After escrita por Ero Hime


Capítulo 5
After the seventh day mass


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou, vergonhosamente depois de algumas semanas. Eu sinto muito - muitíssimo. Minha vida anda um turbilhão. Mas não desistiria. Obrigada a quem espera, comenta, lê. É para vocês que eu escrevo.
Dedicado especialmente à minha musa, Bruna - a mais perfeita e mais chorona de todas.



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Não estava me sentindo bem. As paredes se fechavam a minha volta, e o terno que eu alugara parecia me engolir doentiamente, apertando-se contra meu corpo. Com dois dedos, afastei a gola do pescoço, pela terceira vez no último minuto. Sakura me olhou complacente, e voltou-se para frente, escorregando ligeiramente sobre o banco e unindo sua mão discretamente com a de Sasuke.

Eu havia notado – a tentativa desesperada e sem sentido de demonstrações de afeto na minha frente. Era como um código de honra. Tudo bem, minha namorada morreu. E sim, eu estava fodidamente perdido, desesperado. A dor dentro de mim sequer cabia contra meus ossos. Mas eu tinha que aceitar. Eu gostaria de poder gritar com eles. Gritar para que se beijassem, e se amassem, e demonstrassem um para o outro o quanto eram gratos por cada maldito dia em que acordavam sobre a mesma cama. Porque eu não pude fazê-lo – e nunca mais poderei. Eu gostaria de poder berrar para que todas as pessoas do mundo virassem para seus companheiros e dissessem apenas três palavras – que eu jamais tornarei a dizer novamente.

Eu não sou frágil – embora assim o pareça. Meus pedaços se dissipam cada vez mais dentro de mim, e eu não quero juntá-los. Sei que eu estou quebrado, e sei que jamais tornarei a ser o mesmo. Mas não posso arrastar aqueles a quem prezo junto de mim nesse abismo. A vida continua – não para ela, nunca mais. Nem para mim. Mas para eles, sim. Eles precisam aproveitar.

Já faz sete dias. Longos sete dias. Nunca imaginei conseguir sobreviver tanto. A cada manhã, eu penso em uma maneira diferente de partir. Prédios, lâminas, balas, remédios. Acidentes convenientes. São tantas as maneiras! Algo poético e dramático – como eu. Então eu me levanto, e vejo seu retrato na estante, sorrindo para mim. E eu sei que ela não gostaria disso. Eu sei que ela lutaria por mim. Obrigo-me a viver. A comer, tomar banho e organizar papéis em um escritório mofado, ouvindo alguma música melancólica que repete sempre e sempre, até que me canso de fingir que estou tentando e volto para o quarto, me deitando sobre seu travesseiro e aspirando seu perfume cítrico. Por vezes eu choro. Por vezes a ouço sussurrando para mim, cantando para que eu durma. Eu sonho com ela. Com nós. E tudo volta a se repetir.

Sakura quis que eu visse hoje. Eu não queria. Ela alugou minha roupa, e preparou os discursos. Ela cuidou de tudo – e as vezes me sinto culpado. Sakura tem sido a melhor amiga que um homem como eu poderia ter querido. Ela é paciente, e compreensiva. Ela nunca se queixa, mesmo eu vendo seus olhos rodeados de linhas vermelhas sempre que nos encontramos. Ela também sofre – e também chora. Ela encomendou rosas brancas, em tiaras para o altar. E chamou o padre, e nossos amigos, e todos seus amigos também. Hinata gostava de estar entre amigos – até mesmo depois da morte, ela tinha esse poder de reunir aqueles a quem amava.

As palavras eram monótonas, e decoradas. Não havia emoção. Eu nunca gostei muito das igrejas – grandes e vazias demais para mim. Hinata sentia-se bem, no entanto. Agora, nada que eles falem jamais conseguirá expressar o que eu sinto. Claro que sentimos sua falta, claro que choramos. Mas não será Deus quem me confortará.

A missa de sétimo dia, de uma maneira ou outra, tornou tudo mais real.

Por um momento, senti vontade de chorar. De sair correndo, de encontrá-la. Eu gostaria de ser reconfortado mais uma vez em seus braços. O pobre homem falava sobre amor e paciência. É tudo tão vazio e sem sentido. Porque ela morreu, e é isso. Não há nada mais.

Sinto que nunca vou superar isso. Não quero tentar fazê-lo. É tão entediante e perpétuo. Sufoca, e me dá medo. Não tenho medo de muitas coisas – não tenho medo da morte. Mas a solidão me apavora. Dia após dia, a casa cheia de luz e vazia de sons.

Abaixei a cabeça, e peguei a mão estendida de Sakura. Eu já sabia aquela oração. Que venha a nós o vosso reino. Secretamente, fechei os olhos. Uma última lágrima escorreu, entrando por meus lábios. Era salgado. Meu peito doeu. Quando a oração terminou, não soltei a mão de Sakura. Pela primeira vez, eu senti o peso de estar realmente sozinho agora.


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