Um divã para dois escrita por Tulipa


Capítulo 25
Vinte e Cinco


Notas iniciais do capítulo

Demorei, eu sei.



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*Pepper*





A vista no caminho pra casa sempre chamou a minha atenção, mesmo quando esse não era o caminho pra casa. Quer dizer, mesmo quando a casa dele não era a minha casa, mas era aonde eu queria estar. Ele sempre foi mais próximo a mim dentro daquelas paredes e, aos poucos, a casa dele foi virando minha, nossa. Nossa casa. Pôr-do-sol, brisa do mar e eu me dou conta que tudo isso é praticamente o meu quintal e há muito tempo não piso na areia. Por um instante penso em parar e fazer isso, ter um momento meu, mas então penso que as crianças amariam isso também. Reduzo a velocidade e continuo o meu caminho enquanto faço planos pro fim de semana com o trio que me espera em casa.

Deixo o carro na garagem e subo direto pra sala, encontro a babá recolhendo os lápis de cor e folhas de sulfite com os desenhos mais diversos possíveis.

—Boa tarde, Sra Stark.— Rachel me cumprimenta surpresa, talvez porque eu tenha chegado antes do previsto ou por tê-la pego no flagra arrumando a bagunça do Tom-Tom.

—Boa tarde, Rachel, onde ele está?

—Na oficina com o Sr Stark, acabou de descer.

—E a Julie?

—No quarto.— Rachel responde —Ela já tomou banho, ele fugiu.

—Como sempre.— eu penso alto —Rachel, se você arrumar sempre as coisas pro Thomas ele nunca aprenderá fazê-las, deixe tudo aí.— digo pra ela —Jarvis?

—Sim, Sra Stark?

—Diga ao Thomas que há assuntos pendentes aqui na sala.— eu falo, me sento e enquanto espero livro-me dos sapatos. —Em quanto tempo você acha que a porta do elevador se abrirá, Rachel?

—Em uns três minutos.— responde, mas ele aparece antes que complete um.

—Que foi, mamãe?— ele pergunta assim que as portas se abrem na sala, olho sobre meu ombro e o vejo se aproximar, Thomas está cada dia mais parecido com o Tony, apesar dos cabelos mais claros e dos olhos azuis, mas a personalidade e o jeito displicente estão impregnadas no seu corpinho de cinco anos de idade.

—O certo é "Oi, mamãe".— eu falo.

—Oi, mamãe, o que foi?

—Foi que você desceu e deixou essa bagunça aqui pra Rachel arrumar, o que a mamãe já falou pra você?— ele não responde, apenas pega os papeis, os lápis de cor e guarda na gaveta do móvel no canto da sala.

—Pronto.— ele diz.

—Agora beijoca na mamãe.— abro meus braços, ele vem, fazendo careta, mas vem.

—Porque você é tão chata, mamãe?

—Porque eu te amo.— digo o apertando em meus braços —Me agradeça por ter sido tão chata quando você crescer.— beijo sua cabeça.

—Acho que vocês não precisarão mais de mim, não é, Tom-Tom?

—É Tom, Rach, eu não sou mais um neném.

—Como assim não é um neném?— pergunto pra ele —Claro que você é um neném, meu bebezinho.— faço cócegas nele.

—Não sou não.— ele ri.

—Pra mim você sempre será o Tom-Tom, mas prometo não te chamar assim na frente dos coleguinhas, tá?

—Combinado.— ele pisca pra ela com seu jeito Stark.

—Vou indo, Sra Stark, diz pra Juju que eu deixei um beijo, ok, Tom-Tom?

—Ok, Rach.

—Até segunda, Rachel.— eu digo —Vamos pro banho, mocinho?

—Vou tomar banho com o meu pai.

—Ele vai demorar?

—Não sei, mas eu espero.— Thomas responde —Pode subir pra ver a Ju.

—Primeiro vou conversar com o seu pai.— falo ao me levantar —Vamos ver que chega primeiro à oficina?

—Eu vou de elevador!

—Se eu ganhar você sobe pra tomar banho, ok?

—Ok!

—1, 2, 3 e já!— eu corro e ele corre, desço as escadas tendo a certeza que a porta do elevador ainda nem abriu.

—O que esta acontecendo?— Tony pergunta quando eu chego.

—Acabo de ganhar uma aposta.— respondo e lhe dou um beijo —Oi, filho, vamos subir pra tomar banho?

—É isso?— Tony sussurra, aquiesço —Você trapaceou, com essas pernas enormes tenho certeza que desceu dois degraus de cada vez.

—Ele quem escolheu vir de elevador.

—Filhote, da próxima vez escolha a escada.— Tony diz —E ainda assim talvez você perca.

—Isso o faça rolar das escadas.

—Não fui eu quem inventou isso de apostar corrida.— Tony diz.

—Isso que você tá fazendo pode ficar pra depois?— pergunto.

—Porque?

—Porque ele quer tomar banho com você.

—Ele não disse nada, só chegou aqui e ficou com aquele olhar até você chamar.

—Aquele olhar sempre significa que ele quer alguma coisa, amor.

Thomas tem uma relação de idolatria com o Tony, na maioria das vezes é assim mesmo, ele apenas se aproxima e não diz nada. Thomas pode ficar por horas apenas olhando pro pai, acho que é por isso que eles são tão parecidos, ele absorve cada trejeito Tony.

—Você tem algo pra pedir pro papai, amigo?

—Rachel disse que era hora do banho e eu fugi.

—Por quê?— Tony arqueia uma sobrancelha.

—Porque eu queria tomar banho com você pra...

—Pra...?

—Pra fazer a barba como naquele dia.— ele responde timidamente.

—A gente pode tomar banho, mas o papai já fez a barba de manhã, campeão, outro dia nós fazemos juntos de novo, ok?

—Tá bom.

—Até porque essa barba aí nem cresceu ainda, né?

—Tá demorando, né, papai?

—É porque você fez bem feita.— ele diz. Eu não preciso dizer que o dia em que ele fizeram a barba juntos foi lindo, né? É claro que o Tony fazia malabarismos pra fingindo passar a navalha no rosto do Tom-Tom, ao mesmo tempo que eliminava a espuma de barbear do rosto dele, um momento fofo e único todo registado em fotos tiradas por mim.

—Não demora pra subir, tá?— beijo o Tony —Vou ver a Ju.

—Ela tá ensaiando.

—Quando a Rachel avisou que ela estava no quarto eu imaginei, por isso não subi ainda. Tivemos progresso?

—Como se ela me deixasse ouvir.— ele revira os olhos.

—Vou tentar entrar.— respondo —Não...

—Não demora, sabemos.— ele me corta.

—Até daqui a pouco, bebê da mamãe.— provoco só pelo prazer de vê-lo fazer a mesa cara que o Tony faz quando estou enchendo o seu saco.

—Não sou um bebê, mamãe.— ele responde.

Subo direito sem passar pela sala abandonando os meus sapatos e a minha bolsa lá, ao chegar no corredor não ouço nada, a melhor e a pior coisa que fizemos foi colocar isolamento acústico no quarto da Julie, enquanto ela só ensaia é ótimo, porém quando ela arrumar um namorado nos arrependemos disso. O Tony mais do que eu. Bato na porta algumas vezes e ao não ter resposta alguma decido entrar. Imediatamente JuIie para de tocar e o notebook sobre a cômoda leva um tapa.

—Você precisa bater, mamãe!— a minha pré-adolescente temperamental diz.

—Eu bati, filha, tudo bem?

—Tudo.— ela responde e me beija, pelo menos não preciso pedir pelo beijo.

—Quando é o recital mesmo?

—Em duas semanas.— ela responde —Mudei de música de novo, não consigo decidir.

—Você não me deixou ouvir nada, mas acho todos boas.

—A minha dinda...— ela abre o laptop e Jessica surge na tela —Tá me ajudando.

—A dinda ouviu e a mamãe não?

—Mamãe, minha dinda é uma estrela do rock...

—E você toca música clássica.

—Música é música, amore, sem drama.— Jessica diz —Mas a sugestão da Dinda é muito boa, mostra pra sua mãe, Ju, ou ela vai me azucrinar.

—Não sei, dinda, ninguém conhece esse cara, ele já morreu.

—Clássicos são sempre clássicos e esse cara morto era o Rei do Pop.

—Michael Jackson?

—Você conhece?— Julie pergunta surpresa, aquiesço

—Qual música?

—Smooth Criminal.— Jess responde.

—Smooth Criminal no violino?— pergunto animada —Não preciso ouvir, apenas faça.

—No violoncelo ficaria incrível também.

—Mas eu não sei tocar violoncelo direito ainda, dinda.

—É quase a mesma coisa, só que em vez de segurar o instrumento aqui...—Jess faz o movimento —Você segura aqui.

—Melhor não arriscar, dinda, eu tenho duas semanas e não quero passar vergonha na frente das pessoas, dos meus avós e da minha outra dinda.

—Só vai faltar eu então?— Jess pergunta.

—Pelo visto, aproveite a turnê, estrela do rock.— mando um beijo pra tela do computador —Filha, mais uma hora de ensaio só, tá? Espero que seu pai e seu irmão já estejam no banho, eu preciso de um banho e depois do jantar descanso, ok?

—Mas, mamãe...

—Mas nada.— beijo sua testa.

A cada visita à casa da Jess, Julie se encantava por um instrumento diferente, quando comentei com o Tony ele comprou outro piano e colocou na sala no mesmo lugar onde já houve um antigamente. No entanto dos seis aos oito ela quis ser bailarina, aos nove, enquanto víamos um filme ela descobriu o violino, e a música entrou de vez na vida dela. Era uma vez o balé. Não sei se é isso o que ela quer, ela tem só 11 anos e, com certeza, é cedo pra decidir.

Demoro no banho tempo o suficiente pra tirar o peso da semana atribulada. A jornada dupla, mãe e empresária, não é fácil, mas desde o começo eu soube que não seria e precisava das duas coisas pra ser feliz. Na verdade preciso de três coisas: filhos, marido e carreira. Hoje eu sou melhor do que há sete anos, naquela época eu morria aos poucos.

—Mamãe!— o grito agudo e as batidas na porta me fazem desligar o chuveiro —Mamãeeê!

Me envolvo no roupão, envolvo a toalha nos cabelos e abro a porta.

—Onde é o incêndio, filho?

—Tô com fome.

—Diz pro seu pai que a Tracy deixou o jantar no forno...

—Não deixou não, ele já viu...— ele avisa.

—Tá, diz pro seu pai se virar, já estou descendo, só vou vestir uma roupa.— eu falo.

—Mamãe, você tá muito cheirosa.

—Você também, filho.— eu digo após me curvar e cheirar seu pescoço —Agora vá dar o recado pro papai, mamãe já vai.

Thomas deixa o quarto e eu vou pro closet, escolho uma lingerie confortável e depois de vesti-la me enfio num short jeans e camiseta branca, o coque que fiz pra evitar molhar os cabelos durante o banho ainda parece perfeito, então o mantenho. Minha pele pálida reflete no espelho e eu me dou conta de que preciso de alguns minutos de luz natural. Aos 42 a única ressalva que tenho em relação ao meu corpo é essa mesmo, palidez, e isso é fácil de ser contornado.

—Para de pôr o pé na minha cabeça!— Julie reclama. Quando chego à sala de estar, Tony esta sentado bem no meio do sofá, Thomas esta deitado, à direita, com os pés sobre seu colo e Julie está deitada, à esquerda, com a cabeça sobre seu colo. —Papai?!

—Eu não tô fazendo nada.— o pequeno ri.

—Seu pé ao menos está limpo, filho?

—Ah, tá, porque se tiver limpo ele pode ficar passando o pé no meu cabelo?— ela levanta muito brava e passa as mãos por seus cabelos castanhos —Eu tava deitada aqui primeiro.

—Thomas, para de provocar a sua irmã, vira ao contrário.

—Onde eu vou colocar o meu pé?

—No colo da mamãe.— eu digo ao me sentar —E então, o que vamos jantar?

—Tracy hoje foi embora logo depois do almoço, você sabia? Tinha um bilhete na geladeira.

—Semana passada ela disse algo sobre sair mais cedo porque tinha médico, mas eu não lembrava que seria hoje.— eu falo.

—Além do bilhete ela poderia ter deixado uma comida na geladeira também, né, papai?

—Na verdade a geladeira está cheia de comida, filho é só preparar.— eu digo.

—Sr Stark, o jantar chegou.— Jarvis avisa.

—Chegou, chegou, chegou, chegou, chegou.— Thomas comemora animado e corre, com certeza em direção à porta.

—Já volto.— Tony diz.

—Pizza?

—Hambúrguer.— Julie diz, se arrastando sobre o sofá e então deita a cabeça no meu colo —Tom-Tom disse pro papai que você mandou ele se virar com o jantar...

—E ele pediu lanche?

—Eu disse que nós podíamos fazer, mas o Tom-Tom queria o lanche e as batatas específicos. Aqueles que você nunca deixa porque pode entupir as nossas artérias.

—Eu nunca disse isso.

—Disse sim.— ela afirma.

—Papai perguntou se a gente pode comer aqui ou tem que ser na cozinha, ou na outra sala?

—Não vou sair daqui, tô com preguiça.— Julie avisa.

—Pode ser aqui.

—Papai! Pode vir!

—Alguém precisa ir buscar os copos.— Tony surge com sacos de papel nas mãos e um refrigerante sob o braço.

—Eu não...

—Eu vou.— eu digo, Julie senta pra que eu possa levantar.

—Mamãe, você pode trazer um suco?— ela me pede, reviro os olhos, porque é muita folga da parte dela —Por favorzinho?

É claro que eu fui à cozinha peguei os copos e a caixa de suco. Jantamos sentados em volta da mesa de centro. Thomas foi capaz de comer o seu lanche, suas batatas e as minhas enquanto conversávamos sobre tudo, tudo o que não foi falado durante a nossa semana corrida.

—Tô com saudade do vovô.— Thomas comenta.

—O vovô e a vovó vem daqui duas semanas pra apresentação da sua irmã.— Tony diz.

—Apresentação de quê?

—De violino, filho, é por isso que nós quase não vemos mais a sua irmã.— Tony comenta —Ela chega da escola, se tranca no quarto e só sai quando a sua mãe chega.

—Eu achava que ela ficava lá porque não gosta mais da gente.

—Não gosto mais mesmo.— Julie brinca e Thomas a olha tristinho —Mentira, seu bobo, gosto sim.— ela faz cócegas nele.

—Vamos fazer uma coisa?

—Que coisa, mamãe?— Tom-Tom pergunta.

—Amanhã ninguém vai ficar trancado no quarto na oficina ou onde quer que seja, ok? Vamos ficar juntos.

—A gente podia fazer um piquenique na praia.— Julie opina, a nossa sintonia chega a ser surpreendente algumas vezes.

—Isso! Quem topa?

—Eu topo!— o meu pequeno diz animado, programa diferente é com ele mesmo.

—Amor?

—Claro que eu vou. — Tony afirma.

E assim que todos concordaram com o piquenique, por quase uma hora passamos a discutir o melhor horário e o que levar. Decidimos sair logo depois do café e levarmos coisas pra um almoço e um lanche leve caso fiquemos tempo demais.

—Tom-Tom.— Julie chama balançando a mão diante do rosto dele, Thomas dormiu encostado ao Tony e nós nem nos demos conta.

—Eu levo ou você leva?— Tony pergunta brincando, é claro é ele quem ira levá-lo. Thomas está enorme e eu já não o aguento como aguentava antes —Vamos, torinho.— ele se levanta e pega o nosso pequeno em seus braços.

—Mamãe, quantos anos você tinha quando gostou de um garoto da primeira vez?— Julie pergunta assim que o Tony sai da sala.

—Você tá gostando de um garoto?!— ela revira os olhos —Óbvio que você está ou então não teria me perguntado, né?— ela aquiesce —Acho que eu tinha uns 12.

—É estranho gostar de alguém antes disso? Na verdade eu não sei se eu gosto, ele é só um amigo da aula de música...— ela para de falar e disfarça, então boceja, Tony acaba de voltar pra sala —Acho que eu vou dormir também.

—Dormir mesmo, né? Nada de internet e violino.— Tony comenta.

—A internet o Jarvis bloqueia e o violino, minha mãe pode subir e tirá-lo do quarto se quiser.

—Que desculpa esfarrapada pra sua mãe subir, se você quer que ela te coloque na cama assuma, bebê.— Tony caçoa, sem saber que talvez ela queira que eu suba pra continuarmos a conversa que ele acaba de interromper.

—Vou adorar fazer você dormir, não faço isso há uns três anos pelo menos.— comento.

—Deixa pra outro dia, tá?— ela se levanta —Boa noite, mamãe, te amo.— ela me beija o rosto.

—Boa noite, filha, também te amo.— retribuo o carinho.

—Boa noite, papai...

—Tá faltando o complemento.

—Amo você, papai.

—Também te amo, princesa.— ele a beija. Julie nos deixa na sala de estar. —Impressão minha ou ela cresceu mais?

—Está crescendo.— digo não me referindo só ao tamanho, mas a maturidade.

—E nós...?— Tony pergunta ao se aproximar.

—Estamos ficando velhos.— eu brinco.

—Isso é um fato, eu mais do que você.— ele diz e se aproxima mais. —Mas eu quero saber o que faremos agora que estamos sozinhos?

—Bem...— roço os meus lábios nos seus —Podemos começar com isso. Contrariando sua expectativa beijo seu pescoço e sinto a sua pulsação e seu aroma enquanto ele engole em seco.

—Baby...— ele diz quase como um alerta de "Não brinque com fogo". Beijo de novo o mesmo local bem na curva do pescoço. Provocá-lo é algo que eu amo fazer, porque sei que ele sempre estará pronto pra mim. Ele geme e agarra a minha nuca. —Baby.

—Eu adoro a maneira como você reage a mim.— sussurro inebriada pelo poder de ter um homem quase indomável a minha mercê —Como se não tivesse qualquer reserva a meu respeito.

—Não tenho mesmo.— ele me afirma fazendo um cafuné que desmancha o meu coque —Você sempre fez e teve de mim o que quis. Diz o que você quer de mim agora.

Sua afirmação me fez sentir tão mais poderosa que quase usei o meu poder onde estávamos, no entanto mantive o controle, porque faz tempo que as crianças não dormem cedo, e o que ele espera que eu peça nós podemos fazer depois.

—Quero namorar você.— eu peço.

—Me namorar?

—É, eu e você, sozinhos, vinho e um filme.

—Beijos entre uma cena e outra?

—Claro.— respondo.

Ele juntou a bagunça que as crianças, Tom-Tom mais precisamente, fizeram com os lanches e levou pra cozinha. Ao voltar trouxe duas taças e uma garrafa de vinho tinto. Saí do chão e sentei-me ao sofá, ele se ajeitou atrás de mim pra que eu ficasse entre suas pernas. Servi o vinho pra nós dois e pedi ao Jarvis que colocasse Uma linda mulher pra rodar e baixasse as luzes. Entre beijos e mãos bobas o meu "namorado" soube se comportar até eu dormir nos braços dele.




(...)




Se eu soubesse que a um piquenique com eles seria tão bom teria proposto isso antes. Não contente em estender uma toalha no chão, Tom-Tom sugeriu que Tony armasse uma tenda pra nos proteger do sol, e é claro que ele fizeram isso juntos, enquanto eu e a Juju torcíamos pros alicerces não desabarem na cabeça deles, depois de alguns sopros do vento que foram como um teste pra integridade do nosso abrigo, nos duas ficamos sob a tenda observando os nossos garotos na água.

—Você não falou pro meu pai sobre o garoto da aula de música, né?— Julie pergunta.

—Nem vou falar, pode ficar tranquila. Seu pai é o ser mais ciumento e passional que eu conheço, não quero ele no seu pé já no seu primeiro amor.

—Nem sei se é amor, mamãe.— ela diz.

—Nessa idade você nem precisa saber, filha.— beijo seus cabelos —Vamos molhar os pés?

—Vamos.— ela aceita.

Caminhamos até o ponto em que a onda já pequena se desfaz na areia, e é o máximo em que ela se aventura, descobri isso quando a trouxemos pra no nosso primeiro ano novo juntos, praia pra Julie é mais som e visual, nada de mergulho. Já o Thomas ama o mar e é como um peixinho destemido.

Passamos a tarde na praia, e agora enquanto no horizonte eu vejo o céu alaranjar indicando o fim do dia, observo os meus filhotes se divertirem juntos, embora as idades diferentes e afastadas eles chegaram praticamente juntos nas nossas vidas. Chegaram pra mudar o que eramos e nos fazer melhores.

—Foi um bom dia, não foi?— sentado atrás de mim Tony me beija os cabelos.

—Foi sim.— digo apertando seus braços em volta de mim.

Mas todos os dias dos últimos anos tem sido bons. Eu penso. E se alguém um dia me perguntar como curei as minhas feridas talvez eu responda: Com algumas sessões de terapia, um marido incrível, e dois filhos lindos.

—Será que eles já estão cansados o bastante pra voltarmos pra casa?— Tony pergunta.

—Se perguntarmos eles dirão que não, mas te garanto que nenhum dos dois ficará acordado por muito tempo depois de um bom banho.

—Isso é bom.— ele usa seu tom malicioso.

—Por quê?

—Namoraremos a minha maneira hoje.— ele diz.

—Estou ansiosa.— falo o olhando sobre meu ombro e ele me abre um sorriso.

Tony me dá um beijo breve o bastante para não despertarmos a atenção das crianças e diz —Essa noite você é minha.

—Sou sua todas as noites.— replico —Pra vida toda.



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Notas finais do capítulo

Fim?
Será?
Tava pensando num epilogo fofinho, que que cês acham? Aguentam esperar?

Beijos :*