Um divã para dois escrita por Tulipa


Capítulo 15
Quinze


Notas iniciais do capítulo

Tenho um aviso, mas vou deixar pras notas finais, antes disso:

Quero agradecer a nova recomendação que a fic recebeu, obrigada pelas palavras, The Scientist, e por dedicar seu tempo pra ler e compartilhar seu gosto pela minha história.



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*Pepper*




Às vezes ser boa em contas pode ser péssimo. Foram quase trezentos dias e eu acho que ele jamais ficaria tanto tempo sem sexo. Sexo pra Tony Stark era como respirar, ou talvez fosse uma droga da qual depois de experimentar ele não conseguiu abrir mão. Ao mesmo tempo que sei de tudo isso tenho a certeza de que ele me ama tanto e incondicionalmente que não colocaria tudo a perder.

—Para de pensar besteira.— ele diz, pega nossos pratos, coloca sobre a pia e se aproxima.

—Eu não tô...

—Você tá sim.— Tony segura o meu queixo e levanta meu rosto para que eu o olhe nos olhos, estávamos jantando sentados à bancada na cozinha quando o bichinho da desconfiança me picou —Você quieta é um perigo pra nós, eu prefiro que você pergunte, fale, grite, mas detesto o seu silêncio.— eu baixo os olhos —Baby, olha pra mim. Diga alguma coisa.— ele suplica.

—Por mais que eu te ame, e eu te amo demais, você sabe que eu não te perdoaria, não é?— ele aquiesce —Eu não te afastei todo aquele tempo por falta de amor, eu só estava quebrada, ainda estou juntando os meus cacos e mais do que a sua fidelidade eu quero ter a sua lealdade também.— digo olhando em seus olhos.

—Eu sei como você pensa, e não seria um canalha em pedir perdão se estivesse errado, assumiria o meu erro e encararia as consequências.— ele me diz —Eu só não estive mais perto porque você não deixou e não se trata de sexo, nós éramos amantes sim, bons, intensos, mas também sempre fomos cúmplices e na situação pela qual passamos era essa cumplicidade que precisava estar em alta. Quando mudamos pra cá eu achei que magicamente tudo ficaria bem, e eu tentei nos reconectar, mas não ficou. Você não estava bem e se fechou numa concha que só foi aberta quando começamos a frequentar a terapia.— ele diz.

Realmente, a terapia nos salvou, lembrar do começo nos resgatou, nos fez lembrar que, como ele mesmo acabou de dizer, antes de amantes, nós nos tornamos amigos, cúmplices, entre desentendimentos bobos, ou não tão insignificantes, nós cuidamos um do outro, fomos apoio um pro outro e sentimos ciúmes um do outro mesmo que romanticamente não tivéssemos nada e ao mesmo tempo tivéssemos tudo.

—Eu sou uma boba.— assumo.

—Não, você não é.— ele diz —E eu esperaria por você por muito mais meses se fosse preciso.— ele segura meu rosto em suas mãos —Eu teria te esperado, você entende? Eu nunca quis te forçar...

—Do que você tá falando? Você nunca me forçou a nada.

—Naquela noite, depois da terapia quando falamos sobre Seattle...— ele começa —O fato de você não fugir do meu beijo me fez crer que você quisesse...

—Eu queria.— eu falo, outra vez estou mentindo pra ele, preciso parar com isso.

—Talvez você quisesse o beijo, o meu afago, mas não era pra ter ido além e eu só me dei conta disso depois. Nós, que já estávamos distantes, tínhamos perdido a sintonia e isso me desesperou.— seus olhos se enchem de lágrimas e sua voz embarga —Nós estávamos nos perdendo. Eu estava perdendo tudo.— De repente a situação se inverte e o motivo que eu tinha pra duvidar dele torna-se banal. A forma carinhosa que ele passou a me tratar depois daquela noite nada mais era do que culpa. Nós éramos dois culpados. A diferença é que eu continuei a mentir pra ele. —Mas a viagem pra Portland trouxe a minha esperança de volta, você estava tão bem, nós estávamos tão próximos.

—Eu menti em Portland...— eu digo e ele esboça uma reação, mas continuo —Na noite do aniversário do meu pai eu não estava tão bêbada quanto fiz você pensar que eu estava. Sabia que você não se lembraria da nossa noite, e as coisas seriam mais fáceis pra mim, só não contava com a manhã seguinte.

—Baby, eu realmente não me lembrava de partes da noite do aniversário do seu pai, mas na manhã seguinte quando você começou a contar tive certeza de que você estava inventando aquela história. Até porque se eu não me lembrava, você jamais se lembraria, ainda mais depois de um porre de cerveja artesanal.— ele ri —Então já que você estava consciente, como foi?— ele pergunta, faço uma careta —Muito ruim?

—Rápido e barulhento.— respondo —Por isso houve bônus.— ele me abraça e eu afundo o rosto em seu peito, ainda estou sentada na banqueta diante do balcão enquanto ele está em pé entre as minhas pernas. —Me sinto ridícula.

—Não sinta.— ele beija a minha cabeça —Me lembro de estar bastante irresistível naquele dia. Eu teria transado comigo se tivesse a oportunidade.— ele ri contra o meu cabelo —Só não faça mais isso, tá?

—Isso, o quê?— pergunto ao olhar pra ele.

—Não prive os meus sentidos, não me impeça de estar com você inteiro. Teria sido muito melhor, pra nós dois, se eu soubesse o que estava fazendo.

—Com certeza você sabia.— eu digo.

—Provavelmente sim, sexo sempre foi algo mecânico pra mim, e na maioria das vezes eu estive tão embriagado quanto naquela noite porque eu realmente não me importava com nada além de mim, era unilateral. Mas eu nunca quis que fosse assim com você.— ele diz.

—Eu sei disso desde a primeira vez.— eu falo.

Parece piegas, mas sempre fazemos amor, mesmo quando é duro, intenso, quase violento, ainda é amor, porque nós dois estamos ali, entregues de corpo e alma ao momento e aos nossos sentimentos. Nosso encaixe foi perfeito na primeira noite e eu nunca vou esquecer o que ele me disse, quando pós-sexo me aconchegou em seus braços “Então isso é fazer amor?”, ele descobriu. Desde aquela noite fizemos amor, fosse na cama dele, na minha, ou no sofá. Na cozinha, no carro, contra a porta do banheiro de um restaurante, ou sobre a minha mesa na Stark. Nunca foi monótono, nos aventuramos bastante, mas sempre foi amor. Se há sentimento, mesmo que ele esteja em sua forma mais superlativa, a paixão, ainda é amor, não apenas sexo.

—E então, você fez as contas?— sua pergunta me tira do devaneio.

—Que contas?

—As que você parecia fazer quando a conversa começou.— ele refresca a minha memória —É claro que você fez, você sempre foi ótima nisso. Aliás, foi por ser boa em contas que nós nos conhecemos.— ele lembra —Quantos dias foram?

—Nove meses e alguns dias. E eu estou descartando as duas vezes antes daquela manhã em Portland.— respondo.

—Agora apague essa conta e comece outra.— ele diz e beija a minha testa —Um.— beija o meu nariz —Dois— ele sussurra e beija a minha orelha —Três.— o beijo no meu pescoço acende o meu corpo como uma árvore de natal —Quatro.

—Tony...— eu sussurro.

—Conte comigo, baby.— ele pede e beija o meu ombro exposto já que meu moletom não para no lugar.

—Cinco.— dizemos juntos, sua barba roça o meu colo, jogo o pescoço pra trás e ele planta um beijo em minha garganta —Seis.— no meu queixo —Sete.— seus lábios roçam os meus.

—Oito.— digo sozinha e ele ri contra a minha boca, acho que não valeu, sorrio de volta. Ele puxa meu lábio inferior entre os dentes. Sinto um calafrio bom, que percorre meu corpo dos pés ao último fio de cabelo —Nove.— suas mãos percorrem minhas costas sob o moletom. Um berijo demorado e provocante. —Dez.— é uma tortura e eu já não aguento mais. Escorrego as minhas mãos das costas até o bumbum maravilhoso do meu marido e o trago pra mais perto, seu moletom esfrega em minha malha. Não sou a única ligada aqui.

—Você me quer?— ele pergunta me beijando o pescoço, aperto minhas pernas ao seu redor —De verdade?

—Aqui.— eu respondo —Agora!

Com um sorriso provocante nos lábios e olhos brilhantes, seu rosto novamente está próximo ao meu, sua boca em direção à minha e então o melhor beijo da noite, não sei seu número porque me faz esquecer os outros. Sabor. Sensação. Calor. Excitação. Ele me beija desesperadamente e me faz pensar que sou eu. Sou eu o seu oxigênio e ele é o meu, mesmo assim ainda precisamos de ar. Quando nos afastamos, com a sua ajuda tiro sua camiseta e depois de me deixar beijar seu peitoral másculo ele tira o meu moletom que era tudo o que cobria a parte superior do meu corpo. Só a maneira como ele me olha me faz arfar, meus seios sobem e descem seguindo minha respiração.

—Baby, você é tão linda.— ele arfa —Tão linda.— recebo um beijo breve e áspero, antes de outra mordidinha suave no lábio inferior, enquanto ele me levanta brevemente da banqueta para descer minha calça e calcinha que deslizam pelas minhas pernas. Tony abre as minhas pernas novamente e agora coloca-se de joelhos diante de mim. Seus dedos me atiçam. Sua boca me provoca, sua língua percorre o meu sexo. Ofego, mordo o lábio, gemo e não sei de onde tiro equilíbrio pra não cair no chão. Talvez seja o apoio do balcão atrás de mim. Puxo seu cabelo e o tiro do meio das minhas pernas quando estou chegando ao meu limite.

—Dentro de mim, agora.— praticamente ordeno e ele obedece. Tony fica em pé e desce sua calça de moletom liberando sua excitação.

—Onde você me quer?— ele roça seu pênis em minha entrada.

—Aí, bem aí.— o puxo e ele se afunda em mim.

Estamos conectados. Finalmente. Com o olhar sobre o meu ele começa a puxar lentamente pra trás. Calafrio. Quando ele está quase todo fora Tony empurra de novo começando o vai-e-vem. Dentro, fora, dentro, fora. De novo e de novo. Seguro os lados da banqueta enquanto suas mãos marcam as laterais do meu corpo. Seu ritmo se torna mais desesperado e ele vai cada vez mais fundo enquanto minhas costas batem contra o balcão. Eu o sinto dentro, fora. O sinto por meu corpo todo. Estou tão perto do limite que posso sentir todos os meus músculos se apertarem ao redor dele. O encontro dos nossos corpos continua, e ao enxergar um pequeno espaço entre nós ele me toca, seus dedos friccionam meu clitóris e eu me desfaço. Um grito escapa da minha garganta aumentando a intensidade de tudo o que flui pelo meu corpo que estava praticamente morto há um mês. Observo Tony fechar os olhos e inclinar sua cabeça pra trás, uma última estocada e com um urro áspero ele se derrama dentro de mim. O seguro comigo e me serpenteio em seu corpo suado.

—Uau.— ofego.

—Sim, uau!— ele beija minha testa molhada.

Minutos depois estamos em nossa cama, com as pernas bambas eu mal conseguia andar, e eu não sei de onde ele tirou forças pra me trazer pra cá em seus braços. Nus de conchinha sob as cobertas, seus braços envolvem meu peito e minha barriga, mantendo minhas costas encaixada ao seu peitoral. No porto seguro do seu abraço, com o corpo saciado e deliciosamente dolorido eu suspiro feliz. Sinto-me mais leve. E agora tudo o que eu quero é dormir nos braços dele, já o afastei por tempo demais.



(...)




Décima Segunda Sessão

—Como foi a semana desde a última sessão?— o dr Hayden finalmente pergunta depois de falarmos da chuva que cai sobre NY e quase nos impediu de chegar.

—Talvez essa tenha sido a semana mais leve que já tivemos, em meses. É como...— eu procuro uma definição.

—Uma lua de mel.— Tony completa, acho que não pensaria em nada melhor do que a nossa lua de mel que foi fantástica embora tenhamos visto pouco do nosso destino escolhido.

—Por falar em lua de mel vocês estão casados há...— ele começa a folhear seu caderninho. Primeira página, dr, essa foi a única reposta que dei na primeira sessão. —Quatro anos.

—Cinco.— Tony corrige, olho pra ele e arqueio a sobrancelha —Faltam três meses pra cinco anos.— meu marido é ótimo em contas também.

—É, ela disse quatro anos e meio há alguns meses.— dr Hayden observa —Imagino que foram anos bem intensos, como é conciliar a vida de super-herói com a vida conjugal?

—Administrável.— Tony responde.

—Você nunca teve medo da exposição que a sua família sofreria por causa disso?— dr Hayden pergunta.

—Todos os dias, mas protegê-las sempre foi a minha prioridade.— Tony responde —Mesmo quando quando decidimos ter o bebê e eu passei a agir mais nos bastidores do que em campo, efetivamente.

—Você nunca teve medo de que a sua vida se tornasse monótona com o casamento?

—Não.— ele responde —Acho que ter uma família traz outro tipo de adrenalina.

—E você, Virginia, essa vida dupla nunca a incomodou?

—Não.— respondo —É administrável, como ele mesmo disse.

—Você sempre quis isso?

—Isso o quê, dr?— eu rebato

—Uma família, filhos.— ele responde.

—Sempre, mas houve uma época em que eu achei que não aconteceria.— respondo, Tony me olha intrigado.

—Com o Adam?— dr Hayden pergunta —Afinal, ela não poderia ter filhos.

—Eu e Adam lidávamos bem com essa questão, adotar uma criança sempre esteve em nossos planos e estava prestes a acontecer...

—Estava?— Tony pergunta, ele não tira os olhos de mim.

—Nós começamos o processo pouco antes do seu sequestro, eu ia deixar a Stark, lembra?— ele aquiesce —Planejávamos deixar LA e recomeçar num outro lugar longe de...

—De mim.— ele completa —Se eu era o problema porque você não seguiu com o plano quando eu desapareci?

—Porque não era você o problema, era eu.— respondo —Meu casamento acabou porque eu nunca conseguiria amar o Adam como amava você. E amar você inverteu a minha prioridade, pelo menos por algum tempo.

—Não consigo entender.— dr Hayden comenta.



O processo de adoção era lento e burocrático, ainda mais no nosso caso, Adam e eu estávamos casados há pouco tempo, segundo a assistente social, trabalhávamos demais e pelo menos um de nós deveria se dedicar integralmente a criança na fase de adaptação. Eu escolhi fazer isso, seria mãe em tempo integral. E então tudo virou do avesso. Tony desapareceu e quando ele voltou meu casamento ruiu.

Não fazia sentido continuar com adoção. E eu fiquei aliviada por não ter nutrido falsas esperanças em nenhuma criança. Mas parecia que encerrar o processo poderia ser tão burocrático quanto começar. Numa manhã de sábado eu acordei com a campainha do meu apartamento tocando.

—Quem é?— perguntei ao atender o interfone.

—Zoe Miller, assistente social.— uma mulher respondeu e eu demorei pra assimilar e então a deixei subir. Fui ao quarto trocar de roupa, por coincidência estava em casa, aquela semana havia sido intensa pro Tony e ele quase não parou na mansão, como eu não gostava de ficar lá sozinha dormi em casa todas as noites —Desculpe incomodar a essa hora.— a mulher diz assim que abro a porta. Eu mal tive tempo de me arrumar, me enfiei num jeans, e continuei com a camiseta dele que eu sempre dormia pra não me sentir só, escovei os dentes correndo e quando me dei conta estava descalça. Zoe era quem intermediava a maioria das adoções do lar de menores de LA. E não era a primeira vez que ela ia à minha casa.

—Entre.— eu disse a ela, Zoe era bem bonita, pele negra, cabelos crespos com cachos, um rosto expressivo e lábios fartos —Você quer um café?

—Não, abrigada.— ela agradece.

—Então, o que lhe traz aqui?— perguntei sem rodeios apontando o sofá pra que ela se sentasse.

—Quero fazer algumas perguntas.— ela responde —Sempre que há abandono num processo de adoção nós buscamos esclarecer o motivo.

—O motivo é que Adam e eu decidimos nos separar.— respondo —Já faz quase um ano, na verdade.

—Sim, eu vi na ficha, mas nenhum de vocês se manifestou a respeito de uma adoção singular.— ela diz.

—Vocês colocaram tantos poréns no decorrer do processo que eu jamais imaginaria que um de nós poderia continuar a adoção.— eu respondo —No entanto eu não estou mais sozinha, e nunca conversei com o meu namorado sobre esse assunto.

Anthony Stark?

—É ele sim.— eu respondo.

—Bem...— ela se levanta —Acho que não há mais nada o que conversar.

—Mas eu ainda posso, certo? Não agora, talvez daqui um ano ou dois, quando a minha relação com o Tony estiver estável.

—Você pode tentar, mas garanto-lhe que nenhum juiz lhe dará a guarda de uma criança. Primeiro porque você já abandonou um processo de adoção, e isso mostra que você não é estável. Segundo por causa do seu novo parceiro que tem um histórico menos estável que o seu, além disso, tem essa história de homem de ferro. Quem garantiria a integridade dessa criança, Srta Potts?

A conversa com a assistente social ecoou na minha cabeça durante todo o dia. No meu casamento com Adam a adoção era a nossa única opção, com o Tony eu poderia ter filhos por meios naturais. Um filho que Tony jamais iria querer ter, mesmo assim escolhi ficar com ele. Eu não era instável, eu só sabia aonde e com quem deveria ficar.


—Eu priorizei a relação a dois, e com o passar do tempo fui percebendo que nós poderíamos ser mais, no nosso terceiro aniversário chegamos à conclusão de que era o momento certo pra pluralizar. E foi o que fizemos. Meses depois eu estava esperando a Mariah e ela se tornou a minha prioridade.

—Você não acha que a gravidez a fez negligenciar seu casamento e seu marido?— dr Hayden pergunta. Sinto o Tony ficar tenso ao meu lado, seu corpo todo enrijesse e eu sei que ele não gostou da pergunta, ou talvez não vá gostar da resposta que darei.

—Não só o meu casamento e o meu marido, mas eu negligenciei a mim e a minha filha também. Eu estava disposta a me sacrificar e deixar pra trás um marido infeliz, e uma criança que talvez fosse se culpar por estar aqui no meu lugar. Seria um futuro bastante miserável, não?

—Seria, Anthony?— dr Hayden replica.

—Seria.— Tony concorda. E depois de sua resposta Dr Hyden fecha o seu caderninho e encerra a sessão.



(...)



A chuva ainda cai quando saímos pra rua, segundo a meteorologia o clima só deve estabilizar no próximo mês, então realmente veremos a primavera se estabelecer em NY, não vejo a hora. Agora sou eu quem está incomodada com o frio. E com a frieza dele também. Tony não diz nada desde a hora em que saímos do consultório.

—Acabou?— eu pergunto ao entrarmos no elevador que nos levará à cobertura da Torre Stark.

—O que acabou?

—A nossa lua de mel fora de época.— respondo.

—Não, eu só estou processando as informações.— ele diz ao desembarcar na sala, caminha até o balcão aonde ficam as suas bebidas, se serve de uma dose de uísque e caminha até o sofá.

—Mas nós estamos bem ainda, certo?— me aproximo e me sento ao seu lado —Você quer me perguntar alguma coisa?— ele move a cabeça em negação e vira o restante do uísque em seu copo.

—Porque você nunca me contou?— ele pergunta depois de alguns minutos de silêncio.

—O quê?— eu pergunto.

—Essa historia da adoção.

—Você nunca gostou que eu falasse do Adam, porque eu te contaria? Afinal, eu já havia decido. Meu destino era você, com filhos ou sem, e todos os planos que fiz antes não importavam mais.

—Posso perguntar outra coisa?— assinto —Porque você não dormia sozinha na minha casa?

—Não ter você lá me remetia a época em que eu não sabia se você votaria pra mim. E o medo de aquilo acontecer de novo cada vez que você saía naquela armadura ficava mais intenso se eu estivesse lá.— eu falo, e como se eu fosse leve como uma pena ele me tira do sofá e me senta em seu colo, eu enfio as minhas mãos sob sua jaqueta e o abraço, deito a cabeça em seu peito e inalo seu cheiro. É o mesmo cheiro que tomava todo o elevador no dia em que eu o conheci. O cheio que me inebriava a cada vez que ele me fazia entrar em seu quarto pra que eu o ajudasse a escolher o que vestir. Um cheiro que é só dele.

—Ainda estamos em lua de mel.— ele diz.

—Que bom, dá pra ser assim pelos próximos...?

—Dias?

—Anos.— eu digo —Mais uns trinta, pelo menos.

—Acho que dá.— ele ri —Baby, talvez seja o momento de deixar a terapia.— levanto a cabeça pra olhar pra ele —Chega de falar do passado, a gente já falou sobre tudo lá, não?

—Faltou falarmos de uma coisa.

—Que coisa?— ele questiona.

—Futuro.— eu digo —Eu tenho 36 anos e biologicamente o passar dos anos não vai me favorecer, eu preciso estar inteira pra tentar de novo, e sei que irá demorar pra isso acontecer...

—Seremos nós dois, você não quer mais?— ele me pergunta.

—Ao mesmo tempo que eu quero, tenho medo do fracasso, talvez eu não sobreviva a outro fracasso, entende?— pergunto, ele fecha os olhos suspira e aquiesce.

—Eu nunca pensei nisso como uma alternativa pra nós, mas podemos adotar.— ele diz.

—Eu preciso estar pronta pra isso também, e ainda não estou, é como se eu estivesse a substituindo e não pode ser assim.

—Então...— ele enxuga a minha lágrima com o dedão e me beija ternamente —Vamos dar tempo ao tempo. Quando você estiver pronta pra qualquer uma das alternativas eu vou estar também.— ele garante.

Eu agarro sua nuca, o puxo pra mim e o beijo com toda a minha alma, todo o meu coração e todo o meu ser, o beijo por cada dia, hora, minuto e segundo que o tive em minha vida e pelos próximos que virão. Estarei pronta pros dias que virão, mesmo que sejam uma incógnita.


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Notas finais do capítulo

O que será deles sem terapia?
O que será de vocês sem fic?
O que será de mim sem vocês?

Todas essas perguntas querem dizer que a fic entrará em sua fase final. Sim, podem chorar, tô sofrendo tbm. Mas não será um final repentino, é claro que eu estou pensando num bom desfecho pra esse drama todo, teremos ainda alguns capítulos juntas. Não sei ao certo quantos, de 5 à 10, que passarão num piscar de olhos, certeza.

Aproveitem o final da história.


Beijos ;)



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