Um divã para dois escrita por Tulipa


Capítulo 10
Dez




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*Tony*




A Pepper amorosa e falante que esteve ao meu lado desde o final de semana simplesmente desapareceu. Do consultório do dr Hayden até aqui ela apenas murmurou algumas palavras quase ininteligíveis. Quando entramos em casa entendi ela dizer que iria pro banho, eu vim pro quarto de hóspedes e provavelmente terei que dormir aqui, porque sempre que ela se lembra da nossa filha Pepper simplesmente não me deixa tocá-la. Toda vez que isso acontece eu morro um pouco, nós dois estamos morrendo aos poucos desde o ano passado.

—Jarvis, por favor, não deixei de monitorá-la.— peço ao entrar no banho. Se um dia ela souber que Jarvis a vigia até durante o banho Pepper ficará furiosa, mas eu precisei fazer.

A depressão pós-parto dela foi violenta, porque Pepper não tinha um bebê pra cuidar. Ela foi a três terapeutas diferentes em dois meses, nenhum era bom o bastante ou a entendia, segundo ela, eu não a entendia. Pepper dizia que por mais que não houvesse mais nada da bebê na casa, e que seu quarto estivesse complemente reformado ela não poderia ficar mais lá. A casa, a cidade, as lembranças, eu, tudo a sufocava.

Um dia ela me disse que eu era a única coisa que ela não conseguiria deixar pra trás, e que pra tentarmos superar a desgraça que se abateu sobre nós teríamos que sair de Malibu. Saímos, viemos pra Nova York, ela mergulhou no trabalho e me deixou de lado até inventar a terapia de casal, só que, pra mim o acompanhamento que ela precisava não era de um terapeuta de casais. Por isso insisti, argumentei e faltei as sessões, achei que ela começaria a historia por onde mais doía, então ele a direcionaria pra outro médico, foi assim com um dos primeiros. Dr Hayden começou por onde tudo começou, talvez por isso ela tenha voltado, talvez por isso eu tenha ido, e apesar de muitas vezes achar horrível a intromissão dele, ter voltado. Agora acho que ele fez a coisa certa, fez ela confiar nele e se apegar, daqui pra frente pode ser que ela não tenha medo de cutucar essa ferida.

—Sr, a Sra Stark saiu do banho há alguns minutos.— Jarvis avisa assim que termino de trocar de roupa.

Saio do quarto de hospedes e vou ao nosso quarto, ela esta no closet, em pé em frente ao espelho, com a blusa do pijama aberta ela acaricia a sua barriga enquanto chora, vê-la sofrer assim me quebra em mil pedaços. Ao me enxergar pelo espelho ela não me manda embora e isso pra mim é como uma permissão pra entrar e abraçá-la, é o que eu faço, e ela chora ainda mais.

—Eu odeio você.— ela soluça ao me abraçar. Sei que não é isso o que ela sente de verdade, ela me diz isso porque, na verdade, seu desejo era me amar menos. Ela sempre disse que tudo seria mais fácil se me amasse menos.

—E eu te amo.— contraponho.

—É por isso que te odeio, você me ama demais e nem deu a ela a chance de saber o que é isso.— ela fala, tenta sair do meu braço, mas a seguro —Me solta?

—Não vou soltar, nós vamos conversar, sempre que eu tento conversar com você sobre isso você foge.

—Isso era a minha filha, a sua filha!— ela rosna enquanto não para de chorar, me empurra e se afasta.

—Sim, ela era a minha filha e eu já a amava tanto quanto você, eu a quis tanto quanto você, mas jamais a escolheria no seu lugar.

—Porque você não a amava tanto quanto eu.— ela diz.

—Não, Pep, porque escolhê-la significaria abrir mão de você, e essa era a única coisa que eu não poderia fazer por ela ou por qualquer outra pessoa.— eu falo pra ela —Mas se você não é capaz de entender, porque que a gente tá insistindo? Se eu não sou o bastante pra você, porque diabos estamos indo a essa terapia? Pra gente lembrar do começo? Pra você lembrar o quanto eu fui babaca e assim não ter tanto ressentimento ao se separar de mim?

—Não quero mais tocar nesse assunto.— ela diz ao passar as costas das mãos pelo rosto.

—Qual assunto? Eu, você, Mariah, nosso casamento? Porque eu acho que tudo está interligado.

—Não quero falar de nada, Tony. Só quero que você saia daqui! Me deixa em paz!— ela grita e eu saio do quarto.

Mas saio disposto a não ficar no meu quarto, na oficina, ou aqui. Não quero ficar aqui. Meu quarto, olha como eu já me refiro ao quarto de hóspedes? Entro no closet e escolho a primeira roupa que me mantenha quente o suficiente pra enfrentar a neve lá fora. Calço os tênis, pego meu telefone e faço uma ligação, guardo as chaves do carro e deixo a Torre Stark.

Não ter ideia de pra onde ir, me trouxe pra um bar nos arredores da Columbia. Um bar universitário, não é irônico? Ainda bem que não há garçonetes cantoras aqui. Caminho por entres as mesas de bilhar, me sento ao balcão, o mais longe possível dos caras atirando dardos nos alvos, e peço um uísque.

—Puro ou com gelo?— o barmen pergunta.

—Puro.— eu respondo, ele assente e me serve. Viro meu uísque num gole só.

—Acho que se eu engolisse um gato vivo ele arranharia menos a minha garganta do que isso que você chama de uísque.— reclamo.

—O patrão não investe muito em uísque aqui, a maioria desses caras não pode pagar pela dose de um bom.— ele explica —Mas a cerveja é boa, e barata.

—Me dá uma então.

—Pega leve, Stark.— ouço sua voz rouca e sinto sua mão no meu ombro.

—É só a primeira cerveja.— respondo —Sou obrigado a beber isso porque você sugeriu um bar que não vende um uísque decente.

—Porque você me ligou, Tony?— Natasha pergunta ao sentar-se no banco ao meu lado.

—Precisava conversar com alguém.— respondo ao dar um gole na minha cerveja.

—Você sabe que eu não sou um cara, certo? Que eu não vou ocupar o lugar do seu amigo militar.— ela diz —Porque eu, porque não o Barton, o Rogers, ou o Bruce?

—Não sei os números deles.

—Você tem toda a base de dados da SHIELD no seu servidor, acho que não seria impossível encontrá-los.— ela diz antes de pedir uma cerveja também —Mas você acredita que por eu ser mulher compreenderei melhor o drama que tomou conta do seu casamento sem te julgar.— ela conclui. —Saúde.— ela diz ao bater sua garrafa na minha antes de dar um gole em sua cerveja. Fico sem graça. Natasha tem esse dom de me deixar sem graça desde a primeira vez que a vi. Quando me dou conta estamos os dois bebendo com o olhar perdido na direção da prateleira de bebidas atrás do balcão. —Você sabe jogar bilhar?— movo a cabeça em afirmação —Então vamos.— ela diz, matamos nossas cervejas, pedimos outras e caminhamos em direção a única mesa disponível no fundo do bar.

Depois de uma hora, algumas partidas, que ela ganhou, e muitas cervejas começamos a conversar. E eu não sei o que a Pepper tem, todos, sem exceção a defendem, todos enxergam o quão complicada a situação é pra ela, mas ninguém vê o meu lado. Quer dizer, na época Jonathan viu o meu lado e apoiou a minha decisão. Lembro-me até hoje das suas palavras. “Não se martirize, Anthony, você fez a escolha certa”.

—O pai dela foi a única pessoa que ficou do meu lado.— eu falo enquanto miro a bola, dessa vez a acerto, mas ela não vai pro lado que deveria.

—Ele não ficou ao seu lado, ele foi solidário, é diferente.— ela comenta —Aposto que ele disse “Vocês poderão ter outros filhos, meu querido genro” — ela ironiza, mas foi exatamente isso o que ele disse —Mas a questão é... Vocês poderão ter outros filhos? Pepper já não é nenhuma adolescente, você é um corôa, quanto tempo pode levar até uma nova gravidez? O risco não seria muito maior?

—Não sei.— respondo.

—Eu também não.— ela diz —Não entendo nada de gravidez, nunca quis ter filhos, sexo pra mim tem outro propósito.— ela ri e com outra tacada certeira acerta a bola na caçapa —Mas esse cara que vocês estão vendo, ele não pode ajudar nisso? Alguém precisa dizer pra ela que não adiantaria nada você ter escolhido a criança no lugar dela, ela morreria, você ficaria viúvo, a menina órfã de mãe e, me desculpe a frieza, morta ela não poderia ser mãe de ninguém, nem de um gato. Você já pensou em dar um gato pra ela?

—Sim, já pensei em levar um gato pra casa pra substituir a nossa filha que morreu no parto.

—Foi mal.— ela encolhe os ombros —Mas acho que o melhor que você tem a fazer é continuar vendo esse terapeuta com ela, acredito que quando a história for contada, ele será mais sensato que todos nós, e possivelmente ela o ouvirá.— ela pega a garrafa sobre a beirada da mesa e dá um gole —Ou não.

—Enquanto isso eu torço pra que ela não comece a me odiar de verdade.— comento.

—Mais ou menos isso.— ela termina sua bebida —Podemos ir agora? Está sendo vergonhoso, você disse que sabia jogar, mas só ganhou uma partida. O que pode ser um bom sinal no seu caso, sabe o que as pessoas dizem, né?

—Azar no jogo, sorte no amor.

—Isso mesmo!— ela me dá um soco um pouco forte demais no ombro, Natasha está embriagada —Ao ver você apaixonado assim eu fico com um pouco de medo, sabia? Quer dizer, você era o mais cretino de todos, comia qualquer coisa que respirasse, tivesse peitos e um bumbum bonito, agora está de quatro, você mal olha pro lado, mesmo que seu casamento esteja uma merda e que a probabilidade de você ter sexo tão cedo seja remota.

—Qual é o ponto?

—Se isso aconteceu com você pode acontecer comigo também.— ela faz uma careta —Meu deus, preciso de outra cerveja.

—Não, acho que você precisa ir pra casa.— eu digo.

—Tudo bem, mas a conta é por sua conta.— eu pago a conta, afinal apanhei feio no bilhar, deixamos o bar e antes de entrar em seu carro a ouço chamar por mim —Stark, se você quiser conversar novamente pode me ligar.— assinto —Posso não ser um cara, mas também não sou como a maioria das garotas.— sorrio, com certeza ela não é como a maioria das garotas.



(...)



Sexta-feira, dia de terapia. Sexta-feira, e ela vem me evitando desde terça. Como conversar foi praticamente impossível acredito que a sessão de hoje esteja de pé pra nós dois. Acreditava até o elevador abrir quando eu estava prestes a entrar.

—O que você está fazendo em casa?

—Moro aqui.— ela responde.

—Eu sei disso, embora você se esconda.— replico —Mas hoje é dia de terapia e eu achei...

—Não vou.— ela me corta.

—Não vai hoje ou não vai mais?— pergunto.

—Não vou hoje, e provavelmente não vá mais.— ela passar por mim como se eu fosse um obstáculo a impedindo de chegar à sala, joga sua bolsa sobre o sofá, livra-se do casaco e senta para tirar as botas.

—Abandonar a terapia, de novo, vai nos ajudar como? Vai te ajudar como?

—Eu não preciso de ajuda, Tony, preciso que respeitem as minhas vontades, porque o corpo era meu e a vida era minha e se eu tinha decidido o que fazer da minha vida você não podia interferir. Mas você pode me ajudar muito agora se me der um pouco de sossego.— ela responde e joga a cabeça contra o encosto do sofá exalando sua exaustão.

—Certo.— murmuro e vou ao quarto, pego uma mala e a arrumo com roupas, a maioria roupas de verão. O inverno já foi infernal o suficiente. Não preciso que o gelo além das paredes me invada também. Não preciso ficar aqui se ela não me quer aqui.

—Aonde você vai?—ela pergunta ao ouvir o barulho das rodinhas da mala quando eu passo pela sala em direção ao elevador.

—Agora vou ao consultório do Dr Hayden dizer que não voltaremos mais, e porque não voltaremos mais.

—Você não pode fazer isso.

—Claro que posso.— aperto o botão do elevador —E depois de fazer isso eu vou pra casa.

—Aqui é a sua casa.— ela diz.

—Não é.— eu falo —Não quando você não me quer por perto.

—Tony...— a voz dela embarga —Você não pode me deixar, ainda mais depois...

—Depois de eu ter escolhido você?— pergunto —É você quem está me afastando. Eu só vou fazer o que você quer.— entro no elevador esperando que ela impeça que a porta se feche entre nós, mas não é isso o que ela faz.




Décima Sessão

—Pelo visto os atrasos vão se tornar frequentes.— dr Hayden diz quando eu entro em sua sala.

—É a última vez.— eu falo.

—Onde está a sua esposa? Atrasada também?— ele faz sinal pra que eu me sente.

—Ela desistiu da terapia, e de nós.— não me sento, não vou me prolongar, isso não vai se tornar uma sessão.

—E por você tudo bem?

—O quê?

—Ela desistir.— ele diz —Me lembro da sua primeira sessão, você disse que não achava que precisassem, mas ainda assim estava aqui, porque faria qualquer coisa pra tê-la de volta, tê-la como vocês eram antes.

—Eu tentei, mas ela nunca vai querer tocar nesse assunto. Eu sei que não é fácil, que dói, mas nunca vai parar de doer se ela não superar.

—O que ela precisa superar?— ele pergunta.

—A perda da Mariah.— respondo, nem percebi o momento que me sentei diante do Dr Hayden, mas agora me recuso a me levantar.

—Assim que os vi juntos eu soube que a questão de vocês era mais complexa.— ela diz —Vocês chegaram distantes um do outro, como todos os casais chegam aqui, mas bastou algumas sessões e vocês eram um casal, digamos, normal. Na última sessão eu cheguei a me perguntar o que vocês realmente queriam, já que pareciam muito bem um com o outro.

—Eu também achava que estávamos, mas ao chegarmos em casa... não estávamos. Acredito que ela tenha achado que ao começarmos a falar sobre nosso casamento você entraria no assunto filhos. Foi essa a sua abordagem quando ela esteve aqui sozinha falando sobre o casamento com o jornalista?— pergunto e ele aquiesce.

—Sutilmente Virginia deixou pistas do motivo de estar aqui, mas quando eu perguntei se ela e Adam tiveram filhos tive certeza de que essa talvez fosse uma das razões de vocês, até porque um dia você disse que o casamento do seu amigo era feliz porque apesar da filha eles pareciam se bastar, e, pra ela eles eram felizes porque eram completos. Mas nunca pensei que fosse a única razão.

—Talvez não seja.— eu falo.

—A filha que vocês perderam pode não ser, mas a forma como a perderam com certeza é.— ele afirma.

—Ela fala que eu fugi da responsabilidade, que eu nunca realmente quis a Mariah.— comento.

—Porque você acha que ela diz isso?

—Houve uma modelo, Stephanie Pierce, ela era linda, bem-humorada e inteligente, tudo que a Pepper era, mas completamente diferente. Com ela durou mais de uma noite, cinco meses pra ser exato, e Stephanie engravidou, ou achou que engravidou nunca vou saber, o fato é que não houve um bebê.— respondo —Ela disse pra mim que todos os exames deram negativos, Pepper sempre acreditou que a minha atitude, não aceitar o bebê, a fez optar por outros meios pra interromper a gravidez, eu não me importava. Realmente não me importava. Tudo o que eu queria era não ter que me preocupar com o futuro de uma criança.

—Então ela teve um motivo pra acreditar que você não queria a sua filha.— ele observa.





Mas anos depois. Depois da Stephanie e todos os meus outros casos. Depois que a Pepper separou-se do Adam e eu a pedi em casamento. Quando o pai dela perguntou qual era o motivo da nossa pressa, me pareceu tão natural. Um filho meu e dela parecia tão certo, apenas por ser nosso.

Amor, você falou sério lá em baixo? ela me perguntou.

Em todos os momentos, mas eu quero saber a qual momento específico você se refere. respondi, ainda estava me acostumando ao fato de estarmos na casa dos pais dela, namorando em sua cama.

Sobre meu pai achar que logo seria avô. ela falou meio sem graça Você não pode ter falando sério, me lembro de quando aquela modelo disse que esperava um bebê que poderia ser seu, você surtou, até comemorou quando soube que não era verdade.

Ela não era você e o bebê não seria nosso. falo e volta a beijá–la.

Nós casamos alguns meses depois dessa conversa, mas ainda era cedo pra pensarmos em termos um bebê. Quando completamos três anos de casados voltamos a falar, alguns meses e algumas consultas médicas depois ela deixou de tomar pílula. Um dia Pepper chegou em casa com uma caixa de presente, não era meu aniversário, nosso ou dela, mas o presente existia. Quando eu abri a caixa havia um macacãozinho de bebê com um reator desenhado no peito e escrito em baixo "Prova de que Tony Stark tem um coração ".




—Como no outro presente que ela havia dado.— dr Hayden comenta.

—Só que esse era muito melhor que o outro. Não era a primeira vez que eu lia aquela frase, mas foi a primeira vez que ela realmente fez sentido.— eu digo —Não sei como ela pôde se esquecer de como eu fiquei feliz, de como...— sinto as lágrimas correrem pelo meu rosto, tudo o que eu não queria era chorar na frente de outro homem, mas é impossível —Mas o que ela me pediu eu não consegui fazer.

—O que ela pediu?

—Prestes a completar cinco meses de gestação Pepper desenvolveu pré-eclampsia, acho que você sabe o que é.

—Sei, e é grave, coloca em risco a vida da mãe e do bebê.

—Por ainda não ter 20 semanas, a médica sugeriu que ela interrompesse a gestação, porque as chances de evolução da doença no caso dela eram de 90%. Mas ela se negou e aguentou o quanto pôde, ela me fez prometer que caso as coisas se complicassem, eu escolheria Mariah, mas na hora eu não pude. Com sete meses de gestação Pepper passou mal, muito mal, a doença fazia a pressão dela subir muito e quanto mais a gravidez avançasse pior seria pras duas. E eu não podia perder as duas.




Nós havíamos acabado de acordar, Pepper já não trabalhava mais, a dra havia recomendado repouso absoluto e uma porção de remédios pra controlar a pressão. Eu trabalhava de casa, Jarvis a monitorava 24h por dia, qualquer alteração no quadro dela não podia ser descartada. Naquela manhã a cabeça dela doeu tanto que pela primeira vez eu a levei ao hospital desacordada. Eu tive medo que ela não acordasse mais, mas graças a deus Pepper chegou ao hospital ainda com vida. As duas estavam vivas, eu só não sabia por quanto tempo.

A pré– eclampsia dela evoluiu para eclampsia, e esse quadro pode colocar a vida das duas em risco. Nós não podemos mais prolongar, Sr Stark, teremos que realizar o parto agora. a dra Ellis avisou.

Salve a minha esposa. eu supliquei, sem nem mesmo ela me perguntar quem eu queria que sobrevivesse.




—Você se culpa por escolhê-la?— dr Hayden pergunta.

—Não, mas ela me culpa.— respondo —Ela nunca vai me perdoar.

—Anthony, você não pode deixa-la abandonar a terapia agora.

—Também não posso forçá-la, Dr. Por isso eu decidi ficar uns dias longe, vou deixá-la pensar.

—No que isso irá ajudá-la?

—Eu não sei, mas eu preciso deixá-la. Nós não ficamos anos a disposição um do outro, esperando um pelo outro, pra que tudo morra por causa de uma palavra proferida no momento de dor. Quando dói nela, tudo o que ela quer é que doa em mim também, e eu não vou aguentar isso por mais seis meses.

—Pra onde você vai?

—Ela sabe pra onde eu estou indo.— falo ao enxugar os olhos —É ela quem vai ter que me procurar.— me levanto do sofá e caminho até porta.

—Eu vou manter os horários de vocês reservados por algum tempo, caso queiram voltar.— dr Hayden me avisa antes que eu deixe o consultório. Tudo que consigo fazer é aquiescer.



(...)




Saí do consultório direto para o aeroporto, quando desembarco em Malibu são quase dez da noite e o clima é agradável. Nada de frio, nada de neve, o mar batendo nas pedras e uma lua linda. Poderia ser melhor se Pepper estivesse aqui, a mansão me pareceria mais acolhedora se ela estivesse. Mas ela não está, e talvez esteja na hora de eu aprender a viver sem ela, vai ser assim por um bom tempo.

Deixo a minha mala no quarto que costumava ser o nosso, depois desço pra oficina. Abro uma garrafa de uísque pra que tudo pareça mais fácil, pelo menos por algumas horas. Apago depois de uma garrafa e meia.

—Tony...?— a voz rouca e feminina me acorda, eu abro os olhos e vejo tudo meio turvo. Porque ela está aqui? Quando foi que eu liguei pra ela?


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Notas finais do capítulo

E, Tony, pra quem foi que você ligou, hein? Não vai fazer m****


Até mais ;)

Beijos



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