Um divã para dois escrita por Tulipa


Capítulo 13
Treze


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas apareci.



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*Pepper*




Eu quis voltar pra casa, mas o Tony me convenceu a ficar, porque eu havia prometido a Jessica que iria ao seu show, como se ele se preocupasse com isso. Ele só tentou ao máximo adiar a nossa volta porque odeia inverno e, por mais que a primavera tenha começado, em NY o clima ainda é frio, vimos no jornal hoje de manhã. Mas eu preciso voltar pra rotina que criei pra mim, e pra terapia, ainda preciso dela, mesmo que ele não queira mais ir. Agora a pouco quando liguei no consultório dr Hayden ele garantiu que eu posso ir às sessões sozinha. Fiquei feliz, o meu maior receio era ter que trocar de terapeuta.

—Já vai?— Happy me interpela enquanto cruzo o saguão principal da matriz da Stark.

—Já.— respondo —Eu só vim ver como estão as coisas por aqui, e acabei passando a tarde toda.

Happy sorri e me acena um adeus. Quando saio pelas portas automáticas meu carro está parado na entrada principal, sento-me no banco do motorista, dou partida e, metro a metro, a Stark vai ficando menor no espelho retrovisor. Lembro-me de como me sentia intimidada a cada vez que pisava lá, até o dia em que achei que a pisaria pela última vez, e a minha vida mudou ao embarcar num elevador.

—Boa noite, Sra Stark.— Jarvis me recebe assim que entro em casa.

—Boa noite, Jarvis. — respondo ao colocar minha bolsa sobre o sofá, sento e livro-me das sandálias —O Sr Stark já está em casa?

—Sim, o Sr Stark, acaba de subir para a suíte.— ele avisa.

Subo os degraus vagarosamente. Quando entro em nosso quarto não o ouço, a porta do banheiro está aberta e ao me aproximar eu o vejo imerso na banheira cheia de espuma. Isso é tudo o que eu preciso. Entro no banheiro na ponta dos pés, sento na beirada da banheira, me inclino em sua direção e o surpreendo com um beijo casto que lhe faz abrir os olhos.

—Como você adivinhou que era isso que eu queria?— eu brinco deslizando minha mão sobre seu peitoral molhado.

—Isso se chama sintonia.— ele me puxa pra dentro da banheira.

—Eu estou de roupa, Tony!

—Então tire-as.— ele diz e me desarma, não tenho coragem de brigar com ele. Saio da banheira pingando, me livro das minhas roupas molhadas e ao voltar me sento entre suas pernas.

—Você sabe que vai enxugar o banheiro sozinho, né?— comento ao olhá-lo sobre meu ombro direito.

—Nem molhou tanto assim.— ele diz ao olhar pro chão —E então, como foi na empresa?

—Normal.— respondo.

—Você tem certeza que não quer ficar aqui?— ele pergunta.

—Tenho, mas eu já disse que você pode ficar, eu venho de vez em quando, você pode ir quando quiser, vai funcionar.

—Nem pensar.— ele me aperta contra seu peito e apoia o queixo em meu ombro —Volto com você.

—Vou voltar pra terapia a partir da semana que vem.— eu aviso.

—Volto com você.— ele repete. É bom saber que ele está disposto a voltar, porque ainda há assuntos que precisamos tratar, e tenho certeza que durante a sabatina do Dr Hayden eles surgirão.

Decidimos sair da banheira quando percebemos que nossos dedos estão enrugando. Mas os últimos minutos foram extremamente bons, os últimos dias têm sido bons, aliás, estamos nos reencontrando, nos reconectando, através de palavras, atitudes, olhares, toques, beijos, sexo, somos nós de novo.

Na hora de me vestir escolho uma calça em couro preta, camisa branca e scarpins pretos, seco os meus cabelos e os prendo num rabo-de-cavalo, na maquiagem, apenas ressalto o olhar com muita máscara de cílios. Ele veste jeans, camisa branca, blazer preto, e tênis.

—Lindo.— eu penso alto quando entro no banheiro e o flagro ajeitando os cabelos diante do espelho.

—Eu sei.— ele diz olhando para o meu reflexo atrás dele —Mas você é que é linda.— ele sorri, vira de frente pra mim e me beija castamente. Descemos até a garagem e ele abre a porta do seu Audi E-Tron vermelho pra mim —Pra onde vamos mesmo?— ele pergunta ao sentar no lugar do motorista.

—Sky Bar, na Sunset.— respondo.

—Aquele do hotel, sei.— ele comenta. Reviro os olhos. Um bar dentro de um hotel badalado, é claro que ele sabe.




(...)




Todas as vezes que entro na Sunset Boulevard me lembro de quando cheguei a Los Angeles. Paris pode ser a Cidade Luz, mas LA sem dúvida é a cidade neom. Antigamente a maioria das faxadas ostentavam letreiros neom, um cenário de filme a céu aberto. Deixamos o carro com o manobrista e entramos no Hotel Mondrian, atravessamos o saguão iluminado e chegamos ao bar. Sem duvidas o Sky Bar é um dos mais bonitos da cidade, há um ambiente fechado e outro aberto, com um lounge com piscina ideal para um luau, mas hoje ficaremos no bar.

—Ei, você veio.— Brian me cumprimenta com um beijo no rosto.

—Eu confirmei.

—Você sempre confirma, mas dificilmente aparece, sempre foi assim, desde que éramos uma banda.— Brian lembra —Como vai, Stark?

—Amor, você se lembra do Brian, irmão da Jess, certo?— me manifesto ao perceber que Tony deixou a mão do Brian suspensa no ar.

—Lembro.— ele diz meio carrancudo —Como vai, baterista?— ele o cumprimenta.

—Ex-baterista.— Brian avisa —Eu vou bem, obrigado.— Tony faz pouco caso da resposta dele —Eu vou continuar circulando, já tem gente da imprensa por aí, os caras da gravadora estão pra chegar. Jess reservou a sua mesa perto do palco, mas vocês podem ficar onde preferirem.— aquiesço.

—Vamos sentar mais no fundo?— Tony pergunta assim que Brian se afasta, eu concordo.

Ele me dá a mão e me leva pra um canto no bar quase na divisa com o lounge, só não reclamo porque a visão pro palco é boa. Ele senta com uma perna sobre a poltrona branca e a outra apoiada ao chão, dessa maneira eu me sento entre suas pernas, não acho estranho, porque a maioria dos casais nas poltronas estão sentados assim, mas sei que a sua atitude é pra me manter numa redoma, quase intocável. Odeio quando ele me trata como uma propriedade, mas não quero estragar a noite que ainda nem começou.

—Você quer um uísque?— pergunto.

—Não, por quê?— ele pergunta.

Pra você ficar menos tenso, arredio e mal-criado, eu penso —Porque eu vou pedir uma vodca martini.— respondo.

—Pensei em não beber essa noite.— ele diz.

—Por quê?

—Eu vim dirigindo, né?— ele diz. Como se isso fosse um empecilho.

—Amor, não sei se você se lembra, mas nós estamos num hotel.— o garçom vem até nós e eu faço o meu pedido, troco a vodca por duas taças de Chardonay —Uma taça de vinho branco, você não vai me negar isso.— digo, e ele sorri.

Tomamos o nosso vinho e ele fica mais leve, sua postura muda. Isso, amor, relaxe, peço mais vinho, o bar começa a ficar cheio.

—Baby, você nunca pensou nisso?

—Nisso o quê?— eu pergunto.

—Sei lá, vocês cantavam naquele bar...— ele comenta.

—Jessica quis isso à vida toda, só foi pra faculdade porque o pai dela exigiu que ela tivesse um plano B.— eu falo —No meu caso o bar era o plano B.

—Sorte a minha.— ele beija os meus cabelos.

Um homem no outro extremo do bar desperta a minha atenção durante a nossa conversa. É tão estranho reconhecer alguém pela maneira que esse alguém passa a mão pelo cabelo, mas se você viveu com ele por mais de três anos fica fácil gravar o gestual. Barba e cabelo um pouco mais comprido, mas é ele com certeza. Como eu pude não imaginar que Adam estaria aqui?

Uma vez, na adolescência, minha prima Gabby disse que se você olha pra alguém por muito tempo, essa pessoa olhará pra você, acabo de descobrir que é verdade. Adam está olhando pra mim agora. Pra nós. Tony acaba de notá-lo, sei disso porque sinto seu braço se apertando ao meu redor como se estivesse com medo de que eu corra pro meu ex-marido, ou demarcando o território. Adam se move em nossa direção e eu rogo mentalmente pra que algo, alguém, uma força superior me tire dessa situação e, magicamente, as luzes se apagam deixando apenas o palco iluminado, Jessica entra e me salva, pelo menos pela próxima hora.

—Eu não podia imaginar.— murmuro.

—Não faço ideia do que você está falando.— ele replica friamente.

Jess senta no banco alto, cruza as pernas e ajeita o microfone a sua altura, mal abre a boca pra dar boa noite e dezenas de flashes disparam em sua direção, das mesas no centro do bar seus fãs a filmam com câmaras e celulares.

—Pra quem não sabe, meu nome é Jéssica Walsh.— ela diz. “Eu sei”, alguém grita em algum lugar, “Linda, casa comigo?”, outro alguém pede, e ela ri —Vamos conversar depois.— ela brinca deixando-os eufóricos —Nos últimos meses longe dos palcos, eu vivi alguns momentos de encontros, desencontros e reencontros. Todos esses momentos me renderam canções, e essa noite eu irei mostrá-las pra vocês, sintam-se as pessoas mais privilegiadas do mundo, ou não.— o roadie entra no palco e lhe entrega um violão, ela o impunha e dedilha as cordas —Seremos apenas eu e ele, peço que vocês não durmam.— ela brinca, e seu fãs mais afoitos se manifestam novamente.

Jess está linda de camiseta básica branca, calça jeans com suspensórios e scarpin nude. Seus cabelos castanhos estão soltos e seus olhos azuis marcados com um delineador estilo gatinho, seus lábios com uma generosa camada de batom vermelho. Quando ela começa a cantar a sua voz é forte e doce, como eu me lembrava. O estilo de trabalho dela é um rock com influencias folk, mas eu acho que Jessica pode cantar qualquer coisa.

—Ela se superou.— ouço um homem comentar com outro na mesa ao lado.

—Está mesmo incrível.— o outro concorda.

—Amor?— eu sussurro.

—Hum?— Tony murmura.

—Tá gostando?

—Hum-rum.

O show continua e depois das inéditas, Jess aposta em alguns covers, Beatles, Stones, Alanis, Aerosmith, Dylan, é impossível não me lembrar de quando trabalhávamos e cantávamos juntas.

—Bom...— Jéssica fala —Tem uma pessoa aqui essa noite que não aparecia nos meus shows há muito tempo, e eu só a perdoo porque uma vez ela cantou essa música comigo, e cantou outra vez, e de novo. Acho que essa música sempre toca, mesmo que a gente não cante e não ouça, quando a gente precisa uma da outra. Como naquela noite em que eu chorei, porque outro casamento havia acabado, e no seu sofá nós acabamos com uma garrafa de vinho tinto. Ou na semana passada quando tudo o que você precisava era de um chacoalhão e uma carona...

"Listen Baby... Ain't no mountain high ain't no valley low, ain't no river wide enough baby. If you need me call me, no matter where you are, no matter how far. Don't worry baby..." Quando me dou conta estamos fazendo um dueto, ela lá e eu aqui. Essa é definitivamente a nossa música.




(...)




—Ah, você estava linda.— eu falo assim que a encontro no camarim logo depois do show —E me fez chorar.

—Não é muito difícil te fazer chorar, né, amore?— ela provoca —Gostou mesmo?

—Eu amei, a homenagem e as novas canções.— respondo.

—Onde o Tony está?

—Ele preferiu esperar no bar.

—Pelo menos dessa vez ele veio, Brian disse que ele está especialmente simpático essa noite.— ela comenta —Vocês viram quem está aí?

—Se você estiver se referindo ao Adam, isso o deixou ainda mais azedo.— respondo —Nem se quer imaginei que ele pudesse aparecer.

—Pois é.— ela encolhe os ombros —Ele trabalha na Rolling Stone agora. Mas não houve estresse, certo?

—Nós o vimos de longe, quando pareceu que ele viria até onde estávamos você entrou no palco, e depois do show eu não o vi mais, você é meu anjo da guarda.

—Sim, eu tenho asas e auréola.— ela brinca, quando ouvimos batidas na porta —Entra.

—O pessoal tá te esperando no louge pras fotos e autógrafos.— Brian avisa Jess.

—Tô indo.— ela diz e ele fecha a porta —Amore...

—Vai lá, o Tony deve estar impaciente também.— eu a abraço —Sabe iria adorar se você gravasse Aint no moutain high enough.— eu digo.

—Só você fizer participação especial.— eu rio —Eu tô falando sério!

—Não, não está.— meu celular vibra —É o Tony, vou indo.— eu aviso.

—Será que ele não gosta de mim porque eu cheguei primeiro, ou ele é extremamente machista e me acha promíscua demais pra ser sua amiga?

—Ele gosta de você sim.— eu falo.

—Talvez ele ache que eu quero que você seja o meu quarto casamento.— ela ri.

—Provavelmente.— eu ironizo e nós duas rimos —Vou indo, Super Star, vejo você em breve.

—Com certeza verá, acabo de tornar o nosso amor público. Você não pode me abandonar mais.

Jess faz questão de uma foto nossa, que, com certeza, irá parar em diversas redes sociais, me despeço da minha amiga e quando volto ao lugar onde estava encontro o meu marido rodeado de garotas. Ele não parece mais estar com pressa ou de mal-humor. Acho que era esse o problema desde o começo, não era ele a estrela da noite, eu mais do que ninguém sei o quanto ele adora ser o centro das atenções. Todos sabem quem ele é. Todos sabem o nosso endereço. Todos acham que o conhece, mas só eu o conheço.

—Ei, você pode não cortar a fila?— uma garota diz quando eu me aproximo, a meço da cabeça aos pés, loira, ela usa um short jeans desfiado, camisa xadrez preta e vermelha e scarpins vermelhos. Eu até poderia me afastar, mas não gosto do tom usado por ela.

—Eu não preciso entrar na fila, preciso?— pergunto pra ele.

—Ela não precisa.— ele responde pra garota. Seria infantil beijá-lo agora? Seria, mas não me importo, então eu o beijo e sinto o gosto de uísque misturado a um sabor que é só dele. Quando nos separamos não há mais ninguém por perto.

—Uísque? O que houve com o motorista responsável?

—Ele foi abandonado pela esposa e precisava se distrair de alguma maneira.— ele diz.

—Apareceram várias distrações, não foi?

—E você as mandou pra bem longe, não foi?— ele rebate.

—Quid pro quo.— digo me referindo ao começo da noite quando toda a sua indelicadeza afastou Brian também. —A gente podia sair pra jantar agora, o que acha?

—Acho uma ótima ideia.— ele responde.

Ele paga a conta e nós deixamos o bar. Quando chegamos ao lobby damos de cara com o Adam. Universo você é mesmo um sacana.

—Oi.— Adam sorri.

—Oi.— digo sem graça.

—Tudo bem, Anthony?

—Tudo.— Tony responde secamente.

—Eu achei que já não houvesse mais nenhum convidado lá dentro.— Adam comenta.

—Tem algumas pessoas ainda, Jessica está atendendo uns fãs.— eu falo.

—Ela ia atender a imprensa antes de se apresentar, e do nada Brian veio dizer que ela só falaria com a gente depois, coisas de estrela, você conhece bem a sua amiga, né?— aquiesço —Bem, eu vou lá. Foi bom te ver.

—Foi bom te ver também.— eu respondo. Adam passa para o outro ambiente.

—Foi bom vê-lo?— Tony me pergunta.

—Eu só quis ser gentil, Tony. Coisa que você deveria, pelo menos, tentar ter sido também. Não só com o Adam, mas com o Brian.— eu falo.

—Você faz uma cena porque algumas garotas estavam me pedindo autógrafos e fotos, mas eu tenho que tratar os seus ex bem? Quid pro quo, lembra?

—Eu achei que nós estávamos na mesma sintonia lá dentro, levei aquilo com as meninas como uma brincadeira.— eu respondo.

—Podia até ser, mas não significa que eu tenha que ser gentil com o seu ex-marido.

—É você não tem.— eu digo —Se você não foi gentil nem com a minha amiga o que eu poderia esperar, né?— eu falo.

Odeio esse lado passional dele, o egoísmo de não aceitar que eu tenha vivido antes dele, e apesar dele. Caminho em direção à entrada principal do hotel e percebo que Tony vem logo atrás, antes que eu passe pelas portas ele segura meu braço.

—Deixa eu me redimir?— ele pede.

—Não vejo como você pode fazer isso.

—Vem comigo?— ele me estende a mão e eu vou, porque talvez eu seja a mulher mais idiota e manipulável do mundo.

—Eu quero um quarto, o melhor, com a melhor vista.— ele pede pra recepcionista ao entregar seu cartão de crédito —Posso pedir o serviço de quarto daqui ou tenho que subir primeiro?

—Como preferir.— diz a morena da recepção. Então ele pede, pega o seu cartão de volta junto com a chave-magnética.

—Sabe que não é só pra mim que você deve desculpas, né?— pergunto quebrando o silêncio dentro do elevador.

—Eu sei, mas se eu preciso começar por alguém, é melhor que seja você.— ele diz ao desembarcamos no andar. Tony abre a porta da suíte, o quarto é imenso, a decoração é requintada e pelo visto seu pedido de desculpas vai ficar bem caro. Não me importo.

—Não precisava de tudo isso.

—Nós vamos jantar e vamos beber sem precisar ter que dirigir de volta pra casa, não era essa a sua intenção?— ele diz, tira o blazer e o ajeita sobre um sofá.

—Era, mas agora não vamos transar.

—Ok.— ele ri.

—Nem mesmo nos beijar.

—Porque eu fui um babaca e não mereço, certo?— assinto —Tudo bem.— ele levanta as mãos em rendição.

O serviço de quarto não demora, um funcionário do hotel entra e arruma a mesa para nós. O risoto de cogumelos que ele pediu tem um cheiro tão bom que reacende a fome que eu havia perdido, e o vinho parece até melhor do que o que eu pedi no bar, apesar de ser o mesmo. A diferença é que agora ele pediu uma garrafa, e depois de jantarmos nos sentamos no sofá e continuamos bebendo.

—Eu posso ao menos tocar você?

—Não, porque pode evoluir pra outras coisas.— respondo.

—Baby, você bêbada é tão divertida.

—Não estou bêbada.

—Tudo bem, semi-bêbada.— Tony corrige.

—Muito melhor.— eu rio.

—Eu amo você.— ele diz —Muito.

—Eu sei.— meu deus, eu já quero tocá-lo, mas me contenho.

—E morro de ciúmes.

—Mas isso não é desculpa, ser um babaca com as pessoas não muda meu passado. Você não pode me tratar como se eu fosse sua pro...pro...pi...

—Propriedade?

—Isso! Eu não sou sua propriedade.— tento ser autoritária, sei que estou falhando porque ele está rindo, mas eu continuo —E a Jess é a minha melhor amiga e você é obrigado a gostar dela tanto quanto eu gosto do Rhodey.

—Eu gosto dela, só não gosto de saber que na maioria das vezes que você a vê o irmão dela está junto.

—Você é mesmo muito bobo em achar que o Brian te oferece algum perigo, sabe quantas vezes nós...?— ele me cala.

—Eu acho que não quero saber.— diz ele —E quanto ao Pescador, ele sempre faz questão de mostrar o quão boa a vida dele ficou depois de você, já que ele tem uma esposa e filhos que nem são dele.

—Você precisa parar de ser idiota.— falo batendo a mão no peito dele.

—Eu vou parar.— ele diz sorrindo, não estou sendo levada a sério. Na verdade, nem sei como ainda consigo formular frases que façam sentido.

—Porque se você não parar é com ela que eu vou ficar, não com nenhum deles.

—Você me trocaria pela Jessica?

—Depois da declaração de amor que ela me fez? Mas é claro!— eu dou um último gole no meu vinho antes que ele tire a taça da minha mão.

—E se eu me declarar pra você agora?— ele sussurra.

—Você vai cantar pra mim?— ele move a cabeça em afirmação —Então pode começar.— segundos de silêncio —E então?

—Espera, esqueci a letra.

—Você só me decepciona.— digo ao me levantar do sofá. Ou o quarto está girando, ou devo assumir que estou mesmo bêbada. Caminho até a cama, sento-me e a gravidade puxa meu corpo para trás.

—Baby...?— ele paira sobre mim —Você está bem?

—Hum-rum.

—Lembrei, posso cantar?— murmuro uma afirmação —Acho que é assim "Something in the way she moves attracts me like no other lover...— ele começa a cantarolar —...Something in the way she woos me I don't want to leave her now. You know I believe and how. Somewhere in her smile, she knows. That I don't need no other lover. Something in her style that shows me I don't want to leave her now. You know I believe and how. You're asking me will my love grow. I don't know, I don't know..."— ele canta enquanto me despe, e isso é incrivelmente sensual. Meu marido tem uma voz deliciosamente sexy e eu não sabia. O que mais eu não sei sobre ele?

—Isso é o que eu acho que é...?

—Beatles.— ele responde.

—É, talvez você possa me beijar agora.— eu digo e ele me beija suave e docemente, eu imediatamente quero aprofundar o beijo, mas Tony se afasta —O que foi?

—Eu vou voltar a cantar pra você, mas é pra te fazer dormir.— Tony diz, se despe, deita ao meu lado, volta a cantar e logo eu adormeço.


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Notas finais do capítulo

Eu super vejo a Liv Tyler quando descrevo a Jessica, e o fato de ela e a GP serem amigas ajuda muito, apesar da diferença de idade na vida real, aqui elas tem a mesma idade pra mim.


Essa é a música que a Jess canta: https://www.youtube.com/watch?v=Xz-UvQYAmbg

Essa é a música que o Tony canta: https://www.youtube.com/watch?v=IrW7dlDHH28



Até mais ;)



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