After escrita por Ero Hime


Capítulo 4
After the goodbye


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões pela demora. Volta as aulas, vida turbulenta. Vou aproveitar esse feriado para, quem sabe, terminar after. Obrigada infinitamente a cada elogio, comentário e leitura que vocês me dão. Vocês são os melhores.

P.S.: considerem a data de nascimento.



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Todos se foram. Uma metáfora e analogia – ambas – de merda. Mas eu estava fodidamente depressivo, e, assim, costumava ser mais pseudo-poético que no resto dos dias. Ainda assim, todos se foram. Entraram em seus carros escuros e modernos, e saíram pelas ruas, virando as esquinas e desaparecendo. Como se a vida continuasse depois do fim.

Talvez existisse mesmo. Talvez eu fosse só mais um ali, parado. Tantas pessoas, tantas perdas. Eu apenas não sabia como lidar. Meu coração foi arrancando de dentro de meu peito, cruel e friamente. O destino, tampouco a vida, me foram condescendentes. Sim, talvez aquela fosse minha sina, afinal de contas. Parado, estupidamente, em frente ao seu túmulo. Algumas gotas de chuva findaram sobre meus ombros, mas o céu ainda estava de um cinza doente.

Eu fitava as letras douradas. Hinata Hyuuga. 1994 – 2015. “As primaveras eram feitas com seu sorriso”. Amada filha, irmã, amiga e companheira.

Eu escolhera a frase. Sua estação do ano preferida era a primavera, quando as flores despontavam, e seu sorriso era mais brilhante. Eu poderia ter colocado companheira, namorada, amante, noiva ou esposa. Não importava mais. Porque aquelas eram palavras vazias, e não ocupariam o vazio que ela deixou ao meu lado. Títulos não a trariam de volta. E, daqui cinquenta anos, quando um outro alguém que não fosse eu passasse por aquele mesmo caminho de folhas secas, então veria seu nome ali, ainda brilhando, e não saberia quem foi. Não saberia da grande e incrível pessoa que ela era, não saberia de sua importância para mim ou para sua família, da sua alma generosa e sua personalidade cativante. Porque ela se foi, e estava feito.

Eu não queria me despedir. Eu não era forte o suficiente. Eu viraria minhas costas, e minha mente continuaria se lembrando de sua voz, e de sua risada, e de como seus olhos eram. Eu tinha medo de esquecer, de deixar o tempo curar essas feridas e, consigo, levar embora minhas únicas lembranças felizes ao seu lado.

“Ei, amor” comecei, me ajoelhando na terra fofa. Pouco importava minhas roupas. Passei o dedo pela pedra já tão fria e continuei “Você deve estar em um lugar bom agora. Eu acredito nisso. Você sempre foi tão boa...” minha voz falhou um pouco “Eu sinto sua falta. 'Pra caralho. É como um grande buraco, sabe? Vai sugando e sugando, até que não sobre mais nada.” não percebi quando as lágrimas voltaram a cair. Eram tão constantes, que faziam parte de minha feição, molhando e escorrendo por toda a face. “Eu não sei o que fazer. Como agir, sentir, pensar, falar. Todos os outros também sentem sua falta, mas Sasuke está ali para consolar Sakura. Vocês eram melhores amigas, não? Agora minha melhor amiga também não está aqui para me consolar” soltei uma risada trêmula, fungando “É tudo tão difícil. Respirar é difícil. Sem você aqui. Há tantas coisas que eu gostaria de te falar. De viver ao seu lado. Terminaríamos a faculdade, e eu diria o quanto estaria orgulhoso de você. Eu te beijaria e nós comeríamos naquele restaurante que você adorava. Viajaríamos em lua de mel, e viveríamos a vida dos sonhos. Envelheceríamos juntos, vendo nossos lindos filhos e netos sobre a varanda. A vida foi tão injusta com você, querida”.

Não consegui continuar. Era uma dor excruciante, dilacerando-me de dentro para fora. Minhas costas tremiam conforme os soluços subiam por minha garganta, rasgando meu peito. Minhas mãos se apertavam, querendo quebrar a mureta. Eu queria bater, socar, urrar. Queria correr até uma avenida qualquer e me jogar. Queria poder extravasar essa raiva de dentro de mim, a dor e a tristeza. Queria parar com as lágrimas, queria que ela ainda estivesse aqui comigo. Eu só queria minha Hinata aqui comigo.

“Eu só... eu não sei mais, e-eu não consigo sem você... Eu quero viver mais um dia, p-por nós dois, mas é tão difícil!” gritei para o nada “Eu não sei o que fazer! Me ajuda, por favor, me ajuda...”

Minha voz foi morrendo, enquanto eu me deixava banhar pelas lágrimas e pela chuva que voltou a cair. Pesos começaram a evaporar de dentro de mim, flutuando para o céu. Tudo chorava a minha volta, mas a grama continuava verde para ela. Eu sabia que ela estava olhando por mim. Eu sei que estávamos chorando, e eu ainda poderia senti-la me abraçando enquanto eu dormia.

Mas era hora de dizer adeus. Eu não estava pronto, mas eu enlouqueceria. Os pensamentos que me consumiam me deixavam vidrado, afundando cada vez mais nesse oceano escuro. A dor seria minha amiga, e a tristeza, minha companheira. Mas ninguém tomaria seu lugar, nunca mais. Hinata era parte de mim, assim como eu dela. Assim como minha parte morreu consigo, meu adeus não seria dito completamente.

Nunca seria o suficiente. Apenas restava eu, a chuva e a lápide com suas letras brilhantes e os anjos, que oravam por nós.


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