After escrita por Ero Hime


Capítulo 6
After overcoming


Notas iniciais do capítulo

Cheguei pra terminar, juro!



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Dias. Meses. Anos. O tempo marcado no calendário custava a passar – mas eram somente números em uma folha, afinal. Depois de alguns anos, parei de comemorar as datas importantes. Estas apenas serviam para me lembrar o inevitável.

Confesso ter me rebelado. Foram meses difíceis, tanto para mim quanto para aqueles a quem amo – e que me amam também. Mudei-me incontáveis vezes, tentando, fracassadamente, escapar das lembranças, fugir do passado. Mas ela me seguia onde quer que eu fosse. Talvez estivesse cumprindo um papel importante – não me deixar esquecer. Mesmo que eu o quisesse, racionalmente, dentro de meu peito, o inconsciente clamava para não deixá-la partir completamente. Como poderia sobreviver sem lembrar-me de seu sorriso?

Procurei novas ocupações – novas habilidades, novos hobbies. Era o que ela quereria. Embora todas as noites, quando me deitava, passava minutos infindáveis pranteando sua falta, agarrando-me às roupas que não tive coragem de me desfazer. Considerei-me absurdamente infantil, mas não sabia como curar um coração partido. Apeguei-me as pequenas coisas, ou acabaria por enlouquecer.

Para qualquer lugar que fosse, suas fotos me acompanhavam, sem pesar. Nossos álbuns, nossos vídeos, até mesmo nossas músicas que compomos juntos. Eu lutava, perdurável, para que não regressasse ao infinito escuro que me engolia dia após dia.

Depois eu percebi. Muitos anos se passaram – creio que fui tolo o suficiente para que deixasse uma vida passar sem que notasse. Estava sendo egoísta – um tanto masoquista, admito. Não queria deixá-la partir. Guardando-a contra mim, abria a ferida que custava a fechar. Porque, no final, Hinata nunca me deixaria completamente. Ela estava presente em cada célula de meu corpo. Em cada chá que eu tomasse, em cada sonho que eu tivesse, em cada poema que eu lesse. Hinata estava em mim, tal qual eu estava nela. Eu viveria Hinata.

Foram muitas festas, muitos bares. Muitas bebidas pagas, muitas danças tidas, mas não houve uma única mulher que se deitou ao meu lado quando a noite chegava. Porque, depois de Hinata, o amor não tinha sentido. Chame-me idiota. Eu apenas não sentia a atração. A paixão, a luxúria. Enxergava apenas a garota dos olhos pérola, e nossas noites tão ternas e amorosas, quentes e ardentes. Sentia seus braços ao meu redor, e pensava em nossas juras. Sua voz sussurrava em meu ouvido, e eu sabia que tudo acabaria bem.

Foi uma vida de luto. Uma vida levada ao passado, mas não me arrependo. Recordar é viver. Hinata era minha vida. Quando ela se foi, eu não avistava mais motivos. Mesmo as pessoas ao meu redor sofrendo tanto quanto eu. Eu encontrei apoio. Consegui, a muito custo, reunir resquícios que me mantiveram de pé.

O tempo passara. Eu vi céus claros, ternos e escuros. Eu vi nuvens vindo e partindo, vi sóis brilhando e escondidos. Vi muitas coisas. E percebi que não era esquecê-la. Era superá-la. Superar o fim inevitável e tão prematuro. Nunca deixei de pensar nas coisas maravilhosas que poderíamos ter vivido juntos. Nas aventuras, as viagens. As histórias. Tanto para vivermos. Fosse destino, fosse uma força superior. Era para acontecer, de certo modo.

No entanto, depois de superá-la, foi quando realmente encontrei a paz – vivendo todos os meus dias ao seu lado, em sua presença.


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