leo convidou.

—Eu sei, mas com o seu irmão no acampamento e você fora de casa nós aproveitamos pra ficarmos só os dois um pouquinho.— mamãe diz e eu a entendo, porém sei que não é só isso, é começo de setembro e ela sempre fica antissocial até o meu aniversário —Jantou?

—Comi alguma coisa.— respondo e me calo por muito tempo.

—O que foi, filha?— papai pergunta.

—Mãe, pai, eu quero contar uma coisa...

—Se você e aquele moleque...— papai fica alerta.

—Se eu e ele o quê?

—Sou muito novo pra ser avô, filha, não diz que você fez isso comigo?— ele se levanta —Não gosto nem de imaginar que você...

—Tony, deixe ela falar.

—Não é nada disso.— eu rio —Mas se fosse, você já não é mais tão novo.— caçoo.

—Acho que não sou mesmo, meu coração chegou a doer com o susto.— ele diz ao sentar. Rio.

—Só quero dizer que decidi o que quero pra minha vida, e isso não envolve crianças, ainda, nem robótica.— digo pra ele —Nem administração ou marketing, ou o que quer que seja.— digo pra ela —Quero cursar artes, música, mais precisamente.

—Sabia que seria isso, fico feliz por você não ter se deixado influenciar por nós e ter escolhido o seu caminho.— mamãe beija a minha testa.

—Postei a carta de admissão pra Juilliard há duas semanas.— aviso.

—Nova York? Mas aqui perto da gente tem a UCLA e a CSU.

—Me inscrevi nessas também, porém, nenhuma delas é a Juilliard, papai, eu sei o que eu quero e já estou estudando pra isso. A audição é em cinco meses.

—Você vai entrar, meu amor, e Nova York nem é tão longe assim, né?— mamãe me abraça —Pelo que sei a Juilliard não possui campus com acomodações pra estudantes, mas você terá onde morar.— ela claramente se refere a Torre Stark —Mas, as suas inscrições foram aceitas, não chegou carta alguma em seu nome, se bem que hoje em dia tudo vem eletronicamente, né?

—Esse é outro ponto.— eu digo —Dei o endereço do Leo nas cartas.

—Porque?

—Porque o país inteiro sabe o nosso endereço, reconhece o sobrenome e sabe quem somos, e eu não queria me valer disso pra ser aceita. Quero entrar na universidade por mérito meu, não quero pensar que ser uma Stark pode ter me favorecido de alguma maneira.

—Mudar um endereço de correspondência não te faz menos Stark.— papai comenta.

—Usei a minha certidão de nascimento...— hesito —A certidão original.— revelo.

—Você fez o quê?!— contrariando as minhas expectativas é mamãe quem explode —Você não pode ter feito isso comigo, Julie Anne, com a gente.— ela nunca me chamou de Julie Anne, não usando esse tom pelo menos.

—Mamãe...

—Você adulterou os históricos escolares das boas escolas em que você estudou a vida toda também? Sem elas você talvez nem pudesse sonhar em entrar na Juilliard, sabe disso, não é? Porque, se você ainda não fez vai precisar fazer, certo?— ela pergunta —Como você explicará? Talvez eles nem te aceitem, já que o seu grito de independência não passa de uma fraude.— ela diz e eu não havia pensado nisso, mas não é isso que me preocupa agora. O que me preocupa é o fato da minha mãe estar tão magoada a ponto de gritar comigo, e talvez não se dar conta disso porque ela está chorando e eu só lembro de tê-la feito chorar uma vez, só que daquela vez pude tocá-la, agora ela não deixa.

—Baby, calma.

—Calma, Tony? Como eu posso ter calma? Olha o que ela esta fazendo, renegando a gente, e tudo isso porquê? Pra não se sentir privilegiada. Chega a ser irônico.— ela ri com desdém e deixa a sala. Papai me olha e levanta do sofá, agarro sua mão.

—Me ajuda com ela?— suplico, ele assente e me beija a testa antes de me deixar na sala. Papai também está magoado, mas a mágoa dele é diferente, ele está triste porque mamãe está triste.

No dia seguinte quando levanto da cama após uma noite longa e mal dormida os escuto conversando na cozinha, paro ao perceber que o assunto sou eu.

—Converse você com ela.— ouço ele dizer —É normal fazer besteira aos 16 anos. E ontem você estava mal, a gente sabe porque, ela não tem nada a ver com isso.

—Ela não poderia ter escolhido dia pior. É como se eu estivesse perdendo outra vez.— ouço mamãe dizer chorosa —Eu nunca quis que ela esquecesse a mulher que deu a vida a ela, mas agora me arrependo de ter dado aquela caixa cheia de lembranças de uma mãe que ela mal conheceu...

Paro de ouvir escondida e volto pro quarto decidida a jogar a caixa de lembranças fora, mamãe está certa, eu mal conheci a minha mãe, que ela me amou e me quis é inegável, mas ela não está mais aqui há muitos anos e a vida me deu outra mãe, uma que não me gerou, mas, sem sombra de dúvidas, me amou incondicionalmente e me quis desde que pôs os olhos em mim.

—Aonde você vai com isso, mocinha?— papai me flagra quando saio no corredor.

—Jogar fora.

—Não vai não.— ele diz —Um dia você e ela se arrependerão disso se eu deixar você jogar essa caixa fora.— ele diz e toma a caixa das minhas mãos.

—Porque mamãe falou aquilo?

—Aquilo o quê?— ele pergunta ao olhar pra trás.

—Aquilo sobre perder outra vez. O que isso significa?— pergunto e ele não responde, apenas aperta o botão do elevador e leva a caixa com os diários da minha mãe biológica pra algum lugar na oficina. —Papai?

—Vá conversar com a sua mãe, filha.— o ouço dizer antes que o elevador se feche.

Desço novamente tendo a certeza de que ele vai nos deixar sozinhas por um bom tempo. Encontro mamãe na varanda da sala, o sol bate em seus cabelos e o tom ruivo fica muito mais intenso, contrariando os avanços capilares de papai e o passar dos anos, seus cabelos continuam ruivos como no dia em que eu a conheci. Certa vez na aula de biologia descobri que ruivos naturais não costumam ficar grisalhos cedo. "Ruivos sao os seres mais teimosos do mundo" disse a Sra Collins, minha professora.

Sento-me no futon ao lado de mamãe e nós duas permanecemos olhando o mar sem dizer nada. Uma espera que a outra fale, somos assim, iguais na personalidade e não tem nada a ver com genética. Tiro minha mão do meu colo e a coloco sobre o futon escorregando de encontro a dela até os nossos dedos se entrelassarem.

—Me perdoa?— peço assim que ela olha pra mim —Não achei que fosse te machucar tanto. Eu não queria te...

—Shiii...— ela me cala com a outra mão e me puxa contra seu peito me envolvendo num abraço apertado. —Mamãe te ama tanto, pequena, acho que você não faz ideia do quanto.— ela beija meus cabelos.

—Faço sim. Porque é reciproco.— falo —Não quis te magoar, não reneguei vocês, amo você e o papai, amo demais. Só achei que seria mais fácil, na verdade, acho que não quis lidar com a pressão do nome. Papai é um herói, controverso, ainda assim um herói. Você é essa mulher fantástica, empresária de sucesso internacional. E se eu não for grande no que escolhi pra mim?

—Eu acho que você descobrirá a sua maneira de ser brilhante, a sua vida tá só começando e tem uma porção de possibilidades e caminhos.— ela diz, me deito ao seu colo.

—Mamãe...?

—Humm?

—Talvez você não queira falar, mas ouvi você e o papai na cozinha agora há pouco.— revelo e a ouço suspirar profundamente. —O que você quis dizer com aquilo?

—Tivemos uma menina, Mariah, perdemos, perdi...— ela corrige —...ela no parto, ontem fez treze anos, todo ano eu tento não ficar mal, mas não dá. Não dá pra simplesmente esquecer.— ela diz, e eu imagino que não dê mesmo. Carregar uma criança por meses e simplesmente perdê-la deve ser terrível. 13 anos, um ano depois eu cheguei na vida dela. Deles.

—Foi por isso que vocês me quiseram?— não resisto em perguntar.

—Depois que Mariah se foi, parei de querer muita coisa, nem o seu pai eu queria, e passei quase um ano assim. Sem querer nada, até que eu fui buscar ajuda, porque eu não podia perder a única coisa que eu tinha e amava.— ela diz, acho que começo a entender. Mamãe entrou em depressão, daquelas bravas, pelo visto, porque eu jamais poderia imaginar ela longe do meu pai, por pior que fosse a situação. —A terapia deu muito certo e quando ela acabou decidi deixar a vida me levar, mergulhei num projeto de trabalho importante e no dia em que concluímos ele você apareceu. Eu nem precisei te procurar, estava lá, parada e uma mocinha linda, curiosa e quieta sentou ao meu lado. Eu sempre dizia pras pessoas que não escolhemos você, foi você quem nos escolheu. Não quis você pela perda, nunca foi uma substituição, te quis porque você me quis.

—Eu nunca vou deixar vocês.— digo chorando.

—Claro que vai.— ela diz com a voz embargada, mamãe esta chorando há algum tempo —Você vai pra Juilliard, e vai botar fogo no mundo com a sua música.

—Retifiquei a minha inscrição, você acha que a escola ainda vai me aceitar?

—Eles seriam muito tolos se não te aceitassem.— ela diz enquanto acaricia os meus cabelos.

Papai surge na varanda depois de algum tempo do fim da nossa conversa.

—Tudo bem por aqui?

—Hum-rum.— mamãe e eu afirmamos.

—Bom.— ele diz —Agora só falta conversar com aquele moleque que você chama de namorado. Se ele acha que indo pra Colúmbia vocês vão morar juntos, podem tirar o cavalinho da chuva, os dois.— seu tom é firme, quase bravo. Tá vendo? Não consigo esconder nada dele. Alguns minutos na oficina e ele já descobriu que o Leo se inscreveu na Colúmbia. Se bobear os meus documentos na Juilliard estão todos corrigidos e ninguém nunca ouviu falar de Julie Anne Rivera Morris.

—Pequena, acho que com você na Juilliard nós voltaremos a morar em NY.— mamãe conclui, porque ninguém conhece o ciúmes do meu pai melhor que ela.




(...)



Os cinco meses depois daquela manhã passaram voando e num piscar de olhos eu estava na coxia da Juilliard esperando o meu nome ser chamado. Mãos geladas. Pernas bambas. Boca seca. Então eu ouço.

—Julie Anne Potts.— não consigo me mexer —Julie Anne Potts Stark.—chamam novamente. Aliso meu vestido preto e rodado, na verdade acho que seco as mãos, e caminho pro centro do palco onde o meu violoncelo já está. Pois é, mudei de instrumento, tocar o cello é sentir cada acorde vibrar no peito. Sento-me à baqueta e apoio o braço do violoncelo ao ombro, empunho o arco e antes do primeiro acorde no meio da plateia, bem atrás dos fodões da Juilliard, encontro a musa da minha canção. Decidi me apresentar com uma música inédita, minha, e dei a ela o nome de Sweet Pepper.



(...)



A carta nas minhas mãos parece ter vida própria, talvez ela saia voando.

—Me dá que eu abro, sua medrosa!— Tom-Tom provoca.

—Me devolve?!

—Não se mete, Thomas.— papai dá uma bronca.

Estou sentada diante da minha família e tenho o destino da minha vida nas mãos, fui aceita nas outras duas universidades, mas é essa que eu quero. Quero muito. Rasgo o envelope amarelado, desdobro o papel timbrado e começo a ler o meu destino. Até o meio da carta a resposta pode ser qualquer uma, mas o final é libertador.

"É com imenso prazer que receberemos você em nossa instituição"!— grito, mamãe me abraça, pulamos juntas.




(...)




Mais alguns meses e as minhas malas estão prontas. Minha família me espera em casa pra festa de despedida, mas Leo quis uma despedida particular. Não neguei isso a ele. Vamos nos separar, há algumas semanas eu parei de me iludir, um namoro a distância jamais daria certo. Ele passou na Berkeley uma das melhores universidade pra se graduar na carreira que ele escolheu. Leo fica na Califórnia, eu vou pra Nova York. Não é pela distancia que nos separaremos, mas pela consciência de que temos muito pra viver e pessoas fatalmente surgirão. Eu nunca beijei outro garoto de boca aberta na vida, Leo pegou na minha mão quando eu tinha 12 anos, desde então não soltou mais. Até agora. Nos conhecemos por causa da música e por causa dela nos separamos, cheguei a pensar que tivesse o dedo do meu pai nisso, mas acho que é coisa do destino mesmo. Se eu tiver que ser dele um dia voltaremos a ficar juntos, mas não posso e não vou ficar presa a ele.

—Sabe o que me consola?— ele pergunta fazendo círculos em meu umbigo.

—O que?— afago seus cabelos loiros.

—Você vai lembrar de mim pra sempre, seu primeiro tudo.— ele beija a minha barriga.

—O mesmo pra você.— digo. É bom saber que nós dois temos consciência da despedida. Me despeço do abraço, do beijo, do cheiro e do toque dele, estamos em sua cama, seminus em meio a bagunça do quarto de um futuro engenheiro de biossistemas.



Dirijo de volta pra casa com a capota do Saab conversível que ganhei de formatura aberta, tudo isso não passa de um truque pros meus cabelos secarem. Quase sempre funciona. Antes de sair do carro já na garagem de casa faço uma trança pra "domar" os fios e subo em direção à minha festa. Ao sair do elevador na sala vejo todo mundo que eu amo. Vovó e vovô, meus pais, meu Tom-Tom, minha dinda ruiva e a morena, tia Kate, Tio Rhodey e a minha irmã de coração.

—Finalmente você chegou.— Alex me abraça.

—Estava fechando um ciclo.

—Com chave de ouro, aposto.— ela sussurra com malícia. Minhas bochechas queimam. Às vezes chego a duvidar da diferença de idade entre nós, um ano não é muito, mas a Alex é tão mais adiantada e isso enlouquece o Tio Rhodey e o papai por tabela, que se mostra um padrinho muito ciumento. Alex brinca que é quase tão indomável e livre quanto seus cachos.

—Pequena do vô, você parece maior que da última vez.— vovô brinca.

—Você nunca vai parar com essa brincadeira, não é, Jonathan?

—Deixa ele, vovó, não ligo de ser baixinha. Nos menores frascos os melhores perfumes.

—E os piores venenos.— a dinda Jess conclui brincando.

—Você está linda, meu amor.— diz a minha dinda Gabby.

Quando meu pai falou da festa de despedida eu achei estranho, fazer meus avós e a dinda virem de Portland. Mudar a rotina de todo mundo por uma noite. Poxa, só estou indo pra NY, não estou saindo do pais. Mas se todos eles estão aqui e a sala está decorada com balões estampados de notas musicais é porque sou muito amada por está família mesmo. E eu tô amado a nossa festa.

—Nem pensar!— tio Rhodey diz quando Alex conta que pretende cursar veterinária em NY —Tem a UCLA a...

—Parece o Tony falando.— mamãe ri.

—Eles são iguais, Pepper.— tia Kate comenta.

—Vou e pronto. Vocês têm um ano pra se acostumarem com a ideia.— Alex não se intimida.

—Quero fazer faculdade em Nova York também.— Tom-Tom diz —Eu cuido delas, padrinho.

—Eu também, mamãe.— Laurinha diz pra dinda.

—Falta muito ainda, pra vocês dois.— vovó diz.




(...)



A minha última noite em casa foi longa e no meio dela recebi um carinha que me visita desde quando aprendeu a descer do berço.

—Ju, vou dormir com você, tá?— ele diz ao se enfiar sob as minhas cobertas, então me abraça e dormir fica muito mais fácil.

Na manhã seguinte quando saio do banho dou de cara com meu pai.

—O que ele tá fazendo aqui?

—Veio no meio da noite.

—Ele vai sentir muito a sua falta.

—Só ele?— pergunto.

—Por mim iríamos todos pra NY, mas sua mãe disse que você precisa crescer. "Deixe o passarinho voar" ela diz.

—Imagino você ranzinza quando o inverno chegar.— ele ri —E tem o Tom-Tom, a rotina, a escola, os amigos, a vida de vocês é aqui.— concluo —Eu vou sozinha, mas sempre vou voar de volta pra casa, ok?

—Você sempre virá jantar com a gente na última sexta-feira do mês, fechado?

—Fechado. E fico pro final de semana.— aperto a sua mão selando o nosso acordo. Beijo seu rosto.

—Acorde o seu irmão e desça, vamos tomar café no jardim, ideia da sua mãe.

Passamos o domingo grudados, meus avós e a dinda voltaram pra Portland logo depois do almoço e na segunda-feira de manhã eu voei pra NY.



(...)




Embora as aulas só comecem na semana que vem cheguei antes pra entrar no ritmo. Nova York tem outra velocidade e eu vou andar de táxi por muito tempo até me acostumar com ela. A cidade tem outra cara, outra cor e os meus vestidos leves em breve serão trocados por casacos pesados.

—Bem-vinda, Srtª Stark.— Jarvis me recebe assim que o elevador se abre.

—Obrigada, J.

Chegar à Torre Stark sozinha foi estranho, estou na minha casa, mas não parece a minha casa. Falta alguma coisa. Faltam três pessoas. Foi impossível não me lembrar da primeira vez que estive aqui. Todas as vezes em que meus pais me pegavam no abrigo eu imaginava o dia em que eles me trariam pra casa, até que aconteceu. Mas nunca imaginei que moraria aqui sozinha. Levo as minhas coisas no quarto, que já não tem mais o meu nome escrito na porta, nem os móveis de menininha, no entanto o desenho na parede ainda é o mesmo. Meu telefone vibra. Vídeo-chamada.

Chegou bem?— papai pergunta.

—Sim, mas é estranho estar aqui sem vocês.

Tá estranho sem você também, Ju.— Tom-Tom diz.

Explore a casa, cada cantinho, como fizemos quando você esteve aí da primeira vez. Você verá que não será mais tão estranho.— mamãe diz.

—Vem comigo? Como daquela vez?

Só não vou poder te levar pela mão.— ela diz. Não tem problema, mesmo por vídeo a sinto perto e ela me apresenta cada cômodo que entro, nenhum deles ainda esta igual. Tudo é diferente. Eu sou diferente. Ao entrar num dos quartos de hóspedes vejo que ele não é mais um quarto, mas se eu não souber me controlar vou dormir aqui muitas noites. Paredes claras, um sofá que parece muito confortável, alguns instrumentos musicais que eu apenas "arranho", um violino e um violoncelo novinhos.

—Vocês não existem!

Gostou?— papai pergunta. Certa vez ele me prometeu um estúdio, agora eu tenho um com a vista perfeita.

—É perfeito.

Você tem tudo o que precisa pra ser a melhor aluna que aquela escola já viu, e na formatura papai espera uma música só pra ele.— ele diz.

—Vou compor.— eu digo.

Você é dona do seu destino e a sua vida será do jeito que você deixar que ela seja. Voa, passarinho. Voa alto.

—Vou voar, mamãe.

Olho pela janela e Nova York de repente não me amedronta mais, a tenho sob meus pés.





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Notas finais do capítulo

E aí, curtiram?
Quero dizer que curti muito toda a história, todo o tempo, cada capítulo com a sua particularidade.
Agradeço mais uma vez a companhia de vocês, o carinho e a reciprocidade. Vocês não sabem o quanto cada novo comentário, cada nova leitora e recomendação me fazia, aina faz, feliz. É bom ver o trabalho reconhecido, parece bobagem, mas é trabalho sim, pois precisa de tempo e dedicação como qualquer outro trabalho.

E por falar em trabalho, não sei quando volto, justamente por isso. Detesto deixá-las esperando, e nos últimos meses, o meu trabalho, o que rende $, tem me ocupado mais, por isso vou focar nele. Mas não se preocupem, não vou abandonar a escrita, escrever é meu vício e meu lazer, quando surgir uma nova história, com certeza, ela aflorará e não haverá trabalho rentável que me impeça de escrever.
Só não sei o quê e quando voltarei a escrever.

Só sei que um dia eu volto.


Ah, recadinho que nem todo mundo precisa ler, mas vou deixar.
Eu não abandono o site quando não estou postando histórias, por isso, antes de pensar em me plagiar, como aconteceu com todo um capítulo de "Do singular ao plural", lembra que eu tô de olho, tá? E se acontecer vou denunciar sim, e deixar review mal-criado sim, pq tem duas coisas que não sou: trouxa e obrigada.

Voltando a fofura ♥
Quero sempre as queridas comigo em cada nova história, escrevo por prazer, mas é pra vocês também. Obrigada pelas mensagens queridas nos últimos seis meses. Sim, foram seis meses. Comentem, favoritem, recomendem, as minhas histórias estarão sempre aqui pra vocês. Continuem sendo fofolindas. Sentirei saudades.


Starkisses,
Tulipa.



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